Uma Babá Sem Noção
Capítulo: 6 - Central Park.
Bella
Nossa! Que bagunça a criançada fez no quarto! Isso tudo para não ir ao colégio hoje de manhã, aí sobra para minha pessoa arrumar tudo por aqui.
— Vai uma ajudinha aí, Bella? — perguntou Bree, risonha.
Bree era uma das garotas que limpavam e arrumavam a mansão. Ela era tão nova! Tinha dezenove anos e trabalhava aqui para se sustentar em Nova York. Tinha cabelos lisos grandes e da cor preta, olhos de um castanho escuro, pele branca, e um sorriso sincero em meio a timidez. Diferente da outra garota da limpeza, Jessica, que era a fofoqueira de plantão. Eu ria das histórias que ela contava.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Ficaria muito grata, Bree — falei, pegando alguns ursos do chão. Estava no quarto de Lily.
Bree sorriu e veio me ajudar.
— Bella? — chamou-me Anne.
—Sim, Anne? — perguntei, ainda de costas para ela, pegando as coisas no chão.
— Ligaram da escola e... — começou em tom preocupado.
Alarmada, me virei encontrando uma Anne também de rosto preocupado.
— E...?
— Parece que o Peter se envolveu em uma briga e estão chamando algum responsável para ir lá.
— Ah, Meu Deus! — murmurei — Tem certeza que era o Peter? — perguntei, estranhando. Das quatro crianças, a mais calma era justamente ele.
— Sim.
— Bree, pode terminar o serviço? Só falta o quarto do Liam.
— Pode deixar, Bella — sussurrou Bree, amigavelmente.
Saí, literalmente, correndo do quarto. Entrei no meu como um furacão, peguei a primeira roupa do closet, joguei em cima da cama, peguei uma tolha e voei para o banheiro.
Depois do banho, me vesti rapidamente e fiz um coque mal feito nos cabelos. Peguei as chaves do carro, uma bolsa e corri pela escada. Minutos depois eu já estava no colégio das crianças.
— Bom dia, Mary — cumprimentei a secretaria.
— Bom dia, Bella. A senhora Mason já te aguarda.
Assenti e fui andando normalmente até a sala da coordenadora. Dei duas batidas de leve e escutei um entre.
— Bom dia, senhora Stella Mason — cumprimentei, assim que abri a porta.
— Bom dia, senhorita Swan.
Olhei ao redor da sala e encontrei Peter, sentado em uma das cadeiras com o rostinho baixo. Percebi que ele chorava baixinho pelos movimentos de seus ombros.
— Oh, Peter — falei angustiada. Detestava ver alguém chorando, principalmente quem eu gostava — O que houve meu anjo? — perguntei, abaixando-me na sua frente e tocando seus cabelos loiros e lisinhos.
Ele olhou para mim, os olhinhos azuis transbordando-se em lágrimas. Abraçou-me apertado e eu fiz o mesmo.
— O que houve, senhorita, foi que Peter se envolveu em uma pequena briga com alguns garotos — a coordenadora explicou.
— Briga? — perguntei incrédula, colocando Peter no meu colo. Sentei-me na cadeira que antes era ocupada por ele.
— Sim, alguns garotos o apelidaram e ele devolveu jogando uma pedra pequena na cabeça de um deles — novamente explicou. Sua expressão era séria.
— Peter! — falei incrédula — Por que você fez isso meu anjo? Porque não procurou alguém?
— Eu não aguentava mais, Isa — disse baixinho — Todo dia era mesma coisa: Ei, seu esquisitão, qual é o mundo que você está viajando hoje? — disse com a voz triste — E ninguém fazia nada. Estava cansado de ser chamado de esquisitão, idiota, Zé Mané entre outros apelidos.
— Vocês não veem isso não? — perguntei exasperada, diretamente para coordenadora.
Ela se mexeu, desconfortável, na cadeira.
— Os inspetores ficam na hora do intervalo monitorando as crianças. Eles disseram que não viram nada.
— Então está dizendo que o meu menino está mentindo? — me alterei, subindo a voz duas oitavas.
— Acalme-se, senhorita Swan.
— Como se pode ter calma quando se descobre que uma criança que você tanto adora sofre bullying e ninguém faz nada?
— Não estou dizendo que não acredito no Peter — continuou — Eu sei o menino calmo que ele é, por isso, puni os que fizeram isso com ele. Três dias de suspensão...
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Suspirei aliviada. Apesar do castigo dessas crianças malvadas serem pouco, eles vão pagar, por hora, pelo que fizeram com o Peter.
— E dois para Peter — completou.
— O quê? — minha voz saiu fina.
— São normas do colégio, senhorita Swan. Peter agrediu uma das crianças.
