Hope for Us

Capítulo Extra: Borboletas


Beijando-o não consegui pensar em mais nada, só que estava beijando Carl Grimes pela segunda vez e que eu realmente não sabia o que faria depois. Ainda segurava a camisa dele usando menos força porque ele continuava mais alto que eu mesmo sentado na maca hospitalar.

Carl obviamente não sabia o que fazer com as mãos – garotos, como lidar com eles? – até que segurou minha mão e a levou até o lado do rosto dele que não estava machucado. Era para ser um beijo e acabaram sendo alguns, porque eu o beijava e abria os olhos encontrando os dele que me encaravam por alguns segundos, absurdamente azuis e apaixonantes que expressavam o que ele não queria dizer: Mais um, por favor.

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Senti a mesma corrente elétrica da primeira vez passando por meu corpo enquanto o beijava, então pensei “isso é normal?”, além de uma sensação um pouco engraçada no estomago.

Os lábios dele tinham gosto de sangue e álcool, mas eu não me importei. Éramos só crianças fazendo o que crianças fazem, descobrindo coisas, se divertindo, rindo quando não conseguimos manter uma distancia razoável depois de se aproximar demais, e não se importando depois, porque somos melhores amigos e esse é o apocalipse, não há nada para perder.

Passos apressados no corredor me fizeram soltar Carl, bem a tempo de Michonne entrar na sala e encontrar um Cowboy muito confuso e vermelho segurando minha mão e uma Hope eufórica que estava tentando controlar seus sentimentos e a vontade de rir como uma adolescente apaixonada.

– Oh... – ela encarou nossas mãos juntas e tentou reprimir um sorriso, não obtendo sucesso – Vim ver como você estava, mas acho que não precisa de mais ninguém.

Soltei a mão de Carl delicadamente e me afastei, vendo-o ruborizar e passar as mãos no rosto como se quisesse despertar.

– Tudo bem, eu já estava saindo. – falei e fui em direção a porta, mas Carl segurou minha mão.

– Não. – ele olhava para baixo, provavelmente com vergonha demais para me encarar ou Michonne.

– Eu vejo você depois, vou ficar um ou dois dias só porque eu sou legal. – ela disse, o que fez Carl sorrir imediatamente – Eu sei, vocês me amam, desculpem ter interrompido.

Ela saiu e se instalou um silencio sobre nós dois, mas não ficamos desconfortáveis, me sentei na maca também e ele continuava a segurar minha mão fazendo um pequeno carinho vez ou outra. Surpreendi-me quando me pediu para que ficasse, nenhum dos dois parecia saber o que fazer, então eu simplesmente disse:

– Não se acostume, Cowboy. – ele riu e balançou a cabeça – Você nem é tão beijavel assim.

– Isso porque me beijou duas vezes. – soltei a mão dele e dei um tapinha em sua testa, como na primeira vez.

– Convencido. – me levantei e comecei a guardar o kit de primeiros socorros de Hershel – Você devia ir se limpar, tem sangue na sua camiseta também.

Ele levantou da maca e pegou o chapéu em cima da mesa de cabeceira.

– Posso perguntar uma coisa? – olhei-o tentando captar em sua expressão o que ele queria saber, mas parecia estar confuso.

– Claro. – ele hesitou um pouco então perguntou olhando pra mim:

– Beijos costumam nos fazer sentir uma sensação engraçada no estomago?

Refleti um pouco sobre o que ele disse, e sobre o que eu havia sentido, então me lembrei de algo que descrevia aquela sensação perfeitamente.

– São borboletas, Carl. – eu havia lido no diário de Caroline Brown, então lembrei um trecho que havia gostado.

“Entendi que não são beijos ou ações que fazem as borboletas dançarem no seu estomago. É alguém, especificamente uma pessoa, aquela pessoa.”

– Borboletas? – Carl me olhou mais confuso ainda – O que borboletas fazem no meu estomago?

– Dançam. – dei de ombros e peguei a maleta de primeiros socorros, saindo da sala antes que ele perguntasse mais alguma coisa.

Não sabia se eu era aquela pessoa para Carl, mas estava feliz por saber que ele sentiu o mesmo e que eu não estou ficando maluca.

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