A culpa é da Bella!

Edward

– Meu Deus! O que aconteceu com vocês? – perguntou Renee assim que abriu a porta, nos olhando assustada – Vamos, entrem!

Entramos em fila indiana, todos de cabeça baixa com a cara emburrada, mas Bella mantinha um sorrisinho enquanto segurava firmemente seu boneco pop. Boneco desgraçado!

– Vocês estão bem? – perguntou e nós assentimos. Então, como se fosse um passe de mágica ela começou a rir, e depois a gargalhar – Desculpa, mas vocês estão tão hilários! – disse enquanto recuperava o fôlego.

Eu não podia culpá-la por rir de nós. Sinceramente, estávamos parecendo mendigos malucos que acabaram de ser atropelados. Jasper estava com um calo na cabeça, a roupa toda amarrotada, sua blusa social estava faltando três botões e ele estava sem um par do seu tênis. Emmett estava com alguns arranhões no braço direito e sua camisa estava com o mesmo lado rasgado; ia do ombro até abaixo do peito, ele estava sem os sapatos. Alice que outrora estava com os cabelos repicados para todos os lados e brilhosos estava agora com um ninho de ratos em vez de cabelos, seu vestido estava rasgado até mais acima da coxa, a sorte é que ela estava usando short por baixo, e por um milagre ele sobreviveu intacto a esse dia maluco. Rosalie estava com uma cara de psicopata, os olhos raivosos, seus cabelos loiros estavam cheios de folhas e pedaços de galhos, que ela tentava inutilmente tirar; ela estava com seus sapatos nas mãos; ela era a única que estava com a roupa intacta, mas, mesmo assim, amassada e suja. Emmett a protegeu. Eu estava do mesmo jeito que Jasper, só que minha camisa estava toda aberta, e minha camiseta branca que eu uso por baixo já não era mais branca. Bella estava com o lado esquerdo da calça jeans rasgada até a coxa e seu joelho estava ralado, ela estava sem os dois pés do sapato e seu cabelo estava todo sujo e emaranhado pelo rosto, mas diferente de nós quatro, ela tinha um sorriso do tamanho do daquele gato de “Alice no país das maravilhas”. Estávamos todos sujos de lama, molhados, arranhados e cansados, e ela ainda consegue rir. Boneco estúpido!

– O que aconteceu?

– A culpa é da Bella! – disse todos os quatro, e eu a olhei como se dissesse “Desculpa, Bella, mas você sabe que é verdade.”.

– Tudo por causa de um bacon e um boneco estúpido! – esbravejou Rosalie indo se sentar no sofá, mas parou quando viu o aviso oculto nos olhos de Renee. Eu conseguia imaginar ela gritando “Ninguém senta essas bundas sujas de lama no meu adorado sofá!”. Mãe são todas iguais.

– Espera aí! – protestou Bella – Não é só um bacon, é o bacon do Juquinha! Você também ficaria daquele jeito se o seu hambúrguer não viesse com bacon. – nisso eu tinha que concordar. Foi o melhor hambúrguer e o melhor bacon que eu já comi. – Não é só um boneco! É o Darth Vader. – falou acariciando a caixa, que ela protegeu o tempo todo, do boneco. Ela é louca! – E outra coisa! Em momento algum eu pedi que vocês me acompanhassem nessa missão. Falei que poderiam vir pra casa com Emmett que eu ia sozinha depois. Mas nãããoo … vocês que entraram nessa porque quiseram.

– Nisso ela tá certa. – concordou Jasper, e ninguém contradisse, pois era verdade.

– Tá, tá! Mas o que isso tem a ver com a bicicleta? – perguntou Renee sem entender nada, e nesse momento todos começaram a falar, tipo: “Aquele melequento pegou meu bacon!”, “Meu cabelo está um horror!”, “Acho que a quantidade de músculos afetou o cérebro dele”, “Eu só esqueci a gasolina.” e por aí vai. Eu só fiquei vendo até quando aquela macaquice ia durar. Não durou muito, já que Renee acabou com o fuzuê todo com um apito mais potente que o do professor de Educação Física. Todo mundo se calou, só Emmett que ainda disse “Eu espero que meu bebê não passe frio.”. Ignoremos.

– Edward, por favor, querido, me conte o que aconteceu. – pediu Renee. Eu demorei um pouco pra perceber que ela estava falando comigo já que eu estava me perguntando de onde ela tirou aquele apito e porque ela o tinha.

– Porque o Edward é que tem que contar? – perguntou Alice um tanto quanto indignada. Ela parecia gostar de uma “fofoca saudável”, se é que isso existe.

– Porque ele é o mais sensato de vocês, e foi o único que não deu uma de louco. Quero saber detalhe por detalhe. – disse para mim.

– Porquê? – perguntou Bella.

– Vai ser como se ele estivesse narrando uma história. E eu estou a fim de dar boas risadas. – respondeu.

– Não teve nada de engraçado. – disse Rosalie – É engraçado quando a Bella se mete em confusão por falta de filtros, mas não é engraçado quando ela me mete no meio.

– Tudo bem. – disse querendo encerrar o assunto, narrar logo o que aconteceu e ligar para a minha mãe vir me buscar. – Tudo começou quando estávamos indo conhecer a barraca do tal do Juca …

– Nós não estávamos nessa parte. – disse Alice.

– Mas o Emmett estava. – falei e todos soltaram exclamações de “Ahhh!” – Pois bem. Estávamos dentro do jipe dele quando notei algo.

– Emmett? – chamei – você não acha que o nível de gasolina está meio baixo, não?

– Emmett? – chamei – você não acha que o nível de gasolina está meio baixo, não?