— E eles não agrediram o Peter, não? E da pior forma!
— Eles também iram ser punidos — a coordenadora respirou fundo. Eu também respirei. Não iria adiantar de nada ficar discutindo.
— Aqui está o papel — entregou-me um papel com alguma coisa escrita — Entregue a secretaria quinta feira quando trouxer o Peter para escola.
Apenas peguei o papel, sem dizer nada.
— Pode liberar as outras crianças? — pedi em voz baixa.
— Claro — ela rabiscou alguma coisa em outro papel — Entregue isso ao inspetor que ele liberará os outros três.
[...]
— Não acredito que foi brigar com eles Peter, se esses idiotas te machucarem depois? — Melanie estava indignada com o irmão.
Eu já estava levando as crianças de volta para casa.
— Eu não aguentei mais Mel — disse Peter em voz baixa. Ele estava tão abatido!
— Eu disse para você dizer, mas você não me escuta! — ralhou a irmã mais velha.
— Você sabia Melanie? — perguntei chocada.
— Fiquei sabendo quinta da semana passada, quando o vi chorando.
— E porque não falou a ninguém?
— E quem disse que ele deixou Isabella? — perguntou seca — Ele disse que ia contar e eu confiei nele. Se eu soubesse que ele não abriu essa boca, tinha dito — cruzou os braços.
— Tudo bem — suspirei.
O silêncio pairou no carro. Melanie olhava a paisagem sentada no banco do carona, Lily estava penteando os cabelos de Peter com um pente de boneca, Liam estava dormindo. Incomodada com o silêncio, coloquei uma música no rádio. Suspirei, tentando buscar alguma forma de animar as crianças. Uma ideia apareceu em minha cabeça e sorri automaticamente.
— Crianças, que tal nos irmos ao Central Park? — sugeri para tirar a tensão de todos.
— Eba! Poderíamos andar de bicicleta! — se animou Lily.
Olhei para Melanie que deu de ombros e Peter que sorriu fracamente.
— Vamos passar em casa, tomar banho, trocar de roupa, fazer uma cesta de piquenique, pegar bicicleta e ir para o Central Park! — falei animada como uma criança prestes a ir a Disney.
Lily e Peter riram no banco de trás do carro.
Estacionei o carro em frente à mansão e as crianças logo correram para se arrumarem. Só ficou Liam, o dorminhoco. Esse tinha um sono pesado, hein? Desprendi-o da cadeira e levei-o no meu colo para dentro de casa. Ele era bem leve.
— O que aconteceu para as crianças passarem como um foguete? — perguntou Anne, olhando para mim.
— Nós vamos ao Central Park! — disse novamente animada. Anne riu.
— E esse daqui também vai? — perguntou passando a mãos nas costas de Liam.
— Vai. Vou acordá-lo agora — sorri.
— O que houve com o Peter? — perguntou Anne, seu sorriso se esvaindo aos poucos.
— Ele atirou uma pequena pedra em uma criança que praticava bullying — disse entre dentes, contendo a raiva.
Anne ficou chocada.
— Oh, meu Deus! Coitado do Peter, uma criança tão tranquila — falou Anne com um pouco de indignação na voz.
— Pois é. Fiquei morrendo de raiva! — cuspi as palavras.
— Ninguém nunca viu?
— Dizem que não. — fixei meu olhar em outro ponto.
— Bom, espero que isso não ocorra mais.
— Nem eu Anne, se não, a coisa vai ficar feia — garanti.
Toquei o ombro de Anne e subi para o andar de cima. Coloquei Liam sentado em uma cadeira.
— Hey garotão, acorda — chamei sacudindo seu corpo de leve.
— Mnnn — resmungou, se aconchegando na cadeira.
— Liam, acorda, ou você não vai para o Central Park — sacudi-o com mais um pouquinho de força.
Liam abriu um olhou.
— Nós vamos passeá? — perguntou com a voz rouca, por causa do sono.
— Sim — sorri — Agora levanta a bunda gorda e vai tomar um banho.
— Me ajuda? — fez um biquinho, estendo os braços para mim.
Fiquei surpresa com o pedido, Liam não gostava muito que eu o ajudasse.
— Eu estou ainda meio bebinho de sono — completou com um sorriso fofo.
Revirei os olhos e peguei o pequeno no colo. Ele se aconchegou em mim e fechou os olhos.
— Nada de dormir, ok?
Ele balançou a cabeça, positivamente. Coloquei-o na bancada do banheiro e tirei o uniforme da escola. Liguei o chuveiro e o coloquei debaixo da água. Vi um arrepio correr sua pele. Depois de tomado banho, peguei uma bermuda, uma camiseta e uma sandália para Liam.
