Especial | Um Ano de Rainha dos Corações

Querida mãe,

Há um ano, eu passa por um longo parto; cheio de incertezas e angústias. Cheios da dor que logo foi substituída pela alegria por segurar aquela criaturinha em meus braços. Ele era tão pequeno e frágil. Eu tinha até medo de pegá-lo, pois parecia que iria quebrar a qualquer momento. Os gritos, porém, eram fortes como os de um Rei. Eram tão altos que preenchiam o Palácio, antes tão silencioso. E, assim, eu soube, naquela primeira vez que o segurei, que seria um menino abençoado.

Passei inúmeras noites em claro. Minhas olheiras ficavam cada vez mais profundas, mais escuras. Mas, ao vê-lo sorrindo, mesmo que por um reflexo. Ao sentir suas pequenas mãos tocando minha pele na hora da amamentação. Ao ouvir sua respiração suave, depois de horas de gritos incessantes. Eu sentia que tudo valia a pena.

Agora ele está aqui, crescendo na frente de meus olhos mais rápido que eu desejaria. Seus primeiros passos foram dados em uma noite em que eu, cansada, o colocara para assistir a algum desenho na televisão. Depois de alguns minutos, eu, quase caindo no sono, o vi levantar sozinho, dando alguns pequenos e desajeitados passos até mim antes de cair. Naquele momento, senti uma alegria que nunca poderá ser resumida em palavras. Um sentimento que eu gostaria que nunca passasse. E agora, quando ele tenta pronunciar suas primeiras palavras, ainda em balbúrdios incompreensíveis, me sinto assim novamente. Cada uma dessas pequenas conquistas me orgulha e acende algo dentro de mim que até agora estava dormente.

Nunca pensei que me sentiria assim por alguém. Nunca pensei que uma pessoa tão pequena poderia ter esse efeito em minha vida.

Talvez seja porque sei que ele será a glória da Dinamarca, seu futuro Rei após seu pai. Talvez porque ele seja a prova concreta de que meus sonhos foram realizados. Talvez seja porque vejo toda a família feliz por ter um herdeiro homem. Ou talvez seja por aquele amor incondicional entre uma mãe e um filho que você sempre disse que existia e eu nunca acreditei.

Mas agora eu acredito.

Agora eu entendo que só sabe quem tem. Só sente quem vive. Só ama ama que suporta todas as dores. Amor de mãe, é incondicional, único, verdadeiro, sem igual.

É alegria sem fim.

Apesar de não demonstrar tanto quanto deveria, sou grata por ter tido uma mãe como você. Obrigada por ter sido forte o suficiente para criar eu e minhas irmãs. Obrigada por todo o amor que você sempre nos deu. Obrigada por tudo que você nos ensinou. Espero ser para Alexander um terço do que você foi para nós. Espero poder criá-lo com amor. Espero que ele se torne uma pessoa boa e honesta. Um Rei digno para a Dinamarca.

E agradeço eternamente a você por ter me dado as ferramentas para ser uma mãe como você sempre foi.

Com o mais sincero amor,

Juliane