Chains

Capitulo 6 - Vultos


Vultos

Conviver com Naruto era ainda mais fácil do que respirar. Em poucos dias era impossível imaginar nossa rotina sem sua presença.

Ele também era muito bom em conseguir comida a qualquer momento.

— Não vai me dizer que estão com medo disso? – O loiro nos provocou ao ver que eu e Tenten tínhamos nos assustado com os relâmpagos que iluminavam a sala. – É só uma chuvinha boba.

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— É claro. – A Mitsashi recolheu os cadernos e me olhou em expectativa. – Vamos antes que fique pior.

Pelo que entendi, não havia outra opção para retornar para os dormitórios que não fosse o jardim. A possibilidade de me molhar não era agradável, mas eu concordei com Tenten que quanto antes chegássemos aos nossos quartos, mais rápido nos afastaríamos da chuva.

Tenten colocou a mochila sob a cabeça e saiu correndo da proteção do colégio, fiz o mesmo que ela, sendo acompanhada por Naruto que não parecia tão incomodado quanto nós.

Entretanto, antes mesmo de chegar até o enorme chafariz, desisti de me manter seca. Era impossível com todos os alunos esbarrando em mim e em todas as poças d’agua em que pisei durante o caminho.

A confusão também fez com que eu me perdesse dos meus amigos. E sozinha, no meio de tantos estranhos, acelerei os meus passos.

Quando um novo trovão ressoou e mais um raio cortou os céus, as luzes se apagaram. Senti meu corpo ser empurrado com violência e por pouco não caí, antes que eu pudesse erguer meu rosto, algo me puxou e a mão fria queimou em contato com a minha pele.

Me desvencilhei e com o corpo sujo de lama, me levantei para começar a correr na direção dos dormitórios.

Uma neblina densa havia tomado conta de todo o jardim e as vozes dos outros estudantes desapareceram, me deixando sem qualquer senso de direção.

— Merda. – Praguejei apertando a alça da minha mochila. Eu sabia que não estava sozinha. Ainda conseguia sentir o toque frio em meu braço. – Naruto, Tenten! – Gritei por meus amigos em vão.

A sombra que passou em minha frente foi o suficiente para que eu recomeçasse a correr. Minhas mãos tremiam, minha respiração estava descompassada e o desespero que tomava meu coração era o suficiente para que eu desejasse que Sasuke descobrisse que havia algo errado comigo naquele momento.

Arfei quando torci meu pé e caí de encontro com a grama molhada sem conseguir me levantar. Dessa vez, os três vultos me cercavam, mas eu não fui capaz de gritar.

Um dos vultos ergueu uma das mãos e dela uma fumaça prateada começou a ser emitida. Tossi, curvando meu corpo e coloquei a mão sobre o meu peito, não consegui parar de encarar as criaturas sinistras. Meu cabelo grudava contra o meu rosto, minha respiração estava entrecortada.

Por mais que eu tentasse, minha voz não emitia nenhum pedido de ajuda. E por isso, comecei a me concentrar em todo o desespero que eu sentia. Aquela era a minha única chance.

Me levantei ignorando a pontada de dor em meu tornozelo e me preparei para correr. A fumaça prateada estava chegando vagarosamente até mim, recuei sentindo minhas pernas protestarem, quando senti as mesmas mãos frias sobre os meus ombros lembrando-me de que eu não estava sozinha ali.

— Não tema, criança. – A voz feminina saiu em um sussurro, o hálito frio batendo contra a minha pele. – Não tema. – A fumaça estava prestes a me alcançar.

— O que são vocês? – Meus lábios se mexeram, não pude ouvir a minha voz. – Por favor, me deixem ir! – implorei fazendo esforço para conseguir ouvir minha voz, mas não adiantara, eu estava muda.

Comecei a chorar silenciosamente, sentindo meu corpo adormecer quando a fumaça tocou meus pés. Ela parecia querer me engolir por completo.

— Somos o destino. – A mesma mulher me respondeu e eu tentei ver seu rosto pelo canto dos olhos. – Há algo que precisa ver.

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— Não tema, criança. – A voz feminina saiu em um sussurro, o hálito frio batendo contra a minha pele. – Não tema. – A fumaça estava prestes a me alcançar.

— O que são vocês? – Meus lábios se mexeram, não pude ouvir a minha voz. – Por favor, me deixem ir! – implorei fazendo esforço para conseguir ouvir minha voz, mas não adiantara, eu estava muda.

Comecei a chorar silenciosamente, sentindo meu corpo adormecer quando a fumaça tocou meus pés. Ela parecia querer me engolir por completo.

— Somos o destino. – A mesma repetiu e eu tentei ver seu rosto pelo canto dos olhos. – Somos o destino.

Era outono, as folhas secas e alaranjadas caiam conforme o vento sacudia os galhos, numa dança sinuosa até pousarem sobre a grama. O vestido longo e verde deixava seus ombros expostos, a cintura era marcada por um espartilho e os braços por um tecido rendado. Os longos cabelos róseos estavam soltos e pareciam dançar conforme a brisa, enquanto seus olhos vermelhos como o fogo, observavam o moreno de forma curiosa.

