Antônimos

capítulo seis


Capítulo 6 — Tensão pré-menstrual

Sakura

Eu estava terminando de arrumar a casa. Quando tudo estava em perfeita ordem resolvi que era hora de preparar algo para comer.

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Rumei até a cozinha e comecei a vasculhar os armários, que agora estavam cheios, logo decidi que faria um delicioso bolo de chocolate.

Peguei todos os ingredientes e depositei-os sobre bancada, prontos para serem usados. Na sequência encontrei uma vasilha e uma colher de madeira, que era apropriada para mexer massas. Não, Sasuke não tinha uma batedeira, e creio que não havia a menor necessidade de ele ter uma já que aparentemente ele malmente colocava os pés na cozinha.

Voltei a minha atenção para os produtos sobre o mármore e comecei a depositá-los no recipiente. Com todo cuidado, seguindo atentamente a receita de minha bisavó, misturei todos os ingredientes até a massa ficar homogênea, acrescentei o fermento em pó e despejei todo o conteúdo na forma redonda já untada, levando-a ao forno elétrico pré-aquecido.

Em seguida comecei a organizar toda a bagunça que eu fizera. Toda a louça suja já estava na pia e a bancada de mármore estava impecável.

Lavei todos os utensílios utilizados e quando estava prestes a terminar de limpar a pia notei que a torneira havia espanado.

Respirei fundo e contei até dez, precisava me manter calma.

Concentrei-me no registro a minha frente e tentei fechá-lo uma, duas, três, quatro vezes.... Até que perdi a paciência e acabei colocando força demais fazendo com que o cano cedesse, e por fim fizesse uma bagunça danada.

Foi água para tudo quanto é lado, inclusive em mim. Eu estava encharcada. Suspirei irritada.

Abaixei-me em frente à pia para fitar o encanamento da parte inferior da mesma e ao tocá-lo percebi que o ele também não estava nas melhores condições. Suspirei pesarosamente, Sasuke precisava de outro apartamento.

Levantei-me e voltei a fitar toda a bagunça. A água ainda jorrava do cano, agora sem a torneira, alagando toda a cozinha.

— Céus, como vou arrumar isso? — Levei as mãos aos meus cabelos, estranhamente mais curtos que o normal, só então lembrei-me de que eu era o Uchiha agora e que provavelmente eu teria usado força demais ao tentar arrumar a válvula espanada, logo causei tudo aquilo.

Bufei frustrada, engoli o choro e sai chutando alguns moveis à minha frente, deixando rastros molhados por onde passava.

Abri a porta irada e segui até a porta do meu apartamento e bati na mesma. Não demorou muito para que o Sasuke – eu – surgisse com uma cara de poucos amigos, que mudara drasticamente ao avistar o meu estado.

— O cano de água da pia da cozinha estourou. Está jorrando água para tudo quanto é lado e eu não sei mais o que fazer. Para ajudar consegui estourar o cano que liga a pia ao sistema de esgoto. Por favor, me ajuda. — A voz rouca de Sasuke saíra chorosa. Era estranho falar e não ouvir a minha voz, mas sim a dele. E era mais estranho ainda ouvi aquela voz, que sempre era tão imponente, soar tão frágil e delicada. Se a situação não fosse tão trágica, certamente eu estaria rindo.

Fitei-o com um olhar de cachorro pidão e o vi sorrir de canto. Ele saiu do local onde estava, fechando a porta atrás de si e se encaminhou para o seu próprio apartamento, que agora, por um motivo estranhamente maluco, era habitado por mim.

Sasuke passou por todos os cômodos até chegar em seu destino, a cozinha, e lá ficou parado atônito.

— Está pior do que eu pensava... — Pude ver que ele puxara a franja rósea para o lado para poder contemplar o estrago que eu fizera em sua moradia. Estremeci com medo do que poderia vir. — Tem uma pequena caixa de ferramentas na lavanderia, pegue-a, enquanto isso vou fechar o registro para que pare de jorrar água.

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Tomando cuidado para não escorregar rumei para o local indicado e sem muita dificuldade encontrei o que me fora pedido. Antes de sair de lá avistei um rodo, um balde e alguns panos, peguei-os, pois seriam extremamente uteis.

