A cabeça de Lucas estava perturbada demais, sua amiga “voltara dos mortos”, o tridente, símbolo de poder Maximo do seu pai, desapareceu, ele tinha perdido o capture a bandeira e agora seu meio-irmão estava disputando o titulo de conselheiro do Chalé 3.

–PORRA! Eu sou o conselheiro do chalé! – João disse visivelmente irritado, o rosto pálido do jovem estava com uma tonalidade vermelha tomate, suas veias do pescoço saltavam.

–VOCÊ ERA O MEU SUBSTITUTO CARA! Fica na sua, ai. Sacou?! – Lucas já havia chegado ao seu limite. A discussão dos irmãos começou desde que Quíron anunciou que Lucas receberia uma profecia para sair em missão e convocou todos os chefes dos chalés para estarem presentes, para que ajudassem Lucas com uma estratégia para a Missão.

– Acalmem-se, seus tolos. Decidam isso de forma civilizada – interveio Débora - parecem dois bebezões! – ela revirou os olhos.

– Esse Babaca que começou! Idiota. – Respondeu João – foi embora, cara. O posto é meu! Ta no Livro de regras dos chalés, página 4, parágrafo 6: ”Caso o conselheiro precise ausentar-se, um novo é eleito e o substitui...”.

–“... Até a volta do anterior” – completou Lucas – Eu já li esse livro três vezes, cara!

–Você sabe ler? – Perguntou João, fazendo Débora soltar um riso abafado. Os olhos de Lucas se encheram de fúria. Serrou os punhos, prestes a fazer uma besteira.

– Parem! – Camila foi mais rápida que o garoto irritado. Ambos os filhos de Poseidon ficaram estáticos por alguns segundos, a filha de Afrodite havia usado o charme para dar a ordem. Esse poder lhe concedia muitas coisas, roupas, joias, carros, alguns anos no reformatório...

–BASTA! – Ordenou Quíron. Todos estremeceram. Os irmãos acordaram do Transe. -Lucas, o João tem razão. O posto ainda pertence a ele, você vai começar uma missão agora, não pode assumi-lo.

– CHUPAAA- disse João em comemoração e deboche.

– Mais uma dessas e você terá que limpar o estábulo dos pégasos. – a ameaça do centauro fez com que João se arrepiasse, aquele lar dos cavalinhos voadores cheirava pior que a meia suja de Lucas.

***

Gabryela estava cercada por uma neblina, estava perdida e desorientada, uma luz branca apareceu e ela a seguiu, a neblina lhe mostrou imagens. Uma cerca - eram casas - carros, pássaros... Mas algo começa a mudar, a luz se torna púrpura, o ambiente ficou sombrio, a neblina começou a esvair, mostrando-lhe uma hidra, cor de vinho, seus dentes eram dourados e seus olhos eram esverdeados. A Filha de Apolo se assustou ao perceber que o monstro lhe encarava, quando ele abriu a boca, uma labareda de fogo com tonalidade verde começou a se formar, a jovem sentiu o calor, o fogo lhe consumindo.

–AH! – Gaby acordou e soltou um gritinho abafado, ela estava no quarto de hospedes da casa grande. Estava suada e atônita com o sonho. – É só um sonho, só um sonho... - disse tentando convencer a si mesma, a jovem então escutou vozes vindo do andar de baixo – O que será que está acontecendo? – se questionou ao levantar da cama e ir em direção ao banheiro.

***

–A gente já pode começar essa reunião? – Perguntou Débora impaciente. – Alguém poderia chamar a ruivinha? Tobias! – um jovem sátiro entrou na sala - Por favor, chame Rachel aqui. Diga que é urgente. – Tobias saiu galopando dali.

– Vocês não vão começar a reunião sem mim, né?! – A filha de Apolo, Gaby, desceu as escadas da casa azul e foi recebida com abraços e carinhos.

–Finalmente você acordou! Estávamos preocupados com você – Disse Dawis. – Vem, vamos tomar um Nescau.

O silencio tomava conta da sala, os conselheiros se entreolhavam com cara de tédio. Lucas se levantou e foi até o sofá próximo a janela onde Gaby observava serena a vista lá de fora.

– Hey! – ele comprimento ao chegar perto da filha de Apolo e se sentou ao seu lado.

– Hey, Luvas – respondeu Gaby o abraçando.

–“Luvas”? Você ainda se lembra daquele acidente com a luva de Box? – O filho de Poseidon perguntou a Gaby.

– Com certeza – respondeu ela.

Fez-se silêncio. Um silêncio torturante para Lucas, como se ele gritasse dentro de seus ouvidos até estourar seus miolos.

– Eu pensei que você... Desculpe. – uma lagrima percorria seu rosto.

– você não tem por que se desculpar, era meu destino, por um momento até eu mesma pensei – Ela rio enquanto limpava o rosto de Lucas.

