A Punição

Kyoto Garden


Poseidon havia acabado de pagar o táxi e agora andavam calmamente até o bistrô que ele dissera mais cedo.

— Marcaremos uma reunião particular com ele. Talvez assim o chilique seja menor – disse ele quando Atena perguntou como contariam a Zeus que estavam noivos.

— Conhecendo meu pai da forma que conheço, mesmo que estivéssemos em outro planeta ficaria óbvio para todos que ele estaria dando um chilique – respondeu dando de ombros como se aquilo fosse inevitável.

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— Seu pai é realmente muito barraqueiro, acontece nas melhores famílias – deu de ombros e abriu a porta para que Atena passasse.

— Pelo menos aqui eles trabalham com garçons – murmurou esperando que Poseidon não escutasse.

— Poderia chamar o Thomas, por favor? – perguntou ao maitre que os recebeu na entrada. — Diga a ele que é o Fischer.

— Volto já – o maitre disse e entrou na cozinha.

— Você conhece o chef daqui? – Atena perguntou com a sobrancelha levantada.

— Ele era calouro da faculdade e eu o ajudei com o trote, somos amigos desde então – respondeu dando de ombros.

Momentos depois o maitre voltava com um homem ruivo que logo abriu um sorriso ao ver Poseidon.

— Philip Fischer! Há quanto tempo meu amigo – deram um abraço rápido. — Você não envelhece? Cinco anos atrás você tinha essa mesma aparência – Thomas franziu as sobrancelhas.

— Estou conservado, já você... – brincou, apontando para as mechas grisalhas que ele tinha.

— Experimente fazer 12/7 em um bistrô e depois conversaremos. – cruzou os braços. — Não vai me apresentar a moça?

— Thomas, esta é Sophia, a futura senhora Fischer – disse ele com um sorriso.

— Sou Thomas Oliver, é um prazer conhece-la – pegou a mão dela e beijou.

— Sophia Alair*, também é um prazer conhece-lo – disse em tom cortês. — Philip implicou muito com seu sobrenome?

— Não tanto quanto eu impliquei com o dele, não é pescador*? – sorriu para Poseidon que apenas revirou os olhos.

— Odeio azeitonas – disse em tom azedo.

— Eu adoro – disse Atena com um sorriso.

— Foi muito prazeroso rever você e conhecer sua noiva Philip, mas agora tenho que voltar para a minha cozinha – disse colocando o gorro de chef novamente. — O que vão pedir?

— Thomas, capriche no ratatouille – pediu com uma piscada.

— Pode deixar. Louis leve-os até uma mesa está bem? – quando Louis assentiu ele voltou para a cozinha.

Quando já estavam acomodados em uma mesa Atena finalmente fez a pergunta que tanto queria fazer.

— Fischer? – reprimia uma risada.

— Você vivia me chamando de pescador e nós tínhamos acabado de brigar quando o conheci – deu de ombros.

— Quem sou eu para julgar – deu de ombros também.

***

Como um presente de noivado Thomas deixou a dívida por conta da casa, mas teve que insistir muito até que o casal concordasse com isso.

Estavam agora em um banco do Kyoto Garden brincando de adivinhar a forma das nuvens e vez ou outra trocavam um beijo, mas nunca soltavam as mãos.

— Aquela ali parece com uma baleia – disse ele apontando para a nuvem em questão.

— Eu acho que ‘tá mais para golfinho – comentou franzindo as sobrancelhas.

— Um golfinho obeso então – retrucou e ela fez um biquinho.

— Ele não é obeso, só tem ossos largos – cruzou os braços de modo infantil.

— Ok, ele é um bolfinho – disse e ela sorriu. — Ou seria melhor uma golfaleia? – perguntou com uma sobrancelha levantada.

— Você é um bobão – respondeu e o beijou.

— O seu bobão – disse depois do beijo. — Vamos mudar de lugar para ver mais nuvens? – perguntou enquanto tirava uma mecha de seu cabelo do rosto e colocava atrás da orelha.

— Vamos – pegou a mão dele e começaram a caminhar.

Pararam em um banco que ficava perto do lago e ali começaram a ver nuvens novamente.

— Aquela parece um panda – disse ele apontando.

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— Não dá para saber se é panda, peixinho. As nuvens estão branquinhas – retrucou sorrindo.

— É um panda disfarçado de urso – respondeu de modo infantil.

— Pode ser – disse dando-lhe um beijo na bochecha.

— Será que se eu não tivesse jogado macarrão no seu cabelo estaríamos assim? – perguntou depois de um tempo.

— Com certeza você aprontaria comigo de outro jeito e nós ficaríamos de castigo da mesma forma – respondeu.

— E porque não poderia ser você a aprontar comigo? – perguntou com uma sobrancelha levantada.

— Porque não é do meu feitio perder tempo fazendo pegadinhas – respondeu dando de ombros.

— Certo. Agora vem cá – deu-lhe um beijo na testa e a abraçou.

Quando o sol já estava a poucos minutos de se pôr, Poseidon resolveu colher uma rosa para Atena. Ele só não contava que um menininho visse isso.

— Com licença – disse ele meio envergonhado. — O senhor é um mágico?

— Sou sim – respondeu sorrindo. — Quer ver a rosa? – o menino assentiu e Poseidon a entregou.

— Ela tem cheiro de mar.

