O Pássaro do Gelo
Capítulo 23
Capítulo 23
A mãe ainda não chegara. Bom, nesse caso, ler um capítulo a mais era a melhor opção. Camila virou a página.
Mayta não se permitia mais chorar.
“Chega”. Pensou. Já gastara lágrimas demais.
Um homem entrou na cela. Tinha os cabelos grisalhos e um brilho nos olhos azuis que parecia gritar "não bato muito bem da cabeça".
–Olá, minha jovem. Qual o seu nome?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Mayta não respondeu e o senhor suspirou.
–Sabe, você poderia facilitar. Seria mais fácil para nós dois.
Silêncio.
–Então está bem. Vamos pelos meios mais complicados. Veja bem, eu sou um “cientista”, um “pesquisador” e a minha especialidade são as fênix. Meu amigo a trouxe aqui para compreender exatamente o quanto você vale.
“Típico.” Mayta deu um meio sorriso.
–Do que está rindo.
Silêncio.
O homem suspirou.
–Tudo bem. Você, garota, é diferente de todos os pássaros que já encontrei em minha longa carreira. Se é que é um pássaro... Não se parece com um.
–Ela é.- Um outro homem entrou. Um senhor mais jovem. Definitivamente caçador. -Eu sei que é. Eu a vi lutar. Mas é diferente e é por isso que a trouxe aqui. Quero saber o quão diferente ela é. - Ele a encarava com um olhar ganancioso. Mayta queria congelá-lo. Oh, Lua, como ela queria ter seus poderes de volta...
–Meu bem,- o grisalho virou para ela com um olhar curioso- você poderia se transformar? Meus estudos irão mais rápido se você estiver em sua forma de pássaro e eu sei que esse poder não é perdido com a erva.
A menina não respondeu.
Não se transformaria em pássaro. Se o fizesse realmente estaria a mercê de todos e não poderia voltar a forma humana.
–Certo. Então realmente teremos de ir pelo caminho mais difícil. Eu odeio torturas... - Mas o olhar do homem dizia exatamente o contrário. Ele gostou da recusa silenciosa dela. Ah, ele gostara muito.
Até mesmo o caçador o olhou com nojo.
–Para mim tanto o faz. Só quero saber o quanto podemos ganhar com ela.
–Não se preocupe. Nós saberemos. Dependendo do seu achado, talvez eu mesmo a compre.
O caçador assentiu e saiu da cela.
–Criança, agora somos só eu e você. Gostou do seu vestido?
Mayta não gostara. Fênix odiavam roupas, sentiam como se estivessem presas e aquele vestido não era um vestido. Era um pano rasgado e nojento. Fez uma careta.
O grisalho riu.
–Pois bem, nós vamos tirá-lo. Mas confesso que, se você não se transformar em pássaro e vier comigo até aquela sala ali, vai preferi ficar com ele.- Apontou para uma porta fechada do lado de fora da cela.
A resposta de Mayta foi sua não-transformação.
O homem riu satisfeito.
–Ícaro?
Um jovem entrou e fitou Mayta. Ela reconheceu os olhos. Ele a atingira, seu ombro ainda doía.
–Sim?- Falou com o grisalho.
–Carregue-a até o quarto das experiências e a prenda a mesa.
O rapaz empalideceu.
–Isso é realmente necessário?
Ícaro odiava as fênix, é verdade, não se importava de matá-las. Mas achava desumano as experiências de George, ele torturava sem pensar duas vezes e sem remorso. Às vezes parecia sentir até... Prazer.
Olhou a fênix com o ombro ferido. A ferida que ele provocara. “Pobre coitada.” Pensou.“Foi expulsa por sua própria espécie e veio parar aqui. Bom, eles devem ter tido um motivo. Ela deve ser pior que todos daquela raça suja. ” Ele tentou convencer-se que estava fazendo o certo ao desamarrar a mulher e a forçar a ir até o quarto. Não foi difícil, apesar das reações dela, chutando e mordendo. Estava fraca demais por causa da erva.
– O que vai fazer?- Perguntou enquanto a amarrava a mesa de madeira.
–Vou tentar forçar uma transformação. A quero como pássaro. É mais fácil de manusear um pássaro.
–Boa sorte.
O aposento era assustador. Mayta viu prateleiras de madeiras repletas de “ferramentas” esquisitas e pontudas. Frascos e alguns livros também estavam distribuídos pelo local. As paredes de pedra mantinham o ambiente gelado e não existia janela. Algumas velas estavam distribuídas estrategicamente no quarto.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Ela estava presa a mesa no centro, deitada de barriga para cima. Seus pulsos amarrados com corda em uma extremidade estavam da mesma forma que seus pés do outro lado da mesa.
O rapaz lançou-a um olhar de pena.
Os olhos da moça pareciam pedir a ajuda dele. Os olhos mais bonitos e brilhantes que ele já vira. Pareciam inofensivos.
“Um monstro escondido na pele de uma bela mulher”. Pensou e tentou se convencer de que, de fato, ela era o monstro e não o próprio Ícaro ao abandoná-la ali. Saiu e fechou a porta.
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