Elos

Capítulo 2


Magnólia, X791.

Duas semanas tinham se passado desde a derrota da Tartarus e, durante vários dias, toda a guilda mais barulhenta de Fiore estivera em festa - porém não sozinha. Sabertooth, Lamia Scale e outras guildas também participaram da comemoração, afinal, não era todo dia que se derrotava a última remanescente da Aliança Ballam. Porém, há cerca de uma semana parecia haver mais paz dentro de Magnólia, não que isso fosse exatamente possível, porém até mesmo os mais bagunceiros e fortes magos do reino precisavam descansar.

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Em seu apartamento, uma loira acabava de sair de um banho, com pensamentos divagando em sua mente. Tivera conversas breves desde sua volta, soubera de exatamente tudo que originara a estranha marca em seu pescoço, escutou com atenção algumas recomendações do mestre; contudo o que mais a incomodava era o fato que, desde aquele abraço após a batalha, pairava entre ela e seu companheiro de time uma tensão não dita; e ela não conseguia entender o porquê.

A garota vestiu uma roupa qualquer, algo que estava no topo de sua cômoda, um short de tecido e uma blusa fina e sentou-se na escrivaninha. Talvez falando com sua mãe conseguisse achar as respostas que, em sua mente, não conseguia enxergar. Suspirou e após fitar o nada com o queixo apoiado gentilmente em sua mão, começou a escrever.

"Mama, sei que tenho muito para lhe contar e não sei nem por onde começar. Você deve estar preocupada comigo, mas a primeira coisa que quero dizer é que estou sã e salva. Bem... Não exatamente sã, mas com certeza estou salva. A guilda é realmente muito forte e prometo que noutra oportunidade irei narrar toda a batalha em detalhes, mas tudo o que me vem na mente agora, mama, é um estranho dragão em meu pescoço e essa sensação acolhedora e morna que de repente se instalou em meu peito.

Acho que estou ficando louca, mãe. Depois da nossa vitória sobre a Tartarus eu soube por todos que quase morri, desculpe, mama, mas tive que quebrar uma de suas chaves, prometo que acharei um modo de recuperá-la. Foi o Natsu que me salvou e tudo que sou capaz de lembrar são daqueles olhos... E as chamas que me acalmaram quando eu tinha certeza que mergulharia na escuridão. Ah, mãe, será que isso que sinto não é produto dele sempre me salvar? Eu queria saber... E ainda tem mais, a parte mais esquisita de tudo é que desde que voltamos, ele tem me ignorado ou me evitado ou ambos. E quando estou perto dele é como se fosse capaz de gaguejar a cada palavra, como se perdesse controle do meu corpo, fico nervosa, corada, suando frio.

E eu espero que isso não seja o que tenho pensado ultimamente, mesmo que esse pensamento tenha preenchido minha cabeça.

Afinal, que tipo de garota se apaixonaria por Natsu Dragneel?

Com amor,

Lucy Heartfilia."

Ficou com a pena a pairar centímetros acima do papel, observando o vazio de seu quarto. Após vários segundos finalmente selou a carta e a guardou ainda mais escondida que as demais, não pretendia que ninguém descobrisse sobre aquilo quando invadisse seu apartamento. E sim, ela tinha certeza que invadiriam seu apartamento.

Então suspirou pesadamente e se levantou em um salto.

– Yoshi! Isso não pode ficar assim!

Determinada, pegou suas chaves e saiu. Iria confrontar certo rosado.

Nas ruas, poucas pessoas caminhavam, tinha acabado de anoitecer e os comércios começavam a se fechar. Queria ao menos ter Plue ao seu lado, mas pelo contrato não podia chamá-lo naquele dia da semana e essa solidão a deixava com os pensamentos voando mais alto do que desejava.

O fato é que tinha muito mais que queria a falar a sua mãe, mas simplesmente não sabia explicar nem a si mesma, quanto mais por em palavras. Ela queria mais que tudo entender o motivo do rosado ignorá-la, mas toda vez que reunia a coragem para fazê-lo, assim que abria a boca tudo se esvaia; e isto a irritava profundamente. Tinham sido duas semanas de silêncio quase que total e aquilo vinha lhe incomodando de um modo que nunca tinha acontecido.

