Capitão Rogers sentia as ferragens de seu encosto tombarem contra suas costas, era uma breve turbulência fazendo a aeronave que o transportava, um tanto ultrapassada, chacoalhar.

O transporte era realmente um tanto antigo em comparação aos modelos atuais aeronáuticos da S.H.I.E.L.D., mas não deixava de ser muito bem avançada comparada com os modelos utilizados por todo o resto do mundo. Parecia uma espécie de helicóptero com extensão de um mini caça.

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Steven se segurou a uma rede militar trançada que estava fixada em todo o seu encosto.

– Já posso retirar essa venda? – Ele perguntou para sua única companhia durante aquela viagem, o piloto do helicóptero.

– Em alguns instantes poderá, Capitão. – Respondeu uma voz que ecoava na direção do ouvido esquerdo de Steven, e em seguida tudo o que ele voltou a escutar foram as batidas cruéis da hélice no ar, e, claro, o tinir do resto da nave provocada pelas turbulências que pareciam ser infinitas.

Passou mais alguns segundos com os olhos vendados, mas logo se cansou da brincadeira. Rogers desamarrou a fita enegrecida da sua cabeça e pôde finalmente ver o que se passava no exterior da nave. O vidro da cabine do piloto revelava a situação. Não era uma série de turbulências comuns, eles estavam atravessando uma tempestade de areia.

Steven caminhou do fundo da aeronave até o lado do piloto e se sentou na cadeira que deveria pertencer ao co-piloto. Por sua vez, o piloto notou o Capitão, mas achou desnecessário recriminá-lo por não ter mais os olhos vendados, afinal, de qualquer jeito não seria possível enxergar o caminho em frente.

– Estamos chegando, Capitão. – Disse ele.

– Como consegue se guiar? – Indagou Rogers, que não conseguia ver nada além de uma cortina de poeira alaranjada.

– O radar e as coordenadas... – Respondeu por alto o piloto.

Mais uns vinte minutos dentro da tempestade e tudo cessou instantaneamente, eles haviam chegado ao seu destino e, em sentido literal, deixado para trás a muralha de areia.

Steven não conseguiu achar normal aquilo. A tempestade não foi acabando aos poucos, e sim imediatamente, sem abandonar a homogeneidade de forma gradual.

– Isso foi... Fora do comum. – Ele comentou sem perceber.

– O Senhor não está louco, Capitão. A tempestade é artificial, e faz parte do disfarce de segurança daqui. – Respondeu o piloto com orgulho perante o curto vislumbre de Steven.

– E quando é que eu vou saber onde é “aqui”? – Rogers não estava mais aguentando tanto mistério.

– Logo saberá, Capitão... – Respondeu novamente o piloto. - Mas antes o Senhor poderia me dar um autógrafo?

O coração de Steven sentiu um aperto ao lembrar-se nostalgicamente do falecido Agente Phill.

– Claro. – Respondeu ele banhado num sentimento de culpa passado. – Quando aterrissarmos...

Rogers começou a enxergar com perfeição a paisagem em sua frente. Era uma planície árida e totalmente seca, digna de um verdadeiro deserto sem dunas. O piloto começou a aterrissar no meio de um terreno sem nada em especial a não ser pelas cercas de arame que determinavam o limite da propriedade, ela deveria ter aproximadamente vinte quilômetros quadrados de terreno cercado.

Quando eles aterrissaram, Steven assinou a fotografia de colecionador sobre o Capitão América do piloto do avião e depois do momento tiete do agente, este aconselhou Steven a seguir o caminho de luzes vermelhas que iria surgir diante dele quando desembarcasse.

– Por que eu tenho que fazer isso? – Indagou o Rogers.

– Porque todo o terreno é repleto de armadilhas e explosivos para proteger o seu destino. – Respondeu o piloto.

– Que destino é esse? Só vejo areia. – Disse o Capitão indignado.

– Eu não tenho nenhuma das respostas que o Senhor deseja, meu trabalho é apenas trazer as pessoas que me designam até aqui e passar as instruções que acabei de lhe fornecer... Às vezes as trago de volta... – Disse o piloto. O “Às vezes” ecoou no cérebro de Steven.

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–... Então você nem sabe o que acontece aqui, ou, onde é aqui? – Questionou ele.

