O Pássaro do Gelo

Capítulo 12


Capítulo 12

O sonho de Camilla fora estranho.

–Meu amor, eu quero que Mayta suba ao trono em meu lugar, você sabe, quando chegar a hora.

Breno fitou Almira de modo reprovador. Os dois estavam em uma parte da caverna isolada, onde nenhuma das outras fênix poderiam ouvi-los. Aquela não era a primeira vez que discutiam o assunto e ele já estava começando a cansar.

–Não acho uma boa ideia, Almira, você está sendo precipitada, já lhe disse...

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–Pois eu acho que sim. Acredito que tenho errado muito com Mayta. Ela nasceu para governar, eu não tenho direito algum de ir contra as nossas crenças...

Breno ainda não estava completamente convencido, porém sabia pelo rosto decidido e ao mesmo tempo receoso da mulher que nada do que dissesse mudaria a forma da rainha pensar. Ela já tinha declarado aquilo antes, mas nunca de forma tão convicta.

–Tudo bem. E o que dirá a Elvira?

A mulher estremeceu. A filha tinha sido criada para ser uma rainha e, de fato, seria uma muito boa se esse fosse o seu destino. Almira não achava que era o caso.

–Ela vai ter de entender, ela...

Porém gritos interromperam a conversa dos dois. Ambos saíram correndo para ver o que estava acontecendo e que surpresa tiveram ao constatar que a caverna estava sendo invadida.

Pior ainda foi a confusão de Almira ao enxergar a sobrinha do lado de fora e pensar por um instante que ela fora a culpada. Afinal, foi a voz do menino ao seu lado que escutaram gritar e Mayta estava do lado de fora da caverna.

“Mayta não devia estar do lado de fora da caverna”. Pensou Breno antes de queimar um homem até a morte.

Tudo foi muito rápido. Almira sumiu da vista do consorte seguindo uma idosa (Breno olhou melhor e conseguiu enxergar quem era a velha, mas estava muito ocupado tentando defender a Vila, não pôde segui-las) e começou a guiar os outros guerreiros em uma luta sangrenta.

Ele assistiu crianças serem capturadas, amigos morrerem e outros tentando se esconder. Viu sua filha lutando contra cinco homens de uma vez só e quase ser derrotada. Quase.

Viu Vougan lutando para proteger Alana que fora ferida, mas não parecia ser algo grave. Viu Marlon brigando com tudo que tinha e um pouco mais, ao mesmo tempo que pensava em Mayta preocupado, no fato de ela estar fora da caverna antes de todos e agora sumida.

Viu famílias inteiras serem dizimadas.

Humanos também morreram. Muitos. Mas com relação a esses Breno não tinha piedade nenhuma.

Foi quando a voz veio.

Uma melodia triste, misteriosa.

Ele soube, de alguma forma ele soube, que aquele canto era para alguém que amava, alguém por quem morreria.

Não ligou se todos os seres presentes começaram a se encolher de medo e angustia. Nem reparou nos humanos correndo desesperados por causa da melodia ou alguns animais que morriam a medida que o som aumentava.

Breno apenas fez o contrário de todos eles e voou em direção à música.

E como já previra ele viu Almira. Ele a tocou pela última vez, ele assistiu-a morrer.

No instante em que virou cinzas algo se quebrou em Breno, algo valioso...

E sua alma jamais seria a mesma.

Camila acordou, “Meu Deus, estou tão viciada que agora sonho com essa história?” Balançou a cabeça e voltou a dormir.