Belive me

Capítulo 5


Às vezes as lembranças podem levar você à loucura.

Scacchiera Famiglia, mansão – Itália,

06:00 da manhã

– Você vai estar sempre comigo, Tsu? – perguntou uma menina de aproximadamente dezesseis ou dezessete anos com cabelo cacheado loiro que atingia sua cintura.

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– Sempre – respondeu o menino moreno que descansava com a cabeça em seu colo.

A clareira onde ambos estavam fazia parte do jardim da mansão Scacchiera. A grama verde brilhava em contrapartida que, poucos metros dali, o terreno parecia um campo de guerra, e havia sido mesmo, na noite passada com a invasão de uma Famiglia inimiga.

Tsuna observou uma borboleta pousar em uma das muitas flores que formavam aquele glorioso jardim. Pura e bela, calma e serena, era assim que todos definiam uma borboleta, e ele, mais do que ninguém concordava com isso.

– Tsu – chamou a moça, ganhando sua atenção – O quê – hesitou – O que acharam sobre, você sabe, os exames – disse olhando diretamente para os olhos caramelo do moreno, este que hesitou e desviou o olhar, franzindo a sobrancelha ela insistiu – Tsuna?

– Uma colônia – veio a voz baixa do moreno – Eles encontraram uma colônia de tumores no meu corpo. Braços, pulmão, cabeça e tudo mais foi infectado. – disse apertando as mãos em punhos trêmulos – Eu, estou com medo, Sophia, estou com medo de não conseguir cumprir minha promessa....

O riso da loira lhe chamou a atenção. Virando-se para olha-la encontrou-se sendo fitado por olhos azul céu divertidos, um sorriso estando instalado nos lábios rosados e uma mão pousando sobre a sua própria mão, enquanto a outra, em todo seu esplendor, acariciava a barriga que agora, começava a ganhar uma forma saliente e arredondada de uma jovem em seu segundo ou terceiro mês de gravidez.

– Está vendo – falou olhando para sua barriga, ainda sorrindo – Seu pai, mesmo quase morrendo está mais preocupado com a nossa saúde do que a dele – riu gostosamente - Não se preocupe, Tsu – falou, agora, olhando para o moreno que tinha um sorriso no rosto – Nós vamos ficar bem, e você, deve cuidar disso ai – resmungou tocando-lhe o peito – por quê quero meu filho com um pai, me escutou? - O moreno riu da afirmação da loira, olhou para ela novamente e a viu sorrindo.

Ouvi alguém resmungar algo ao longe mas estava muito ocupado olhando para ela e não prestei atenção, Sophia sorriu e fechou os olhos, a voz insistiu por algum tempo e me vi fitando o nada. Pisquei e minha visão foi se clareando até que me vi fitando dois olhos caramelo-ouro. Olhos tão inocentes e no mesmo momento tão preocupados.

– Papa? Chorando? – falou o pequeno moreno inclinando a cabeça em uma preocupação fofa, seus cabelos castanhos, desafiando a gravidade tal como o seu próprio caindo para o lado com o movimento da cabeça.

– Chorando? – perguntei levando minha mão direita até a minha face apenas para notar as lágrimas que já haviam ensopado meu rosto, franzi o cenho e enxuguei as lágrimas – Não é nada.

– Papa não chora – confortou a criança – Yuu chora se papa chora – falou se jogando nos braços do pai. Yuu com certeza era uma criança especial.

Tsuna se assustou com o peso adicional mas sorriu e passou os braços em volta do corpo frágil do filho. Eles ficaram assim, abraçados, até que Tsuna sentiu o novo lance de lágrimas ganhando espaço em seus olhos.

Lembrava-se por que havia sonhado, e por que estava chorando. Um ano e seis meses. Fazia exatamente um ano a seis meses que Sophia havia falecido. As memórias daqueles, oh, tão infelizes dias voltaram a sua mente. A tristeza de vê-la entubada em uma cama de hospital, a angustia em ter que escolher entre salvar seu filho, que nasceria prematuro, com seis meses ou a sua esposa. E a forma tão gloriosamente feliz que ela falou o nome do filho antes de dar seu último suspiro.

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Deveria ser ele, não ela. Ele deveria morrer por causa dessa doença maldita. Mas, em vez disso ela havia sido morta. Não havia sido culpa dele, sua mente lembrou-o. Sophia havia escolhido que seu filho iria viver, assim que soube de seu estado.

“Eu quero que meu filho tenha um pai do seu lado, e sendo você, Tsuna, não estaria mais feliz. Eu escolheria, se algum dia essa gravidez me levasse a isso, que ele, nosso filho vivesse, por que, afinal, é apenas uma vida inocente, mas, é a nossa vida inocente” Ela havia dito em um dia de chuva, quando os dois estavam sozinhos no quarto.

Fungando e enxugando novamente as lágrimas fitei novamente o Yuu. Ele me olhava, ainda, com olhinhos preocupados. Sorri e baguncei seu cabelo.

– Pois bem, senhor Yuu, - falei me esticando - Já que acordamos podemos tomar o café da manhã, né? – ri.

