Red Eyes

Capítulo 24


A movimentação dos recém nascidos tinha acelerado de uma maneira quase assustadora desde que chegamos aqui. Nos dois primeiros dias em que estivemos em Seattle, a organização não era a palavra mais usada para descrever os recém nascidos, seus instintos eram aguçados, eram eufóricos, não se continham diante da infinidade de possibilidades que se estendiam diante deles agora em sua nova "vida". Partimos para a cidade dos Cullen um dia atrás, após observar a movimentação dos recém nascidos em Seattle por algumas horas, fomos buscar pistas, talvez Victória não estivesse tão ausente de culpa.
A chegada a Folks foi tranquila, não tínhamos o que fazer na maioria do tempo, ficávamos o mais longe possível dos Cullen e quaisquer lugares em que poderiam estar, não tomávamos decisões para que Alice não nos detectasse, mesmo sabendo que a mesma não estava interessada nas decisões que tomávamos e sim nas de Aro, não seria prudente arriscar.
Já era manhã quando começamos a notar a movimentação dos recém nascidos, no penúltimo dia da nossa estadia de quatro dias na América, as coisas finalmente pareciam estar mudando e nos deixando intrigados o suficiente para investigar a floresta.
"Os Cullen não estão caçando?" - A voz de Alec quebrou o silêncio enquanto caminhávamos pela floresta densa e úmida, procurando vestígios da vampira ou de algum outro vampiro desavisado.
"Não sinto eles em nenhum lugar próximo, estamos em uma área segura, podemos observar" - Demetri respondeu olhando ao redor tentando encontrar algum rastro estranho.
"Os recém nascidos migraram para essa cidade muito rapidamente, pareciam estar se divertindo muito em Seattle e horas depois estavam aqui, talvez estejam realmente atrás da humana" - Félix disse do seu lugar ao meu lado. Pensei por alguns segundos.
"Se é isso que querem, que façam. A humana já nos deu vários problemas, se a vampira a deseja morta, esse é um problema dos Cullen" - Eu calmamente expressei o que havia pensado. Deter Victória era necessário, mas talvez o seu objetivo poderia ser alcançado antes.
"Os Volturi seriam mal vistos se deixassem isso acontecer, Jane" - Félix prosseguiu e eu franzi as sobrancelhas em uma falsa expressão confusa.
"O que aconteceu, Félix? Nós detemos a vampira, mas infelizmente tarde demais, não sabíamos de nada até chegarmos à Folks essa madrugada, agimos rapidamente, não fomos informados de nada, fizemos tudo o que podíamos assim que soubemos dos possíveis recém nascidos na cidade" - Eu expliquei com uma falsa sinceridade. Alec e Demetri deram um pequeno riso enquanto Félix apenas revirava os olhos em diversão.
"Você é impossível" - Ele concluiu e eu continuei andando.
"Jane, há uma pista" - Alec chamou um pouco mais à direita de onde estávamos. Me aproximei e vi no chão a marca de um pé descalço.
"Parece ser uma pegada de mulher. Recente" - Demetri disse.
"Sim, sim, talvez Victória. Seja quem for, está seguindo a direção dos Cullen. Parece que encontramos nossa garota" - Eu sorri. - "Agora só precisamos ir até eles, não há pressa, tenho certeza que podem lidar com isso" - Eu pensei alto enquanto diminuía meus passos junto com os outros e caminhávamos a um ritmo humano até os Cullen.
Se a sorte estivesse a nosso favor, nos livrariamos de mais de um problema hoje.