– Claro que não. Tá tudo numa boa. E eu tenho um galão de gasolina aí atrás. – respondeu enquanto seguia o carro de Bella. Eu deixei pra lá. Talvez meu carro consumisse mais gasolina que o dele.

– Eu fiquei curioso para saber quem é esse tal de Juca. – disse Jasper – Ele parece ter um rolo com a Bella.

– Foi o que me pareceu também. – concordei tentando me livra da imagem que se formava em meu cérebro, de uma Bella toda derretida para mais um desses idiotas que o que tem de beleza falta de inteligência.

– Ou talvez elas estejam só brincando. – disse Emmett – Vocês viram o jeito que Rosalie disse sobre eles se casarem. Mas, sendo peguete da Bella, ou não, eu estou curioso também pra saber quem é ele. Ver se ele faz jus a fama que tem.

Ficamos conversando o caminho inteiro até Port Angeles sobre coisa banais que não vem ao caso agora.

– Porquê? – perguntou Rosalie curiosa, interrompendo minha narração.

– Porque provavelmente o assunto seja sexo ou garotas. – disse a mãe das meninas, deixando eu e meus irmão envergonhados. Ela não precisava saber o que meus irmãos achavam de Rosalie e Alice. – Agora continue, Edward.

– Chegamos em Port Angeles e Bella estacionou o carro em um lugar meio longe da civilização. Emmett a acompanhou, mas deixou o jipe um pouco mas a frente.

– Port Angeles, baby! – disse Bella vindo ao nosso encontro – Eu estou louca pra ver o Juca.

– O que ele tem de especial? – perguntei.

– Isso nem a gente sabe. – disse Rosalie – Ele é legal é tals, adoramos o hambúrguer, mas só a Bella tem essa fixação por ele.

– Eu tenho fixação por muitas coisas. O Juquinha é uma delas. – disse Bella distraída olhando para os pássaros voando no céu. Isso é normal?

– Tem fixação por mais o que? – perguntou Jasper.

– Sorvete, caras gostosos, mas isso toda garota tem, Darth Vader, mitologia grega, Harry Potter, All Stars, e por aí vai.

– É muita coisa, não? – perguntei pra ela.

– Não. – disse mexendo a mão, como se dissesse “Deixa pra lá”. – Mas, agora, vamos andando por que eu já estou sentindo falta de gordura, e coisas que fazem mal para a saúde, nas minhas veias.

Todos concordaram e lá fomos nós pra barraquinha do Juca. Emmett não deixou de fazer suas gracinhas, Alice parecia que tinha engolido uma mola, Jasper não falava merda nenhuma, Rosalie se sentia em uma passarela, Bella ia cantando Village People, e eu, acho que era o único normal no meio de malucos.

– Mentira. – dessa vez quem me interrompeu foi Bella – Você estava tocando Clair de Lune em um piano imaginário.

– Isso é melhor do que cantar Macho Man do Village People. – rebati.

– O que você tem contra eles? – me perguntou.

– Nada. – falei, e era verdade. Eu só não gostava. – Continuando … fomos assim o caminho todo. Com Emmett perguntando se estávamos chegando a toda hora e Bella respondendo que sim a toda hora também.

– Estamos chegando? – Emmett perguntou pela … perdi a conta.

– Ali. – Rosalie apontou para uma barraquinha, tipo quiosque de praia. Tinha muita gente nos bancos e nas cadeiras, mas não tinha ninguém atendendo.

– Cadê o tal de Juca? – Emmett perguntou quando nos sentamos em uma mesa perto do balcão.

– Deve estar do outro lado da rua, trocando dinheiro naquela loja lá. – Bella disse apontado pra uma lojinha do outro lado da rua – Daqui a pouco ele está aí, é só esperar. – demos de ombro e ficamos conversando, quando um menininho de uns nove anos, gordinho e cheio de sardas se aproximou de Bella e ficou a encarando até que ela olhasse pra ele.

– O que foi? – Bella perguntou.

– Gata, eu não acreditava em amor à primeira vista, mas quando te vi mudei de ideia. – disse olhando nos olhos dela, e é claro que a mesa toda caiu na risada com esse toquinho de gente dando em cima dela com uma cantada barata dessas.

– Que coincidência! – disse Bella, nos fazendo a olhar. Até o garoto ficou desconsertado – Eu não acreditava em assombração. – completou fazendo o garoto sair de perto. É claro que rimos mais, porém fomos interrompidos.

– Quebrando corações de crianças, querida. – disse uma voz rouca de homem.

– Juquinha! – disse Bella se levantando, e abraçando o homem.

Tá legal, eu pensei que o tal Juca fosse um adolescente e tals, vocês já sabem. Mas eu nunca pensei que ele fosse um homem de seus cinquenta e poucos anos, com uns fios de cabelos brancos e de olhar bondoso. Acho que meus irmãos pensaram a mesma coisa que eu, já que Jasper soltou um assovio baixo e Emmett escancarou a boca.

– Bella, eu pensei que não viria me ver mais. Eu já estou ficando velho, se eu morrer você vai sentir remorso por não me visitar.

– Ai Juca. Vira essa boca pra lá! – disse Alice se levantando e Rosalie fez o mesmo.

– Pequena Alice! Você não cresce. – disse bagunçando seus cabelos, fazendo Alice ficar com um bico no rosto.

– Não fala nada não, Juca. É capaz de ela socar suas canelas. – disse Rosalie o abraçando.

– Bem pensado, minha modelo. – disse ele dando um beijo em seus cabelos – Eu estava com saudades das minhas garotas.

