Cartas para os Mortos

Liesel Meminger, de A Menina que Roubava Livros


Querida Liesel Meminger,

É uma honra escrever para a tão conhecida "menina que roubava livros". Uma honra mesmo! Depois de tantas águas ruins da Alemanha nazista, espero que esteja tendo tudo do bom e do melhor aí onde está.

Primeiramente, acho você muito perfeita. Quer exemplos? Você é loira. E tem olhos castanhos. Acho lindo quem é assim. Depois, você escreve graciosamente. Bom, o Markus Zusak adaptou um pouco a sua história, mas do mesmo modo ela é muito boa.

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Sabe, todos com quem eu já conversei disseram que A Menina que Roubava Livros é um livro cansativo, mas eu poderia descrevê-lo como... cativante. É muito envolvente.

Não posso dizer, entretanto, que sinto tanto pela sua morte, afinal você viveu por bastante tempo. Mas sinto pelo o que aconteceu a você. Não vivi aquela época (obviamente), mas sei como deve ter sido horrível perder seus pais e Rudy, seu irmão... e ter perdido Max momentaneamente. A época nazista em geral foi terrível.

A única coisa boa disso tudo foi que você conseguiu se refugiar nas palavras. As palavras também me ajudam nas horas difíceis. Gosto de juntá-las à música. Por exemplo, agora ouço uma música que fala que "nós somos as crianças de ontem", que coube perfeitamente ao momento. Você é uma das pessoas que me inspiram a continuar escrevendo. Danke schön, de verdade.

Enfim, querida Saumensch (tomei a liberdade de te chamar dessa maneira), mais de 70 anos se passaram desde "o trem e a neve". Gostaria de perguntar como se sente sendo relembrada após tantos anos, mas sei que nunca serei respondida. Vale a tentativa. Você deve ter se sentido assim quando escrevia para sua mama.

Como foi viver em Sydney? Tenho muita vontade de conhecer a Austrália (embora a Holanda seja minha paixão), porém esses lugares estão fora do meu alcance agora. Não que isso te interesse, mas senti a necessidade de lhe contar.

Tentei deixar esta carta com um aspecto bom, feliz, mas é bem difícil, levando tudo em consideração. Perdoe-me por isso, Liesel, mas é a verdade.

Peço desculpas mais uma vez e agradeço por ler. Tchau, Liesel! Manda um beijo pro Rudy.

Com amor,

Gabe Frost.