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***
A sorte realmente não estava ao nosso lado. A decisão de irmos aos Cullen foi rapidamente percebida pela vampira vidente, aceleramos o ritmo para que não levantassemos suspeitas e parecia ter dado certo. Chegamos até a clareira, passando pela névoa grossa até onde eles estavam, uma fogueira estava acessa e os membros do clã Cullen estavam todos ao lado, parados como estátuas, enquanto os corpos dos vampiros queimavam. No meio de toda a cena, lá estava ela. A humana de estimação dos Cullen. Isabela.
"Bem-vinda Jane" - A voz do Cullen mais novo quase me fez revirar os olhos. Edward. Patético.
Deixei meus olhos vagarem pela cena completa, desde à fogueira, os Cullen, e a pequena coisinha que parecia estar com dor agachada a poucos centímetros dos Cullen. Eu quase sorri para ela. Uma recém nascida. Enfim alguma diversão.
"Ela se rendeu" - Edward explicou enquanto me via fitar a garota.
"Rendeu-se?" - Senti Félix e Demetri trocarem olhares ao meu lado. Que tipo de vampiro se rende assim?
"Carlilse resolveu dar a ela essa opção" - Eu quase fiz uma careta para a bondade de Carlisle. Parece que Aro não estava exagerando.
"Não há opções para os que quebram as regras" - Falei no meu melhor tom apático. Que estúpida opção foi oferecida.
"Nada foi ensinado a ela, não havia necessidade de destruir já que havia se rendido" - Escutei uma voz branda falando, notei que era Carlisle.
"Isso é irrelevante" - Continuei, o desafiando a se opor.
"Como quiser" - Ele recuou e eu quase sorri para ele, será que ele também recuaria se eu usasse a dor nele? Meu olhar ainda estava nele enquanto eu pensava, rapidamente recuei desse pensamento, seria muito insatisfatório para Aro ver seu amigo sofrer assim caso eu pudesse evitar, balancei a cabeça de maneira quase impercetível e continuei.
"Aro esperava que viéssemos mais a Oeste para ver você, Carlisle. Ele manda lembranças" - Conclui.
"Eu agradeceria se trasmitisse as minhas a ele" - Eu sorri para ele.
"Claro"
"Parece que perdemos toda a diversão" - Eu disse calma. Queria sondar o quanto eles sabiam.
"Meia hora mais cedo e vocês teriam conseguido" - Edward retrucou e eu o olhei divertida. Ele sabia, mas era patético demais para dizer isso na minha frente. Ele nunca nos desafiaria assim.
A garota continuava agachada, com as mãos no rosto, eu a encarei por alguns segundos.
"Qual é o seu nome?" - Sem resposta. Então vamos jogar no modo difícil, não é?
Observei a garota petulante e me diverti com sua fragilidade antes que seus gritos enchessem a clareira. Ela gritou em plenos pulmões, como se nunca tivesse proferido nenhum som a não ser gritos. Pela visão periférica observei Isabella se retrair um pouco com os gritos da garota e sorri aumentando a intensidade. O grito com certeza gelou o sangue da humana.
"Seu nome" - Pedi a garota novamente enquanto a libertava de sua angústia. Sua voz ofegante respondeu.
"Bree" - Eu sorri e mais uma vez os gritos foram ouvidos.
"Ela irá contar tudo, não precisa fazer isso" - Edward falou e eu olhei para ele.
"Ah, eu sei" - Sorri calmamente e me voltei à garota - "Quem criou você?"
A menina me olhou desesperada, o medo de que eu a torturasse novamente era claro.
"Eu não sei, Riley nunca disse o seu nome, naquela noite estava tudo escuro, doía muito" - Ela explicou - "Riley não queria que pensassemos nela, disse que nossos pensamentos não estavam seguros" - olhei de soslaio para Edward e voltei meus olhos à ela.
"A história dele é verdadeira? Eram vinte?" - perguntei.
"Não sei, 19, 20, talvez mais" - Ela explicou que dois haviam brigado no caminho e eu me admirei um pouco com a forma com que tudo fora planejado. A vampira tinha realmente muito rancor para com a humana.
"Você tem certeza que destruiram todos? E os que se dividiram?" - Perguntei a Carlisle.
"Nós nos dividimos também" - Ele respodneu e eu sorri para ele.
Perguntei mais algumas coisas para a menina, principalmente o objetivo deles, segundo ela, tinha sido informado que deveriam destruir os Cullen e pegar a humana. Nada novo.
Tentei novamente usar meu dom na humana e senti Edward enrijecer enquanto me pedia para não fazer isso.
"Só verificando" - Eu disse humorada.
Após ordenar que Félix acabasse com isso e dispensar os pedidos de misericórdia dos Cullen, me virei para a menina Isabela.
"Caius ficará muito satisfeito em saber que ainda é humana, talvez ele faça uma visita" - Eu sorri. Caius simplesmente adoraria sair de Volterra para dar seus cumprimentos à humana pessoalmente. Ah sim, absolutamente adoraria.
"A data está marcada, talvez façamos uma visita em alguns meses" - A vidente falou e eu quase revirei os olhos para ela.
"Cuide disso Félix, eu quero ir para casa" - Suspirei calmamente e observei enquanto Félix destruía a garota.
"Vamos" - Eu disse aos outros e nos afastamos dali.