– Eu também senti saudades, Juca. – disse Bella o abraçando de lado – Eu até tentei faze Rosalie me trazer aqui, por que eu estava sem carro, mas ela estava ocupada demais e não queria me emprestar o carro. – reclamou dando língua para Rosalie, que retribuiu.

– Garotas, não briguem por mim. Esse cara aqui é de todas. – disse zombeteiro.

– E eu pensando que você ia casar com a Bella. – disse Rosalie, fazendo Juca dar uma gargalhada.

– Eu ainda não entendi essa do casamento. – Jasper disse se fazendo presente.

– Ah, desculpa, garotos. – disse Bella – Juquinha, esses daqui são Emmett, Edward e Jasper Cullen, meninos esse é o Juca. – disse e nós cumprimentamos ele com um aperto de mão – E, Jasper, essa história de casamento, é que quando eu tinha uns doze anos e comi pela primeira vez o hambúrguer que o Juca faz, eu disse que quando fizesse vinte anos eu me casaria com ele só pra comer hambúrguer todo dia. – disse Bella sorrindo com a lembrança.

– É. – concordou Juca – Aí eu perguntei pra ela como ficava minha esposa, e ela disse que não se importava em me dividir com ela. – disse e todos rimos.

– Falando nela, como vai a Mary?

– Vai bem. Ficando de cabelos brancos com os netos, que começaram a andar.

– Sorte pra ela. – disse Alice sorrindo.

– Obrigado.

– Mas então. – disse Bella – Juca, eu e minhas irmãs viemos aqui com uma missão.

– Que seria? – ele perguntou.

– Provar para os irmãos Cullens que você faz o melhor hambúrguer do mundo. – disse Rosalie.

– Ah, isso é fácil. – disse ele fazendo descaso, convencido – Basta vocês me dizerem com querem seus hambúrgueres, e o resto é comigo.

– Tudo bem. – concordou Emmett – eu quero o meu com tomate, alface, ovo, dois hambúrgueres, pode ser? Cebola, picles, mostarda, maionese e ketchup.

– Bella, esse daí parece sua versão masculina. Vocês não foram separados na maternidade, não? – comentou, fazendo Bella e Emmett gargalharem.

– Ele é um ano mais velho, e tenho certeza que meu pai não pula a cerca, muito menos a mãe dele.

– Então é só coincidência mesmo. Ele é seu gêmeo de outra mãe? – perguntou Juca.

– Pode ser. – disse Emmett sorrindo. Todos nos sentamos novamente e escolhemos o que queríamos nos nossos hambúrgueres.

O Juca atendeu as pessoas que estavam na nossa frente com rapidez e habilidade. As pessoas sempre ficavam satisfeitas com os pedidos e até repetiam, então eu realmente fiquei curioso pra saber se o hambúrguer que ele faz era isso tudo.

– Pronto. – disse Juca chegando com uma bandeja com três hambúrgueres e três copos de refri – Primeiro os novatos. Já, já eu trago o de vocês, meninas. – disse voltando pra trás do balcão.

– Vamos, provem! – exclamou Bella. Nós obedecemos e demos a primeira mordida, e Pai amado! Eu acho que fui no céu e voltei. Não pude evitar de soltar um gemido. Estava muito bom.

– E então? – perguntou Bella em expectativa.

– Bella, você se importa em quando se casar com ele, que eu seja seu amante vagabundo pra comer as custas de vocês? Isso é muito gostoso! – Bella riu concordando. Voltei a comer o hambúrguer e vi meus irmão concordarem e aproveitarem os deles.

– Nunca mais duvido de você, Bells, quando disse que uma comida é a melhor do mundo. – disse Emmett de boca cheia.

– É muito bom mesmo! – disse Jasper, como sempre, o mais contido de nós três.

– Eu não disse. – se gabou Bella – Podem me agradecer, por eu ter feito vocês conhecerem o melhor hambúrguer de todo os tempos.

– Ei! Quem teve a ideia de todos virmos fui eu. – disse Alice fazendo cara de ofendida.

– Mas quem teve a ideia de vir no Juca fui eu, Emmett quando chegasse em casa com certeza comentaria sobre esse hambúrguer maravilhoso. Portanto eles tem que agradecer a mim.

– Ninguém tem que agradecer ninguém, suas egoístas. – disse Rosalie.

– Ah, sai pra lá, invejosa! – disse Alice.

– É isso aí! – disse Bella fazendo um high-five com Alice.

– Quantos anos vocês tem? Cinco? – Emmett perguntou.

– Vamos ali em um canto pra você ver se eu tenho cinco anos. – disse Rosalie de nariz empinado, fazendo Emmett sorrir.

– Vai lá vocês dois. – disse Bella – Emmett, eu tomo conta do seu hambúrguer, e do seu também quando ele chegar, Rosalie.

– Palhaça. – resmungou Rosalie.

– Meninas. – chamou Juca atrás do balcão – Tá pronto, venham buscar.

– Credo! Esse dai relaxou depois de cinco anos de convivência. Onde já se viu mandar um cliente ir buscar?! – disse Bella se levantando, dando um passo pra esquerda e chegando no balcão.

– Até por que é muito longe da mesa, né? Acho que você perdeu uns quilinhos depois dessa árdua caminhada. – decide zoá-la um pouquinho, mas o tiro saiu pela culatra.

– Tá me chamando de gorda?! – disse, dando aquela virada de pescoço dos filmes, onde a câmera foca na expressão assassina da pessoa.

– Não. Estou te chamando de gostosa. – disse sem pensar, fazendo a mesa cair em silêncio. Até o Juca parou de virar o hambúrguer pra me olhar. Só aí que eu percebi o que disse. Acho que passar um tempo com a Bella está me tirando os filtros. Tão logo a mesa caiu em silêncio, dois segundos depois ela se encheu de risadas e a gargalhada estrondosa de Emmett. Quase todos estavam rindo, só Bella e eu que não; nós estávamos encarnando o senhor e a senhora Tomato.

