Lábios de dor
Um vício, uma droga, uma nova relação
Dentro da casa todos cumprimentam Marti, mas ele percebe que o clima ali dentro está meio ruim.
–Quem morreu? = Pergunta ele em tom de brincadeira sem saber do ocorrido.
–Um pessoalzinho aí. – responde Filipe indo pra cozinha. – Seja lá quem for que governa nosso universo, quis nos fazer ver bastante sangue.
O sorriso de Marti desaparece.
–Quer comer ou beber algo? – pergunta Filipe da cozinha bebendo uma garrafa de aguardente.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!=Estou sem fome, obrigado.
–Ah é, você é diabético, havia esquecido, foi mal.
–Sem problemas, no momento só preciso dormir um pouco.
–Então hoje é seu dia de sorte, um pessoal foi embora sem avisar e tem umas camas sobrando lá em cima. – Apenas Filipe ri de sua própria piada.
Marti leva a mão em direção à testa e com apenas os dedos indicador e médio estendidos à toca, após fazer isso distancia a mão e vai para o andar de cima.
Filipe está andando para fora da casa com a garrafa de aguardente quando o barulho de alguém limpando a garganta, ele se vira e encontra Isadora o encarando com cara de poucos amigos e braços cruzados.
–Você não está em condições para estar bebendo. – Diz ela em tom de repreensão e tenta tomar a garrafa da mão do irresponsável.
Filipe empurra Isadora para o lado, toma mais um gole do destilado, limpa a boca molhada com o antebraço e se volta para ela.
–É o seguinte, eu quase morri e provavelmente e alguns dias estarei morto, então... – Ele toma mais um gole. – NÃO TENTA CUIDAR DA PORRA DA MINHA VIDA OU EU TIRO A SUA!
–NEM TENTA DAR UMA DE BRAVINHO PRA CIMA DE MIM, EU SÓ ME PREOCUPO COM VOCÊ E FAÇO DE TUDO PARA QUE FIQUE BEM, MAS ISSO PARECE NÃO VALER NADA. – Ela põe o dedo na cara de Filipe. – Eu to cansada disso.
Filipe revira os olhos e dá as costas pra Isa indo em direção à porta, Isadora avança em sua direção, mas é segurada por Clarisse e Ju.
–Deixa esse babaca fazer merda pra depois se arrepender e aprender com os erros. – Diz Thalles.
Filipe caminha em direção a seu carro, a noite está fria e quieta, mas a bebida esquenta o corpo do homem que caminha solitário, ele entra em seu carro, liga o rádio e pluga seu pen drive. Os minutos se passam tranquilamente ao som de Alive do Pearl Jam, About a girl do Nirvana, Dias atrás do CPM 22, Longe de você do Charlie Brow Jr., Butterfly do Nazareth e Freebird do Lynyrd Skynyrd. Praticamente no mesmo instante que essa última música acaba alguém bate no vidro do carro. Filipe olha para fora, pela janela do carona e vê Celly lá fora enrolada em uma coberta, ele abre a porta.
–Bate no meu vidro novamente e eu quebro sua mão.
A garota fica parada do lado de fora paralisada devido ao inesperado.
–Vai entrar ou posso fechar a porta?
A garota entra no carro e Filipe estende a garrafa para ela, ela dá um gole e devolve a garrafa.
–O que você quer? – pergunta Filipe após bebericar.
–Queria pedir desculpas pelo o que houve.
–Não precisa. – Ele bebe novamente. – Foi até que legal.
–Ainda assim, não estou me sentindo bem desde aquele dia.
Os dois bebem e conversam, aos poucos vão se conhecendo e se embebedando sem perceberem.
Filipe vai passar a garrafa, mas a derruba, dessa forma molhando a camisa de Celly, ela dá um tapa no rosto dele e os dois se encaram. A encarada dura alguns segundos e eles começam a se beijar, Celly vai para cima de Filipe e os dois agora ocupam o mesmo banco, o efeito do álcool sobre eles faz as coisas tomarem um rumo inesperado.
Poucos minutos depois, Magru sai da casa para fumar, porém ao encontrar o Ford Galaxie balançando e os vidros embaçados ela arregala os olhos e volta para dentro de casa.
–Ela conseguiu o fazer parar de beber? – Pergunta Malu lendo uma HQ de X-men.
Magru olha pra ela com uma sobrancelha levantada, olha para o lado.
–É... Acho que sim. – Responde ela balançando a cabeça de forma positiva vagarosamente.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Malu não entende, mas ignora e volta a ler.
Parte da noite passa quase todos estão em suas camas e então Filipe e Celly entram em casa.
–Você tem certeza que está ciente do que fez? – Pergunta Filipe mais uma vez.
–Já disse que sim. – Responde a garota com um sorriso.
–Então tá.
Eles dão um beijo rápido e Celly vai tomar um banho, Filipe se joga no sofá. Desde que ele viu a garota pela primeira vez já se sentiu atraído, mas teve pouco tempo com ela, após ele ter acabado com a horda de zumbis ainda havia uma ultima bala na arma, ele pensou em se matar e acabar com a dor, aí ele se lembrou do motivo de estar ali e decidiu que antes de morrer precisava ao menos olhar para o rosto da garota mais uma vez, isso o motivou a enfrentar a dor e caminhar de volta para o sítio.
Um sorriso sincero e verdadeiro brota no rosto do sobrevivente, ele tem um novo motivo pra sobreviver e ironicamente é o mesmo motivo pelo qual ele escolhe morrer, a garota adquiriu sua proteção e ele sabe que isso apenas vai acelerar sua morte, apesar disso ele gosta.
–Posso segurar sua mão para dizer aos meus amigos que toquei um anjo? – A voz de Thalles interrompe os pensamentos do bêbado.
Filipe olha em direção à porta por onde entram Thalles e Log.
–Já vou dormir boa noite. – Log beija Thalles. – Boa noite, Lipe.
–Eu não ganho beijo? – Pergunta Filipe de forma embriagada.
–Vai se ferrar, seu jagunço. – Log sobe as escadas pisando duro.
Filipe agora vira o rosto em direção a Thalles.
–E aí, comeu?
Thalles balança a cabeça negativamente.
–Não, cara, agora vai dormir. – Ele cobre o nariz com a mão. – Nossa, seu hálito tá fazendo meus olhos lacrimejarem. – Thalles sobe as escadas em direção a seu quarto.
Filipe bafora em sua mão e se arrepende por causa do cheiro de álcool invadindo suas narinas. Ele ri e em poucos minutos o sono o toma e obriga-o a dormir.
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