The history of us

Quem eu poderia culpar?


Cai no chão pela décima vez.

–Concentre-se!-Julieta gritou.

Não conseguia levitar por muito tempo. Parecia impossível. Olhei para ela com a testa franzida.

–Esvazie a mente. Concentre-se apenas no seu poder.

Sentei no chão e fechei os olhos. Senti o poder fluir de mim enquanto eu esvaziava a mente e me concentrava só nele. Ouvi seu assovio uns segundos depois. Abri os olhos. Mordi a língua para não gritar. Eu estava bem alto, e não cai depois que vi onde estava. Meu bumbum agradeceu por estar seguro por hora. A ardência nas minhas costas não tinha desaparecido, mas não tinha piorado também. Julieta sorriu e levantou os polegares.

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–Agora desce.

Estiquei as pernas e forcei, devagar, meu corpo a descer. Ela bateu palmas e riu quando eu perdi um pouco de equilíbrio ao encostar os pés no chão.

–Muito bem, isso já está concluído. O resto só pode ser feito depois que as suas asas marcarem presença.

–O que não vai demorar muito.-Maria disse, aparecendo de repente com uma garrafinha na mão. Ela me entregou a garrafinha e cruzou os braços.-Você fez mais progresso que esperávamos. Demorou uma hora para conseguir levitar. Eu precisei de três dias pra tirar pelo menos os pés do chão e quase uma semana pra ficar um minuto no ar. Tome isso, fará bem mais tarde. Vamos almoçar.

Detonei o líquido gelado com gosto de uva e segui as duas para a cozinha. Olhei a hora no relógio na parede e vi que já eram duas e meia. Credo, eu fiquei de seis da manhã até duas e meia treinando.

–Ela conseguiu se lembrar de tudo!-Julieta exclamou para papai.-Não é incrível?

–É maravilhoso.-Ele olhou para mim com orgulho.-Você é maravilhosa.

–Ela é minha irmã, dá licença né!-Julieta jogou o cabelo para trás, se gabando. Sorri para ela.-Não vejo a hora das asas dessa menina saírem da toca.

–Eu também.-Maria disse.

Coloquei comida no prato e deixei em cima da mesa. Lavei minhas mãos na pia e me sentei à mesa para comer. Senti Pedro tocar meu rosto e olhei para o lado, suspirando ao vê-lo me olhar com tanto carinho. Conversávamos enquanto comíamos. Abri a boca e suspirei enquanto falava.

–Também não vejo a hora delas saírem.

–E elas saíram nesse momento.-Luz apareceu de repente me olhou exatamente quando algo atingiu em cheio as minhas costas me fazendo cair de joelhos no chão. A ardência parecia ter sido multiplicada e se tornara quase insuportável.-Leve-na lá pra fora.

Senti os braços firmes de Pedro envolverem meus ombros e me levantando com cuidado. Ele me levou pro quintal e me pôs na parte cimentada. Então se afastou. Me contorci ao sentir minha pele ser rasgada e gritei quando algo começou a sair dela. Arqueei-me para trás tentando acelerar o processo, mas de nada adiantou. Fechei os olhos com força e me inclinei para frente, apoiando minhas mãos no chão. Senti minhas lágrimas saírem como jato dos meus olhos enquanto a dor se tornava insuportável. Arqueei-me pela última vez então parou. Respirei fundo enquanto virava o pescoço e vi minhas asas.

Elas eram brancas e brilhantes. Enormes. Arqueei as costas e abri voo. Era algo assustador de natural. Tão fácil como andar. E agora era algo a mais a digerir. Sorri ao sentir o vento na meu rosto enquanto voava pelos céus.