Bella resolveu ignorar e se virou novamente para o balcão, sendo acompanhada por suas irmãs. Juca entregou o hambúrguer da Alice, da Rosalie, e quando foi entregar o da Bella, aquele menininho que passou aquela cantada nela, passou a frente, pegou o hambúrguer e deu uma mordida generosa. O mundo parece que passou em câmera lenta nesse momento. Eu vi Bella ir ficando mais vermelha a cada momento, mas só que de raiva, eu vi Alice por a mão na boca lentamente e soltar o ar por entre elas, e vi Rosalie ir arregalando os olhos e dizer “oh – ou!”, vi Emmett parar de mastigar, vi Jasper parar de beber seu refrigerante. E me vi sendo idiota, já que eu paralisei segurando o hambúrguer entre os dentes e a mão.

– Ei, seu melequento, esse hambúrguer é meu! – exclamou Bella, me tirando do transe.

– Você quer? – perguntou enquanto lambia o pão do hambúrguer todo, depois o estendeu pra ela – Toma, gracinha.

– Graça você vai ver no céu quando eu te matar, seu melequento, enxerido, gordo, chupeta de baleia, barriga de chope, porco de peruca! – disse Bella nos fazendo arregalar mais os olhos. O garoto começou a fazer bico, e aí abriu o berreiro e saiu correndo com o hambúrguer na pata … quer dizer, na mão. E mesmo assim Bella ainda quis mais.

– Volta aqui, sua rolha de poço! Eu ainda não acabei com você! – disse alto, vermelha de raiva erguendo os braços com o punho fechado. Como um velho rabugento.

– Bella, calma. É só uma criança. – disse Alice quebrando o silêncio – E tem mais, não é como se fosse o último hambúrguer, o Juquinha pode fazer outro. Não pode? – perguntou olhando para o Juca, que coçou a nuca.

– Ter até tem, mas tá faltando bacon. – disse, como quem se desculpa. – Eu até liguei para meu irmão Pablo trazer mais, só que o carro dele quebrou no meio do caminho. O da Bella foi o último com bacon, eu já ia avisar para todos que acabou.

Observamos as expressões de Bella. Ela olhou para as irmãs. Alice e Rosalie começaram a comer os seus hambúrgueres rapidamente. Então ela olhou pra frente com os olhos perdidos.

– Eu vou matar aquela criança! – disse pegando um hambúrguer da mão de uma moça que tinha acabado de pegá-lo e começo a correr na direção que o garoto sumiu. É claro que todos foram atrás dela e me deixaram lá com cara de taxo, enquanto a moça olhava para as mãos. Dei um sorriso sem graça, peguei minha carteira e pus uma nota qualquer na mesa e sai correndo atrás deles. Mas voltei pra pegar o resto do hambúrguer e do refrigerante.

Corri na mesma direção que eles os procurando, quando os vi correndo na calçada chamando pela Bella. Pelo amor de Deus! Ela nem sabia aonde aquela criança tinha se metido, mas estava correndo enquanto comia. Pra falar a verdade, nós seis estávamos assim: comendo e correndo. Alcancei eles em pouco tempo. Não é querendo me gabar, mas eu sou bem rápido.

– Pra onde estamos indo? – perguntei para Emmett.

– Não faço a menor ideia. – respondeu.

– Bella, vai mais devagar! Meu sapato tem salto. – reclamou Rosalie.

– Corre descalça! – disse por sobre o ombro enquanto abria caminho entre as poucas pessoas na calçada. Só que de repente ela parou. Fazendo Jasper trombar nela, Alice trombar nele, Rosalie trombar nela, eu trombar em Rosalie e Emmett nos levar ao chão. As poucas pessoas que passavam nos olhavam assustadas.

– Que merda foi essa?! – perguntou Jasper se sentando, mas Bella não deu nem ouvidos. Ela foi engatinhando de volta até a vitrine de uma loga. Nos a observamos, sentados no chão.

– Ahn, com licença? – disse o atendente da loja, olhando pra baixo, onde Bella estava.

– Ah, oi! – Bella disse se levantando desajeitadamente, limpando os joelhos da calça – Er … só estava vendo esse boneco. – explicou. Me levantei e fui pra perto dela ver o tal boneco. Ele era pequeno e tinha traços, digamos, fofos. Percebi que era o Darth Vader. Na caixa estava escrito “pop”.

– Tá falando sério? – perguntei descrente – Você parou de supetão daquele jeito por causa disso?

– Ah, não reclama! Esses bonecos pop são uma gracinha. E olha! É o Darth Vader! Não resisti eu tenho que comprar.

– Ah! Me poupe, Bella! Você fez essa palhaçada toda pra no fim dar nisso? Eu quero ir pra casa. – disse Rosalie, fazendo Bella a olhar.

– Vocês duas podem ir com Emmett então. Eu vou lá dentro, comprar o boneco e depois vou pra casa.

– Deixa de ser rabugenta, Rosalie! Não vai levar nem dez minutos. Não custa esperar. – disse Alice, seguindo Bella, que já entrava na loja.

Eu poderia dizer que nós andamos civilizadamente, pegamos o boneco, pagamos e fomos embora. Mas isso seria mentira. Assim que todos nós entramos na loja, faltou luz, mas rapidamente o gerador começou a funcionar. Mas então surgiu uma voz nos alto-falantes avisando que quem fosse passar cartão, se adiantasse, por que devido a problemas técnicos o gerador ia durar pouco tempo, então a loja fecharia.