Os olhos do meu filho brilharam e ele bateu palminhas arrulhando algo sobre comida. Meu filho. Á dois anos nunca havia pensado em falar isso. Á dois anos a única coisa que me importava era continuar vivo, mas há dois anos eu a encontrei.

– Bem, mas antes temos que tomar banho – falei sorrindo para a careta que ele fez. Às vezes me pergunto por que crianças odeiam tomar banho. – Sem reclamação, vamos.

Entramos no banheiro e primeiramente dei banho no Yuu e em seguida tomei meu próprio banho.

Em poucos minutos já estávamos limpos e cheirosos como dizia Mariana quando dava banho no Yuu. Me vesti de modo simples com uma calça negra jeans e uma blusa de manga comprida com estampa militar, calcei meus all-star cinza e pronto. Quanto ao Yuu, ai está uma tarefa difícil. Por que, com apenas um ano e seis meses ele já é mais inteligente que uma criança de dois e portanto gosta de escolher as próprias roupas. Mas no final nós dois entramos em consenso que ele ficaria bem bonito com uma calça bege e uma blusa laranja e uma jaqueta branca de manga comprida.

– Bem, bem, agora o sapato – disse abrindo a parte separada para os sapatos dele – Qual? – perguntei para o pequeno que estava sentado na cama.

– Hum... – ele resmungou fechando os olhos e colocando uma das mãos no rosto, pensando – Igual papa – falou, por fim apontando para os meus sapatos.

– Igual o meu? – falei e ele acenou positivamente – Pois bem – disse alcançando os pequenos all-stars cinza que descansavam na prateleira do meio. Afivelei-os nos seus pequeninos pés e o peguei no colo, caminhando em direção à porta.

Chegamos na sala de jantar ás sete da manhã em ponto e sendo assim, Vince e Mari já estavam tomando café da manhã enquanto Chequer Face saboreava algum chá calmante.

– Bom dia – digo colocando Yuu na cadeira ao lado do Vince e me sentando entre eles.

– Bom dia~ - cantarola Yuu olhando para todos por cima da mesa.

– Bom dia – veio o coro de todos e logo os empregados estavam nos servindo.

Algum tempo atrás desenvolvi o hábito de tomar café, nada como Reborn, que era algo perto de vicio, apenas gosto dele, e café me deixa acordado.

Sorri enquanto sorvia o liquido negro. Yuu já havia terminado sua fatia de bolo de morango e baunilha com ajuda do Vince, que tinha um ótimo jeito com crianças. Não era mistério para ninguém que ele, assim como eu, havia desenvolvido uma paixão inexplicável por bolos. Chequer Face havia dito que era pelo estresse da Hiper Intuição por minha parte ou por simplesmente sermos viciados em açúcar, que seria mais para o Yuu. Sorri e peguei um guardanapo para limpar o pequeno. Afinal ele poderia ser um mini eu, mas ainda não sabia muito bem como fazia uma bagunça quando comia.

– Tsuna – veio a voz de Chequer Face me fazendo desviar minha atenção para ele, que já havia se levantado e caminhava até a porta apoiado em sua fiel bengala – Preciso falar com você, venha até meu escritório assim que acabar seu café da manhã.

– Certo, estarei lá – respondi o olhando fechar a porta e em seguida me virei para o meu café, novamente.

– Tsuna – chamou Mari – Desculpe dizer mas, quando Chequer Face lhe chama quer dizer que você fez lambança.

– Olha – revidei – Eu não fiz lambança, O.k.?

– Eu odeio ter que concordar – disse Vince – Mas a Mari tem razão, você está lascado.

Bufei e me virei novamente para o Yuu que havia se sujado novamente, tentando inutilmente se alimentar sozinho, sorrindo peguei a colher da sua mão e comecei a alimenta-lo sorrindo de suas caretas quando eu retirei seu bolo, falando que ele já havia comido doces o bastante. Fui retribuído com um biquinho fofo e um estufar de bochechas.

Scacchiera Famiglia, mansão

Veneza – Itália, escritório principal

09:27 da manhã

– Entre – disse Chequer Face após ouvir duas batidas na porta de madeira que havia em seu escritório.

Logo, um moreno já conhecido adentrou o cômodo e cumprimentou o chefe, que agora mais era um pai para ele. Se sentando Tsuna cruzou os braços enquanto Chequer Face pegava um papel. Um arquivo recém assinado notou.

– Leia – ordenou o mais velho.

Franzindo o cenho Tsuna levou o papel das mãos do senhor e leu-o. Seus olhos se estreitaram mais após cada tópico e assim que a última palavra foi lida ele levantou os olhos para o ‘pai’.

– Chequer – disse – Você não...

– Sim, eu o fiz. A Vongola será uma ótima aliada, nós iremos até a mansão deles para validar a aliança e eu não permitirei que você diga não.

– ‘Não permitirei que você diga não’ você diz – resmungou olhando para a face do homem – Você, Chequer, mais do que ninguém sabe o quanto eu quero ficar longe deles.

– Eu lhe disse que sacrifícios seriam necessários, Tsunayoshi – falou.

