Primeiro Contato

Itália, 9 de janeiro de 2014.

“Não dormi muito bem ontem à noite, com os meus pensamentos no amanhã, por motivos óbvios. A algum tempo venho carregando a sensação de que vou encontra-la. Sei que já fazem anos que não a vejo, sei também que meus sonhos não fazem sentido algum, mas não posso carregar essa dúvida por mais tempo.

Não sei exatamente o que pretendo com isso tudo, não é como se eu a amasse. Mas depois de todos esses anos e tudo que ela me fez, sinto que se tenho essa chance de reencontrá-la e ter as respostas às minhas perguntas, não posso desperdiçá-la. Por causa dela eu não tenho uma boa relação com meu irmão, que é a única pessoa que me resta. Na verdade, não o vejo a muito tempo e talvez eu nunca o veja de novo. Mas acho que é melhor assim, Damon não é exatamente o tipo de pessoa que consiga viver sem matar alguém, e isso eu não aceito. Já no caso dela, não sei o que a traria de volta e o porquê de eu estar sonhando com ela em uma escola, não me parece algo que a Katherine faria, mas eu vou descobrir o que a traz de volta, e isso talvez aconteça amanhã, no nosso primeiro dia de aula.”

Stefan

** ** **

Itália, 9 de janeiro de 2014

–Meninas, acordem. Vamos, acordem! – Caroline nos acorda fingindo ser um despertador humano.

– Estamos de Jet Leg, Caroline. – Bonnie responde com os alhos ainda fechados e a voz arrastada.

– E ainda são 9h da manhã, em nosso ultimo dia sem aula. – Respondo da mesma forma sonolenta.

–Vocês vão me dizer que preferem ficar nos dormitórios, dormindo o dia todo, quando nós poderíamos estar desbravando a Itália? Esse é nosso ultimo dia sem responsabilidades! –Caroline diz incrédula.

Abro um dos meus olhos e Caroline abre um imenso sorriso, ela sabe que está quase me convencendo.

Quase não conseguimos nos arrumar, com a Caroline nos apressando. Ela quer nos levar em um pub, aqui perto, e eu não acredito que ela realmente vá nos levar a um barzinho, essa hora da manhã. Mas segunda ela, Pubs não são apenas para beber.

O lugar não fica muito longe dos dormitórios e se chama “Ammaliare”. Esse é um pub bem italiano, com design rustico e aconchegante. Quando chegamos a uma mesa, Bonnie percebe que esqueceu sua bolsa e ela jura que não consegue voltar sozinha, me ofereço pra pagar a dela, mas ela insiste que precisa voltar. Caroline aceita ir com ela até os dormitórios, mas promete que vai cobrar o favor. E eu, pra não ficar sozinha em uma mesa, vou até o balcão do pub e espero por elas lá.

Eu sento e fico encarando as garrafas de whiskies e tequila quando um cara senta ao meu lado e pede que o barman traga uma dose de whiskie. Mesmo eu estando ao lado dele, é como se ele não me percebesse. Mas ele é tão lindo, que eu o encaro, inconscientemente. E é nesse momento que ele me olha e a reação dele não é exatamente o que eu esperava.

–Katherine? – ele me pergunta incrédulo.

–mmn, não. Eu sou a Elena. – respondo meio sem entender.

–Oh. Desculpe, é que você se parece muito com alguém que eu conheço - ele diz, anda me olhando sem acreditar – Eu sou o Damon.

–Bem Damon, talvez isso seja o efeito da bebida a essa hora da manhã. – respondo.

Ele sorri e me diz – Olha quem fala, a menina que está, a essa hora da manhã, sozinha em um pub.

–Não estou exatamente sozinha! Estou esperando minhas amigas. – digo retribuindo o sorriso dele.

–Esperando amigas? Pensei que você diria namorado. Você está com cara de quem teve problemas com ele.

Eu, sinceramente, me surpreendo com a resposta. Minha cara está realmente mostrando isso? É verdade que eu me sinto mal por ter terminado com o Matt, mas ninguém nunca demonstrou perceber isso, nem mesmo a Bonnie.

–Na verdade eu terminei com ele.

–E eu posso te perguntar o por quê? – ele faz essa pergunta, não de um modo serio, mas com aquele tipo de sorriso no rosto, que você não sabe dizer por que esta ali.

–Por que ele já tinha tudo planejado pro nosso futuro – respondo com sinceridade e é estranho me ouvir dizer o motivo em voz alta.

–E não era é isso que você quer? – ele pergunta.

–Eu não sei o que eu quero – essa é mais uma das minhas respostas honestas. Eu realmente não sei o que eu quero.

–Oh, isso não é verdade. Você que o que todo mundo quer – ele responde em um tom descontraído.

–O que? Você é um estranho misterioso que tem todas as respostas? – uso o mesmo tom que ele.

–Ah... Digamos que eu tenho andado por ai a muito tempo. Aprendi algumas coisas – Ele sorri pra mim.

– Então Damon, me diga... o que é que eu quero? – pergunto realmente curiosa.

Ele me encara e responde

–Você quer um amor que te consuma. Você quer paixão e aventura. E até mesmo um pouco de perigo.

O modo como ele responde me paralisa, tanto porque ele conseguiu expressar o que eu sinto de uma forma que nem eu mesma consigo, quanto porque ele me prendeu com o olhar. E a única coisa que consigo dizer é:

– E o que você quer?

No momento em que ele se prepara pra me responder eu ouço a voz da Bonnie atrás de mim

–Elena?

Ela se aproxima um pouco mais, com a Caroline ao seu lado. As duas param e olham pro Damon

–Damon, essas são minhas amigas Bonnie e Caroline. Meninas, esse é o Damon – Digo sem saber como seguir a partir dai.

Elas apertam a mão dele e tudo que ele oferece é um sorriso fechado

–Então... – digo meio confusa – a gente vai comer alguma coisa. Foi um prazer Damon.

–O prazer foi meu. Espero que tenhamos outra oportunidade de conversar – ele me responde e eu sorrio.

Ao chegar à nossa mesa, me preparo pra avalanche de perguntas que eu sei que vou enfrentar.