Crônicas de São Paulo
Da Paulista para a Penha part. 5
O que aconteceu comigo? Sinceramente, não sei, mas gostei. No momento em que o beijei, não me importei aonde eu estava, se tinha dinheiro ou se Jane ainda era minha amiga. Nada disso importou, era apenas eu e ele... Será que estou me transformando em um pobre?
Quando ele me soltou, ficamos nos olhando, ambos não acreditávamos no que acabara de acontecer.
– Pra uma burguesinha até que você beija bem. - Ele comenta rindo. Eu confesso, deu umas risadas, mas também lhe dei um tapa na cabeça.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Não sou burguesinha. - Então eu me levante e ele grita:
– Onde você vai?
– Vou fazer brigadeiro.
– Oba! - Ele comemora.
Após alguns minutos, estava mexendo no brigadeiro. Sozinha pensando, no que acontecera, e lembrando da minha mãe falando do tal romance entre pobre e rico. Agora já não tinha certeza se eu amava tanto assim o dinheiro. Mas será que pode um garoto em alguns segundos me mudar assim? Não, não pode! Ou será que pode? Sorrateiramente ele se aproxima, e enrola seus braços na minha cintura de costas encaixando seu queixo no meu ombro direito. Eu recebo um beijo no pescoço que me dá arrepios e ele fala.
– Vai me dar esse chocolate?
– Você merece? - Ele me vira para ficar de frente, e me beija de novo com suas mãos em minha cintura.
– Não acha que eu mereça? - Ele continua a me beijar o pescoço.
– Leo, para. - Digo em meio a risadas, mas ele não para e eu não me incomodo.
– Burguesinha. - Ele ri.
E nós fomos saindo da cozinha devagar, ele ficou sentado no braço do sofá e eu de pé de frente dele. Então eu tive uma ideia. Fui pro quarto o deixando na sala, peguei o colchão de casal que ficava debaixo da cama do meu irmão e com ajuda de Leo o coloquei no chão da sala. Eu deitei lá e o convidei para deitar comigo. Me aconcheguei em seu peito e suas mão dançavam pelas minhas costas me fazendo carinho, e lá ficamos assistindo tevê e de vez em quando, nos intervalos, ficávamos nos beijando.
Deus, como isso pôde acontecer? Eu e Leo, que de manhã implicávamos um com o outro e depois Guilherme quis me beijar e sem saber porque eu recusei, e então me encontro deitada no peito do Leo assistindo comédias românticas. Eu ouvi falar que a vida dava voltas, mas tão rápido assim? Eu me sentia pobre, mas também estava me sentindo feliz. Adormecida nele.
Meu irmão chega e nos acorda, num grito.
– NÃO ACREDITO NO QUE ESTOU VENDO! - Eu e Leo damos um pulo para fora do colchão, Leo começa a rir e eu não. - Sério cara, brigadeiro queimado na cozinha, os dois aqui juntinhos, eu...
– Meu deus o brigadeiro! - Corro pra cozinha e me deparo com o brigadeiro queimado. Caio e Leo logo atrás.
– Sua mãe vai te matar... - Comenta Leo. Eu me volto pra ele e começo a bater nele.
– Isso é tudo culpa sua! - Grito enquanto ele ria e me imobilizava num grande abraço. - Me solta.
– Tá calma?
– Não!
– Tá calma?
Eu bufo, me rendendo ao seu charme.
– Tô!
– Mesmo?
Dou risada.
– Sim. - Então ele me solta me recompensando com um beijo rápido.
– Eca! Vou ter que ver isso sempre? - Protesta meu irmão. - Vão pra sala, eu limpo aqui.
– Se quiser eu limpo. - Me ofereço.
– Não! Já fez desastre o bastante por hoje. - Ele fala olhando pro fogão e pro Leo, nós caímos em risadas e fomos pra sala.
Lá ficamos deitados, novamente deitada em seu peito com ele me fazendo carinho nas costas. Custamos um pouco a adormecer, Caio se deitou no sofá, até nossa mãe chegar. Leo estava dormindo e eu fingia dormir enquanto ouvia a conversa dos dois.
– Quer dizer que os dois estão juntos? - Minha mãe pergunta impressionada.
– Sim, praticamente, né? Sabe como o Leo é, se a Karina durar uma semana com ele, já fico satisfeito. Só espero que ela não se apaixone e se machuque com ele.
– Filho, você tem que entender, algumas pessoas, quando encontram a pessoa certa, eles mudam.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Mãe, eles são jovens, não vão se casar, nem namoram! Não sabemos nem se eles ficarão juntos amanhã.
– Mesmo assim, ele pode ajudar a deixá-la mais humilde, ela vai entender que o dinheiro não compra nem substitui o amor.
– Pois é... Mãe, vá dormir, já é tarde.
– Estou indo, boa noite filho, bom estudo amanhã.
– Boa Noite mãe. - Nisso ele se ajeita no sofá e dorme lá mesmo, e eu me aconchego no peito de Leo, de modo que escuto seu coração bater e durmo.
Acordei com Léo me chamando carinhosamente.
– Burguesinhaaaaa, levantaaaa. - Ele gritava. Relutante levantei.
Me dei conta que deveria estar horrível então peguei meu estojo de maquiagem e minhas roupas e fui pro banheiro só saindo de lá pronta. O que demorou um tempo. Os garotos já estavam prontos na sala.
– Demorou tanto pra se arrumar, e depois não quer que te chamem de burguesinha... - Comenta Leo.
– Cala a boca. - Mando, e seguimos para o colégio.
Eu andei mais pra trás e ele e meu irmão andaram na frente. Fiquei pensando se ele agiria como se nada tivesse acontecido. Estava começando a acreditar nisso seriamente quando ele olhou pra trás e veio em minha direção, pegou minha mão, me deu um selinho e me puxou para a frente. No colégio, chegamos adiantados, meu irmão foi conversar com seus outros amigos e Leo decidiu ficar num canto comigo, aproveitando o tempo que tínhamos antes das aulas. Ficamos nos beijando e sempre que alguém que ele conhecia passava por perto, assobiava, falando "Que sorte, hein?", Leo ria e voltava a manter-se concentrado em mim até bater o sinal. Ele me deixou na sala, nos despedimos com um beijo, o que gerou certos bochichos.
– Aé, a burguesinha chegou pegando logo o melhor. - Comentou uma garota. Eu ignorei e me sentei no meu lugar.
– Ei, burguesinha, é friboi, é? - Outra comenta. Eu apenas ignoro.
Guilherme passa por mim e apenas diz:
– Felicidades ao casal.
E ele não me parecia muito feliz... Eu apenas o olho e decido falar com ele no intervalo. Porém ele me ignora. Eu corro atrás dele e o puxo pelo braço.
– Não éramos amigos? - Pergunto. Péssimo inicio.
– Olha, se você queria ele, tudo bem, mas não me falasse que queria algo comigo.
– Olha, aconteceu, não planejei nada. Para de infantilidade agora! Eu não estou acostumada a correr atrás de amizade.
– Claro que não, afinal, burguesinha como é, deve estar acostumada a ter tudo nas mãos, né?
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