A Pianista

Capítulo 1


Meu nome é Ayumi Yang. Moro no Japão e tenho 16 anos. Estou cursando o segundo ano do ensino médio e espero conseguir completar o ano. Posso dizer que a minha história, nunca foi tão séria quanto às demais que já conheci. Absolutamente, inexplicável. Para alguns, pode dizer que eu roubei a sorte de outros e retirei algo mais precioso que sorte. Mas, depois do ocorrido, minha vida não voltou a ser a mesma.

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Primeiro dia de aula. Ninguém merece... Minha mãe sempre falou que esse ano eu iria adorar o colégio, e as pessoas que nela possui. Não sou muito fã em livros e estudos... muito menos quando não vou com a cara dos professores, e eles com a minha. Tenho um jeito muito "largada". Minha mãe fica irritada com algumas atitudes inadequadas minha. Então, às 5:00 da manhã escuto uma voz doce e agitada:

– Vamos acordar... Hoje é um dia muito especial, querida!

– Hã...Mãe...?

Naquele momento estava totalmente atordoada. Levantei na maior preguiça, calcei meus chinelos e fui até o banheiro lavar o rosto. Depois de tomar meu banho, e vestir-me, desci até a cozinha para ver oque tinha para comer. Vi minha mãe trazendo meu chá verde. Falei bom dia para ela como um zumbi tenta comunicar-se com alguém.

– Vamos Ayumi! Se não você vai se atrasar para o colégio!

Ao terminar a refeição, subi novamente as escadas escorando-me nas paredes até chegar ao banheiro. Escovei meus dentes, arrumei o cabelo e passei no meu quarto para me arrumar e pegar a minha mochila.

– Tchau, mãe. Estou indo para o colégio.

– Tchau, querida! Boa sorte no primeiro dia.

Virei minha cabeça lentamente para ela e olhei com um ar de negação.

– Vai ser divertido, Ayumi...

Saí pela porta e caminhei em direção à calçada da frente. Andei uns 5 metros e ouvi mamãe gritar:

– Faça amigos! Te amo!

Fingi que não ouvi e continuei andando. Aproveitei para passar em um armazém para comprar algum salgadinho ou coisa parecida. Comprei energético também para ver se eu acordasse mais rápido. Ao chegar ao colégio, sentir-me totalmente estranha. Como se um gato entrasse em um canil de cachorros furiosos assassinos, mas que te matassem apenas com os olhos. Tentei ignorar e fui até a sala e sentei-me na frente das cadeiras, pois as cadeiras do fundo da sala estavam todas ocupadas. Ao meu lado, sentou uma menina de cabelos curtos e com uma coloração louro escuro. E seus olhos, um azul profundo, claro como um céu de uma tarde de verão. Não tinha uma altura muito elevada, acho que deveria bater em meu ombro o topo de sua cabeça. Ela começou a falar, e falar que me dava mais sono ainda. A boca dela parecia uma metralhadora de palavras!

– Oi! Meu nome é Naomi Shon. Você é nova aqui né? Qual o seu nome? Posso mostrar a escola para você, se quiser claro. Qual o seu estilo musical preferido? Toca algum instrumento? De onde você é? É daqui mesmo, né? Já viajou de avião? Dizem que é uma sensação maravilhosa de estar no céu, voando. Qual sua cor favorita? E seu lanche? Eu trouxe bolinho de arroz... Você gosta de bolinho de arroz? Se quiser, dou um para você. (...)

Nossa... aquilo era incansável para ela. Bem que queria manda-la calar a boca, mas estava muito cansada, e além do mais, sou nova na escola, então as pessoas vão achar que sou uma péssima amizade (sendo que não 100% de mentira).

– Ahh... oi. Prazer em conhecê-la. Meu nome é Ayumi Yang... Hã, sim. Sou nova. Bem... gosto de vários estilos de músicas... agradeço o bolinho, mas não obrigada. E pode ser... não conheço a escola muito bem. Muito obrigada.

Estava tentando lembrar o resto das perguntas que Naomi havia feito, mas eram tantas que parecia uma Wikipédia completa. O sinal soou e entrou o primeiro professor. Era de língua inglesa... Fui até a mesa dele e entreguei o papel para ele colocar meu nome na lista de chamada.

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– Humm... então seu nome é Ayumi? Welcome, Ayumi! Prazer. Sou Alexandre, seu professor de inglês. Qualquer dúvida conte comigo, O.K.?

– Ahh sim, claro.

Voltei até minha mesa, onde Naomi dirigiu-se até mim virando seu corpo como uma serpente fugindo e disse:

– No recreio, se você quiser, posso te mostrar um pouquinho mais da escola.

– Obrigada, adoraria.

Sério...? Conhecer a escola? Eu nem queria pisar na escola primeiramente. Mas para não ser mal educada, aceitei o convite. Agora terei que no recreio, meu período de cochilo, andar sem parar visitando os cantos mofados daquele lugar. Naquele momento lembrei-me da minha mãe falando "Vai ser divertido...” Tentei colocar isso na minha cabeça: Visitar a escola vai ser legal.