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Tentou pensar positivo durante o caminho, assobiando e cantarolando para si mesma, surpreendeu-se quando ao parecer que tinha passado apenas um piscar de olhos estava diante da conhecida plaquinha:

"Natsu & Happy"

Respirou fundo e estava prestes a bater na porta, quando ouviu uma doce voz feminina vindo do lugar:

– Nat-kun, lembra de quando diziamos que nós iamos nos casar? - a doce voz da Strauss mais nova lhe atingira feito flecha, gelando seu coração e causando uma sensação desconfortável em seu peito. E, em uma fração de segundo, a maga estelar já tinha posto em sua cabeça que aquilo fora, de fato, uma péssima ideia.
Prendendo até mesmo a respiração para não ser ouvida e em movimento tão abrupto, mordeu o lábio inferior e correu, sem saber ao certo para onde estava indo.

Parecia que tinha atravessado metade da cidade, correndo completamente sem rumo, as pessoas não entendiam o porquê das lágrimas em seus olhos e nem ela conseguia se explicar aquilo, mas ouvir a voz da albina dentro da casa dele tinha sido demais. Correu até que ficou sem fôlego e quando isso aconteceu estava próxima a uma árvore, um lago e uma maga de cabelos azuis e inusitadas roupas de inverno.

– Juvia?

O olhar da azulada a fitou, a tristeza transbordando em forma de lágrimas.

– Oe... Não fique assim... O que houve? - Lucy perguntou se aproximando, esquecendo por um momento de suas próprias lágrimas. Sentou-se ao lado da mulher chuva e teve vontade de abraçá-la por um instante.

– J-Juvia não consegue mais falar com o Gray-sama. Juvia não merece falar com o Gray-sama! Juvia matou o pai do Gray-sama! - ela parecia se descontrolar a cada frase, as lágrimas cobrindo seu rosto, seus olhos inchados.

– Calma, Juvia - apressou-se em dizer Lucy, antes que aquele ponto virasse uma tempestade - Por que você não conversa isso com o Gray?

– Gray-sama viajou assim que chegamos. Disse que precisava visitar uma cidade... Juvia queria ir com Gray-sama, mas Juvia não pôde - falou chorosa, escondendo o rosto entre as mãos.

– Juvia, vai ver ele só precise de um tempo sozinho - Lucy tentou argumentar, mas foi interrompida por um olhar assustador.

– Rival do amor...! - a azulada disse em tom assustador, fazendo a maga estelar dar um pesaroso suspiro.

– Não sou sua "rival do amor", Juvia. E-Eu gosto de outra pessoa - não acreditava que estava admitindo aquilo em voz alta, mas já que estavam desabafando, precisava tirar um pouco do peso de suas costas.

– A rival do amor só está falando isso para ficar com o Gray-sama - resmungou a maga da água, cruzando os braços e começando a divagar em conspirações que supostamente a maga estelar faria.

– Juvia, eu realmente quero te ajudar! Eu não gosto do Gray - interrompeu Lucy - E-eu gosto d-do Nat-su! - gaguejou. E quando as palavras saíram nem pode acreditar que tinha dito.

Os olhos azuis a fitaram primeiro com descrença, e então, ao ver as lágrimas da Heartfilia que começava a se lembrar o motivo de estar ali, compreensão. A maga da água sorria consigo mesma por não ter mais que se preocupar com "seu Gray-sama" mas também ficava triste por ver Lucy tão infeliz.

As duas se abraçaram por um instante, sem saber ao certo quem se apoiava em quem e tão logo quanto tinham se aproximado se afastaram, com um sorriso entre as lágrimas.

– Juvia, vou te ajudar. Mas que tal discutirmos isso em uma missão... Ainda tenho que pagar meu aluguel - choramingou com seu típico jeito exagerado no final.

– Se a riv...Lucy vai ajudar a Juvia, Juvia vai ajudar com o aluguel da Lucy! - exclamou a azulada alegremente.

– Então está combinado! Amanhã na guilda, ok? - despediu-se a Heartfilia com um abraço e um aceno para a azulada.

E, pela primeira vez no dia, se sentiu realmente empolgada com alguma coisa.