―Hermione, você precisa ir para casa. Rose está bem, descansando e vai ficar muito bem acompanhada. De que adianta ela sair daqui logo, se, quando chegar em casa, a mãe dela vai estar morta de cansaço?

― Gina, eu ...

― Você nada. Jorge e eu vamos ficar aqui, se qualquer coisa acontecer, até mesmo se Rose espirrar, vamos avisar. Não se preocupe, Hermione.

A morena suspirou e se rendeu, não aguentaria muito mais tempo sem dormir ou, ao menos, tomar um banho. É claro que já havia ficado dias acordada, mas a preocupação com a filha a deixara mil vezes mais cansada. Se despediu de todos com um aceno e prometeu estar de volta em duas horas. Pensou na rua de sua casa e aparatou, apertando o casaco contra o corpo; a chuva fina trazia consigo o vento gelado que deixava qualquer um arrepiado. Cumprimentou uma vizinha com um sorriso e quase correu para o portão de casa, clamando por uma cama macia e quentinha.

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Assim que fechou a porta, foi até o quarto, tirando o casaco e as botas. Com a varinha, arrumou a bagunça que havia feito antes de sair de casa, e foi até o banheiro, preparando um banho quente e relaxante, que surtiu efeito. Quando deu por si, estava estirada na cama, despertando de um cochilo repleto de sonhos. Depois de criar coragem para sair debaixo das cobertas e trocar a roupa larga e confortável por um jeans e um casaco comprido, foi até a cômoda, revirando uma caixa repleta de fotografias e escolhendo algumas que julgou boas o bastante. Convocou um envelope e as colocou dentro, guardando-o na bolsa logo em seguida. Passou pelo quarto de Rose, reorganizando a bolsa que Gina levara ao hospital, e em seguida, se dirigiu para a cozinha onde reabasteceu o potinho de ração de Bichento, que não dera sinal de vida. Quando terminou o tour pela casa, aparatou na cafeteria do St. Mungus, pedindo dois cafés fortes e um sanduíche; sabia que um ruivo ainda mais teimoso que ela não havia ido para casa.

Quando entrou no pequeno quarto de hospital, a morena não pode deixar de sorrir. Fred e Jorge estavam sentados de frente para uma Rose bastante confusa, que tentava decifrar quem era o tio Fred e quem era o tio Jorge, o que não era uma tarefa fácil: os dois eram iguais. A pequena olhava de um para outro enquanto os gêmeos seguravam o riso, e, depois de um minuto, e ruivinha cruzou os braços e olhou feio para os dois, mas viu a mãe antes que pudesse dizer qualquer coisa.

―Mamãe!

― Oi, meu amor. Como está? ― a morena se aproximou do trio, largando suas coisas na mesinha ao lado da cama.

― Mamãe, quem é o tio Fred e quem é o tio Jorge? ― a garotinha pediu, manhosa, tentando vencer aquela brincadeira de qualquer maneira.

― Vamos fazer assim, ― Hermione sorriu, inspirando. ― quem você acha que é o Fred?

― Mas eles são iguais, mamãe!

― Na verdade, ― Jorge disse, sorrindo. ― eu sou mais bonito.

― Então você é o tio Fred. ― a ruivinha disse, apontando para Jorge, que fechou a cara.

― Ai, essa doeu, mocinha. ― Jorge dramatizou, colocando a mão sobre o peito, fazendo Rose gargalhar.

― Eu sempre te disse, Jorge. Eu sou o gêmeo mais lindo. ― Fred sorriu, indo até a filha. ― Bate aqui, princesa. ― disse, estendendo a mão no ar.

― Depois dessa traição, eu me retiro. ― Jorge brincou, mandando um beijinho para as meninas e saindo do quarto. Quando a porta se fechou, o silêncio pairou sobre o quarto e Hermione não queria continuar com o clima ruim que vinha junto com ele, então se virou e estendeu o café e o sanduíche para Fred, que apenas a olhou.

― Eu sei que você ainda não foi para casa, e isso é o melhor que eles têm aqui no hospital. Mesmo assim, é melhor que nada.

Os dois trocaram um sorriso, e o ruivo agradeceu pegando o lanche.

― Mamãe, quando eu vou poder ir pra casa? ― Rose perguntou, bocejando logo em seguida.

― Logo, logo, Rô. Draco disse que só precisa confirmar que você está realmente bem, e nós vamos. ― Hermione respondeu, ajudando a pequena a se ajeitar na cama.

