Minha Namorada Contratada

Corno ainda apanha?


– O senhor tem hora marcada? – perguntou a secretária da Kagome.

Não, moça, mas me deixe passar porque a sua patroa é minha namorada e acho que estou levando corno, pode ser?”, quase foi minha resposta. Respirei fundo, tentando controlar a raiva e a maldita ironia, até que ouvi um burburinho atrás de mim. Eram os empregados da empresa e a razão era Sota, que vinha até mim com uma expressão de surpresa. Ele me chamou para o seu escritório e eu simplesmente o segui, enquanto ainda tentava controlar minha raiva pelas fotos que carregava comigo.

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– Que surpresa você por aqui, cunhado. – disse Sota ao fechar a porta e me oferecer uma cadeira para me sentar – Me informaram que você tinha chegado, fiquei muito curioso. O que leva meu cunhado tão ocupado a vir até aqui?

– Preciso falar com Kagome. – eu disse simplesmente, ainda de pé.

– Ela não está aqui, está na Academia. Ela tem ensaio com o Houjo hoje, se eu não me engano. – ele disse surpreso.

– Ensaio com ele, não é? – falei ironicamente – Ok, muito obrigado. – falei enquanto saía.

Aí você pensa: “Calma Sesshoumaru”. Minha resposta? Calma uma merda. Eu vou pegar esses dois, e vou encher esse homem de porrada. O pior de tudo, de tudo mesmo, é que eu não consigo ficar com raiva da Kagome. Não consigo a odiar. Dizem que o ódio é a outra face do amor, mas não é possível, porque mesmo antes de descobrir se a Kagome ao mesmo tem uma explicação para tudo aquilo, eu já a perdoei, internamente. Kami, como eu sou otário. Ao invés de a odiar, eu estava magoado.

Dei a partida no meu carro e dirigi até a Academia. Chegando lá, mais uma vez dei meu nome, mas dessa vez foi bem mais rápido para que eles me liberassem. Acho que eles já me conheciam agora, mas o ponto não é esse. Perguntei onde minha namorada estava, e eles me mandaram para uma sala em que estavam somente Kagome e Houjo, ensaiando uma coreografia de dupla. Quando eu vi que eles estavam agarradinhos, dançando, a raiva me invadiu novamente, e eu abri a porta sem paciência, fazendo com que ela batesse na parede e os dois parassem de ensaiar para me encarar.

– Sho? O que você está fazendo aqui? – perguntou Kagome.

Eu vim aqui lhe ensinar quem é seu homem, mulher”, disse minha voz interior, mas eu lutei comigo mesmo, tentando me controlar. Houjo parecia surpreso também, mas não soltou a minha mulher. Após minha luta interna, respirei fundo.

– Preciso falar com você, agora. A sós, é importante. – falei simplesmente.

Porra, eu sou profissional em controlar raiva, só pode! Houjo olhou para Kagome sugestivamente e ela mandou que ele saísse. Quando ele passou por mim com aquele ar de superioridade dele, juro que levantei o punho, mas o abaixei depois, com alguns momentos de respiração profunda. Kagome pegou uma toalha, se enxugando, e veio até mim. Nesse momento, minha raiva desapareceu momentaneamente. Ela estava com um collant apertadíssimo, e uma calça legue. Kami, essa mulher é gostosa. Ela é tão gostosa, que deveria ser um crime. Alguém me segura. Onde eu estava mesmo? Hm, o decote dela está molhado de suor...

– O que houve, Sho? Alguém está machucado? – perguntou Kagome.

– Não, mas vai ficar. – falei, minha raiva voltando toda de vez – Preciso que me explique uma coisa, Kagome. Essas fotos.

Eu peguei as fotos que tinha catado do meu escritório e que agora estavam num envelope pardo. Ela pegou o envelope, confusa, e então começou a passar as fotos, surpresa. Ela ficou vermelha quando terminou de ver tudo. Pensei ser de vergonha e comecei a respirar fundo, tentando me controlar, porque já estava vendo vermelho novamente. Como ela pôde?

– Você pôs a porra de um detetive atrás de mim? – ela gritou, empurrando as fotos em cima de mim, e eu as segurei contra meu peito.

– Não, é claro que não. – gritei de volta – Isso aqui, a Kagura me deu. No meu escritório, hoje!

– Aquela mulher... – ela deu um sorriso sarcástico, quase ameaçador e suspirou – Olha, eu ia te contar sobre isso. É uma longa história.

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Ela suspirou e pegou minha mão, me guiando para um banco e me fazendo sentar. Imediatamente, fiquei mais tenso ainda. Como assim, ela queria que eu sentasse? Então ela realmente estava me traindo? Ela começou a massagear suas têmporas enquanto falava, e por fim pegou o envelope da minha mão.

– Não estou lhe traindo. – ela disse – Existe um evento anual de dança, e eu preciso de um parceiro oficial, então o Houjo se ofereceu. Claro, eu aceitei, já que não tenho muitas opções. Então nós temos andado juntos. Ele tenta ter intimidades comigo, mas eu sempre o corto. – ela mostrou novamente a foto em que eles estavam juntos andando e vi que seu sorriso parecia muito incomodado – Aqui, nós estamos ensaiando. Você pegou isso fora de contexto, isso é um passo. – ela disse, mostrando a foto em que eles estavam agarrados – E isso realmente aconteceu, ele tentou me beijar. Depois que conseguiu, eu lhe dei um murro, e pedi que esquecesse que isso aconteceu, e que ficasse claro de que eu não queria nada com ele.

