Quando quase Te Perdi

Quando quase te perdi


Querida

Todo esse tempo que estamos separados,

fez-me pensar na primeira vez que achei que te perderia...

Foi durante as festividades de ano novo...

Se bem me lembro o ocorrido se deu em Bruxelas, em um de seus luxuosos castelos.

Tu estavas como sempre linda... Seu vestido pomposo, negro e vermelho, era como uma extensão de seu corpo.

Ah, e seu busto pálido era um convite ao pecado... lembro que usava uma linda gargantilha cravada de diamantes,

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ela escondeu perfeitamente as impressões de minhas presas...

Ao cruzar as ogivas da entrada do palácio a luz dos lustres revelou-te como a criatura mais bela de toda Bélgica...

Lembro que tive de manipular algumas mentes para não chamarmos tanta atenção....

Ah, o baile transcorria tranquilamente. Se não me engano, antes da meia noite tu já tinhas entregue nos braços da morte dois jovens aristocratas... sempre exigente preferia o sangue nobre... dizia:

-Meu senhor, além de fino ao paladar devido ao medo, o sangue desses não merece ser desperdiçado em tão infames criaturas...

Eu mesmo já estava satisfeito por uma noite após uma jovem dama e duas cortesãs... Apenas permanecia por ti. Estava feliz em meio a festividade não?

Vendo todos aqueles que se sentiam superiores aos demais servindo apenas de alimento para nós.

Bailávamos e girávamos no salão, como se estivéssemos a sós, nada mais nos alcançava...

Lembro de sair para tomar um ar, ver a lua que tanto me agradava... tu preferiste permanecer... fatídico momento...

Em meio a noite, senti teu desespero, na velocidade de um pensamento estava em sua frente. Teus olhos pedindo socorro.

Maldito caçador!

Havia apunhalado-te nas costas, uma adaga com o sangue de um morto, veneno para nossa espécie...

Sei que deve tê-lo sentido no último instante antes do golpe, desviando-o do coração.

Mas mesmo assim estava ferida... com o veneno no corpo... maldito caçador, sabia que deveria tê-lo matado à meses...

Por um vacilo meu tu estavas morrendo... Não me perdoaria se acontecesse o pior.

Afastei-o de ti.

Com um empurrão ele havia atravessado todo o salão, sendo parado apenas pelo grande espelho na parede norte... caindo fortemente no chão...

Tirei-lhe a adaga das costas... sangrava muito, tamanho meu desespero que não me preocupei em ocultar-nos ao olhos dos humanos...

Humanos úteis nessas horas... puxei uma donzela pelo braço...

Rasgando a garganta da moça dei-lhe seu doce sangue da vida, e tu sugaste toda a vida da pobre...

-Sim, alimenta-te!

Agora um rapaz forte cedeu o sangue para banhar tua ferida aberta, que logo foi fechando, deixando apenas uma pequena cicatriz, marca do veneno.

Agora que estava salva, era hora da vingança!

Ah, e aquele humano receberia toda minha ira.

Como um anjo da morte cheguei à ele rápido, levando comigo agonia e terror...

Tamanho o ódio que atravessei o lugar partindo em dois qualquer um que estivesse no caminho, pobres humanos, nem sabiam o que acontecera, estavam em transe frente a tamanha brutalidade...

Com um gesto expus as vísceras do caçador... meus olhos agora completamente negros vislumbravam o sangue jorrar...

Mais uma vez arremessado contra a parede e agora com minha mão pesada em seu pescoço ele ouviu um grunhido...

Um som que parecia emanar do próprio inferno. Era minha voz dizendo-lhe:

-Tentaste tirar o que de mais valioso há para mim caçador! Pagarás maldito!

Quase sem forças respondeu-me:

-Pois pode tomar minha vida criatura, filho do demônio! Não temo a morte!

-Não morrerás cão! Viverás em tormento...

Larguei-o e rasguei o pulso, deixando escorrer apenas uma gota de meu sangue...

-Contempla teu destino de dor...

Uma gota foi o que caiu em seu ferimento. Uma gota bastava para amaldiçoa-lo...

Bem sabes que nosso sangue trás a vida eterna. Pois o faz apenas se a quantidade for suficiente, uma gota apenas o impediria de morrer por alguns anos...

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-Perdeste mais que a vida hoje caçador... perdeste tua humanidade.

-Saiba que viverás. Saiba que a dor que sente agora se estenderá por décadas. Saiba que tuas feridas não fecharão! E que não sangrarão também! Apodrecerá vivo, escória! Será um morto vivo, um mostro... não, um verme, que rastejará pelas valas alimentando-se de restos e apenas implorando pela morte!

Seu grito ecoou pelo salão, despertando os demais...

Te olhei... já estava recuperada, uma sensação de alívio percorreu meu gélido corpo... já consciente, eu sabia o que deveria ser feito...

Gritei-lhe:

-Matai, matai a todos!

Haviam visto coisas que não pertenciam ao mundo deles, deveriam ser calados...

Então matamos, um após o outro, cabeças separadas dos corpos... membros espalhados pelo chão, que foi do branco e preto ao vermelho intenso num piscar de olhos...

Foi uma chuva de sangue, uma torrente de selvageria e brutalidade...

Ao final estávamos cobertos de sangue... nos amando envoltos de mortos dilacerados por nossas mãos... uma afronta a qualquer senso de civilidade ou racionalidade...

Viramos animais...

Me embriagava teu cio... tuas costas nuas, branco e vermelho... o cheiro da morte... tu, salva, em meus braços.

-Desculpa-me tê-la posto em perigo minha cara...

-Me salvou meu senhor, não peça desculpas.

-Não suportaria te perder assim...

-Sei que me protegerá meu senhor.

-Sim, bem sabes que te amo. Não deixarei a morte levar-te assim...

-Também amo-te, e confiei minha vida e morte a ti naquela noite.

Saímos do castelo sem olhar para trás...mas com dois enormes sorrisos nas faces...

Sim, a selvageria tinha sua beleza.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.