Voltei e entreguei a caixa ao Uchiha que começara a consertar o estrago que eu tinha feito. Ao perceber que ele não precisaria de ajuda comecei a secar o chão.

Alguns minutos haviam se passado e ele já trabalhava na parte inferior do encanamento. Parei alguns instantes para tomar um ar, pois já tinha avançado bastante com a minha limpeza. Suspirei cansada.

— Meu Deus Teme, você tentou fazer de sua cozinha uma piscina? — Ouvi a voz de Naruto cortar a cozinha.

Virei-me para ele sorrindo simpática, esquecendo completamente de que ele não me via como Sakura, e sim como Sasuke.

Percebi que ele olhava de mim para o Uchiha abismado, então explodiu. O loiro veio todo aborrecido para cima de mim e começara a me dar uma lição de moral.

— Teme, o que você tem na cabeça? Como ousa deixar a pobre Sakura-chan lidar com o encanamento podre do seu apartamento? Você surtou de vez?

Fitei-o por alguns instantes, ele estava furioso, entretanto, eu não estava conseguindo me manter seria, pois, toda aquela situação já era cômica demais sem o Naruto, agora com a sua chegada, aquilo havia ultrapassado o nível de hilário.

Esforçava-me ao máximo para não rir, mas fora em vão, quando dei por mim já estava dando gargalhadas e não conseguia parar.

Eu ria muito e cada vez que eu olhava para Naruto ou para Sasuke, que já estava em pé com os cabelos rosados bagunçados, minha vontade de rir aumentava ainda mais.

— Teme, eu ainda não encontrei a graça! — Percebi que o Uzumaki ainda estava sério, então tentei me controlar.

— Naruto, eu não estava arrumando o encanamento deste idiota, na verdade eu estava procurando um anel que eu perdi enquanto o ajudava com toda essa bagunça. Assim como você eu vi a água alagando a cozinha e a sala e resolvi ajudar. — Ouvi o cara que estava no meu corpo sair em minha defesa.

— Ah, certo. Então você perdeu um anel? — O loiro arqueou uma sobrancelha um tanto confuso. — E como ele é?

— Sim, um anel. — Ele afirmou. — É prateado com uma pedra esverdeada. — Mentiu.

— E por que não me disseram logo? — Ele abriu um sorriso jogando sua mochila sobre a bancada. — Vamos Teme, vamos ajudar a Sakura-chan encontrar o anel perdido.

Novamente segurei o riso, realmente era muito mais fácil enganar o Naruto que a Ino.

— Vocês estão sentindo esse cheiro? — O loiro indagou ao farejar algo no ar.

— Cheiro? Que cheiro? Já está ficando louco, Dobe! — Tentei parecer com o Sasuke e acredito que falhei miseravelmente. Porém, antes que ele pudesse me responder eu senti o mesmo cheiro, só então me dera conta de que meu bolo ainda assava e que ele estava começando a queimar. — Meu Deus, o meu bolo está queimando!

Gritei desesperada pegando um pano de prato seco e corri até o forno elétrico para retirar a forma do mesmo. Suspirei aliviada ao perceber que não tinha queimado tanto, ainda dava para comer.

— Seu bolo? — Naruto estava incrédulo. — Desde quando você faz bolos, Sasuke?

Engoli seco ao fitá-lo. Eu tinha colocado Sasuke e a mim em uma situação extremamente complicada e não fazia ideia de como resolver aquilo.

— Sasuke, seu idiota! — Avistei a mim mesma ralhando em minha direção e em seguida senti algo me atingir, aquele maldito tinha se aproveitado da situação para me agredir. Bufei. — Pare de se gabar pelo bolo dos outros.

Demorei alguns segundos para entender o que estava acontecendo, mas logo entrei no jogo do Uchiha, precisávamos confundi-lo e assim ganharíamos tempo.

— Sakura-chan, você fez bolo para o Teme? — Ele indagou pasmado.