― E quando tempo vai demorar?

― Não muito, princesa. ― Fred respondeu, meio sorriso no rosto. ― Por que não descansa um pouquinho? Depois podemos brincar mais.

― Eu, você e a mamãe? ― o ruivo olhou para Hermione antes de confirmar:

― Eu, você e a mamãe.

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Assim que Rose pegou no sono, Hermione tirou o envelope pardo e entregou-o para Fred, que experimentava o café. Ele a olhou confuso mais uma vez, e ela se pôs a explicar:

―São fotografias. Eu sei que elas não vão suprir o tempo que você não teve com ela, mas acho que vai dar para ter uma ideia de como ela era. Claro, não é nada comparado a ver isso no momento em que aconteceu, mas, de novo, é melhor que nada.

Assim que abriu o envelope, Fred sorriu. Haviam diversas fotos da filha ali dentro, rindo, chorando, brincando ou pendurada em uma gaveta da cozinha. Se ele se concentrasse, conseguia ouvir a gargalhada dela só de olhar para algumas das fotos. Parou quando chegou a uma de Hermione com a filha no colo, as duas sorriam abertamente e se olhavam. A pequena não tinha muito mais que um ano de idade, e o sorriso de Hermione era parecido com o que somente Fred conhecia, afinal, ele era o único que a fazia sorrir assim.

Voltou a guarda-las no envelope, e já ia devolve-las para Hermione, que anunciou, antes de mais nada:

―Sãos suas. Quer dizer, se as quiser. É o mínimo que posso fazer para tentar consertar toda essa bagunça. Fique com elas e, não sei, faça o que quiser. ― riu baixinho, encarando os olhos claros do ruivo.

― Obrigada, Hermione. ― e completou, depois de um tempo:

― Eu não sei se as pessoas já disseram isso, mas ela parece com você também.

― Na verdade, você é uma das primeiras pessoas que dizem isso. Os cabelos ruivos chamam mais atenção do que qualquer outra coisa. ― ela sorriu.

― Tem razão. ― Fred concordou, sem deixar de sorrir. ― Mas ela tem o seu nariz e o seu sorriso. E, aparentemente, sua inteligência.

― Pelo menos isso! ― os dois riram e se viraram para ver Draco entrar no quarto, concentrado na prancheta que carregava.

― Olá, vocês. Hermione, pode vir comigo?

Assim que saíram do quarto, o loiro fechou a porta e encarou a amiga:

― Como estão as coisas por aqui?

― O que quer dizer? ― Hermione respondeu, fazendo uma careta.

― Com o Weasley. Ele já sabe, não é?!

― Sim, há alguns dias, na verdade. ― ela suspirou, baixando os olhos.

― O lado bom é que vocês ainda não se mataram. ― o loiro brincou enquanto Hermione revirava os olhos, sorrindo.

― Não se preocupe, teremos tempo.

― Eu imagino que sim. ― ele riu. ― Rose está ótima e já pode ir para casa, mas recomendo que ela fique longe de amendoim pelos próximos cem anos.

― Se depender de mim, ela nunca mais ver um amendoim na vida! ― a morena se despediu do amigo e voltou para o quarto no momento em que Rose acordava do breve cochilo. ― Adivinha quem vai para casa?!

As palavras foram suficientes para alegrar os ruivos dentro e fora do quarto, e em poucos minutos, Hermione já ajudava a ruivinha a se vestir.

― Mamãe, o tio Fred pode ir para casa com a gente? ― ela perguntou, assim que a mãe terminou de fechar seu casaco. Pega de surpresa, Rose viu a mãe sorrir e perguntar logo em seguida:

― Você já perguntou se ele quer ir?

Rapidamente, ela se virou e correu até o ruivo mais velho, que recolhia suas coisas do quarto, e pulou em suas pernas.

― Tio Fred, quer ir para casa comigo e com a mamãe? Por favor, diz que quer!

― Ahn, eu não sei, princesa. Você precisa descansar e...

― Mas você disse que a gente ia brincar. Eu, você e a mamãe. ― lembrou Rose, com a voz manhosa.

― Só se você me der um beijo. ― ele sorriu, e sentiu a filha se jogar em seu colo.

Qualquer um que passasse por eles durante o caminho quarto/recepção, hospital/casa diria que eles eram apenas mais uma dessas famílias que vivam felizes em uma casa de conto de fadas. Infelizmente, para os três, isso ainda estava longe de acontecer.