Nosso mundo é um lugar perigoso para se morar. Temos que sobreviver a vários tipos de monstros. Se você quiser sobreviver, terá que ter uma comunidade para onde voltar. Eu sou o líder de uma dessas comunidades. Prazer, Alexandro.
Sempre que tínhamos problemas com feiticeiros, íamos visitar um mago de grande experiência, (cujo titulo é “mago superior”) que vive em uma cabana na floresta. Costumávamos.
A ultima vez que fui visitá-lo, encontrei uma garota de 8 ou 9 anos, tinha pele clara e cabelo negro, mas seus lábios estavam estranhamente avermelhados, e os olhos também, como se estivesse chorando. Ela olhou para mim com um rosto exausto.
― Sim? ― ela perguntou.
― Quero ver o mago superior.
Ela me olhou de alto a baixo e suspirou.
― desculpe-me. - ela disse com olhos baixos, mas o mago superior que morava aqui, não está mais entre nós.
Aquele foi um golpe duro para esse lugar, mas a vida continua, o mundo gira e agora, quatro anos depois, recebemos a antiga aprendiz de nosso protetor. Ninguém a conhece, só sabemos que sua força vem de antigas gerações, (em outras palavras, ela tem sangue nobre) mas dizem que ela pode dominar qualquer homem apenas com o olhar. Eu não acredito, nisso, mas ainda espero muito dessa garota.
Vamos encontrá-la no salão de reuniões daqui a alguns dias.
Era o dia da reunião, todos nós em nossas roupas á altura do evento, até Arthur chegar. O garoto tinha vindo com uma calça jeans, ela era mais longa do que devia, mas ao invés de simplesmente dobrar a barra da calça, ele a deixou ficar totalmente bagunçada, com uma camiseta marrom por baixo de uma jaqueta da mesma cor e um cabelo bagunçado, certamente não parecia elegante a meu ver.
Mas afinal, o que eu posso fazer com esse garoto? Seu pai (meu irmão) e mãe simplesmente desapareceram, e adivinha quem foi o boboca que sobrou para cuidar dele? Pois é.
― Só vim para dizer que nem vou comparecer a reunião. O que um “moça como ela” ― ele fez aspas com os dedos ― Vai querer com um garoto de 13 anos?
Teríamos começado a gritar um com o outro, se eu não ouvisse o ritmo de passos. Ela chegou.
― “Vo” nessa ― Arthur disse.
― Não vai não ― O segurei e fiz olhar para mim ― meu sobrinho não aparecerá na frente de uma madame assim.
― E o que você sugere que eu faça? ― perguntou com raiva.
Não consegui conter um sorriso.
― Ainda bem que sempre tenho uma roupa reserva escondida no banheiro.
Transbordando de raiva, o garoto se virou e foi até o banheiro, eu sabia que ele não sairia dali o restante da reunião, apenas por teimosia

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Então a porta se abriu e eu não pude acreditar no que vi