Candidatos a Deuses

Capítulo 37


– Como assim, são vocês? – perguntou Lilás.

– Nós somos o Destino – repetiu Tech – Vocês queriam todos saber os nossos poderes, então, aí têm. Somos o Destino.

– Vocês é que nos controlam? – perguntou Saya, empalidecendo.

– Não – negou Dest, sério – Cada um de vocês escreve a sua história. Vocês têm o chamado livre-arbítrio e fazem as escolhas que querem para a vossa vida. Mas eu e o Tech temos o poder de alterar isso.

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– E conseguem fazê-lo sem o nosso primeiro nome? – admirou-se Ouro.

– Não precisamos do vosso primeiro nome porque não vos queremos controlar individualmente – disse Tech – Nós controlamos-vos a um nível muito superior. Se nós decidirmos que vocês amanhã partem uma perna, vocês partem uma perna e pronto. Com o vosso primeiro nome o que nós poderíamos simplesmente fazer era ordenar-vos que dessem uma marretada na própria perna para a partir. Não sei se estão a ver a diferença…

– Sim – disse Hisui, acenando.

– Não – disse Softhe, com ar aborrecido – Dá um exemplo.

Tech ponderou alguns segundos.

– Foi o Tech que fez com que te apaixonasses pelo Burn – disse Dest.

– O quê? – perguntou Burn, erguendo uma sobrancelha desconfiada.

– Isso já estava destinado – defendeu-se Tech, franzindo o sobrolho.

– Mas apressaste o processo – insistiu Dest.

– Hey, falem para nós – disse Burn, gesticulando para chamar a atenção dos gémeos – Que história é essa de estar destinado?

– Tu e a Softhe foram, literalmente, feitos um para o outro – disse Tech – Os vossos corações batem ao mesmo ritmo e um para o outro. É… é difícil explicar, mas, basicamente, as vossas vidas seguem um dado ritmo. Como o ritmo de uma música. Eu consigo ler esse ritmo e alterá-lo, retardá-lo ou apressá-lo. Foi isso que fiz quando disse da outra vez que tu querias ter um assunto com a Softhe. Não o deveria ter feito, e peço desculpa por isso, mas fiz com que vocês se aproximassem muito mais rapidamente um do outro, talvez mesmo demasiado rapidamente, pelo que a vossa relação agora pode ser ainda muito confusa para vocês.

Burn cerrou os maxilares e os punhos, olhou para Softhe, que estava petrificada ao seu lado, e depois voltou a olhar para Tech.

– Não poderias ter anulado isso? – perguntou – Não poderias ter dito que afinal eu não teria de ficar com a Softhe?

– Não é assim tão simples – negou Dest – Para começar, depois de nós proferirmos algo, essa coisa acontece e nada a pode impedir a não ser nós próprios, com um sacrifício de sangue que, devo dizer, é extremamente cansativo e doloroso. E, como o Tech disse, os vossos corações batem um para o outro. Não havia outra maneira, vocês acabariam sempre por se conhecer e apaixonar…

– Eu não estou apaixonado por ela! – negou Burn, batendo com o punho no chão – Não estou apaixonado por ela e quero que tirem essa… coisa… entre nós já!

– Não, não queres – negou Dest – Para começar, como o Tech já proferiu aquelas palavras, nós teríamos de fazer um sacrifício de sangue para corrigir o que ele fez. Mas se depois disso ele te tentar “juntar” com outra rapariga…

– Não quero que me juntem a rapariga nenhuma – rosnou Burn.

– Não tens opção – disse Tech – Todos nós fomos criados aos pares.

– E se ele te tentar juntar a outra rapariga – retomou Dest a sua explicação – Como por exemplo a Bella… ele estará a destruir a tua vida, a vida da Softhe, que é o teu par, a vida da Bella e a minha vida, que sou o verdadeiro par da Bella.

E depois calou-se, corando, quando reparou que falara demais. Bella também estava muito corada e algo assustada.

– Sabes os pares de cada um de nós? – perguntou Saya, erguendo uma sobrancelha.

– Eu sei – disse Tech – Só eu consigo fazer essa leitura, o Dest não.

– Quem é o meu? – perguntou Shark, curioso.

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Tech tentou conter-se, mas acabou a rir suavemente.

– Não creio que precises de saber isso. Estás a ir no bom caminho, portanto…

Shark sorriu e lançou um olhar malandro a L, que corou.

– Disseste que os teus poderes são superiores ao Colar Negro – disse Bella, baixinho, corando ainda mais por se estar a dirigir àquele que acabara de se revelar o “homem da sua vida”.

– Sim – confirmou Dest – Apesar de ter o Colar Negro e de os meus poderes estarem enfraquecidos, ainda consigo recorrer a eles. Quando te encontrei no corredor, estava a garantir que o meu desejo estava a ser realizado. O desejo de que os guardas da escola não apanhassem nenhum de nós fora da cama. Mas é também só por causa do Colar Negro que pude falar em pernas partidas, caso contrário, vocês iriam mesmo partir todos uma perna amanhã.

– Ainda temos alguma dificuldade em controlar-nos – disse Tech – Mas os Colares ajudam.

– Vocês não têm quatro caras nem quatro mãos – disse Shark de repente.

– Eles são quatro pessoas – fê-lo ver Yngrid – Mas são apenas três poderes. E as quatro mãos referem-se às mãos do Dest e do Tech. Mas ainda falta a Protetora… “Por fim, da semente divina plantada em ventre humano, ela será gerada. Protetora da Vida e da Humanidade, com o Livro de Nomes construirá a felicidade.”

– É impressão minha ou isso no início quer dizer que ela é uma espécie de semideusa? – perguntou Ouro.

– Não acho que seja impressão tua – disse Hisui – Acho que é exatamente isso que a profecia quer diz. O pai é deus e a mãe é humana.

– Mas não tem mais nenhuma característica dessa deusa – notou Yngrid – Não dá para saber quem ela será.

– Bem, quantos deuses se envolvem com humanas? – perguntou Bella – Acho que nunca ouvi falar em tal coisa! Portanto, não será difícil descobrir.

– E nós ainda temos alguém que veio do mundo humano e que não conhece os pais – lembrou Hisui, lançando um olhar sugestivo a L.

– Não tenho nenhum Livro de Nomes – disse ela de imediato, erguendo as mãos.

– Quais são as probabilidades de ela ser a Protetora? – ponderou Hisui.

– Quase nenhumas? – arriscou Saya – A L não tem poderes nenhuns.

– Porque é que vocês não pensam noutra coisa antes disso? – perguntou Ouro de repente.

– Que coisa? – perguntou Hisui.

– Até agora, quatro dos cinco deuses que são referidos na profecia vieram do mundo humano. E a Protetora será semideusa. Eu acho muito estranho que todos eles venham do mesmo sítio. Não deveriam estar nos Templos dos pais, a ser superprotegidos?

– Não, se alguém quisesse impedir a concretização da profecia – murmurou Yngrid, seguindo a linha de raciocínio de Ouro – Se alguém estivesse contra a reorganização do mundo.

– Exato – confirmou Ouro – Vocês foram deixados no mundo humano por uma razão. Só nos resta descobrir se foram deixados lá para despistar quem vos queria fazer mal. Ou se foram raptados para lá.