– Exatamente. – Respondeu o piloto, ele gostaria muito de ajudar seu ídolo, mas estava mesmo de mãos atadas.

– Tudo bem, que seja... – Ele já estava lá mesmo, e ficou bem claro que a viagem de volta só seria garantida pelo desenrolar do que acontecesse quando Steven saísse da aeronave.

O Capitão desembarcou e pisou cuidadosamente na areia, não dando mais nenhum passo enquanto aguardava a tal luz vermelha. Não foi preciso se passar muito tempo para que algo por baixo da areia, centímetros a frente dos pés de Steven, ficasse destacadamente avermelhado. Eram bolinhas vermelhas que começavam a tecer um caminho em frente dele, este começou a caminhar e o helicóptero levantou voo.

Rogers distraiu-se por um breve momento seguindo as bolas avermelhadas abaixo da areia e quando levantou suas vistas surpreendeu-se ao ficar ciente de que outra pessoa estava caminhando, mas em sua direção, também seguindo bolas vermelhas.

A pessoa também notou Steven.

Era um homem de meia-idade, ele vestia calças um tanto folgadas, precavidamente de elásticos na cintura e uma camisa quadriculada azul. Ele tinha os ombros meio curvados, seu andar era tímido e aparentemente inofensivo.

– Banner? – Steven tentava adivinhar a silhueta que caminhava no sol escaldante em sua direção.

Os dois se aproximaram mais, seguindo as bolas vermelhas.

– Steve, é você mesmo! – Disse Bruce chamando-o pelo apelido, intimamente como um amigo próximo que era. Eles estavam frente a frente.

– Você também teve os olhos vendados? – Perguntou Steven retoricamente ao olhar para a mão de Bruce e notar que ele carregava uma venda igual a que Rogers usara há pouco.

– O que acha que o Fury quer com a gente agora? – Perguntou Banner.

– Com certeza é algo extremamente secreto... Não sei o porquê, mas tenho a sensação de que não vou gostar... – Disse Steven e luzes vermelhas novas surgiram para cada um dos dois paralelamente fazendo um giro de noventa graus em relação ao caminho anterior de cada um. Agora eles teriam de caminhar juntos.

– Só espero que eu não precise ficar verde... Já estou há meses sem incidente algum. – Disse Banner, ele ainda não gostava, nem por um segundo, da ideia de deixar o Hulk eclodir e tomar o controle.

– Quem mais será que foi convocado? – Steven tentava adivinhar. – Barton? Romanoff?... Stark? – Rogers deu uma ênfase enfadonha no último nome, apesar de aturar o Homem de Ferro, este ainda não descia por sua garganta.

– Só sei que não ouvi trovão algum, então com certeza, nada do Asgardiano. – Concluiu Bruce.

E de repente a poucos metros de distância em frente os dois, o chão começou a tremer e uma fenda começou a se abrir no meio da terra, como em um elevador, a cabeça de uma agente começou a surgir do buraco no chão até seu corpo estar completamente fora e uma plataforma elevadora se revelar a eles. Ela não parecia ser da S.H.I.E.L.D., mas com certeza tinha toda a cara de agente secreta.

– Sigam-me, O Agente Fury os aguarda. – Ela era uma agente-recepcionista, assim como os agentes-pilotos que os trouxeram até ali.

Bruce e Steven subiram na plataforma e se permitiram ser levados.

Quando atingiram o fim mais fundo da linha, perceberam que aquilo parecia ser um quartel general de alto nível tecnológico e científico.

Começaram a seguir a agente pelos corredores e se deparavam com um intenso movimento de pessoas entretidas em seu trabalho, era barulhento e cheio de coisas bastante esquisitas. Por exemplo, Steven jura que viu um homem de um olho só, mas não acreditava nos seus olhos, enquanto Bruce teve a quase certeza de que quando olhou para o vidro de uma porta de laboratório viu uma mulher loira ficar completamente invisível e depois voltar a ter cores.

Os dois estavam surpresos e curiosos com cada sala pela qual passavam frente diante a porta. Até que no corredor em frente surgiu um homem magro e negro com um tapa olho ao lado de uma bela agente, eram Nick Fury e Maria Hill. Nick os cumprimentou:

– Olá, agentes. Sejam bem-vindos àÁrea 51!