A Pianista

Capítulo 36 - Especial #2


Minha apresentação foi bem tensa. Felizmente, eu e Tatsuo nos saímos muito bem. Encontrei com a Ayumi vindo nos cumprimentar. Em seguida, os dois foram comprar bebidas para nós e eu aproveitei para escolher um lugar na arquibancada para o jogo do Kazumi. Eu fazia a mínima ideia quando ele iria jogar se era o primeiro ou o último.

Ay-chan e o Tat-kun estavam demorando demais, eu decidi mandar uma mensagem para a Ayumi perguntando onde eles se meteram, e ela me respondeu que havia uma fila enorme na máquina. Pacientemente, eu esperei. Aproveitei para limpar direito minha flauta. Depois de uns dez minutos os dois aparecem um uma garrafa em cada mão.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Eita demora ein? – disse eu brincando.

– Desculpe-me, Senhorita Pontual, mas havia uma fila enorme – disse Ayumi.

Ela passou uma garrafa para mim e eu tomei um pouco da água. Ayumi sentou ao meu lado direito e o Tatsuo ao seu lado. Perguntei a eles qual era o time do Kazumi e a Ayumi pegou um papel falando que era o segundo depois do segundo tempo. O tempo passou rápido, o primeiro jogo que aconteceu foi dos meninos de um ano inferior ao nosso e acabaram ganhando. Depois no intervalo, o Tatsuo disse para eu procurar o Kazumi e perguntar se ele iria jogar agora realmente. No início eu não quis ir, mas decidi ir para deixar os dois a sós. Levantei-me, deixei minha garrafinha d’água e minha flauta na responsabilidade da Ayumi e fui em direção às partes de trás da quadra, onde os times se reúnem.

Nunca havia entrado naquele local antes, então eu estava totalmente perdida, fui seguindo as setas. Ao chegar lá, havia alguns times se alongando e outros fazendo estratégias de jogadas. Não entendo muito de esporte, então não me importei em saber realmente o que estavam falando. Continuei andando quando um garoto alto, moreno e bem musculoso, sem camisa, parou em minha frente com os braços cruzados na altura do peito.

– Onde pensa que a Bonequinha Francesa vai? – disse aquela montanha musculosa.

– É-eh... E-eu vim ver um amigo – gaguejei.

– Poderia saber quem é seu amigo? – ele se inclinou para frente ficando bem próximo ao meu rosto.

– Kazumi Hayato – respondi me afastando um pouco.

– Ah, o Hayato. HAYATO! – ele deu um grito. – Acho que ele não escutou... Talvez esteja lá dentro. Garota vá em frente e depois vire.

Agradeci e passei pela montanha. Não foi só uma, mas várias montanhas musculosas colocando uniforme e se alongando. FOCO, NAOMI! O QUE É ISSO?!, disse a mim mesma. Eu andei até o final de um corredor e me encontrei com duas opções. A da direita e esquerda. Qual é que era para ir mesmo? Eu tentei voltar, mas aquela montanha não estava lá. Decidi escolher o caminho da esquerda. Para quê?! Foi só virar que eu sem querer entrei no vestiário dos garotos. Percebi isso até... ver um garoto de toalha molhado do time que havia jogado passando atrás de mim. Rapidamente eu coloquei as mãos em meu rosto vermelho tentando não vê-los (ou tentar fazer com que eu suma). E se alguém me pegar aqui? Eu corri e me escondi atrás de uma pilastra. Antes que alguém pesasse, eu corri rapidamente e tropecei em alguém, caindo por cima dela.

– Ai! Na-naomi...?

Eu olhei para seu rosto e vi a pessoa a quem eu não queria ver, não naquele momento naquele lugar: KAZUMI HAYATO!

Eu me levantei rapidamente e pedi perdão. Eu não sei se acabei terminando minha frase, pois acabei vendo uma escultura grega em minha frente. Acabei seguindo uma gota d’água que escorria do seu pescoço e passava em seu peitoril bem definido. Seguindo a gota, ela deslizou para seu rectus abdominal. Parecia um pedaço de sashimi de salmão bem duro e marcado, onde ela acabou parando e sendo absorvida pela toalha que estava amarrada em sua cintura. Até seus gastrocnêmicos eram perfeitos, definidos e com a aparência dura. Sua pele com um tom perfeito. Kazumi não era muito moreno, mas também não muito pálido.