— Coloca que eu vou ver os seus irmãos, ok? — perguntei.
Liam assentiu.
Fui ao quarto de Lily e Peter, auxiliando-os no banho. Melanie já conseguia se virar sozinha, como a mesma disse, então não precisou de ajuda. Estava voltando para o meu quarto, quando Lily gritou meu nome.
— Algum problema? — perguntei.
— Não sei que roupa eu visto! — disse exasperada.
Arquei uma sobrancelha. Estou lidando com um clone da Alice aqui?
— Tem várias flor, que tal... — olhei o closet e encontrei um vestidinho florido muito fofo.
— Perfeito — ela sorriu.
Entreguei-lhe a peça.
— Escolhe uma sandália também? — fez um biquinho fofo.
Eu ri.
— Ok, sua abusada — brinquei com ela.
Escolhei uma sandália simples e muito fofa também. Espero que dê certo que eu não sou nenhuma expert em moda.
— Essa tiara fica bem? — perguntou Lily com uma tiara rosa de lacinho em mãos.
Levantei os polegares, aprovando. Ela sorriu e colocou a tiara na cabeça, se fitando no espelho.
— Estou bonita — disse para si mesma.
— Linda — concordei.
Ela pegou na minha mão e nós fomos até o quarto dos outros. Peter e Mel já estavam prontos. Só faltava Liam.
— Liam, vamos — chamei da porta de seu quarto.
— Já estou plonto — falou saindo do quarto. Seu cabelo lisinho estava todo espetado.
— O que foi isso? — perguntei tentando tocar no cabelo. Ele não deixou.
— Vai bagunçá — resmungou — É moda Isa — falou com um sorriso maroto.
Revirei os olhos. Crianças!
[...]
Estava sentada, debaixo de uma árvore confortavelmente vendo a movimentação no parque. Lily e Liam estavam andando de bicicleta, Peter estava deitado no meu colo e Melanie lia um livro do meu lado. O dia hoje estava ensolarado e muita gente aproveitava para se divertir ou fazer algum esporte.
— Isa, to com fome — disse Lily parando a bicicleta do meu lado.
— Chame o Liam para nós comermos — ela assentiu e largou a bicicleta do meu lado, correndo atrás do irmão.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Oba! Vamos comer — comemorou Liam, largando a bicicleta também.
Fizemos uma rodinha e eu coloquei a comida em cima da toalha de piquenique. As crianças comeram alegremente enquanto brincavam entre si. Era tão bom ver aqueles pequenos rostinhos iluminados, até Melanie estava mais feliz.
— Você é que é a mãe desse mini delinquente? — perguntou uma mulher, apontando arrogantemente para Peter.
Ela era alta, tinha um corpo bonito, cabelos longos e pretos, bem vestida e tinha uma senhora carranca no rosto.
— Desculpe, mas aqui não tem nenhum mini delinquente — dei um sorriso falso.
— E esse menino é o que?
— Uma criança como qualquer outra — respondi, controlando a raiva.
As crianças observavam tudo caladas.
— Mais isso ele não é mesmo. Esse garotinho atirou uma pedra no meu pequeno Alec! — disse enraivecida.
Ah, então essa megera era a mãe da peste que fez aquilo com o meu Peter?
— Olha aqui, senhora, o único delinquente é o seu filho! — levantei-me do chão — Não se faz com nenhuma pessoa o que ele fez com o Peter. Sabe o que é sofrer bullying? Sabe o que é ser humilhado e se sentir um lixo com apenas algumas palavras? — perguntei com a voz dura.
A expressão da mulher ficou cética.
— Meu filho nunca praticaria bullying! Ele é um amor de menino, isso tudo é invenção desse garoto só porque é um Cullen, pensa que é dono do mundo — esbravejou.
— Não diga que ele está mentindo! — grunhi — Eu o conheço e sei que ele seria incapaz de mentir com uma coisa tão séria. O fato de ele ser um Cullen não quer dizer nada, pois pela as suas roupas, prevejo que a senhora é muito rica, então seu filho não passa de um garoto mimado em que os pais e só passam a mão em sua cabeça — explodi.
A mulher me olhou enraivecida, cerrando os punhos. Algumas pessoas pararam para vê o que acontecia.
— Não vou ficar batendo boca com umazinha qualquer — relaxou os músculos e ajeitou a bolsa no ombro com arrogância. Lançou um olhar raivoso para Peter e saiu de perto de mim.
— Elas não aguentam a veldade — comentou Liam, fazendo todos rirem.
— Isabella, você acabou de ganhar pontos comigo — Melanie falou baixinho para mim.
Olhei para ela com um sorriso no rosto, sentindo-me verdadeiramente feliz. É. Talvez nem tudo esteja perdido.
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