Bate o sinal, e Naomi se levanta do lugar pegando em meu pulso e levando-me até fora da sala.

– Okay, vamos por partes. Lá em baixo você já viu, né? Onde tem o ginásio, o pátio, banheiros, salas, etc.

– Sim... érr... mais ou menos.

– O.K. Depois nós visitamos lá quando formos sair, tudo bem?

– Ahh sim, claro.

– Então vamos subir! – dessa vez ela puxou-me pelo braço. O que há com essa garota?!

– Aqui em cima, temos sala e mais salas e uma área que eu adoro: a sala de música!

Naomi, muito eufórica, já foi abrindo a porta da sala. Era uma sala enorme! Com todos os tipos de instrumentos existentes e imaginários que alguém possa imaginar! Além da área de instrumentos, tinha mais duas áreas: uma de ensaios e aulas e outra que era o palco principal. O palco tinha marcações no chão para demostrar onde cada musicista fica.

– Venho aqui desde criança. Eu toco flauta transversal. Ayumi, você toca alguma coisa?

– N-não... bem... tocava...

– Legal! Tocava o quê?

– Um pouco de tudo... Guitarra, principalmente. Minha mãe fez-me fazer aulas de piano... e posso dizer que toco até que bem...

– Bacana! Aqui temos guitarra, se quiser tocar, fique à vontade. Mas informo-te que não temos piano, infelizmente.

– Estão consertando? Economizando para outro?

– Hã... bem... não... - seu sorriso enorme, belo e contagiante fechou-se para um ar triste, sombrio e silencioso.

Naomi abaixou a cabeça e ficou quieta por uns 30 segundos.

– Hã... está tudo bem com você? -perguntei.

Ela olhou para toda a sala dando uma volta de 360° e aproximou-se a mim chegando próxima ao meu ouvido. Falou baixinho, quase que um cochicho.

– Promete que não vai contar para ninguém, né?

–Ah, sim. Por que contaria?

– É que, ocorreu a um bom tempo atrás, um ''caso''.

–Um caso?- Falei num tom alto de voz.

– Fale baixo!

– Perdão - pedi.

– É que é difícil de explicar... ocorreu um crime.

– Com o piano...? -fiz com uma voz de sarcasmo.

– Não, não brinca com isso Ayumi. É sério. Aconteceu um crime com esse tal de piano. Ou que envolvia tal instrumento. O que aconteceu direito eu não sei. A escola toda deixou esse caso de lado, nunca mais tocaram no assunto, falaram que aquele caso estava encerrado. E se as autoridades do colégio pegar você falando sobre esse crime, você paga uma certa punição determinada pelo Diretor.

O sinal soou, dando eco nos corredores.

– Prometa nunca tocar nesse assunto, com ninguém. Promete?

– C-claro!

Quando a aula termina, Naomi apresenta-me um pouquinho mais o início da escola. Mostrou-me o ginásio, que era enorme. Só em um canto lá no fundo era um pouco sombrio. Não batia sol devido às árvores que ali havia. Uma coisa que chamou a minha atenção foi que de um lado do ginásio, onde é iluminado pelos raios do sol, há lindas árvores de Sakura. Já no lado escuro, havia apenas uma única árvore "pelada", seca. Sem folha, flor ou fruto nenhum. Perguntei à Naomi se era árvore de Sakura aquela também. Ela respondeu que sim com a cabeça, e disse que a árvore parou de dar as lindas flores quando aconteceu o "caso". Mas que aquela árvore nunca apodreceu nem nada. Continuou ali: firme e forte. Não nasceram mais as flores e seus galhos e troncos escureceram, com uma cor preta amarronzada. Ao ficar um bom tempo admirando de longe a árvore, lembrei-me que tinha que ir para casa. Despedir-me de Naomi e segui meu caminho.

Ao chegar em casa, avistei minha mãe na janela com a cortina na cara. Se ela estava me vigiando? Imagina... é que ela me ama tanto... Desculpe-me o sarcasmo, mas é a verdade. Fingi que nem vi. Pequei as chaves e ouvi minha mãe correr até a cozinha. Abri a porta e gritei:

– Cheguei!

– Oi, querida! Estava na cozinha fazendo o almoço. Nem ouvi você chegar, a não ser pelo grito.

– A-hã... ah mãe, vou subir para meu quarto e me arrumar para o almoço, O.K.?

– Ah, claro.

Larguei a mochila na escada e fui subindo. Ao fechar a porta do meu quarto, lembrei do que Naomi tinha me falado no colégio sobre o crime que ocorreu. Tentei me trocar, mas minha curiosidade gritava dentro de mim. Rapidinho, peguei meu notebook, liguei e fui acessando a Web. Procurei "caso de assassinato no colégio Kinutsun". Entrei na primeira página que tinha visto, cliquei no link e abri. Comecei a ler. Fiquei surpreendida, pasma.