Capítulo 25

Camila estava convencida que Mayta amaria o caçador. Nada tirava isso de sua cabeça, que previsível!

—Camila venha me ajudar com as compras.

Assim que escutou a mãe chamar, saiu correndo do quarto, abrindo a porta e ajudando-a a levar as sacolas para a cozinha.

—Finalmente, achei que tinha se perdido!

—Dramática você... - A mulher riu- Me ajude a guardar as coisas.

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Quando terminaram, mãe e filha sentaram no sofá da sala, a mais nova com os pés em cima das pernas da mais velha.

—E ainda por cima é folgada.

Camila riu.

— O que a senhora queria falar comigo?

Ela suspirou e se endireitou no sofá. Aquilo poderia ser difícil. A filha não gostou do semblante sério que o rosto de sua mãe assumiu.

—Camila, nós vamos nos mudar. - Declarou de uma só vez.

A menina ficou pálida.

“Sim, a conversa seria difícil.” Pensou antes de continuar.

OoOoO

Elvira dormiu. Sol, e como ela dormiu!

Assim que terminara o ritual descansou as horas que faltavam para o dia amanhecer e, depois de levantar-se e saudar seu povo, voltou correndo para o quarto onde adormeceu mais uma vez. Estava exausta, as fogueiras drenaram quase toda a sua energia.

—Bom dia.- A voz de Vougan foi a primeira coisas que escutou ao acordar.

—Bom dia. - Relutava em abrir os olhos. Seu corpo estava tão relaxado... Não queria dar adeus à sensação de paz que a invadia. Podia sentir os braços do príncipe a envolver e suas pernas entrelaçadas. Desde quando ele estava ali? Se lembrava de que o rapaz não chegou a tempo de presenciar o inicio do ritual da coroação. Aquilo a machucara muito, pois ele tinha prometido estar com ela. Desde então só o vira... Quando? Tinha a vaga lembrança de alguém carregando-a para o quarto após ter terminado com as fogueiras. Teria sido ele? Quando acordou mais cedo o rapaz não estava lá, nem quando foi dormir novamente.

—Você demorou a acordar.- Falou enquanto beijava-lhe o pescoço.

—Quanto tempo?- Ela se espreguiçava feliz. Era tão bom ser acordada assim.

—Três dias. Estava começando a ficar preocupado.

—Três dias? Sol, eu não devia ter dormido tanto!- Elvira abriu os olhos e tentou se levantar, mas uma vertigem a atingiu.

—Relaxe, El, você ainda precisa descansar. Seu corpo não se recuperou completamente. - Ela o viu se levantar e trazer até a cama uma bandeja com algumas frutas e um suco. - Coma, vai lhe fazer se sentir melhor.

Como se para confirmar a necessidade de comer seu estomago reclamou.

—Sim...- Agarrou a primeira maçã e tomou um gole do suco. – Desde quando você está aqui?

—Eu lhe trouxe para o quarto. Depois você acordou, como manda o ritual, foi coroada e voltou a dormir. Tive de levar alguns caçadores para coletar alimento enquanto você descansava, mas assim que voltei a Vila corri para a sua casa. Fiquei com você desde então.

—Os três dias?

—Os três dias.

Eles se observaram por um longo momento. Até que Vougan quebrou o silêncio.

—Eu estava maluco de preocupação. Achei que você não ia acordar. Houve um momento em que sua respiração ficou devagar e sua pele estava gelada, realmente me apavorei! Mesmo nossa tia garantindo o tempo todo que com nossa mãe foi igual, que suas energias estavam esgotadas, seus poderes... Por isso a falta de calor.

—Eu não morreria tão facilmente, Principezinho. – Sorriu, há quantos anos ela não o chamava assim?

—Percebo agora.

Um longo momento se passou. O rosto de Vougan estava a centímetros do dela. Elvira podia sentir a tensão, ver os olhos dele queimando, sentir o hálito, o cheiro dele. O cheiro de madeira queimada que sempre representou “casa” para ela. Seus lábios iam se tocar, eles pediam por isso...

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—Com licença.- Os dois pularam de susto se afastando- Estou interrompendo algo?

Alana entrou no quarto com um meio sorriso disfarçado. Que gracinha era ver aqueles dois assim, tão próximos.

—Oi tia, pode entrar.- Falou Elvira sorrindo. Olhou para Vougan e percebeu que ele ficara muito sério, o semblante levemente irritado. Notou que também evitava olhar para a tia. O que estava acontecendo?

—Minha querida, que bom que acordou! Tenho boas novas e preciso lhe contar.

—Não podemos falar sobre isso depois?- Perguntou Vougan se mexendo desconfortavelmente no pé da cama.

—Ora, não há necessidade, já estou bem o suficiente para escutar minha tia.

O rapaz abaixou os olhos. A Rainha podia perceber a postura dele, agora muito irritada.

—Então vou dizer de uma vez. Elvira, eu estou grávida e de acordo com a nossa parteira que já consultou as estrelas e fez aquele teste esquisito que só as nossas parteiras sabem fazer é... O toque! Pronto, ela me disse que é uma menina, sem sombra de duvidas!

O toque era uma habilidade que as fênix parteiras compartilhavam umas com as outras. Somente elas sabiam como fazer e sempre, sempre, acertavam o sexo do bebê.

—Isso quer dizer... - A jovem Rainha olhou para a tia espantada.

—Sim, minha menina, você não precisa ter uma herdeira do nosso sangue. Pode ser rainha até que a minha pequena aqui- colocou as mãos no ventre e abriu um grande sorriso- crescer o suficiente para assumir o trono.

—Isso quer dizer que... - Começou de novo. Elvira procurou o príncipe, espantada, e notou que os olhos do rapaz já não tinham raiva alguma, apenas... Aquilo seria... Medo?

—Você não precisa mais... - Ia completar Alana, mas Vougan interrompeu a sentença com um suspiro triste e, sem fitar Elvira nos olhos, terminou pela tia - Casar comigo.

Elvira sentiu aquela vertigem de novo.