The Alice Heart

Paredes de Cristal.


...

Eram cinco garotos de cinco a vinte anos, mas não se sabe se eles ainda estão vivos. Eles desapareceram sem mais nem menos, e depois de algumas semanas, o caso foi fechado e eles foram dados como mortos.”

Não. Está errado. – O garotinho de chapéu disse olhando o livro de capa carmesim. – Eles nunca nem tentaram procuraram pela gente.

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Eles procuraram por mim. – Suspirou o mais velho. – Talvez eles tenham esquecido de você.

O que?! – Disse tentando ignorar essa possibilidade. – Claro que não! Eles não tentaram porque me odeiam, não é como se eu não existisse para eles!

Se você prefere assim. – Ele levantou e tirou o livro da mão do garotinho de cabelos castanhos. – Quem sou eu para te contrariar?

Depois disso o garotinho com orelhas de urso ficou emburrado e parou de olhar para o mais velho, o “Gato”. Eles já foram, há muito tempo, bem unidos. Todavia agora eles quase nunca se encontravam, e quando o faziam, não durava muito tempo até alguém começar uma briga.

Isso nunca fora um problema já que o único objetivo deles era seguir as ordens da rainha custe o que custar. De certo modo era uma regra bem cruel, mas eles precisavam disso.

A rainha era cruel e insana. Mesmo que temesse a volta de “Alice”, ela fazia de tudo para transformar a vida de cada morador de seu reino em um inferno. Ou talvez nem tanto.

A Lebre, O Gato, O Urso, O Coelho e O Rato. Todos os cinco estavam caídos diante o elemento surpresa - talvez fosse um coringa -. A rainha, Alice, tinha sido derrotada e eles tinham sido convocados para proteger e obedecer a nova rainha, mesmo que isso custasse suas ‘vidas’.”

...

A garota sorria sadicamente enquanto esquartejava sua irmã. Era cruel, doentio. Pobre dela, nunca fizera nada para merecer aquilo. Ou melhor, ninguém merecia aquilo.

Ela se divertia vendo o desespero e a agonia da outra, e quando ela deu seu suspiro final, a assassina não se conteve e riu histericamente.

O corpo estirado no chão era quase irreconhecível, exceto pelo fato dela guardar uma rosa no colar.

Era uma médium, não tinha duvidas. Isso era normal, o único objetivo era fazer sua Boneca ganhar das outras, e assim tomando sua rosa mística.

As pessoas ficaram horrorizadas ao saber que a culpada de ato tão brutal era a própria irmã, entretanto, acabaram esquecendo logo. Afinal, o mundo é assim desde sempre não? Momentos de fama e depois esquecido na escuridão.

Os policiais até chegaram a procurar a assassina, só que sem sucesso. Ela desapareceu no ar como um fantasma, e esse não teria sido o primeiro caso.

Muitas pessoas vinham desaparecendo de tempos em tempos. Tinham diferentes idades e classes sociais, para ser sincera, a única coisa que as vitimas tinham em comum era a cor dos olhos e do cabelo. Todas eram loiras com olhos azuis e tinham algum problema com a sociedade, esqueci de dizer.

Também havia ocorrido o caso dos meninos que desapareciam de dois em dois meses. Como eles tinham idades muito diferentes e não se pareciam nem um pouco com as garotas, foi tratado como um caso a parte. Exceto pelos últimos que foram mandados.

Diferentes das outras vezes, duas pessoas desapareceram e não só uma. E o mais curioso seria que um deles era loiro com olhos azuis profundos, assim como as garotas que teriam desaparecido ou sido brutalmente assassinadas.

Depois disso, todos revisaram o caso e acabaram descobrindo mais coisas. Cartas de baralho, A, Rei, Rainha e Valete. Sempre as mesmas.

Também, no caso dos garotos, foram encontradas pelúcias escondidas perto do lugar onde supostamente estavam quando o ocorrido aconteceu. Eram elas um gato, um urso, um coelho, um rato e uma lebre.

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O sequestrador permanece a solta, porém, algumas pessoas dizem tê-lo visto massacrando crianças que teriam dito “Não”. O Serial Killer foi chamado de “Alice Sorridente” por pessoas que acompanham seu trabalho. A policia desistiu de procura-lo e apenas os mais fissurados continuam em sua busca sem resultados para achar a tal Alice Sorridente.

