Speak

Breaker


10

BREAKER

Rose estava começando a se considerar louca.

Quando ela se olhava no espelho, não conseguia entender o porque ela achava que alguém realmente gostaria dela um dia. Era gorda, feia e burra. E não era exagero por parte dela, era a mais pura verdade. Já não sabia lidar consigo mesma. Com aquele rebuliço de pensamentos e sentimentos distorcidos e problemáticos. Estava prestes a fazer dezessete e dera seu primeiro beijo, enquanto isso as garotas da sua idade já estão transando. Tinha tanto medo de ficar sozinha para sempre, de ninguém nunca gostar dela. Que desculpas daria? Que desculpa poderia ser capaz de esconder a realidade gritante: Ninguém quer nada com ela.

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Ela se olha no espelho e vê que nem mesmo ela iria querer. Seu rosto tinha pelos, ela tremia só de pensar na maldita depilação intima, suas unhas não crescem, seu cabelo é feio e ela é GORDA, GORDA, GORDA!!! Yaniv deve ter a beijado por pena. Ela tinha certeza. Ou estava bêbado. Muito carente? Não sabia, mas tinha certeza que ele deve ter se arrependido no dia seguinte. Seus amigos devem ter rido dele por ter beijado a garota gorda da escola e por isso ele ainda não falou com ela diretamente. Seus sorrisos breves quando a via no corredor não eram o suficiente para aliviar seus temores frequentes. Não conseguia pensar em mais nada!!!

Scorpius pegou sua bolsa e deslizou um CD pela mesa de Rose. Ela o fitou, curiosa, mas ele apenas deu de ombros, brincado com as mangas da blusa como de costume. Rose pegou o CD e fitou o “Songs n’ Roses Mix Vol.1”. Olhou as faixas e sentiu seu coração disparar. MAIS UM CD GLORIOSO PRA CARALHO!

– É meu? – perguntou exasperada.

– Bem, são songs e roses, certo? – riu ele. A sala de História da Magia pareceu apertada. – Coloquei todas as...

– Músicas frases. – completou Rose, sorrindo enormemente. Scorpius ficou hipnotizado. Queria aquele sorriso para sempre. Yaniv virou-se para trás para perguntar algo e toda a atenção de segundos que tivera se desfez no ar com o sorriso que ele direcionou a ela. Scorpius sentiu-se idiota mais uma vez no dia, revirando os olhos. – Ei, metido, obrigada.

Ela guardou o CD em sua bolsa e Scorpius engoliu seco assentindo. Ele abriu a boca para perguntar se ela gostaria de estudar com ele para a prova, mas o sinal já havia batido e Rose saiu desesperada porta afora. O Malfoy apenas revirou os olhos, recolhendo suas coisas, ignorando completamente os comentários de Nathan sobre suas bolas que cresciam descontroladamente.

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Não conte para sua mãe! – alertou Dominique, ainda segurando firmemente o pequeno frasco com um conteúdo líquido verde. – Não sei se aguento mais um discurso moralista da tia Hermione sobre peso.

– Sabe Rose, você não precisa se desesperar. Pode ir aos poucos. E também precisa de uma alimentação rigorosamente controlada e exercícios. Sabe, a poção ajuda, mas não faz milagre. – riu Regina Rookwood. Rose sentia-se completamente privilegiada de poder sentar-se no jardim com as garotas mais bonitas de toda Hogwarts. Ela precisou de muita coragem para aproximar-se delas, mas por ser prima de duas integrantes das Coven, foi algo meio que fácil, afinal, elas não iriam ignorar Rose. – Você não é muito de andar com meninas, não é?

– Não. Na verdade é a primeira vez que me reúno com tantas garotas! – riu Rose assim como todas as meninas, aparentemente chocadas.

– Realmente você tem mais amizades masculinas. – observou Paris com seus óculos escuros. – Deve ser bom saber os mistérios dos garotos.

– Você fica com eles? – indagou Roxy sorridente. Rose sentiu-se vermelha com os risinhos cúmplices das garotas.

– Na verdade eu só ando com Lorcan. – corrigiu Rose. Poderia ter citado seu primo Fred, mas ela realmente tinha mais contato com Lorcan.

– Ah, ele é gay. – Dominique pareceu desanimada com o assunto. – Mas com certeza de arranja vários bofes.

Rose engoliu seco.

– Aham. – assentiu ela. E era como se além dela, todas ali soubessem que era mentira. Os olhares sob seu rosto pareciam pesar. Paris McNair tirou os óculos escuros, aproximando-se mais da roda.

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– Rose, você é virgem?

A garota vacilou. Com toda certeza todas não eram virgens. Ser virgem é cafona e antiquado, por que você escolheria ser virgem? Fazer sexo é normal, então por que diabos você é virgem? Como explicar que você não transa pelo simples motivo de ninguém querer transar com você?

– Sou. – as meninas sorriram.

