Eu Ainda Estou Aqui

Capítulo 3


– Srta. Wright ? – levanto os olhos ao reconhecer a voz.

– Carl! Como você está ? – eu me levanto e dou um abraço no senhor parado a minha frente.

Carl trabalha em um cartório, ele que sempre deixa os documentos prontos para nós, conhece meu pai a anos.

– Estou bem, e você, como anda ?

– Bem. Mas então, o que te trás aqui ?

– Papéis – responde colocando um bloquinho de folhas sulfites em cima da mesa - cometi o erro de ligar para o seu pai ir buscá-los, e ele esqueceu, foi viajar a uma semana.

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– Isso é a cara do meu pai! Mas obrigada por trazê-los aqui.

– De nada! Lizzi, preciso desses papeis em cima no cartório segunda, desculpa te dar um prazo tão pequeno e eu sei que é pra amanhã, mas eu só tive tempo de te trazer isso agora.

– Tudo bem, Carl. Muito obrigada!

– Magina! Nos vemos por ai, garota! – ele me dá um beijo no alto da cabeça e sai.

Ótimo! Preciso levar esse papéis para Jason assinar, hoje ele não está aqui, domingo é seu dia de descanso. E quer saber mais uma coisa ótima !? Estou sem carona. Sam está fora da cidade o dia inteiro.

Fecho a academia às 15h e vou em direção ao ponto de ônibus. Jason mora em um bairro onde eu nunca estive.

Depois de quinze minutos o ônibus para em seu bairro, é um bairro periférico, nada contra, mas eu não me sinto muito segura andando por aqui.

Chego na rua indicada em seu endereço e procuro pelo numero 230 nas paredes até sentir meu corpo ser empurrado para dentro de uma viela.

– Olha só o que eu encontrei por aqui ! – diz uma voz masculina.

Um homem alto e forte se aproxima de mim e apesar da boa aparência parece estar bêbado e segura meus braços acima da cabeça.

– Me solta!

Eu tento chutá-lo mas ele pisa em cima dos meus pés.

– Você é mal criada – ele ri.

Grito e me debato, mas não sou forte o bastante, ele aproxima seu rosto do meu, mas antes que faça contato, o homem é lançado para longe de mim,caindo no chão, eu olho para ver se onde veio a agressão.

Jason está parado em pé olhando furiosamente para o homem. Ele olha para mim e me toma em seus braços.

– Ja..Jason... Eu não sabia que ela... estava com você...

– Mesmo que não estivesse, você não tinha o direito de tocar nela! – Jason diz furioso – Melhor você nunca mais pensar em fazer alguma coisa assim ou eu vou ... – ele não termina a frase.

O homem apenas olha apavorado para mim e Jason enquanto nos afastamos. Sou arrastada por duas quadras até entramos em um barracão. Dentro do barracão vejo uma sala, há um sofá de frente para a parede onde está uma imensa televisão conectada a um Xbox, e uma mesinha de centro entre o sofá e a TV rodeada por mais duas poltronas. Há um mesa de bilhar em um canto, e uma moto pousa silenciosa perto da porta. No fundo há uma cozinha e uma escada que leva a um andar exposto onde eu vejo um lado de uma cama grande, um criado mudo, e duas portas.

– Princesa – Jason coloca as mãos nos meus ombros me analisando – está tudo bem ? Ele te machucou ?

Apenas faço que não com a cabeça, ainda estou chocada com o que aconteceu. Jason me encara por alguns minutos e me conduz até o sofá, me sento e ele se senta na mesinha de centro de frente para mim.

– Está tudo bem mesmo ?

Faço que sim com cabeça.

– Poderia me convencer se você falasse.

– Eu estou bem – minha voz sai mais baixo do que planejado.

– Olha, não foi nada, ninguém vai tocar em você de novo sem a sua permissão, ok!? – ele pega minhas mãos e eu assinto – então, o que veio fazer aqui ?

– Eu vim ... – os papéis caíram na viela, bato na minha testa – trouxe uns papéis pra você assinar, mas eles caíram.

– Ah sim, espera um minutinho.

Jason se levanta e sai pela porta, segundos depois ele volta, olha para mim e sorri. A campainha toca e ele abre a porta novamente, alguém lhe entrega os papéis, depois volta a se sentar na mesinha e me entrega os papéis, mas eu os empurro de volta.

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– Preciso que você leia isso e assine, preciso deles amanhã, é que meu pai esqueceu de ir buscá-los, e Carl precisa deles no cartório amanhã pra que não cancelem sua inscrição no estadual.

– Ok, espera um pouquinho que eu já te entrego.

Jason demora vinte minutos para ler todos os papéis e assinar.

– Aqui estão.

– Obrigada... – digo – por tudo.

– Tudo bem.

Eu me viro de costas indo em direção a porta.

– Onde vai ?

– Embora?

– Achei que ia ficar por aqui comigo – ele faz cara de chateado e eu reviro os olhos – eu não vou te deixar ir pra casa sozinha.

– Não vou sozinha, vou de ônibus.

– Não vou te deixar ir pra casa de ônibus. Vamos.

Ele pega a moto e a leva pra fora.

– Eu não vou subir nessa moto! – digo.

Nunca andei de moto antes, não quero ter uma primeira experiência.

– Não é uma moto, princesa, é uma Harley... Davidson.

– Parece uma moto pra mim – ele ri do meu comentário.

– Vamos lá, prometo que vou devagar.

Engulo seco, e subo na moto, sento atrás de Jason colocando a pasta dos papéis entre nós, suas costas tampam minha visão.

– Melhor se segurar!

– Você prometeu que ia devagar! – protesto mas minhas palavras são escondidas pelo barulho da moto.

Jason ri e dá partida na moto, por puro reflexo me agarro ao seu corpo passando os braços por sua cintura e escondendo o rosto em suas costas enquanto a moto arranca a toda velocidade.

– Fica melhor se você olhar! – ele grita através do vento.

Relutante eu abro os olhos e viro o rosto descansando a lateral esquerda em suas costas. As ruas passam diante dos meus olhos rapidamente, vejo pessoas, lojas e casas, e em poucos minutos estamos parados em frente a minha casa. Salto da moto.

– Não foi tão mal assim – ele sorri para mim.

– Obrigada – eu lhe estendo a mão.

Ele a pega rindo da minha reação, solto minha mão e vou para dentro de casa segurando firmemente os papéis contra o peito.

– Te vejo amanhã, princesa – ouço Jason dizer antes de fechar a porta.