– Como você sobreviveu?

–A Luz. – a resposta de Gaby deixou o filho de Poseidon com uma expressão de confusão no rosto. – Depois eu te explico, a Rachel acabou de chegar.

Nesse exato momento passa pela porta, uma garota ruiva, com uma calça jeans toda riscada e uma blusa branca estilo cigana.

–Boa Noite – disse ela de modo ofegante – Vim o mais rápido que pude, mas tinha uma ninfa querendo invadir minha caverna. Bem, tudo terminou bem... Pelo menos pra mim. – falou com um sorrisinho no rosto e logo continuou – Então, Precisam de mim para...

–É que... - Lucas começou a falar e foi interrompido por Rachel.

–... Uma profecia, né?! Bem que poderiam precisar de mim pra... Sei lá... Pintar essa casa... - ela dirigiu o olhar a Quíron – sem ofensas.

– Certo. Quem sabe um dia?! – disse Quíron – Porém, hoje, precisamos apenas de uma profecia.

–Está bem – Rachel falou visivelmente desapontada – Quem é que precisa da Super Rachel?

– Sou eu – Lucas levantou timidamente a mão.

–Sua aura... Ela é confusa, forte, quente... - Rachel deu uma piscadela para Lucas, que corou.

– COF, COF – Camila imitou uma tosse e disse – Você vai fazer a profecia ou não? – Débora cutucou a Filha de Afrodite com o cotovelo – Ai! – exclamou - Eu só quero saber, ué...

Rachel soltou um risinho.

– Não se preocupa, ele não faz o meu tipo – o comentário dela fez os dois corarem. – Bom, só pra esclarecer: eu não faço as profecias, elas só... – Os olhos da ruiva ganharam um brilho esverdeado, ela abriu a boca e uma voz macabra e duplicada disse:

“Nas Correntes salgadas

O descendente do trono perseguirá

Aquilo que lhe representa o poder

A dividida uma escolha os dará

E o último suspiro da bela apaixonada

Há de chegar”

Rachel voltou a si, olhou para Lucas e só conseguiu dizer:

– Seja forte! - E desmaiou. João e Henri correram para ajudar e colocam-na no sofá.

–Nossa, ela pesa! – comentou Henri.

–Sua sorte é que ela tá desacordada, se não ela ia te dar uns tabefes – disse João.

***

Vicky estava na praia, sentada em uma cadeira de praia, debaixo de um grade guarda-sol - e quando digo grande é grande mesmo.

– Acho mó sacanagem só os conselheiros serem chamados. Né Teu Pai?! – o cão infernal que estava ao seu lado balançou a cabeça positivamente.

–EI VICKY! – Bea, a filha de Atena, acenava descontroladamente para a Filha de Hades, que devolveu com mais empolgação ainda. Ao chegar perto, Beatriz perguntou:

– Você não vai entrar na água?

– Mas e se Teu Pai quiser entrar juntou? Como faz? – Vick disse meio bolada.

–Dá banho nele, uai!

–Então vou dar banho no Teu Pai! – disse Vicky ao se levantar da cadeira, ela para por alguns minutos, analisa a frase que acabou de dizer e cai na gargalhada. – Não podia ter escolhido nome melhor para essa coisinha fofa – falou fazendo carinho em Teu Pai, que pareceu adorar.

***

–Essa profecia me preocupa – falou Débora.

– A mim também, mas eu não quero pensar nela agora, eu preciso achar o Tridente de Poseidon. – afirmou Lucas batendo na mesa levemente. – O Numero de pessoas ideal para uma missão é três, mesmo que isso nem sempre signifique sorte. Enfim...

–Exatamente. Quem você levará? – Perguntou Quíron – Quanto mais cedo escolher, mais rápido poderá seguir missão.

Lucas não acreditava no nome que estava para dizer, mas ele confiava nessa pessoa, confiava em suas habilidades e inteligência, não podia deixá-la de fora. Mesmo que isso pudesse exigir muita paciência e controle. – A Ricci, ela é boa em estratégias e... Bom, é mais por isso mesmo. – Débora ficou estática, nunca imaginou que seu nome seria chamado, depois de tudo que disse e falou.

–A Segunda pessoa que vou levar é... Camila. – O olhar dela se encontrou com o dele e ambos coraram.

Por uns breves minutos, Lucas pensou em levar Gaby, no lugar da filha de Afrodite, mas não estava pronto para repetir uma missão com o mesmo elenco daquela outra, que fora tão trágica. Além do mais, Camila tinha mostrado ótimo treinamento no capture a bandeira e suas habilidades com o charme poderiam ser bem úteis na missão.

–Então, tudo certo quanto aos participantes da missão, vamos definir a rota - Sugeriu Quíron.