– Merda! – disse Bella começando a correr pra seção indicada pelo atendente – Eu só tenho como pagar no cartão.

Aí foi uma correria só. Encontramos a seção indicada e ela estava com uma estante, por assim dizer, cheia desses bonecos. Tinha personagens da Disney, da Marvel entre outros. Até Chuck tinha. Mas achar o Darth Vader que era bom, nada. Estão nós cinco resolvemos a ajudar e começamos a procurar nas prateleiras até que Bella gritou.

– Achei! – disse apontando pra uma prateleira perto do chão. Um único boneco do Darth Vader se encontrava nela bem na ponta. Bella correu pra pegar o boneco. Ela pôs a mão nele e ia puxar. Quando uma mãozinha gorducha também pegou o bendito boneco pelo corredor paralelo ao nosso.

– Com licença, mas eu peguei primeiro. – disse Bella, e sua voz a té que era gentil.

Uma coisa que eu nunca acreditei, foi em carma, porém, andando com a Bella, eu vou passa a acreditar porque, quem saiu de trás da estante não foi ninguém mais ninguém menos que o rolha de poço … quer dizer, o menino que pegou o hambúrguer da Bella.

Eu diria que novamente vi o mundo em câmera lenta. A única diferença é que olhávamos para os dois como espectadores de um duelo, e eles se encaravam como se estivessem em um filme de faroeste pra ver quem sacava a arma primeiro. Olho no olho, nada de movimentos bruscos, nem respiravam direito.

– Você! – Bella sibilou.

– Burguer Girl. – falou o garoto. Pelo visto não é só Bella que inventava apelidos carinhosos.

– Olha, eu vi primeiro, então eu levo. – disse tentando puxar a caixa da mão do garoto, que grudou nela mais que chiclete em carteira de escola.

– Não! Eu quero. É meu. – uma coisa que eu percebi é: esse garoto era mimado e nunca tinha levado uns bons puxões de orelha, muito menos foi dormir com a bunda quente de apanhar, por ter dado língua pra tia chata que aperta suas bochechas em todos os feriados.

– Olha aqui, Duda … – começou Bella.

– Duda? – Emmett a interrompeu.

– É. Ele me lembra o Duda Dursley de Harry Potter. Por que você acha que eu o chamei de porco de peruca? – disse se virando pra nós, mas, ainda assim, segurando firmemente a caixa, que o garoto tentava inutilmente puxar.

– Por que ele se parece com um? – disse Emmett.

– O Duda também. – disse encerrando o assunto e se virando para o garoto – Olha, você larga essa caixa, e eu esqueço de você e das merdas que você fez para o resto da vida. Que tal? – disse com uma falsa bondade. Mas o garoto também sabia jogar.

– Tá vendo ali? – o garoto apontou com a mão livre para um cara que tentava xavecar a atendente. Perto dele Emmett era uma criança alta e magrela – É o meu irmão. Você pode me entregar a caixa e aí eu não começo a gritar e espernear dizendo que você me bateu, que tal? – escutei Alice dizer “Que garotinha cara de pau!”. Eu sinceramente pensei que Bella ia dar a caixa para o garoto e esquecer essa história como eu faria. Qual é! O irmão do Duda é enorme. Mas ela fez a coisa mais insana que alguém faria no momento.

– Se for pra gritar por ele, que você tenha um bom motivo! – disse e, acreditei se quiser, deu um safanão na orelha do pestinha que até eu senti, puxou a caixa da mão do garoto, tão forte que ele foi parar na estante derrubando tudo e caindo junto, que nem jaca podre. Isso acabou chamando atenção pra cima de nós, que sem pensar muito, começamos a correr em direção ao caixa. Pude escutar uma voz gritando “Ei, vocês!”. Olhei pra trás e vi que era o irmão do Duda. Senti um frio na espinha.

– Eu não acredito que você fez isso! – disse Alice pra Bella, enquanto corria.

– Queria que eu fizesse o que? Aquela peste já tinha roubado meu hambúrguer, aquele tapa foi por isso. Eu que não vou deixar ele ficar com esse boneco de jeito nenhum. – disse chegando ao caixa e olhando pra trás. Por precaução todos fizemos a mesma coisa. O problema é que na hora que ela pegou o cartão, a luz faltou de vez.

– Lamento, senhorita. – disse a moça do caixa – Só dinheiro.

– Eu não tenho dinheiro sufi … anda logo! Peguem seus dinheiros e inteira aqui! – disse desesperada. Olhei pra trás e vi o Duda chorando, e segurando a mão do irmão, que nos procurava no meio dessa gente. Agradeci a Deus por estar um pouco escuro e tirei minha carteira do bolço. Não foi só eu que vi o porco de peruca 1 e o 2. Todos nós começamos a tirar dinheiro da carteira. Eu não queria nem saber se estava pegando uma nota de cinco ou cinquenta, eu só queria ir pra casa sem apanhar. Botamos o dinheiro na mão da Bella.

– Isso com certeza é mais que o valor desse boneco! Fica com o troco! – disse empurrando o dinheiro pra moça, que pegou o bolo de olhos arregalada, e começou a correr pra fora da loja. Lógico que a seguimos.

Nem sabíamos pra que direção estávamos indo, só queríamos ir o mais longe possível de lá. O problema foi que quando estávamos contornando a loja, Bella parou novamente. Só que dessa vez ela bateu em alguém, nos fazendo bater nela. E eu abracei o chão novamente; ele andava muito carente de uns tempos pra cá. Quando olhei pra cima, uma única palavra veio na minha cabeça.

