Never Let Me Go

Primeiro Dia - Christopher


P.O.V Christopher

Arrumo meus cabelos negros no espelho e me despeço dos meus pais que tomavam café da manhã sem pressa enquanto trocavam olhares apaixonados entre si. Calço os meus tênis na pressa para poder ir para meu primeiro dia no colégio público da cidade. Sim, eu repeti, mas não por ignorância, mas por uma série de razões. E sim meus pais me colocaram nesse colégio por uma série de motivos, e não pela minha suposta ignorância.

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Saio de casa e caminho até o ponto de ônibus onde e Noah e Pietra Medina esperavam o ônibus. Meus pais não gostam muito da Senhora Medina, especialmente meu pai, e a razão verdadeira desconheço, mas diz ele que não gosta dela por ser pobre e enquanto afirma que a pobre mulher é uma ex drogada. Por quê? Não faço nem ideia.

Quando Pietra me vê, seu rosto se ilumina e seus olhos ganham um brilho exótico. Essa garota mesmo depois de cinco anos ainda gosta tanto assim de mim? Ninguém merece! Senhor o que eu fiz para merecer um castigo desses?

— E aí... — quem faz a pergunta é Noah e não Pietra como eu imaginei que seria. Pelo menos ela está tentando não ser um pé-no-saco. Balanço a cabeça em resposta ao menino.

— Oi. — acho que pensei cedo demais. Mais surpreendentemente ela diz somente isso. Dou um meio sorriso com o pensamento.

O ônibus sobe e vou direto para o fundo do mesmo, que encontrasse vazio, não que eu seja de fato anti-social, eu só não sou lá muito bem humorado de manhã. O ônibus para algumas vezes e em uma delas chega uma garota loira, que é arrogante demais para o meu gosto. Ela demonstra um interesse por mim, mas não consigo fazer o mesmo.

Ela senta-se do meu lado e noto Pietra ficar tensa enquanto seus olhos queimam de ódio. Eu sei que sou bonito, afinal, assim que entrei no ônibus senti os olhares das garotas olharem para mim com cobiça. Tudo isso só faz meu ego crescer, meu Deus, acho que sou mais gato do que imagino. O olhar fulminante de Pietra só faz com que eu desperte um misterioso interesse pela loira ao meu lado.

— Oi, sou a Kiara, lembra de mim?

Caço alguma memória da garota, até que me lembro. Meu Deus do céu! É ela mesmo? Kiara era uma nerd de cabelos escuros e aparelhos, usava óculos e roupas que cobriam seu corpo quase que inteiro. Meu interesse cresce cada vez mais a cada instante.

— Você está tão... diferente...

— É, eu sei. E você continua o mesmo Christopher lindo que eu conheci. Minto, está mais bonito até.

O ônibus para. Chegamos. Desço do ônibus conversando com a menina.

— O que te fez vir para cá? — ela pergunta. Ops, essa é a pergunta proibida.

— Repeti, meus pais não gostaram e aqui estou eu. E você, o que faz aqui?

Ela suspira pesadamente.

— Mesmo motivo que o seu. Coincidência, não? Acho que é destino...

...

A aula estava... não estava nada. A professora de espanhol, uma loira de olhos azuis e sorriso amigável me deu mole a aula inteira. Ela é jovem e pegável, mas não faz meu tipo, se é que eu tenho um. Nunca parei para pensar. Papo vem, papo vai e ela começa a dar em cima de um cara que descobrir se chamar Craig. O cara tinha um estilo bad boy e... Não! Eu não fiquei analisando um garoto se é isso o que estiver pensando! Eu sou homem, homem macho. Depois de alguns instantes escutamos alguns gritos de um professor expulsando alguém de sala. Como alguém consegue ser retirado de sala no primeiro dia? Meus parabéns para quem conseguiu essa façanha.

— Esse é o professor substituto. Ele é meio irritado. Sabia que o professor que ele está substituindo é irmão dele? — me diz Craig — O bagulho aqui é doido, tá ligado?

— Porra, irritado? O cara deve estar possuído, ou quem ele expulsou deve ser muito filha da puta mesmo, porque meu Deus, o que deve ter acontecido para essa gritaria?

Craig levanta uma das sobrancelhas dele enquanto passava a mão em seus cabelos negros.

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— É, vou descobrir. Tenho meus informantes aí pelo colégio.

Dou de ombros enquanto vejo a professora puxar para baixo sua saia branca que ficava um pouco acima da metade da coxa. Nada profissional. Em Santa Clare College as saias do uniforme iam até o joelho, enquanto aqui, em Arkonni High, nem uniforme é usado! Não sei se gosto, mas eu não odeio o que estou encontrando aqui. As vezes é bom ficar assim atoa.

O sinal toca e agora, pelo que me informaram, eu teria que trocar de sala, já que agora teria aula de história para mim. Odeio história, e só Deus sabe o quanto eu odeio.

Saio de sala e vejo no pátio Kiara em cima do colo de um garoto. Ela definitivamente está muito mais diferente do que a garota tímida e recatada de três anos atrás. Mal a reconheço. Ao me ver ela vem em minha direção para me dar um abraço de urso. No canto do pátio, lá está a minha stalker. Ela apertava fortemente o pulso de um garoto, um garoto que reconheço muito bem o rosto. Arthur. Odeio esse garoto. Ele me lança um olhar de fúria e neste momento eu sei que ele me reconheceu. Por que diabos os meus demônios do passado tem que ficar me perseguindo como se eu fosse uma alma condenada a queimar eternamente no fogo do inferno? Talvez eu tivesse feito algumas besteiras, mas não sou um pecador cruel! Não aponto de ser condenado a este lugar que imagino que tenha que ficar aturando minha stalker, um Arthur modo fúria e o meu avô muito mais do que já sou obrigado.

Por que a vida tinha que ser tão cruel comigo?

Desvio o olhar e antes de sair Kiara me dá um beijo. Sempre achei que ela não fosse muito com a minha cara. Como a vida dá voltas me misturo a multidão e procuro a sala onde Craig me disse que ficava a sala de história.

Entro na sala e uma senhora de cabelos brancos e óculos me fita, assim como todos os alunos que estavam em sala, mas logo desviam seus olhares de mim para algumas outras pessoas que entram logo em seguida.

— Boa dia, alunos — diz a professora rispidamente — Sou Megan McAllan para quem não me conhece e já aviso com antecedência: eu não aturo gracinhas. E quem não se esforçar na minha matéria, vai estar muito encrencado, porque eu não ajudo ninguém de graça. Se acham que basta fazer alguns trabalhos que eu passarei vocês de ano, estão se iludindo, meus caros. Eu não sou assim.

Olho para todos em volta. Alguns olhavam a mulher assustados. Outros praticamente a ignoravam, mas a maioria a fitava sem expressão. Este será um grande dia, e é notório que, outros dias iguais ou piores virão.