– Ahhh, isso é tão fofo! – riu Regina Rookwood. – Eu sou meio virgem. Sabe, ainda não liberei a parte de trás, mas talvez aconteça ainda esse ano.

As meninas riram com Regina.

– Eu perdi minha virgindade na Turquia, com um cara dez anos mais velho. Nós transamos na varanda, às 22:43 após duas garrafas de vinho, foi maravilhosoooo! – revelou Paris McNair.

– Eu sou virgem. – disse Roxanne. As meninas a empurraram entre risinhos e gritinhos estridentes até ela para-las. – Ok, eu só faço sexo oral. É porque não apareceu ninguém realmente especial sabe.

– Bem, eu... – as meninas deram mais risinhos para Dominique. – Oh meu Deus, vocês super não estão fazendo isso. Enfim, eu perdi minha virgindade aos quinze com meu affair.

– Ninguém sabe quem é ele. – sussurrou Paris.

– Nós não podemos assumir um relacionamento. – lamentou Dommy, dando de ombros. E todas grudaram seus olhos em Rose, aguardando alguma experiência. Quem sabe uma pegada forte onde ela tocou um pênis, masturbou ou até mesmo chupou? Quem sabe o contrário? Quem sabe ela quase chegou lá, mas preferiu parar o garoto? Infelizmente Rose não tinha nada disso para relatar. Nem mesmo uma simples sentida de pênis em alguma parte de seu corpo.

– Eu quero esperar alguém especial. – assentiu ela, dando de ombros. Que desculpa fajuta. Ela quer transar com qualquer garoto que queira fodê-la por quatro horas seguidas!!!

– Isso é tão doce. – sorriu Regina. – Eu super te apoio.

– Com toda certeza, amiga. – disse Roxanne pegando em sua mão.

– Mas assim... Você se masturba? – indagou Paris McNair. Rose arregalou os olhos. – Relaxa, você está entre amigas. Só queremos que ajudar.

Bem, ela realmente precisa de uma ajuda... Que mal teria receber?

– Sim. Quase todos os dias. – admitiu Rose, rindo com as garotas. Foi mais rápido do que ela pensara. Era um tabu em sua mente, mas ficou tranquila em saber que não era entre as meninas. Afinal, Lorcan sempre diz que não se cansa de se masturbar. Se é normal entre os garotos, por que diabos não seria entre as garotas? – Ufa, eu pensei que era só eu.

– Claro que não, Rose. – sorriu Dominique. – Eu só não me masturbo porque eu tenho alguém para me satisfazer a hora que eu quiser.

Rose sentiu-se paranoica por pensar que aquilo fora um deboche. Mas preferiu ignorar, assim como a conversa fluiu. Finalmente descobriu o maldito feitiço para depilação.

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– Como você sabe que alguém realmente gosta de você? – indagou Lorcan para Violet Longbottom. Os dois estavam na arquibancada, assistindo o treino da Sonserina. A garota olhou para Lorcan de supetão, assustada pela pergunta. Como ela iria saber disso se ninguém nunca se apaixonou por ela?

– Acho que quando você olha para a pessoa... Sabe, e ela te dá aquele olhar.

– Olhar? – questionou o Scamander, confuso.

– Sim... Um olhar que diz mil coisas. – suspirou Violet, admirando James Potter. O assunto morreu e os dois ficaram em seus próprios questionamentos, apenas observando o time. Lorcan é claro, admirava o capitão do time se perguntando como fora completamente dominado por aquela pequena criatura. Ele não era mais alto que ele, muito menos mais forte, e ainda assim conseguia fazer Lorcan de brinquedo. Um olhar ou uma ordem era o suficiente para adestra-lo como um cachorrinho fiel à seu dono.

E Violet... Bem, Violet tratou de mancar até a saída da quadra, até James. Ela o fitou docilmente enquanto ele tirava sua mochila, colocando-a na frente. O Potter abaixou-se agilmente na frente de Violet e a colocou em suas costas, caminhando em direção do castelo em silêncio.

– Por que foi ao baile comigo e beijou outras garotas? – perguntou. Ela sentiu receio de ser mal interpretada, mas o sufocamento da dúvida era maior que a vergonha. James continuou caminhando tranquilamente, sem parecer abalado.

– Porque eu posso beijar quem eu quiser. – replicou simplesmente.

– Mas você me convidou.

– Sim, eu convidei.

– Me convidou por pena?

– Não.

– Sentiu dó da manquinha encalhada?

– Não.

Os dois ficaram em silêncio.

– Você me acha bonita?

– Sim, eu acho. – Violet mordeu os lábios, segurando o enorme sorriso que ameaçava explodir seu rosto.

– Você acha a garota manca bonita?

– Eu acho Violet Longbottom bonita. – retrucou James. – Por que está fazendo essas perguntas? Acha que falo com você por pena?

– As pessoas falam comigo por pena. Elas têm medo de mim. Acham que tudo é desrespeito ou vai me ofender.