É um caso bem interessante, apesar de nunca ter sido um foco na mídia. Ninguém parecia se importar muito, nem mesmo a família das vitimas. Sem contar que, para o governo, isso teria sido um alivio. Já que todos os desaparecidos estavam envolvidos com fraudes politicas ou problemas até mais graves.

...

Depois de correr por um tempo eu acabei cansando, o garotinho não estava me seguindo, na verdade, eu não sei o porquê de estar tão preocupada. Depois de um tempo recuperando o folego eu voltei a caminhar pelo bosque.

Eu deveria estar bem longe da clareira e da cidadezinha verde. Não tinha menor de ideia de para onde eu estava indo, eu apenas queria ir para longe.

Eu já perdi a conta de quanta gente morta eu vi, e mesmo assim, continuo andando. Eu realmente deveria dar meia-volta e achar aquela porta de onde eu vim.

Não conseguia pensar em nada além do sangue das pessoas para todos os lados, e como eu estava tão distraída, nem ao menos percebi que o cenário tinha mudado.

As arvores tinham mudado de cor, estavam fazendo um lindo degrade com tons de azul. Foi quando eu senti algo gelado tocar a ponta do meu nariz, neve.

Pouco a pouco tudo foi coberto por uma fofa camada branca com cheiro doce. Estava bem mais difícil de andar, e então eu percebi que não estava sentindo frio. Isso era um bom sinal, fortalecia minha teoria de que tudo isso era um sonho, mas, isso foi explicado quando eu percebi que tinha trocado de roupa.

Uma blusa de manga comprida branca e uma saia de veludo preta. Eu também usava uma meia 7/8 branca com bolinhas azuis, e uma bota comprida.

Eu segui caminhando, e vi pendurado em uma arvore uma capa branca com o símbolo de Ouros bordado. A neve foi engrossando e eu percebi que só isso não seria o suficiente, então, peguei a capa e a vesti imediatamente.

Tudo aqui era lindo, eu tinha que admitir. Os flocos de neve pareciam ter sido esculpidos para depois caírem.

– Senhorita! Rápido! – Uma voz estridente vinda da direita.

Eu olhei para ver quem era e vi uma garota de cabelos curtos e brancos usando uma armadura anil.

– Venha logo! – Ela fez sinal para que eu a acompanhasse.

Segui-a até um enorme castelo feito de gelo. Os portões se abriram e nós entramos. Depois de tudo que eu tinha visto, eu não confiava nas pessoas desse lugar estranho, principalmente em crianças, até então elas só tinham atraído coisas ruins.

– A senhorita se perdeu no bosque? – Perguntou.

– Não. Eu me perdi no mundo, é diferente. – Disse. – Eu não sei se deveria prosseguir sem rumo eu sentar e esperar tudo acabar.

Ela me olhou espampanada e percebeu que eu, na verdade, não era de sua “raça”, ou sabe deus como devo chamar as pessoas daqui.

– Wow, você é uma Medium então? – Ela disse. – Sabe, eu sempre quis poder ser uma, mas não posso. Mesmo que o seu destino seja cruel, eu morreria fazendo o que eu mais gosto.

– Uma médium? Claro que não! Eu não vejo nada diferente da realidade tá? Só isso daqui mesmo.

– Uh, você realmente não sabe muito sobre aqui... – Falou desapontada. – Eu não posso te contar, me desculpe. Mas, a rainha falará, apenas ache o seu tabuleiro, ou então, a caixa de brinquedos.

– Isso de novo. O que diabos é “A caixa de Brinquedos”? – Perguntei confusa.

Ela suspirou longamente e disse que eu saberia de tudo quando chegasse perto, então ela fez uma pequena reverencia e foi embora.

Não entendia absolutamente nada desde que tinha chegado aqui. Crianças com orelhas de animais mataram pessoas e me guiaram a lugar nenhum.

Eu já não aguentava mais tudo isso, ninguém queria me fazer acordar. Eu quero voltar para casa, com o Niko e com o Marshall.

Alguém me ajude...

[...]