Eu estava vendo vermelho novamente, mas dessa vez, minha raiva estava concentrada completamente em Houjo e Kagura. Filhos da puta, como eles conseguiram me manipular fácil assim? Eu os pego, e vou dar uma surra nesse Houjo, para que ele veja qual o tipo de namorado que a Kagome tem, e que ele fique bem longe dela. Quando fechei meu punho, senti uma mão suave sobre ele e ergui a cabeça, surpreso. Kagome me encarava com um sorriso gentil.

– Você não gritou, nem bateu em ninguém. – ela disse, parecendo surpresa. – Isso foi muito maduro de sua parte.

– Eu destruí meu escritório. Estou um pouco menos rico agora, mas me deu paciência o suficiente para vir aqui. – fui sincero.

Então ela riu alto e, inesperadamente, me puxou para um beijo apaixonado. Eu a encarei, sem entender direito. Porém, minha raiva passando, a beijei de volta e a puxei para mim pela cintura, a apertando um pouco. Ouvi seu gemido, e imediatamente respirei fundo, tentando me controlar. Ela se afastou de repente, completamente vermelha.

– Aqui não. – ela disse e eu a puxei para mim.

– Não faz mais esse concurso com ele. – pedi em seu ouvido.

– Mas Sho, eu quero tanto vencer esse concurso... É um desafio de muito tempo já. – ela disse, parecendo triste.

– Quanto tempo falta para esse concurso? – perguntei, passando a mão pela sua coxa.

– Faltam... – ela fechou os olhos por um momento – Faltam uns vinte e poucos dias.

– Faz comigo. – pedi e ela arregalou os olhos – Eu não danço mal, sabe. Só estou sem prática.

– Como assim, você dança? – perguntou ela, surpresa.

Eu ri baixinho e a puxei para o meu colo. Ela ficou vermelha na hora, especialmente porque eu não estava exatamente... Calmo. Lembrei-me então das aulas que tinha tomado e anotei mentalmente de agradecer imensamente a Izayoi assim que a visse.

– Bem, eu simplesmente tomei algumas aulas de bachata há algum tempo, para a renovação dos votos de casamento dos meus pais... De Izayoi e meu pai. Eu dancei com Izayoi, minha mãe e Rin. – eu disse.

– Mas sua mãe não estava morta? – perguntou Kagome – Sinto muito, é que você fala como se estivesse.

– Não exatamente. Ela só está... Sumida. Quase morta. – eu dei de ombros – O que importa é que, se você quiser, eu posso ser seu par. Podemos ensaiar, posso pedir férias ao meu pai.

– Calma moço. – ela sorriu e deitou sua cabeça na minha clavícula – Não precisa tanto, só preciso de duas horas do seu tempo, diariamente.

– Pode ser. – dei de ombros - Hm... Acho que você deveria dormir na minha casa, o que acha? – perguntei sorrindo descaradamente.

– Você é horrível. – ela disse, mas estava rindo.

Então um homem pigarreou e Kagome se afastou, vermelha. Quando o vi parado na porta, não gostei muito dele. Ele tinha cabelos longos, na altura dos ombros, presos num rabo de cavalo baixo. Usava uma regata roxa e calças jeans largas. Além disso, tinha um sorriso pervertido no rosto que eu não gostei nada.

– Mas o que é isso aqui, Kagome? – perguntou ele maliciosamente.

– Desculpa, Miroku. – disse minha namorada, ficando de pé.

– Não acho que você tenha que se desculpar, amor. – eu falei, ficando de pé também.

Miroku desatou a rir escandalosamente e então uma mulher chegou. Ela tinha cabelos longos e negros, e olhos castanho-escuros. Parecia cansada, mas era linda. Não linda no estilo gostosa, mas no estilo mulher recatada. Usava um vestido longo e tinha uma pequena barriga proeminente, o que provavelmente era resultado do bebê que carregava nos braços, e que parecia muito novo. Na verdade, eu só vi o rosto de joelho (sim, bebês têm cara de joelho para mim), já que ele estava todo embrulhado numa manta azul.

– Você está louca, Sango? Como está aqui assim, tão cedo? O bebê não tem nem um mês de idade ainda, mulher! – disse Kagome desesperada, indo olhar o pequeno.

Eu me aproximei também, e a ouvi dar um sermão na outra. De repente, me lembrei de que já conhecia esses dois: eles estavam na festa do Sota, outro dia desses, quando eu me acertei com Kagome. Além disso, pelo que eu lembro, ela é a diretora da Academia. Ele com certeza é seu marido, e eles são muito amigos. A antipatia que eu sentia pelo homem começou a diminuir depois que me lembrei desses detalhes.

– Ah. Sango, Miroku, esse é o Sesshoumaru, meu namorado. – ela me gesticulou – Esses são Sango e Miroku, meus amigos de longa data, e também pais do meu afilhado lindo. – ela sorriu.

– Ah, eu preciso fazer algo, segura o Kou por um segundo, Miroku? – pediu a moça, sorrindo.

Então, quando Miroku segurou o pequeno embrulho azul, Sango sorriu para mim, e me deu um tapa forte no rosto. Eu a encarei surpreso e com raiva, sem entender. Só não gritei, juro, porque ela era uma mulher recém-parida e, ainda por cima, porque era amiga da minha namorada.

– Isso é por ter feito minha amiga chorar. – ela disse sarcasticamente.

Bem, o que eu poderia esperar dessa louca? É uma amiga da Kagome, afinal de contas. E, embora tenha levado um tapa, eu não fiquei com raiva dela. Na verdade, achei ótimo que a amiga de Kagome fosse assim, com um temperamento tão forte e tão idealista. Menos chances para qualquer marmanjo chegar nelas quando estiverem saindo sozinhas.

– Tudo bem. Merecido. – eu falei, massageando meu rosto.

– Gostei de você. – disse Sango com um sorriso.