– Mas mesmo assim, não gosto do modo em que as coisas estão acontecendo.

– Ninguém falou que seria do jeito em que você planejou, Tsuna.

– Mas...

– Chega, vamos fazer isso, eu já me decidi.

Tsuna suspirou. Realmente, quando Chequer Face decide algo apenas Tsunomichi consegue fazê-lo mudar de ideia, mas, ele está em uma missão.

– Já que é apenas isso, peço permissão para me retirar, Boss – resmungou o moreno mas apenas quando já estava quase saindo pela porta ouviu a voz do chefe.

– Você irá levar o Yuu – disse – Não permitirei que ele esteja aqui quando saímos, pode haver algum inimigo na espreita e não quero machuca-lo.

– Eu estava pensando a mesma coisa – resmungou o moreno – Até logo.

Vongola Famiglia - Mansão

Veneza, Itália

13:00 da tarde

Todos os residentes na mansão estavam animados desde que o Nono Vongola havia informado que a Scacchiera Famiglia havia aceitado o pedido de aliança e viria até a mansão legalizar os papeis uma euforia tomou conta de todos. O nono havia sido informado que junto com Chequer Face viriam Tsunayoshi e mais três pessoas.

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Os empregados estavam tentando o seu melhor desde a manhã para deixar a mansão impecável. Os guardiões, tanto da Vongola, sendo da nona e da décima geração, quanto os arcobalenos e chefes presentes cuidavam que tudo estivesse perfeito para a chegada deles.

Então, quando as portas da mansão se abriram para a BMW negra recentemente estacionada a tenção era palpável. Quando a porta do motorista se abriu revelando um jovem loiro e a outra porta frontal revelando Tsunomichi as respirações sessaram.

Ambos observaram seu entorno novamente antes de caminhar até a porta do passageiro e abri-la. O jovem loiro ficou no lado direito da porta e Tsunomichi no lado esquerdo. Chequer Face foi o primeiro a sair do veículo, levando sua fiel bengala, e em seguida o cabelo castanho familiar apareceu sendo seguido pelo corpo do moreno. Ele vestia uma camisa social branca de manga comprida e uma calça social preta como a noite, calçava sapatos negros sociais.

A Vongola estava confusa, não seriam cinco pessoas?

A pequena forma que saiu do carro em seguida respondeu a aquela pergunta. Era um menino, de aproximadamente um ou dois anos, mas com certeza era um menino. Vestia uma calça jeans quase negra e sapatos all-stars brancos. Uma jaqueta laranja e branca era usada para protege-lo do frio daquela estação. A touca da jaqueta cobria parcialmente seu rosto mostrando apenas seus lábios e nariz. Os olhos se mantinham escondidos por ele continuar de cabeça abaixada.

Assim que seus pequenos pés tocaram o chão sua pequena mão foi segurada pela do Tsunayoshi. Sorrindo Tsuna se abaixou e arrumou a jaqueta do pequeno, verificando se a touca estava em seu lugar.

A pequena comitiva adentrou a mansão, sendo que Chequer Face e Tsunomichi estavam na frente, sendo seguidos por Tsuna, o pequeno menino e o homem loiro. Cumprimentos foram feitos e apresentações da parte da Vongola aconteceram. Tsuna pode notar seu menino se encolhendo e apertando sua mão cada vez que um olhar era direcionado para ele. Tsuna não o culpava, tirando algumas vezes que eles saíram juntos essa foi a primeira vez que o pequeno moreno ia com ele a alguma família.

– Creio que já conheçam meu braço direito – veio a voz de Chequer Face direcionando a atenção para Tsunomichi – Então, neste caso irei apresentar meus outros acompanhantes – falou virando-se para os outros.

– Já conhecemos o Tsunayoshi – o nono disse olhando para o moreno que sorriu.

– Sim – afirmou Tsuna – Deixe que eu apresente-os – falou olhando para Chequer Face que acenou positivamente – Este é Vicente, meu braço direito – de canto de olho Tsuna viu Gokudera serrar o punho – E esse – fez uma pausa enquanto olhava para o pequeno – É o Yuu, ele é alguém muito importante.

– Desculpe perguntar – falou Federico – Mas por qual motivo trouxeram uma criança? Não seria perigoso? Alguém poderia ataca-lo....

O sorriso do Tsuna era tão doce que todos tiveram vontade de sorrir também, mas foram parados pelo olhar que ele possuía. Era um olhar de advertência, um olhar que exalava proteção.

– Nós seriamos capazes de protege-lo se isso ocorresse – veio a voz do moreno.

Certamente, eles seriam capazes, e se não fossem, Tsuna teria certeza de dar sua própria vida para salva-lo, pensou Vince.

Sorrindo o moreno, Tsunayoshi, observou os dois chefes decidirem ir para a sala de reuniões. As coisas estavam começando a se complicar, pensava, e por mais que ele não gostasse, estava começando a levar a Vongola para isso.

“Ah! Que problemático” pensou suspirando “Quem me dera se tudo se resolvesse sem interferência de outros”

Isso não era possível, sua mente lhe forneceu. Simplesmente não era possível.