– Fodeu! – e não foi só eu que a verbalizei, foi nós seis. Parado bem na nossa frente, de braços cruzados sobre o peito estava o irmão do chupeta de baleia. Eu acho que estava começando a nutrir os mesmos sentimentos que Bella tinha por esse barrigudinho.

– Ah, e aí, Dudão? – disse Bella com o sorriso mais falso que nota de três dólares. Só que o … Dudão não estava olhando pra ela e sim pra Rosalie, o que fez Bella se esconder atrás da irmã.

– Meu nome é Pedro. – fiquei com vontade de rir, mas temendo pela minha vida eu não o fiz. Nenhum de nós fez, mas essa era a vontade. A voz dele era mais fina que a do Anderson Silva. Emmett quase que deixou escapar mas fingiu uma tosse, fazendo com que Pedro o olhasse.

– Foi mal. Sabe como é, resfriado. – é claro que meu irmão fez questão de engrossar a voz, e cruzar os braços também, mostrando que também é forte. Mas perto dele …

– Hum. – disse voltando a olhar pra Rosalie, só que dessa vez ele a olhou de cima a baixo. Isso fez com que Bella cutucasse, meio que empurrando, a irmã. Rosalie mandou um olhar enviesado pra ela e se virou para o cara que ainda a olhava.

– Então, Pedro. – disse Rosalie mexendo no cabelo.

– Pra você pode ser Pedro, Pedrão, até Pedrinho. – disse sorrindo. Meu Deus! Aquilo era um dente de ouro do lado de um dente podre? Dessa vez fui eu quem vacilou, e também disfarcei com uma tosse, fazendo o Pedro me encarar e fechar a cara.

– É que eu sou irmão dele, e acabei pegando o resfriado, sabe como é. Acho que todos aqui pegaram. – acrescentei, por que se alguém “tossisse” ele não ligaria. Lógico que ele me ignorou.

– Olha, gata, eu adoraria ficar aqui, te dar meu telefone, que eu sei que você quer, mas algum idiota aqui pegou o boneco do Duda. – e nessa hora Bella realmente tossiu só que foi por que se engasgou.

– O nome dele é mesmo Duda? – perguntou incrédula. Até eu estava.

– É claro, gracinha. Mas e então qual de vocês pegou o boneco. Se me disser quem é, eu deixo o resto ir. – disse estalando os dedos.

– Er … Pe… – disse Rosalie tentando distraí-lo, só que nessa hora ele olhou para o boneco na mão de Bella.

– Então foi você … – ele foi se aproximando. Nessa hora, Alice, que estava quieta até agora, soltou um gritinho e apontou para não sei o que.

– Caramba, é a Megan Fox! – exclamou e todo mundo olhou – Corram! – disse correndo, e nós corremos atrás. O problema é que o Pedro também escutou o que ela gritou, e começou a correr atrás de nós. Corremos e corremos e corremos.

– Pra que merda de lugar estamos indo?! – perguntou Jasper, ofegante.

– Não sei! – respondeu Bella olhando pra trás, e por reflexo também olhamos. Não tinha ninguém atrás da gente.

– A quanto tempo estamos fazendo papeis de idiotas?! – perguntei parando de correr e me apoiando nos joelhos.

– Pelo meu ego, eu prefiro não saber. – disse Rosalie tirando os sapatos. Como ela consegui correr com aquilo?!

– Porque que quando nós corremos não fomos em direção aonde estão nossos carros? – Emmett perguntou do nada. Todos olhamos para ele.

– E por que você não expôs esse pensamento antes? – Jasper perguntou controlando o tom de voz pra não gritar.

– Achei que não fosse importante. – disse dando de ombros.

– Claro! Nós só estávamos fugindo, e com um carro seria muito mais rápido. Não é importante. – comentei como quem não quer nada, mas minha voz estava mais venenosa que uma naja. – Vamos logo pegar a porcaria do jipe por que pra mim já deu! – falei andando.

– Edward? – Bella me chamou.

– O que? – perguntei me virando.

– Os carros estão pra lá! – disse apontando para o outro lado. Depois dessa ninguém falou nada, só seguimos pra onde ela apontou. Mas do nada Bella começou a rir.

– O que foi? – Rosalie perguntou estressada.

– Eu consegui! – disse pulando – Eu peguei o Darth Vader. Meu bebê não ficou com aquela Brazuca! – disse beijando a caixa.

– Brazuca? – Alice perguntou.

– É. O nome da bola dessa copa. – foi só ela dizer bola que entendemos o por que ela se referiu ao Duda desse forma. Comecei a rir, e eles me olharam.

– E não é que o nome daquela peste não era mesmo Duda? – falei e todos me acompanharam, e de repente estávamos gargalhando se lembrando do dia e dos apelidos que Bella botou no garoto. Chegamos no estacionamento rindo, até que Jasper parou de repente e fez cara de assustado. Olhamos pra onde ele olhava. E lá estava o irmão do porco de peruca parado do outro lado do estacionamento nos olhando com a cara assassina. O Duda vinha correndo lá atrás soltando os bofes pra fora.

– Ai Jesus amado! – disse Alice correndo na direção do jipe do Emmett, já que se ela quisesse ir para o carro da irmã teria que ir de encontro com o Pedro. Eu não pensei em mas nada a não ser chegar no jipe do meu irmão. Alice já tinha aberto a porta só que não dava tamanho, então ela estava inutilmente tentando firmar seu pé no vento. Assim que cheguei perto dela, lá foi ela tentar alcançar o jipe com o pé, aproveitei esse momento e me abaixei fazendo pezinho. Acho que usei força demais, já que ela foi parar do outro lado do jipe e só não caiu porque se segurou.