– Naomi?

Sai de um transe profundo.

– Oi? – disse voltando à atenção para seu rosto, analisando-o. Não pude evitar e olhei para seu cabelo molhado.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Senti duas mãos pegarem em meus ombros e me chacoalharem um pouco para frente e para trás.

– NAO-CHAN!

– P-perdão, K-Kazumi!

Ele riu.

– Olhe para meus olhos, por favor? Se não, vou ficar corado – ele deu um sorriso.

Tentei me focar em seus olhos azul cobalto, mas era impossível não se perder naquela cor tão viva. Ele estava sem seus óculos e a cor de seus olhos ressaltavam. Não prestei atenção em que ele havia me falado e senti ele me pegar pelo cotovelo e me puxar.

– Você não pode ficar muito tempo aqui. Nos falamos depois – disse ele me puxando e olhando para os lados para ver que não tinha ninguém.

Kazumi me levou até a saída e eu ainda estava num transe. Voltei para a arquibancada e encontro com a Ayumi e Tatsuo rindo.

– E aí, vai ser agora que ele jogará? – disse Tatsuo.

Droga! Eu esqueci completamente de fazer essa pergunta a ele! Assenti, mentindo, e a Ayumi me pergunta se estava tudo bem.

– Ah, c-claro. Por que eu não estaria?

– Hmm... Entendi. O que aconteceu lá, ein? – disse a Ayumi me provocando cutucando na anca – Aposto que você viu uma porrada de moleques... sem camisa... com aqueles corpos bem definidos e molhados depois de uma boa ducha...

Vi o Tatsuo fazer uma careta e virar para o lado. Eu ri enquanto acordava a Ayumi estralando os dedos e acenando em frente ao seu rosto. Peguei meu lencinho de bolso e seguei uma baba que deslisava no canto de sua boca.

– Foi pior – eu disse baixinho.

Nesse momento a Ayumi me pergunta o que eu tinha falado, mas eu não quis responder, e graças ao bondoso tempo, Kazumi entrou em quadra.

– Galera, bora dar força e ânimo para aquela gazela saltitante – disse Tatsuo olhando para nós duas.

Eu ri um pouquinho, pois de algum jeito aquela piadinha atacou meu senso de humor, mas depois disse para ele não fazer mais isso com o Kazumi, porque amigos não zoam os outros e sim os protegem.

– Ui, desculpe-me, senhora Kazumi – disse Tatsuo dando um dos seus sorrisos lateral.

Senhora Kazumi? Era sua mãe? Ou era... Hã... Meu... “sobrenome”? Corei.

– VAI GAZELA!! QUERO VER VOCÊ FAZER UMA ENTERRADA!! – gritou Tatsuo com as mãos na lateral da boca dando eco na voz.

Vi a Ayumi rir sem parar. O Kazumi, lá em baixo, na quadra parou de falar com seu time e olhou para a arquibancada. Olhou para o Tatsuo e estendeu seu braço direito com o punho fechado. Olhei para o Tatsuo e ele estava da mesma forma, com o braço esticado para ele. Que amizade mais estranha é essa?!

O jogo começou. Eu estava com meu coração na mão, estava mais nervosa do que quando apresentei. Eu não parava de pensar na cena que eu havia visto no vestiário masculino. Dei um tapa com força com as duas mãos em meu rosto, fazendo a Ayumi olhar apavorada para mim. Kazumi conseguiu fazer a bendita da “enterrada” que o Tatsuo havia pedido, e graças a esse último ponto, eles ganharam. Eu me levantei e comecei a aplaudir e gritar, mas depois me sentei, pensando na euforia que estava. Ele olhou para a arquibancada e sorriu. Como aquele sorriso era branco e lindo...

– Vamos lá falar com o suado – disse Tatsuo.