— Sim, ele me ajudou a trocar o meu chuveiro há alguns dias, e eu não queria ficar devendo nada para esse brutamontes. — Empinou o nariz com um ar de superioridade. Aquele cara insuportável atuava bem.

— Mas Sakura-chan, você sabe que o Sasuke não gosta muito de coisas doces....

Eu estava prestes a chutar o traseiro do Naruto, se ele não se calaria por bem, então faria por mal.

— Eu concordei... — Falei enfezada. — Eu disse à Sakura que fizesse o bolo, e sim, eu vou comer e se você continuar fazendo perguntas idiotas você vai ficar só na vontade. — Fui ríspida.

— Sakura-chan, olha o tipo desse Teme idiota... — Naruto lamuriou-se, fazendo com que Sasuke e eu revirássemos nossos olhos.

— Naruto, se você continuar fazendo perguntas desnecessárias eu mesma te chutarei apartamento afora. — Disse o Uchiha irritadiço, logo o loiro mudara de assunto e se oferecera para nos ajudar.

As horas se passaram rapidamente e quando eu dei por mim já estava exausta jogada sobre o sofá após ter tomado um banho relaxante. Naruto tinha ido embora há pouco e tinha implorado para levar o resto do bolo consigo e a contragosto eu cedi.

Fui até a cozinha e preparei algo para comer, mas antes que eu pudesse me alimentar ouvi batidas na porta, caminhei até ela e a abri deparando-me comigo mesma, vulgo, Sasuke.

Fitei-o surpresa por alguns instantes, então tomei a palavra para mim:

— Obrigada... — Murmurei, mas ele ouvira e ficara um tanto confuso com meu ato. — Obrigada por me ajudar com o Naruto mais cedo. — Falei timidamente e vi seus olhos marejarem, logo Sasuke começou a chorar. — Ó céus, o que eu fiz? — Indaguei preocupada.

— Eu não sei... — Ele respondeu entre lágrimas. — Eu só fiquei com vontade de chorar.

Observei-o com uma sobrancelha arqueada, aquilo era um tanto surreal.

— Ficou com vontade de chorar?

— Sim, mas eu não estou triste...

— Então está feliz?

— Não! — Ele foi ríspido, ainda entre lagrimas. — Porra Sakura, eu só quero chorar! Eu não posso chorar agora? Tem alguma lei que proíbe homens de chorar? — Seu humor mudara drasticamente.

— Na verdade, você é uma mulher agora.

— Não me lembre disso Sakura! — Ele suplicou. — Você me odeia, não é mesmo? Você fica jogando essas coisas na minha cara só para me ver deprimido...

— Não, não... — Neguei rapidamente. — Não é que eu te odeie, eu só tenho um baixo nível de tolerância a você.... — Mesmo que eu tenha tentando escolher as palavras certas, ainda foram as erradas, pois elas o atingiram fazendo com que o mesmo voltasse a se debulhar em lágrimas. — Sasuke...

— Você é cruel Sakura, muito cruel. — Ao dizer isso ele rumou para o seu – meu – apartamento e lá permaneceu.

Já eu fiquei parada na porta incrédula, tentando entender a cena que ocorrera minutos antes.

(...)

Acordei com o celular de Sasuke vibrando sob o travesseiro, há alguns dias tínhamos entrado em um acordo de que não poderíamos ficar com os nossos próprios celulares, já que corríamos o risco de atendê-los por impulso, e consequentemente levantaríamos suspeitas.

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Suspirei irritada por ter sido acordada, se fosse alguma das fãs girls do Uchiha eu as mataria.

Desbloqueei a tela do aparelho e toquei no ícone do aplicativo de mensagens, ao abri-lo vi algumas conversas com itens para serem respondidos, mas apenas uma me chamou atenção: Louca da porta ao lado.

Senti meu sangue ferver ao avistar o nome que ele dera ao meu contato, que eu não fazia a mínima ideia de como ele havia conseguido. Bufei irritada antes de abrir a conversa.

Louca da porta ao lado diz: Sakura, eu estou com problemas...

