Egoísmo
Capítulo Único
Por mais que fosse um ato de respeito, Sansa não gostava de visitar as criptas de Winterfell, assim como sua mãe. Não via qual era o sentido de encarar tumbas e estátuas de antigos ancestrais Stark. Via a admiração nos olhos de Bran e o orgulho estampado no semblante de Robb, mas não sentia o mesmo. Gostava de ir ao Bosque-Sagrado rezar assim como toda boa e sábia senhora deveria fazer.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Todavia, sua opinião sobre as criptas mudou assim que encarou seus olhos duros e frios de pedra naquele dia, anos atrás.
– Quem é essa mulher Robb? - lembrava-se de ter perguntado quando tinha apenas cinco dias de seu nome.
Robb sorriu para a irmãzinha mais nova que se parecia com ele tanto quanto Brandon, que tinha acabado de nascer. Ajoelhou-se na altura da pequena Stark apontando para a estátua a frente deles.
– Essa era nossa tia Lyanna. Era a irmã mais nova de nosso pai, faleceu antes de nascermos para encontrar com nosso tio e nosso avô nos sete paraísos.
– Ele não sente falta dela?
– Claro que sim, mas infelizmente o inverno chegou para ela.
O inverno está chegando... Sansa ainda não entendia as palavras proferidas por sua família, como o inverno estava chegando se estava sempre frio e nevando no Norte? Seu pai havia dito que ela era muito nova para entender o verdadeiro significado por detrás das palavras e a senhora sua mãe até tentou explicar a ela, mas foi em vão. Ignorando a dúvida que rondava sua cabeça ruiva, olhou para sua tia novamente.
– Como ela morreu?
Robb deu-lhe um sorriso triste.
– Ela se apaixonou por alguém que não devia. - a curiosidade tomou os olhos azuis de Sansa, adorava as histórias de galantes cavaleiros e damas apaixonadas que a Velha Ama contava antes de dormir. Mas como sua tia era uma dama apaixonada e morreu por isso? Nas histórias não eram assim.
– Sansa! Vamos! A mãe deve estar nos procurando!
Mas mesmo depois de dar as costas, ela ainda sentia a frieza daqueles olhos sobre si.
Daquele dia em diante, as criptas não pareciam tão entediantes assim. Enquanto Robb e o senhor seu pai viam outras tumbas de antigos Reis do Inverno, ela apenas se sentava em frente a tumba de Lyanna e a admirava, cheia de curiosidade. Certa vez, após o nascimento de Arya, pegou-se comparando a beleza de Lyanna com a de sua irmã, mas não que ela fosse admitir isso em voz alta.
Apenas anos depois quando estava mais velha, conheceu a triste história da loba nortenha e o príncipe dragão. Um amor proibido que gerou uma guerra. Ela ainda lembrava-se da Velha Ama sorrir-lhe e sussurrar: Ás vezes, o amor tem seu preço, senhora.
E naquele momento, tocando as feridas roxas sobre a pele causadas por Sor Boros e sentindo as lágrimas escorrerem silenciosamente, ela percebeu que acabara se tornando algo que sua tia fora um dia.
Egoísta. É isso o que você e Lyanna são; sua consciência lhe chutava. Você não queria casar com seu precioso Joffrey e lhe dar filhos tão dourados quanto o sol? Pois bem, faça-o agora.
Robb estava arriscando a vida na guerra e a senhora sua mãe estava com ele, Bran e Rickon estavam abandonados em Winterfell, o senhor seu pai estava morto e Arya... Oh, Arya! Quem sabe o que fizeram com ela? Sequer ainda estava viva? Desejava voltar ao dia em que ela atacou Joffrey perto do rio e fazer o mesmo, atirar pedras nele e chamá-lo de covarde e mentiroso.
Agora era tarde. Era uma loba presa em meio aos leões. Fechou os olhos contendo um soluço, as lágrimas desciam acariciando seu rosto como uma velha amiga.
No fim, a loba e o passarinho tinham algo em comum.
Eram pobres iludidas com a realidade do mundo, estavam ambas presas em suas canções de amor e príncipes galantes. Mas acima de tudo, eram egoístas. Preferiram seus desejos a razão. Jamais deveria ter dito sim ao senhor seu pai sobre a proposta do casamento de Joffrey, jamais deveria ter saído de Winterfell e abandonado seus irmãos e seus pais, jamais deveria ter abandonado Arya que sempre tentou avisá-la sobre Joffrey. Será que senhora minha tia sofreu o mesmo?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Passarinho. - Cão de Caça apareceu na porta de seus aposentos, sempre indiferente. - Se ajeite e rápido, o rei quer vê-la.
Ela respirou fundo, enxugando as lágrimas e ajeitando o vestido. Uma boa senhora deve se portar bem perante o seu precioso rei, não? Talvez, ela conseguisse sair dali com seu Florian. Ou Robb iria salvá-la da cova dos leões e canções seriam feitas sobre os lobos do norte e sua vingança sobre os Lannister. Talvez a matilha estará junta novamente, um dia...
Não custa nada sonhar, não é mesmo?
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