– Foi mal! – disse entrando e me virando, só pra ver Emmett se jogar dentro do jipe mal abrindo a porta antes. Ele se virou e puxou Rosalie, eu puxei Bella, que bateu a porta.

– Vai, vai, vai! – gritou Rosalie quando viu que Pedro se aproximava e Emmett não dava partida.

– Cadê a chave?! – perguntou desesperado vendo o cara chegar cada vez mais perto.

– No bolso esquerdo, no bolso esquerdo! – gritou Jasper atrás de mim, na parte de trás do jipe. Emmett pegou a chave e o mais de pressa possível arrancou com o carro. Olhamos pra trás e lá estava o irmão do Anderson Silva provavelmente xingando até a quinta geração da nossa família, e Duda se debatendo no chão de pirraça.

– Tudo bem, Rosalie, calma. Não precisa matar sua irmã. – Rosalie disse pra si mesma enquanto massageava as têmporas. Senti Bella estremecer do meu lado.

– Tá legal, gente. Já passou. Emmett, vamos pra casa, eu posso vir aqui depois de buscar seu carro, Bella. Claro, se você quiser. – disse olhando pra ela, querendo amenizar aquele clima pesado que ficou no carro.

– Não, obrigada. Tá tudo bem, eu venho buscá-lo depois, só quero ir pra casa. – disse dando o assunto por encerrado.

Seguimos o caminho de volta pra casa em silêncio, ninguém estava com animo pra falar algo. Esse foi o dia mais agitado que eu já tive. Eu chamei uma mulher de puta, eu comi o melhor hambúrguer do mundo, eu corri atrás de uma peste e depois fugi do seu irmão Detona Ralph

de dente podre. Não podia ser pior.

– Merda! Olhem pra trás. – já estávamos na estrada de Forks quando Jasper resolveu se manifestar. Todos olhamos pra trás, menos Emmett, e vimos ele apontar para uma Land Rover atrás de nós. Eu não entendi o porquê do desespero dele. Até o carro se aproximar e eu ver que o motorista era o Pedrão.

– Tudo isso por causa de um boneco estúpido? – perguntou Rosalie irritada, fazendo Bella abraçar a caixa e a olhar ofendida.

– Eu acho que isso está mais pra orgulho ferido. – falei.

– Acelera esse carro que eu não quero apanhar! – gritou Alice sendo prontamente atendida por Emmett.

– Jasper, você tá legal aí? – perguntei para o meu irmão mais novo que estava na parte descoberta do jipe.

– Pior impossível! – gritou de volta.

– Tudo bem então. – falei me afundando de vez no banco. E eu achando que não tinha como piorar. Estávamos chegando na parte civilizada de Forks quando o jipe começou a desacelerar.

– Emmett, por que está desacelerando? Ele ainda está atrás de nós! – disse Rosalie irritada. Escutei Alice murmurando “Eu quero minha mãe!”.

– Er … a gasolina. – falou, sem graça.

– Você disse que dava! – o acusei.

– E também disse que se não desse, eu tinha um galão aí atrás. Só que como eu vou encher o tanque nessas circunstancias? – reclamou.

– Olha. Ele sabe o que significa circunstancias! – disse Jasper na parte de trás. E aí o jipe parou. Fez-se um silêncio mortal. Que foi cortado pelo barulho de uma Land Rover que vinha lá embaixo. Motor potente é outra parada.

– Eu vou morrer! – gritou Alice. É claro que ela ia pensar isso, já que o carro resolveu parar em uma rua que era abandonada e cercada pela floresta.

– Porque você veio por essa rua?! – reclamei, prevendo o belo soco que eu levaria.

– Estava tentando despistar, ele.

– Não sei se você reparou, mas desde que chegamos em Forks, somos os únicos carros na estrada. – disse Bella abrindo a porta.

– O que você vai fazer? – perguntou Rosalie assustada, vendo o carro se aproximar mais.

– Sobreviver. – respondeu entrando na mata.

– Porque ninguém acredita quando digo que ela é louca?! – reclamou enquanto descia do jipe.

Nós seguimos elas e entramos na mata. Emmett reclamando por ter deixado o carro sozinho, Jasper reclamando da vida. Alice estava com um bico maior que a cara, e eu estava me beliscando. Quem sabe isso não era um sonho louco.

– Pra onde estamos indo? – Jasper perguntou apressando o passo. Todos nós apressamos na verdade, por que escutamos alguém atrás de nós gritando “Eu vou achar vocês!”.

– Sabe qual é o ruim de ter duas irmãs frescas? – perguntou retoricamente – Elas não querem brincar com você quando você diz que quer brincar de Indiana Jones. Eu sei aonde estamos.

– E aonde estamos sabichona? – perguntou Rosalie tentar proteger os rosto dos galhos baixos das árvores.

– Naquela floresta que dá pro nosso quintal, poderosona. – debochou Bella. Rosalie ia reclamar só que foi interrompida pelo susto, e pelos braços de Emmett. Porque nós caímos em um buraco. E porque não vimos o buraco? Porque era uma armadilha e ela estava disfarçada com folha. O cara que fez essa armadilha não queria que o bicho sobrevivesse, o buraco era cheio de pedra e cascalho, e também era fundo. E como Forks não seria Forks se não chovesse dia sim e dia sim, foi exatamente o que aconteceu, então o chão estava coberto de lama.

– Ai que nojo, que nojo! – exclamou Alice pulando.

– Tá todo mundo legal? – perguntei.

– Sim! – todos responderam, menos Jasper.

– Jasper? – chamei e todos ficamos em silêncio olhando pros lados, e nada de Jasper – Jasper, você tá aí em cima? – perguntei olhando pra fora do buraco.