***

Lucas estava na beira da praia, cansado psicologicamente, a reunião para definir por onde eles começariam a procurar o tridente fora demorada e cansativa, Eles tentaram entrar em contato com Poseidon, para saber mais informações, porém não conseguiram obter contato com o deus dos mares. Uma Náiade lhes avisara que uma movimentação suspeita estava sobre investigação marítima. Todos os guardas do reino de Atlantida estavam investigando.

–Você sabe que daqui a meia hora começa a guarda das Harpias, né?! – perguntou Dawis se sentando ao lado de Lucas, na areia.

–É. Eu sei – O filho de Poseidon ensaiou uma risada, mas sua mente não estava no clima - Desculpa não ter te levado na missão, mas alguém precisa ficar do lado da Gaby agora, e você é o mais indicado a isso.

–Não esquenta, cara. Eu te entendo, cuide bem da Débora por mim, okay? Ah! E da Mila também – Dawis fez uma cara parecida com o emotion da lua safada do whatsapp e cutucou Lucas com o cotovelo. Ele riu.

–Masoq! – Lucas não resistiu e riu – Não posso me dar a esse luxo, cara. Tenho que ter foco na missão – disse tentando ficar sério.

–Aham, se você diz... – Dawis começou a rabiscar a areia com um galho quando uma sineta suou – Xiii. Vamos sair daqui, antes de virar comida de harpia.

– Certo! – Lucas e Dawis se levantaram, e seguiram em direção dos seus respectivos chalés.

***

–Cadê aquele cérebro de camarão? – Débora acordara cedo, assim como o combinado na reunião da noite anterior. O sol nem apareceea direito e a filha de Atena já estava na pista de voos para pégasos, ao lado de Camila, esperando Lucas.

– Ele já deve estar vindo. Se acalme – Camila disse depois de um bocejo, logo em seguida puxou um espelho para ver se estava tudo em ordem.

– Me acalmar? A Missão é dele, deveria ser o primeiro a acordar. – A filha de Atena estava visivelmente irritada, teve uma noite horrível, já que teve um sonho confuso e como sempre apavorante. – Aquele incompetente! – disse bufando.

– Quem é o incompetente aqui? – Lucas havia pousado atrás delas, ele estava sobre um pégaso branco, logo em seguida um pégaso marrom e outro preto pousaram na pista. – Aqui está a nossa carona, pelo menos até uma parte do caminho.

–Por que só até uma parte? – Perguntou Mila fechando o espelho e o guardando na bolsa.

–Bom, eu posso ser várias coisas, menos um tirano – falou Lucas descendo do cavalo alado – Fred, insistiu muito, mas eu sei que essa viagem trará um esgotamento físico enorme pra ele e seus amigos – disse enquanto acariciava o focinho de Fred, o pégaso branco.

–E seguiremos viagem como? Gênio – interrompeu Débora – Já estava tudo combinado! É difícil seguir um plano?!

–Na hora certa vocês saberão... – Então deu uma piscadela para Mila – Então, Trouxeram tudo o que precisam?

–Sim – Débora e Mila responderam em uníssono. – Perfeito, agora vamos logo!

Os três semideuses subiram nos pégasos e alçaram voo no céu nublado do litoral de Long Island.

***

–Vicky! Eu já disse não! N-A-O-TIO: NÃO! – Dawis estava com os braços cruzados e a raiva estava estampada em seu rosto.

–Mas Dawis, Onde ele vai dormir? Olha essa carinha, ele é tão fofucho e inocente! – a Filha de Hades fazia carinho no seu cão infernal que estava sentado ao seu lado. Ela Havia deixado o animal passar uma noite no Chalé de Hades, e o resultado disso fora o travesseiro de Dawis destruído. – Ele disse que se arrepende, foi sem querer, né Teu Pai?! – O Cachorro pareceu concordar.

– Victoria! Esse cachorro tem uns 2 metros! Ele destruiu meu travesseiro! Ele NÃO vai ficar aqui! – Dawis falou de maneira autoritária, parecia sua palavra final.

–SEU... SEU... BOBÃO! – a garota se levantou e saiu em direção à porta – Vamos Teu Pai! Não se misture com essa gentalha! – No mesmo momento em que Vicky saiu, Gaby entrou no Chalé.

–Vixe, alguém está estressada com você – a filha de Apolo achava aquele chalé muito sombrio e assustador, mas precisava visitar seu amigo.

– Logo, logo passa, nem se preocupa – respondeu Dawis, que estava confuso com a visita da garota. – Então, o que você deseja na minha humilde residência? – perguntou enquanto arrumava sua cama.

–São 11 horas, Débora disse que mandaria uma mensagem de Íris ás 10 horas! – Gaby falou com um leve tom de preocupação na voz.

–Você tem razão! Ela nunca se atrasa, mesmo que em ligações. Alguma coisa aconteceu – Dawis parou o que fazia e tentou não pensar no pior.