— Legal não é mesmo? Essa rosa é para ser entregue para a pessoa que eu mais amo no mundo – disse ele com uma piscada.

— É para a sua namorada? – perguntou apontando para Atena.

— É sim. Aquela ali é sua irmãzinha? – perguntou apontando para uma menininha com cabelos cor de mel que brincava com a mãe.

— É. O nome dela é Melanie – respondeu sorrindo.

— Quer dar uma rosa dessa para ela? – perguntou com uma sobrancelha levantada.

— Posso levar uma para a minha mamãe também?

— Claro que pode – respondeu com a voz doce. — Feche os olhos – o menino rapidamente obedeceu.

— Pode abrir – disse ele com as rosas em mãos. — Aqui. Agora vá, sua mamãe está chamando – disse ele apontando para a moça que estava com Melanie.

— Obrigado. Já vou mamãe! – disse e saiu correndo.

Poseidon se levantou e entregou a rosa a Atena.

— Achei que só nós dois poderíamos colher rosas de água – disse ela olhando para o menininho que entregava a rosa para a mãe.

— Mas só nós podemos colher – disse abraçando-a para assistirem o sol se pôr. — As que eu dei para ele já eram rosas azuis. Eu só fiquei surpreso pelo fato delas não terem desmanchado.

— Isso é uma coisa que nunca descobriremos como funciona – apoiou a cabeça no ombro dele. — Essa tarde superou a que você planejou em sua cabeça? – perguntou com um sorriso.

— Não, mas ela foi tão boa quanto – respondeu sinceramente. — Vai querer jantar depois daqui ou vamos direto para casa?

— Vamos para casa. Lá tem pizza congelada – respondeu.

— Sem azeitonas, por favor.

***

Atena estava colocando a pizza no forno quando Poseidon a abraçou por trás e deu-lhe um beijo no pescoço.

— Sabe querida, já que eu concordei em passar a tarde no parque com você, nós deveríamos fazer a noite da cozinha agora – disse pertinho de seu ouvido.

— Desculpe querido, eu já cortei tudo o que tinha que cortar – respondeu soltando-se do abraço dele.

— Sem problemas, eu pulo para a parte em que beijo seu pescoço e nós continuamos o script daí – retrucou sorrindo por causa da cara que Atena fazia enquanto desprendia o cabelo.

— Já para o banho gelado – disse apontando na direção em que a escada ficava.

Poseidon roubou mais um beijo dela e subiu correndo para não apanhar com o pano de prato. Atena sorriu e foi arrumar a mesa.

Quando Atena estava colocando a pizza na mesa Poseidon desceu usando somente bermuda e chinelos, perdeu o fio da meada por alguns segundos quando uma gota de água indecente foi escorrendo do seu pescoço até o cós da bermuda, mas logo depois voltou a fazer o que estava fazendo.

Ela ficava repetindo para si mesma para olhá-lo somente nos olhos e que ele era tentador demais para uma deusa casta muitas e muitas vezes na esperança de conseguir seguir seu próprio conselho, mas ele passou por ela e o cheiro de maresia a inebriou. Repreendeu-se um milhão de vezes por imaginar a cena que ele descrevera pela manhã enquanto via o mesmo lavar as mãos.

— Vamos comer? – perguntou ao se sentar.

— Vamos – respondeu sentando-se também.

— Deixa que eu te sirvo – disse pegando seu prato.

— Obrigada – respondeu enquanto prendia o cabelo em um coque. (N/A: Acho que alguém precisa de um banho gelado agora)

Depois que terminaram de comer Atena tirou a mesa em tempo recorde e subiu correndo para tomar banho. Poseidon riu com o ato e foi lavar a louça.

***

Após tomar um longo e relaxante banho ela saiu do banheiro e encontrou Poseidon (decentemente vestido) deitado na cama e sorrindo para o céu.

— Amanhã veremos o seu pai ser o primeiro deus a ter um infarto corujinha – disse sem desviar os olhos do céu.

— Como soube que eu já havia saído do banheiro se nem fiz barulho? – perguntou enquanto pendurava a toalha.

— Senti cheiro de morango – respondeu enfim olhando para ela. — Venha, você precisa ver isso – olhou para o céu e riu novamente.

— Di Immortales! Isso é um eclipse – disse boquiaberta. — Um eclipse não programado. Só pode significar que...

— Isso mesmo. Ártemis e Apolo estão tendo uma noite animada – completou a frase dela com um sorriso malicioso.

— Acho que já vou falar com Annie. O Olimpo vai precisar de reformas – disse deitando-se ao lado de Poseidon.

— A gente dá um jeito – abraçou-a. — Não vou ganhar beijo de boa noite? – perguntou sorrindo.

Ela deu-lhe um selinho e aninhou-se em seu peito.

— Vamos corujinha, eu sei que você sabe fazer melhor que isso – disse um pouco frustrado.

Atena revirou os olhos, colocou um joelho em cada lado do corpo dele e o beijou. Ao perceber que as mãos dele estavam descendo mais que o recomendado, ela deu uma leve mordida no lábio inferior dele da mesma forma que ele fazia e saiu de cima dele.

— Satisfeito? – perguntou tentando não sorrir por conta da respiração ofegante dele.

— Se todas as noites você me beijar assim estarei satisfeito pelo resto da eternidade – respondeu sorrindo.

— Boa noite pescador – aninhou-se no peito dele.

— Boa noite corujinha – beijou seus cabelos.