The Alice Heart

Memorias Cristalizadas.


...

Altas paredes de vidro, ele estava tão limpo que eu conseguia observar meu reflexo. Eu não estava tão deplorável quando imaginava, meus cabelos estavam bem arrumados e os olhos não estavam mais inchados. O único problema era o meu rosto, que estava levemente manchado pelas lagrimas.

Nem a beleza daqui me alegrava, estava tudo escuro para mim. Mas eu não queria ir para casa. Pelo contrario, eu queria estar o mais longe de lá.

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Sabe, eu tive uma vida boa comparada com a dos outros aqui. Quero dizer, para mim, foi um inferno, só que comparada com a deles... Todavia sempre faltava algo. Talvez... Poder e posse?

Tudo que eu tive até agora não era meu de verdade, pertencia a minha família, e eu realmente não queria isso. Eu queria mais.

É estranho dizer isso, eu tenho um ídolo. Ele não era nem cantor nem mágico, ele era uma pessoa aparentemente normal na qual eu me espelhava. Entretanto, eu ainda sim queria mais. Aquele no qual eu me inspirei morreu, mas, diferente dele, eu não iria. E eu queria - e ainda quero - me tornar bem pior do que ele.

– Ora, como você é um gatinho burro. – A boneca com seu lindo rosto de porcelana rachado disse. – Você se inspirou em um universitário que não aguentou a pressão e se matou depois de um tempo, isso é tão patético.

– Não fale assim dele. – Falei acariciando meu próprio rabo. – Garanto que você usou as lembranças que suas vitimas deixaram.

– É, você esta certo dessa vez. – Ela sorriu falsamente como se odiasse admitir isso. – Eu seria grata a ele se não fosse sua culpa a enorme mansão de Lolitinhas, aquilo só serve para atrair pestes e me fazer perder boa parte da minha energia.

– E é por isso que você me chamou? – Indaguei curioso. Apesar de já estar aqui a dois meses, eu ainda não sabia o porquê de estar aqui. – Para destruir essas pestes ou a mansão?

– Claro que não! – Ela pareceu irritada com a pergunta. – Eu nunca traria um monte de crianças e adolescentes para só porque um problemático criou uma casinha para jogar suas marionetes quebradas. – Suspirou e colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. – Eu os chamei para acordar minhas irmãs. Porque eu quero ganhar de novo. E, o mais importante, porque eu quero acabar de uma vez por todo com aquele problema chamado “Alice”.

Iwee puxou minha orelha de gato, - mesmo que já fizesse um tempo, parecia que tinha sido implantada naquele dia -, ela não tinha o intuito de arrancar, até porque é impossível agora, o que ela realmente queria era machucar, ou então dar uma lição através da dor.

Era uma área sensível, o que fazia doer muito mais. Ela sabia disso, ela era má. A única coisa que eu poderia fazer contra ela era implorar para que ela parasse de me torturar, contudo, eu nunca me rebaixaria tanto assim. Eu nunca me humilhei por algo que eu queria, eu sou orgulhoso demais para isso.

Eu estava pronto para brigar com ela, mesmo sabendo das possíveis consequências, mas alguém “chamativo” passou pela porta, fazendo parar por completo.

Ele tinha olhos azuis e bonitos, só que não brilhavam. Ele não tinha um pingo de inocência, para ser sincero, eu não via nenhuma reação ou emoção. Ele parecia um robô usado, que depois de servir para todos os tipos de serviços se tornou um nada e foi jogado. Ele era totalmente vazio, tanto que eu podia ver todos os pecados só de olhar para ele.

E mesmo assim, ele me chamou atenção. Ele era incrível. Eu o quero para mim. Eu vou tê-lo para mim, porque eu quero tanto brincar com ele. Xxx xxx~ ♥

...

Logo depois que a que me trouxe aqui foi embora, uma outra com cabelo preso apareceu. Ela era bem parecida com a outra, porém, essa seguia o padrão das outras pessoas que eu tinha achado por aqui. Seu cabelo era tão branco que chegava a brilhar e era estrábica. E, como de costume, ela carregava o símbolo de paus em uma corrente de prata.

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Ela me guiou até um enorme corredor e depois abriu uma porta. Disse que eu poderia dormir ali por essa noite, senão acabariam me achando. Por hora eu resolvi não perguntar “Quem vai me achar?”, elas já tinham feito demais em me acolher.

O quarto era lindo. Tudo brilhava como cristal, as pilastras estavam cintilando consecutivamente deixando aquilo cada vez mais inacreditável.

De tudo que eu já tinha visto, essa “reino”, digamos assim, era o mais bonito. Tudo aqui brilhava, era impressionante. Era uma visão de, literalmente, outro mundo.

Mas o que me deixava mais contente era o fato de finalmente ter um lugar para descansar. Depois do que pareciam horas andando, eu precisava relaxar um pouco, e aquela cama parecia ser extremamente confortável.

Nunca gostei de dormir fora de casa, muito menos na casa de estranhos que eu nunca vi na vida. Entretanto, era uma situação a parte. Eu estava muito longe de casa, e eu nem menos sabia como voltar para onde eu vim. A única coisa que eu tinha para fazer era aceitar e seguir.

Seguir rodando assim como um carrossel. Uma, duas, três voltas. E depois tudo de novo. Eu tinha que, de alguma forma, sair da linha e mudar o caminho, e por fim achar o fim do Lupin de acontecimentos.

“Senhorita, quando descobrir, por favor me diga como... Eu não aguento mais isso.” Uma voz chorosa conhecida sussurrou bem baixo no meu ouvido. Me assustei na hora, no entanto, depois eu aceitei que estava perdendo a minha sanidade.

“Vou fazer o possível.” Eu respondi em voz baixa, e eu parei de ouvir os choros baixos.

{...}