Descemos e nos encontramos com ele. O Tatsuo jogou uma garrafa d’água para ele e ele tomou rapidamente, deixando um pouco cair pelo canto da boca. Que imagem sexy é essa, Deus? Novamente, dei um tapa com força no meu rosto com as mãos. A Ayumi acabou dando a mão para mim para que eu não me batesse mais. Ele pegou uma toalha e secou seu rosto, passando para seu pescoço e esfregou seu cabelo tirando um pouco do suor. Preciso sair daqui! Senti minhas bochechas ficarem quentes, provavelmente eu estava corada. Por minha pele ser bem branca, qualquer coisa já é notada, principalmente vermelhidão.

– Jogou bem – disse eu tentando disfarçar.

– Ah, obrigado. Galera, se vocês não se importarem, vou tomar um banho antes de ir para casa. Podem ir sem mim por enquanto.

– Ah, não se preocupe, Hayato. Eu estou pensando ir à Casa do Terror que o Primeiro Ano preparou. Vamos?

Casa do terror?! Não mesmo! Eu tenho pavor de fantasmas e coisas relacionadas ao escuro, coisas transparentes voando que fazem sons estranhos.

– Naomi, eu posso ir com você na Casa do Terror. Mas terá que me esperar um pouquinho.

– Então ok – a Ayumi puxou o Tatsuo pelo braço deixando eu ali com o Kazumi. Ela piscou o olho para mim e sumiu com o Tatsuo.

Depois de um tempo, o Kazumi aparece com o cabelo molhado, com a calça e a blusa do uniforme com o botão do colarinho aberto e a gravata frouxa. Segurava uma mala, provavelmente havia suas roupas ali. Ele pegou seus óculos na mala, colocou e passou a mão no cabelo ajeitando os fios.

– Vamos? – disse ele se virando para mim.

– Ah, c-claro!

Ele andou ao meu lado todo o tempo até chegarmos a sala do Primeiro Ano. Só a entrada era de arrepiar.

– Nao-chan? – disse Kazumi – Vamos?

Assenti e entramos. Eu realmente estava com medo. Não fazia a mínima ideia de o que eu iria encontrar mais para frente. Na entrada, havia praticamente quase nada (ou era o que eu achava). Nós fomos andando, até chegar numa espécie de labirinto. Ao passarmos, sons estranhos apareciam ao meu lado direito e também no lado esquerdo do Kazumi. Levei o maior susto quando vi um vulto preto passar correndo de uma parede à outra. Eu cai no chão, chorando. Senti uma mão tocar meu ombro.

– Nao-chan...?

Kazumi estendeu sua mão a mim e eu segurei. Ele me puxou para perto de si, me apoiando em seu peito e deixando nossos rostos bem próximos.

–Não há o que temer... porque eu estou aqui – disse ele.

Nossos lábios estavam bem próximos, quando ele me beijou. Aquele beijo confortante, calmo, carinhoso, romântico. Naquele momento, nada mais importava para mim. Nunca achei que Kazumi fosse assim. Ao nos separarmos, ele colocou a mão em minha cabeça, apoiando-a em seu peito e seu queixo descansava no topo da minha cabeça. Depois, segurou minha mão. Mãos quentes e confortantes... Conseguimos chegar até o final do labirinto bem depressa. não queria que aquele momento não acabasse nunca, que aquela Casa do Terror não tivesse fim.

Ao sairmos, encontramos Tatsuo e Ayumi lá fora, encostado na janela conversando e comendo pães recheados.

– Eita, que demora! Perderam-se lá dentro, foi? – disse Ayumi depois de ter nos avistados.

– Pois é... – disse Kazumi com um sorriso no rosto e colocando a mão esquerda atrás da cabeça.

– Nao-chan? – disse Ayumi.

– O-oi? – disse eu.

– Está tudo bem?

– A-ah! C-claro!

– Ela não gosta de terror... - disse Tatsuo cruzando os braços na altura do peito com a cabeça abaixada e os olhos fechados.

No final, ela acabou colocando a mão em minha testa e a outra em sua testa.

– Parece doente; pálida, mas vermelha...

Ah se eu estava doente... Doente de amor.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!