— Me pergunto o porquê de se vestir de forma tão simplista, enquanto sua irmã abusa da riqueza de sua família. – Perguntou parando a poucos metros dela. A expressão séria não condizia com o tom curioso.

— Não preciso de joias e ouro quando vou fazer um simples passeio, Senhor Uchiha. – Respondeu dando um sorriso, o qual não foi retribuído. – Ela faz um bom uso de nossas riquezas, a sua maneira, não vejo motivo para interferir em seus desejos peculiares. – Ele aquiesceu brevemente e ela retribuiu o gesto. – Se me concede a sua licença.- Preparou-se para se afastar, mas a pergunta que ouvira fez com que ela parasse.

— Permite que eu lhe acompanhe? – A expressão dele não havia se alterado em momento algum, mas ela, porém, era movida pela curiosidade que o outro lhe instigara.

— Não entendo o motivo de sua proposta. – Disse começando a caminhar, tendo a ciência de que ele lhe acompanhava. – Mas se lhe faz feliz, sua companhia seria de bom grado, Senhor Uchiha. – Olhou pelo canto dos olhos e sorriu rapidamente.

— Entendo que a mesma curiosidade que existe em mim, também habita o seu intimo, senhorita. – Ele disse e ela o encarou com uma das sobrancelhas arqueadas. – Mas devo dizer que prefiro os seus olhos longe desse carmesim que se encontravam há instantes.

— Obrigado pelo elogio. – Os olhos, que agora estavam verdes, brilharam. – Porém, sinto-me constrangida a receber elogios do noivo de minha irmã. – Ouviu a risada dele e o encarou inquisitiva. – Não entendo o motivo da graça, Senhor Uchiha!

— A graça está em sua atuação, minha querida. – Respondeu ele – Sua atuação diante de tua irmã é tão superficial, que poderia ser considerada uma blasfêmia. – Sorriu sarcasticamente, quando a moça parou em sua frente.

— Que insolência! Não finjo nada para a minha irmã. – Retrucou entredentes. – Peço que não me ofenda e se quiser faze-lo, não necessito da sua companhia. Tenha uma boa tarde. – virou-se novamente para se afastar, mas uma mão a segurou.

Meus olhos haviam focado os vultos novamente e eu passei a tossir compulsivamente, sentindo um gosto metálico em minha boca. Cuspi e logo passei a vomitar um liquido viscoso. A mão em meu ombro parecia me segurar, mantinha-me firme como se possuísse a certeza de que se me soltasse eu cairia.

— Por que pareces mais uma serva do que uma nobre quando está ao lado da sua irmã. – Falou aproximando o seu rosto do da garota, encarando fixamente seus olhos. – Percebo cada expressão desgostosa ao vê-la esbanjando dinheiro, cada mordida de lábio reprimindo tuas palavras ferozes e os teus desejos de caridade. – Disse seriamente e a moça não esbanjou reação alguma. – Irá negar esses fatos, senhorita?

— Não vejo o porquê de tantas calunias. - Com a mão livre, a mulher afastou os cabelos do rosto. - Creio que esteja delirando pela falta de alimento. – acrescentou rudemente.

— Sabe muito bem que não estou sujeito a alucinações. – Ele mantinha o enlace sobre a mão dela e aproximou-se ainda mantendo contato visual. - Me diga a verdade.

— É noivo de minha irmã, mantenha distância de mim. – Apesar de suas palavras, a garota não fez menção de se afastar. - Finjo, pois não posso ir contra ela. Isso lhe satisfaz? - Virou o rosto fugindo do olhar que ele lhe lançava. – Será que pode se afastar de mim, Senhor Uchiha? Se nos pegarem nessa situação, será algo desconfortável.

— Não, isso não me satisfaz. – Respondeu o moreno guiando-a até que as costas da mulher se encontrassem com a arvore mais próximo. Ela entreabriu os lábios com expectativa, ansiando pelo próximo movimento dele. – Sabe que gosto que me chame de Sasuke.

Como da outra vez, meus olhos voltaram a focar no que estava acontecendo ao meu redor.

As mãos que me seguravam ainda eram frias e firmes, mas os sentimentos que me invadiram foram de raiva e receio. Eu os conhecia como ninguém, mesmo que meu primeiro impulso tenha sido o de erguer minha cabeça em sua direção.

— Sasuke... – minha voz soara em um sussurro, antes que eu voltasse a tossir compulsivamente, engasgando-me novamente. – Nunca pensei que ficaria feliz em te ver.

O Uchiha não me respondeu. Seus olhos vermelhos brilhavam em meio a escuridão e sua expressão era ameaçadora. Pude sentir sua fúria, ela me deixava tonta.

Meus braços e pernas pareciam ter sido desmontados do meu corpo, eu não conseguia move-las e muito menos senti-las.

— Saiam daqui! – A voz de Sasuke soara autoritária e meus olhos vagaram em direção aos vultos, que haviam se enfileirado. O do meio ergueu a mão e apontou para nós, ouvi alguns sons distintos e minha visão começou a ficar turva antes de tudo desaparecer. – Vão embora! – Ele gritou novamente antes que as figuras desaparecessem.