– Bem, se você me irritasse eu te daria uns tabefes você sendo manca ou não. – Violet gargalhou, ainda sendo carregada nas costas de James. Ela não saciou suas perguntas, mas enquanto sentia o mesclado de suor e perfume, Violet sentiu esperança novamente.

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Alvo tentou ignorar pela terceira vez.

Mas Lorcan deve ter achado algo interessante em sua cara, pois não parava de fita-lo.

– O que você está olhando, caralho?

– Nada. – retrucou rapidamente, desviando seus olhos. O vestiário vazio abrigou o silêncio dos dois enquanto Alvo guardava suas coisas. Lorcan não conseguia parar de observá-lo e Alvo conseguia perceber isso. Ele tinha estabelecido regras muito rígidas em relação aos dois. Nada de toques, olhares, muito menos conversas. Completos desconhecidos, como sempre fora. Nada de beijos, Alvo não era gay para ficar o beijando um garoto, aqueles primeiros beijos foram... Completamente acidentais. E o mais importante, aquilo era estritamente secreto, ninguém jamais podia saber o que os dois faziam na Sala Precisa.

Era como ele tinha dito a si mesmo: É só uma fase, uma experiência. A matança de um desejo. Não havia nada errado com isso... Até porque, ele era o ativo. Logo vai passar, é casual. Mas não para Lorcan, que deixava Alvo mais que irritado. Insistia em segui-lo até lugares vazios e tenta-lo, tentando seduzi-lo. Gostava de conversar com ele sendo que tinham combinado sequer se cumprimentarem... Era uma quebração de regras tão ferrada que Alvo teve de por limites e educar o completo idiota.

– Você já ficou com outros caras? – quis saber Lorcan. Alvo fez que não e o mesmo pareceu satisfeito. – Então sou o seu primeiro?

– Sabe o que você parece, Scamander? – debochou Alvo. – Uma prostituta. Dando para metade do colégio.

– Todos sabem que sou uma vagabunda, Alvo. – riu Lorcan. – A única novidade é que você está experimentando o produto agora.

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– Escuta aqui! – Alvo empurrou Lorcan contra a parede. – Não ouse falar de mim para os seus... Casos. Entendeu?

– Casos?

– O que? Você cobra? – esnobou Alvo, rindo. Ele tirou a camisa e olhou a porta do vestiário enquanto Lorcan se indignava.

– Claro que não! – retrucou irritado. – O que acha que eu sou?

– Uma bichinha asquerosa. – disse Alvo simplesmente. Ele sentia seu coração disparar. Sentia suas mãos tremerem assim como todo o seu corpo. Mas ele precisava aprender a lidar e controlar aqueles sentimentos. Não podia deixar Lorcan saber o que ele sentia, que era vulnerável e confuso. E ver o constrangimento e decepção nos olhos castanhos do mesmo, de alguma forma quase masoquista, trouxe alívio para os olhos verdes. – Vai virar ou não?

Lorcan tirou sua jaqueta lentamente, ainda encarando Alvo, emburrado.

– Sério? Vai ficar com essa cara? Acha que me incomoda? – Lorcan tirou as calças e apoiou-se na parede. Alvo gargalhou com a cena. O Scamander estava irritado a ponto de não rir, apenas ficou ali inclinado, esperando. Sentiu o volume aproximar-se, roçando em si. O espasmo percorreu por toda espinha, o esquentando. Apenas um toque daquele garoto era capaz de fazer aquilo com ele. Alvo beijou levemente suas costas e suas mãos tocaram as suas apoiadas na parede.

Lorcan não precisava olhar em seus olhos.

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LOW – BREAKER

O corredor estava movimentado após a aula de Herbologia.

Rose e Donna Parkinson estavam conversando sobre The Smiths quando a gritaria no corredor fora alto o suficiente para interromper o assunto. As garotas se dividiram pelos corredores, tentando olhar a parede que estava ocupada pelos estudantes, rindo de coisas grudadas na parede. A Weasley ficou na ponta do pé, mas retraiu-se quando um grupo começou a rir dela, assim como metade do corredor.

Não havia ar.

Ela sentia que iria sufocar a qualquer momento e tudo era lento enquanto Lorcan corria até ela, tentando afastá-la da parede desnuda. Scorpius Malfoy saiu da sala confuso, não acreditando no que estava lendo nas mãos de Nathan, que gargalhava a ponto de chorar. Yaniv apenas cobriu a boca, tentando não rir como Alvo. Mas Donna parecia se sentir mal pela garota.

“ROSE WEASLEY É UMA VICIADA EM SIRIRICA”

James Potter cruzou os braços, gargalhando na cara de prima. Lily se perguntava porque alguém faria tamanha ruindade, assim como Violet observou tudo de longe, quase sentindo a vergonha que Rose sentia, sendo levada para longe por Lorcan. A diretora McGonagall observou pela janela o jardim movimentado, apertando seus dedos.

Fechou as cortinas.