Revirei os olhos ao ler sua mensagem, por um momento pensei em não responder, mas lembrei-me de que havíamos dado um tempo em nossa vida de cão e gato para que pudéssemos voltar para os nossos corpos, por isso, eu teria que ajudá-lo. Suspirei.

Eu: Louca da porta ao lado? Desde quando tem meu número?

Louca da porta ao lado diz: Sakura, isso não vem ao caso, não agora...

Eu preciso de ajuda!

Eu to sangrando muito, acho que vou morrer!

Ao ler a sua mensagem fiquei pasma, senti a cor se esvair do meu rosto. O que aconteceria se ele morresse no meu corpo? Isso não poderia acontecer, ou poderia?

Comecei um conflito interno.

Minha vontade era de ir até aquele apartamento e arrancar o Sasuke do meu corpo a força, mas isto era impossível.

Eu: SASUKE UCHIHA, NÃO SE ATREVA A MORRER EM MEU CORPO!

Mandei a mensagem toda em letras maiúsculas para ele perceber que eu não estava para brincadeira.

Eu: O que aconteceu?

Se Sasuke tivesse feito algo muito ruim ao meu corpo, eu iria comer horrores até o marcador da balança chegar aos cento e vinte quilos.

Senti o celular vibrar novamente.

Louca da porta ao lado diz: Eu não sei, eu acordei e a minha calça de pijama cor de rosa estava toda ensanguentada....

Li e reli aquela mensagem.

Flashes da noite passada invadiram minha mente: choro sem motivo, raiva por qualquer coisa, choro novamente, tristeza, resumindo instabilidade emocional, ou seja, Sasuke Uchiha estava de TPM.

Caí no riso.

Eu: Oh céus Sasuke, você está menstruado! LOL

Louca da porta ao lado diz: O QUE?

Você só pode estar brincando!

Como eu faço isso parar?

A cada mensagem que ele me mandava eu ria ainda mais. Eu guardaria aquele dia em minha memória para sempre.

Eu: Não faz nada. Apenas reze para não ter cólicas, caso contrário a situação ficará ainda pior...

Louca da porta ao lado diz: Tem como piorar? Só sangrar não é o suficiente?

Eu: Tem sim e pode piorar muito.

Tem absorvente no banheiro, use-os com sabedoria.

Boa sorte, Sasuke.

Joguei o celular sobre a cama e coloquei as mãos sobre a minha barriga, que doía após tanta risada. Eu simplesmente não conseguia evitar, era mais forte que eu.

(...)

Bati algumas vezes na porta do apartamento ao lado, mas como ninguém me atendera resolvi entrar.

O local estava silencioso e um tanto escuro, caminhei entre os cômodos até alcançar aquele que era o meu antigo quarto, adentrei-o e avistei Sasuke – eu – deitado em posição fetal enquanto lamentava-se sobre algo.

— Você está bem? — Fui até ele um tanto preocupada.

— Sakura... — Sussurrou. — Eu acho que vou morrer, se isso acontecer avise aos meus pais que não deixei testamento algum. — Revirei os olhos com o seu drama.

— O que você está sentindo?

— Não sei ao certo, nunca senti isto antes.... — Ele contorceu o rosto e apertou as mãos contra o seu útero.

— Eu mandei você rezar para que as cólicas não viessem... — Sorri debochada.

— Não achei que pioraria tanto.... — O seu drama era cômico. — Como você consegue conviver com isso, Sakura? Eu já teria desistido...

— Sabe Sakura, existem uma coisa chamada remédio para cólica, que ajuda e muito.

Caminhei até a minha cômoda, vasculhei algumas de suas gavetas até que encontrei uma nécessaire, a abri e nela encontrei alguns remédios. Peguei a cartela de remédio para cólicas menstruais, fui até a cozinha para pegar água.

Assim que voltei obriguei Sasuke a tomar dois comprimidos e o fiz deitar sob algumas cobertas quentes. Não demorou muito para que ele adormecesse.

Sentei-me no espaço vazio da cama e ali fiquei zelando seu sono por alguns minutos, por fim apaguei também.

Algumas mudanças começam através de pequenos gestos. Mas a nossa começou quando eu salvei a vida de Sasuke com um remédio para cólicas!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.