Como Se Ainda Fosse Real

Bolinhos/Sala de Espera.


―Você vai mesmo decorar todos esses bolinhos, Draco? Um por um?

―Sim, Hermione. Um por um. ― o loiro respondeu, arrumando uma cereja em um bolinho com cobertura creme. ― É a terceira vez que você me pergunta isso.

― É que eles estão na minha frente, e estão tão bonitos, Draco. Está dando fome! ― a morena fez cara de pidona enquanto Draco ria e balançava a cabeça, terminando mais um bolinho e colocando-o na bandeja, junto com os prontos.

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― Você falando assim faz parecer que está grávida outra vez, Hermione. E eu não quero ter que ir atrás de uma melancia às três da manhã outra vez! ― os dois riram e Hermione levantou-se a procura de água.

― Não se preocupe, Draco. Eu não vou te pedir para procurar melancias no meio da noite por um bom tempo. ― Hermione respondeu assim que largou o copo na mesa. ― Mas não me culpe por todos aqueles desejos, culpe a sua ruivinha querida.

Ambos sorriram, e o loiro se sentou na bancada outra vez, estendendo um dos bolinhos para Hermione, fazendo seus olhos brilharem. Talvez a fome insaciável de Rose não fosse apenas herança dos Weasley’s, pensou consigo mesmo.

Comeram em silêncio e, assim que ele terminou de comer, sentiu seu bolso esquentar, alertando-o de uma emergência no hospital. Draco levantou-se depressa e despediu-se de Hermione, que já estava acostumada com as saídas rápidas do amigo, e ia avisá-lo que ainda vestia o avental lilás sobre a roupa escura, mas foi impedida pelo barulho da aparatação.

Riu sozinha e começava a arrumar a bagunça que haviam feito, quando Draco entrava na cozinha mais um vez, atirando o avental na bancada e dizendo, com expressão séria:

― É melhor vir comigo.

...

O St. Mungus estava tranquilo naquele fim de tarde. Médicos e enfermeiras passavam tranquilamente pelos corredores, assim como alguns pacientes e visitantes. Na recepção haviam poucas pessoas, e as atendentes já procuravam o que fazer para se manterem ocupadas. Na sala de espera, apenas um casal se abraçava enquanto Hermione tentava ignorá-los.

Ela estava sentada em um canto do lugar, sozinha. As mãos afundadas nos bolsos do casaco mais grosso e o nariz querendo se esconder embaixo da manta enrolada no pescoço enquanto evitava a todo custo olhar para o rapaz do outro lado da sala, que estava tão nervoso e preocupado quanto ela.

Já havia perdido a conta de quantas vezes já havia respirado fundo para não se descontrolar e fazer um escândalo ali mesmo, mas lembrava a si mesma que, no momento, gritar não era solução para nada. Depois que soubesse, com detalhes, o que tinha acontecido, consideraria o escândalo como opção.

Fred não estava muito melhor do outro lado da sala. Ele queria sim fazer com que Rose se lembrasse da primeira vez que saíram juntos, mas não desse jeito. A tarde havia sido maravilhosa, e Fred descobriu que a filha era uma criança adorável, mais do que já imaginava. Rose tinha uma imaginação bem fértil e falava muito bem para quem ainda não tinha três anos de idade, era meio sapeca e Fred percebeu que teriam problemas quando ela crescesse e começasse a aprontar de verdade.

Os dois já tinham ido a vários lugares e se divertido juntos por bastante tempo quando ele decidiu parar para fazerem um lanche, que foi muito bem aceito pela ruivinha. Pararam em um café bem tranquilo e Fred a ajudou a escolher o que comer, sem saber direito o que ela podia ou não pedir. Tudo estava correndo perfeitamente bem até Fred notar que, assim que começaram a comer, Rose ficou um pouco vermelha e parecia ter dificuldade para respirar, e também tossia bastante. Sem pensar duas vezes, o ruivo deixou o pagamento pelo lanche em cima da mesa e correu com a pequena para o hospital, que não estava muito longe. Os enfermeiros levaram Rose para dentro e impediram Fred de entrar, sob protestos. Instantes depois, Draco e Hermione estavam ali, mais sérios que nunca. Quando o loiro, já pronto para o trabalho, sumiu pelos corredores, Fred tentou falar com Hermione, mas foi impedido na primeira sílaba pela garota que tinha faíscas voando pelos olhos.

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Agora estavam assim, um em cada canto da pequena e quase vazia sala de espera, sem ter coragem de olhar um para o outro.

‘’É, Fred, ‘’ pensou consigo mesmo, ‘’ muito bem. É a primeira vez que sai com a filha e olha onde estamos.’’

Olhou para o corredor bem a tempo e ver sua cópia mal feita e sua mãe vindo ao seu encontro, caminhando apressados. Recebeu um abraço apertado de ambos e só aí percebeu que, apesar de tudo, ainda tremia.

Já Hermione estava tão concentrada em olhar para um ponto fixo no chão que se assuntou quando Molly se sentou ao seu lado, abraçando-a. As duas se cumprimentaram baixinho e, instantes depois, Draco apareceu na sala, com uma prancheta na mão.

A morena se levantou e ignorou Fred, que se aproximou do médico em poucos passos, perguntando aflita:

― Como ela está?

― Melhor. O que Rose teve foi uma reação alérgica, como da última vez. ― ele falava diretamente para Hermione que ouvia atentamente cada palavra. ― Então, você sabe. A garganta dela começou a inchar involuntariamente e a passagem de ar foi dificultada. Nós já fizemos o necessário e ela está dormindo agora, mas ainda está com dificuldade para respirar. Felizmente, ― Draco se virou para os gêmeos, sem saber para qual dos dois olhar ― você a trouxa para cá logo, caso contrário, não teríamos boas notícias.

― Quanto tempo ela vai precisar ficar aqui? ― Hermione perguntou, sentindo-se um tantinho mais aliviada.

― Ainda não sabemos ao certo quanto tempo vai levar, mas Rose vai ter que ficar aqui até voltar ao normal. E não, ― ele disse, antes que a amiga abrisse a boca. ― vocês ainda não podem vê-la. Ela está sob efeito de uma poção para a dor, então está dormindo. Quando ela acordar, eu venho chamar.

― Claro. Obrigada, Draco. ― Hermione disse, forçando um sorriso para o médico que já voltava ao trabalho.

Recebeu um abraço de Molly, que sorria dizendo que tudo ficaria bem, e respirou aliviada. Deu um sorrisinho para Jorge e, mais uma vez, ignorou Fred, que a chamou:

― Hermione, eu...

― Não fala comigo, Fred. ― Ela respondeu, seca, voltando a se sentar. ― Ainda não.

― Eu só queria pedir desculpas, eu não tinha como saber que...

― Eu sei, Fred. ― Hermione disse, tentando manter o autocontrole. ― Você não tinha como saber que sua filha tem alergia a pasta de amendoim, assim como eu não tinha como saber que era justo isso que vocês iriam lanchar. Eu sei disso, não se preocupe. Não é sua culpa.

― Eu não quis dizer isso, Hermione. Eu só...

― Está tudo bem, não é?! ― a garota sentiu a voz falhar e se levantou. ― Então, não há com o que se preocupar.

Assim que terminou a sentença, passou pelos ruivos em direção a cafeteria do hospital; tudo o que precisava agora era um café forte e uma grande dose de paciência.