Carter... Pensar em seu nome fazia seu coração doer.

Talvez devesse ter confidenciado a America. Talvez devesse ter tido mais discrição. Talvez tivesse sido muito mais prudente não ter se sujeitado àquele sentimento, que, naquelas circunstâncias, era perigoso. E tantos “talvez” que lhe lotavam a mente não serviam de auxilio algum naquele instante. Aqueles talvez fossem demasiados torturantes, porque algum deles poderiam ter feito alguma diferença. Mas já não importava; sua sentença estava dada, remoer possibilidades era ocioso e tudo que lhe restava era encarar o que estava prestes a acontecer. Não estaria só, no entanto. Por mais egoísta que tal pensamento tenha sido, aquele foi o maior dos consolos ao qual Marlee pudera se agarrar firmemente.

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...

Um!

A multidão, no mais atroz dos frenesis, conclamava com intensidade sem igual. Eles concordavam com aquilo. Aquilo era justiça? Isso é justiça? Os olhos de Carter brilhavam mais do que o normal, e saber a razão daquilo destroçava seu âmago

Dois!

Sua visão turvara, e as formas pareciam tremelicar. Três! O carrasco bradou, e a massa de pessoas parecia se tornar cada vez mais excitada por aquele macabro entretenimento. Quatro! Carter se contorcia a cada chibatada, seus músculos se retesavam e tão logo se tornavam frouxos. Entretanto, independente da dor que ele sentia, vigorava forças que Marlee julgara inexistentes naquele momento e erguia o rosto, apenas para olhá-la. E ele a fitava com doçura, por mais que a dor fosse imensuravelmente insuportável. Não importava a situação, ela tinha certeza de que ele estaria ali, para ela. Por ela. E era recíproco.

Seja forte, Carter. Por favor. Marlee pensou.

Após a sessão de Carter, o carrasco dirigiu-se em direção a ela. Era sua vez de pagar pelo que fizera, e por mais que estivesse com medo, estava pronta. Quando ele ergueu a vara para dar inicio a sua punição, Marlee manteve os olhos em Carter. Buscava forças. Forças que não tinha. Que se exauriram no mesmo instante que julgou terem existido.

Nos olhos do ex-soldado, palavras que não precisariam ser sibiladas foram ditas. Um idioma particular, um pedido sincero. Seja forte.

Por você, Carter. Por você.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.