X-X-X

— Você é o maldito guardião! – A voz de Sasuke foi a primeira coisa que ouvi quando acordei. – Como pode deixar que isso acontecesse? – Ele parecia se controlar para não gritar.

Abri os olhos devagar, esperando que eles não notassem minha consciência. Naruto era o único que estava em meu campo de visão. Suas roupas estavam molhadas e ele me encarava de forma preocupada, estendeu a mão para me ajudar a sentar e eu a segurei sentindo uma dor lasciva em meu estomago. Coloquei a mão sobre a minha boca, porém não consegui conter o vomito.

— I-Isso é sangue? – Perguntei assustada ao ver o liquido vermelho manchar o chão. – Mas que... – Não consegui terminar de falar, pois algo revirou meu estomago e lá estava eu novamente vomitando no chão. Naruto prontamente me estendeu um balde, ele parecia esperar por aquela reação do meu corpo.

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— Não acredito que deixaram ela vomitar no meu chão! – Os tintilares de saltos contra o piso começaram a se aproximar de mim. – Que estrago... – Ouvi um suspiro, mas não me atrevi a levantar o rosto do balde que começava a exalar um cheiro azedo. – Isso querida, você tem que vomitar tudo o que estiver no seu estomago.

O constrangimento que me assolou não era o suficiente para impedir que eu continuasse a vomitar. Senti como se estivesse dentro de um carro em movimento, sendo consumida ela vertigem.

Ergui os olhos brevemente para encarar a mulher e seus olhos dourados eram gentis.

— Mandei que os guardas averiguassem o colégio, nada foi encontrado. – Ela fez menção de se afastar. – Já acabou? – Perguntou para mim e eu afastei o balde o colocando-o no chão, que repentinamente havia ficado limpo. – Beba isso, querida. – Estendeu-me uma caneca marrom. – É chá e vai limpar o veneno do seu organismo. – esclareceu e eu segurei a caneca relutantemente.

Observei a mulher que lançou-me um breve sorriso. Seus cabelos eram loiros e iam até a metade das costas, os lábios estavam pintados de vermelho e ela trajava um vestido verde longo que possuía um enorme decote, dando ênfase em seus seios volumosos.

— O gosto é ruim, mas vai te fazer bem, Sakura. – Naruto disse abrindo um sorriso. – Vai fazer com que você fique bem logo.

— O que você está fazendo aqui? – Murmurei minha pergunta com confusão. – O que aconteceu?

— Shizune, exame isso. – Notei a mulher que parecia se esconder no canto mais escuro da sala. – Pode haver resquícios de quem fez isso. – Ela assentiu, pegou o balde e se retirou silenciosamente.

Olhei para Sasuke esperando que ele me desse respostas, mas o Uchiha apenas indicou que eu devia beber o que a mulher tinha me dado. O gosto era horrível, mas não me atrevi a dizer nada.

— Eram demônios do destino. – Naruto respondeu-me ficando estranhamente sério. – Tsunade, pode explicar para ela? – a loira aquiesceu.

Tsunade... Aquela era a diretora?

— Nós a chamamos de demônios do destino, mas na cultura humana existem seres semelhantes, aos quais vocês chamam de Parcas. – Tsunade fez uma pausa e encarando a caneca em minhas mãos. – Demônios do destino, são seres inofensivos. Apenas desejam mostrar o futuro ou passado para alguém.

— Não me pareceram inofensivas.

— São inofensivos à quem sabe de sua existência, aqueles que desconhecem dela, são sujeitos a traumas no organismo quando estão em sua presença. – Tsunade explicou com paciência. – Vertigem, enjoo, fortes dores de cabeça. São alguns dos sintomas. – Fiz uma careta ao ouvir tudo o que estava sentindo. – Normalmente tratamos com uma infusão feita com alguns ingredientes...Raros, mas no seu caso, precisamos apenas da contribuição de Sasuke.

— Que tipo de contribuição?

Olhei para Sasuke e arregalei os olhos ao ver que o braço esquerdo dele estava envolto em uma atadura manchada por sangue.

— Ah. – Olhei para o copo escuro mais uma vez na tentativa de ver o líquido que estava lá. – Preferia não saber que tem seu sangue nisso. – Murmurei erguendo os olhos para Sasuke. Eu sabia o quanto nossa ligação como pactos era fortalecida através do sangue.

O sangue de Sasuke era o melhor remédio que eu teria em toda a minha vida, mesmo que eu me recusasse a bebe-lo por vontade própria. Eu não era como ele que dependia disso para sobreviver.

— Devia parar de fazer tantas perguntas.

Aquiesci sentindo que minha cabeça estava pesada. Por mais que Sasuke insistisse, o colégio não era seguro. Não como ele havia dito que era.

— Vou descobrir quem fez isso, Sakura. – A voz do Uchiha fez com que eu erguesse meus olhos novamente para encará-lo. – Vou fazê-lo implorar pela morte.

A voz mansa de Sasuke escondia um ódio que eu era capaz de sentir. E mesmo que a raiva dele não fosse direcionada à mim, senti medo.