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***
"Então, Victória era de fato a causadora dos problemas" - Demetri disse enquanto saíamos da cidade horrorosa.
"Sim, parece que sim. A garota disse a verdade, os recém nascidos estão destruídos, Victória também, nenhum sinal de Vladimir ou Stefan, ao menos esse problema já está resolvido" - Eu conclui.
"E agora?" - Alec perguntou ao meu lado.
"Agora, meu querido irmão, vamos para casa" - Eu sorri e eles concordaram quando partimos.

***

Chegamos a Volterra na noite seguinte, depois de nos certificar de que nenhuma pista sobre os Volturi terem estado próximos aos recém nascidos fosse deixada para trás. Ninguém saberia que isso tudo tinha sido parcialmente permitido.

"Os mestres esperam na sala do trono" - A voz de Heidi nos cumprimentou assim que chegamos. Eu assenti para ela e continuei caminhando com os outros até chegarmos às portas duplas que nos separavam do interior, as empurrei sem esforço e passei por elas.
A sala estava impecável como sempre, os tronos em seus lugares, a única diferença visível era Santiago no lugar de guarda de Alec ao lado de Caius e Amber - a quem eu não via há um tempo - parada ao lado de Marcus, me olhando hesitante, a observei por alguns segundos e desviei o olhar para o vampiro no meio. De tirar o fôlego, como sempre. Algum dia eu poderia superar o sentimento de olhar para ele novamente? Espero que não. Involuntariamente eu sorri, e ele fez o mesmo, discretamente.
"Bem vindos de volta" - Ele sorriu completamente agora, levantando do trono, sua alegria disfarçando qualquer sentimento sincero.
O observei extasiada até que o vi se aproximar de mim, erguendo a mão para me tocar. A promessa! Eu prometi deixar que ele visse, fechei os olhos por alguns segundos e cumpri minha palavra, além do mais, tudo já havia se esclarecido.
"Vamos ver como tudo isso foi" - Ele sorriu para mim quase cruelmente sabendo que eu não tinha como escapar. Suspirei e coloquei minha mão direita entre as dele, ele quase imediatamente entrou na minha mente como uma criança a quem foi permitida a oportunidade de desfrutar de todo o chocolate que pudesse ter antes do jantar. Observei seus olhos distantes analisando cada cena que pudesse ver, após alguns segundos que pareceram horas, ele me soltou, mas não tirou suas mãos da minha, seu olhar mudou, estava focado em mim completamente, mas pareciam escurecidos, sua mandíbula apertada quase impercetível. Eu estava com problemas novamente.
"Vejo que obtivemos sucesso" - Ele disse sério e depois se virou com sua alegria falsa para os outros dois atrás dele - "Victória está destruída, os recém nascidos também, parece que tudo se tratava do rancor para com a jovem Isabela, que devo dizer, continua lamentavelmente humana, muito embora já podemos nos preparar para sua visita em breve, oh, que grande dia será" - Ele sorriu absorto na possibilidade de testar a futura vampira, eu tive que me concentrar muito para não revirar os olhos.
"Não há indícios de movimentação em Volterra?" - Caius perguntou.
"Oh não, desde que saíram tudo está calmo, a movimentação parou há poucos dias, Victória parece ter conseguido os aliados que queria, os Romenos não estão mais nos tentando" - Aro respondeu.
"Então tudo está resolvido?" - Marcus perguntou com sua voz contida, ao seu lado, Amber enrigeceu, enquanto eu observava, ela me olhou, com um olhar distante, tenso.
"Aparentemente, sim senhor" - Eu respondi sua pergunta e Amber pareceu relaxar por alguns segundos, antes de sorri. Se eu não tivesse passado tanto tempo observando Aro, nunca detectaria a falsidade naquele sorriso.

Tudo estava resolvido. Era só isso, não era?