– Aqui. – escutei ele falando abafado.

– Aqui aonde? – perguntou Bella tentando se levantar e olhando pros lados, já que o som da voz dele veio de dentro do buraco. Eu acho que o cara que fez essa armadilha queria pegar elefantes, pelo tamanho do buraco. Só que ele se esqueceu que precisa ir pra Índia pra isso!

Fui até Bella e a ajudei a levantar e vi que seu joelho estava ralado e a calça rasgado. Quando de repente vi um movimento na poça de lama. Todos nós olhamos naquela direção, e de lá me sai um Jasper cheio de lama e galhos colados por todo o corpo.

– Cara, você tá lega? – perguntou Emmett indo o ajudar, e o avaliando dos pés a cabeça.

– Vou ficar se você parar de me secar desse jeito! – debochou Jasper tirando o excesso de lama com as mãos.

– É mesmo. Porque se você o secar ele some. – disse mais despreocupado. Eu não sou lá um irmão muito amoroso, mas ele é o caçula né. Me deu um puta susto.

– Vocês me amam que eu sei. – falou sorrindo.

– Porém nunca admitiremos. – Emmett e eu falamos juntos, como se tivéssemos ensaiado.

– Tá legal, deixem o momento gay pra depois. Como vamos sair daqui? – Rosalie delicada como sempre. Nos juntamos perto da parede.

– Esse buraco tem uns três metros. – disse Jasper.

– Eu pensei que três metros fosse maior. – comentou Alice.

– Pra você tudo é maior baixinha. – disse Bella olhando pro buraco com o queixo apoiado na caixa do boneco. A caixa estava intacta.

– Eu pensei que esse boneco desgraçado já tinha sumido da minha vida. – disse Rosalie.

– Fica quieta! – falou Bella – Emmett é o mais alto.

– E o que tem? – perguntamos.

– Emmett vem cá – chamou e Emmett foi pro lado dela – Levanta os braços – e ele levantou.

– Não estou entendendo. – falei.

– Você aguenta Rosalie? – perguntou Bella.

– Aguento até o manésão aí. – respondeu apontando pra mim.

– Melhor ainda! Edward vem! – seria legal se ela tivesse pedido, mas ela mandou. E eu fui – Se você subir nos ombros dele, você alcança a boca.

– Boca de quem? – perguntou Emmett confuso.

– Do buraco!

– Tá, chega! Mas e aí que eu alcanço a boca do buraco? – perguntei.

– Pensei que fosse inteligente. – foi Rosalie quem disse – Ela está querendo dizer que você sobe e depois ajuda a nos puxar.

– Tá, mas quem puxa o Emmett? – perguntou Alice.

– Ele ué! – disse Bella – Nós damos apoio pra ele ficar firme e o peso e a força de Emmett não o puxar de volta pro buraco.

– Faz sentido. – disse Jasper – Vai Edward.

E foi assim que escapamos do buraco. Mas eu preciso dizer que não foi muito como o planejado. Eu subi de boa, Bella também, mas Alice chorou por que quebrou a unha e demorou um tempo pra convencê-la a nos ajudar a subir Emmett, Rosalie bateu na cabeça de Emmett por que jurou que ele olhou pra bunda dela, e não tem nada que prove o contrário, Jasper pôs o pé na boca de Emmett, e o mesmo jurou que quando chegasse em casa gastaria um tubo de pasta de dente, e quando foram me segurar pra eu ajudar Emmett a subir, um esquilo louco saiu correndo atrás de uma cobra, fazendo Rosalie e Alice me soltar, e eu acabei caindo no buraco em cima de Emmett. Coitado do meu irmão.

Depois começou a chover e em meio a tropeços, xingamentos e tapas na cabeça do Emmett, chegamos no seu quintal. E aqui estamos.

Terminei de contar os acontecimentos e olhei pra Renee, todos nós olhamos. Ela olhou para mim e meus irmãos.

– Vocês nunca tinham comido o hambúrguer do Juca? – perguntou incrédula, mas quem ficou mais incrédulo foi eu e meus irmão. Nós falamos por tudo que passamos e ela só está incrédula com isso? Eu realmente ia questioná-la quando a porta se abriu. Olhei na direção e vi um homem de costas tirando as gotas de água do casaco para pendurá-lo.

– Querida, você não vai acreditar! Quando eu estava vindo pra casa me encontrei com Harry Clearwater no caminho e ele parecia furioso. Ele me disse que um jovem saiu do nada da floresta e se jogou na viatura dele falando que seis jovens foram atacados pelo pé grande, que ele viu as pegadas e ouviu o grito deles. Ele até amostrou um par de tênis da Nike, que realmente era grande, e alegou ser do pé grande … – ele parou de falar quando se virou, e nos olhou de cima a baixo, a contrário de nós cinco, que olhávamos para o pé de Emmett. O pé do meu irmão era realmente grande – Por que eu acho que vocês tem algo a ver com isso? – perguntou, mas olhando pra Bella como se soubesse que ela tinha mais a ver com essa história do que nós. Ele respirou fundo e olhou pra Renee – Eu vou querer saber? – perguntou e ela negou com a cabeça – Tá legal. Cadê meu abraço? – perguntou abrindo os braços e olhando pras filhas. Bella foi a primeira a correr e se jogar nos braços do, que eu julguei ser, Charlie Swan e Rosalie e Alice foram atrás. Até Renee se juntou no abraço em família, nem ligando pra lama e pras folhas que estavam nas filhas.

Eu percebi que não é só Bella que é diferente, mas toda a família Swan. De um jeito bom, mas são.