Contagem Regressiva

Capítulo 22: Khepri


— Tem certeza de que o lugar é aqui? — Jason perguntou, inclinando-se no banco do motorista para ver melhor.

— Tenho certeza — Rebeca respondeu, checando o endereço que Gabriel passara.

Era noite em alguma cidade do estado de Arkansas, e os dois estavam dentro do carro, estacionado a uma distância segura de uma estrutura elegante de tijolos vermelhos perto da estrada. O prédio era comprido e não tão alto, talvez com três andares, e ficava junto à margem de um pequeno rio que cortava o campo na direção da próxima cidade. As janelas eram largas, altas e espaçadas como vitrais de igrejas, sem nenhuma grade para protegê-las, o que dava um ar antigo a todo o conjunto. O centro de estudos arqueológicos tinha poucas luzes acesas devido ao horário.

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— Como vamos entrar? — Jason questionou, encarando a porta dupla de entrada, que provavelmente estava trancada. — Entrar e pegar o artefato sem sermos presos antes, eu quero dizer.

— Calma, vai dar tudo certo — Rebeca disse, mas Jason sentia que também estava nervosa. Não parava de tamborilar os dedos nas próprias pernas, e vira e mexe respirava fundo para se acalmar. — Vamos nos passar por funcionários, procurar o artefato e ir embora antes que alguém perceba. Isso não é um roubo, é? É necessário. Estamos fazendo a coisa certa. Ninguém vai sentir falta. Se bem que deve ter dado tanto trabalho para encontrar uma relíquia tão importante, e eu me sinto péssima por roubar uma obra que pode servir para entender mais sobre um povo antigo e genial como os egípcios...

Rebeca desatou a falar, enquanto Jason apenas fazia que sim com a cabeça para concordar e terminava de ajeitar o jaleco que haviam comprado para usar de “disfarce”. Ela também usava um, e ficava estranhamente parecida com uma médica.

— Muito bem, então, eu vou lá — ele falou, preparando-se para sair do carro.

Rebeca franziu as sobrancelhas.

— Você não está achando que vai sozinho.

— Rebeca, é muito perigoso.

— Lá vai começar o discurso de novo — ela disse, enfadada.

— Claro, porque da última vez você não me deixou terminar — Jason reclamou, emburrado.

— E o que te faz pensar que eu vou deixar agora?

— Eu vou falar de qualquer jeito — ele afirmou, vendo-a revirar os olhos. — Olha, eu sou seu protetor, então eu tenho que protegê-la — começou pelo óbvio, e Rebeca fez uma expressão de “É mesmo?”. Ignorando-a, ele prosseguiu. — Entrar lá pode ser perigoso, e eu não quero que você se meta em mais encrencas. Você tem que ficar segura.

— É um sentimento muito nobre, eu admito, mas eu vou junto mesmo assim — Rebeca declarou. Jason conteve um suspiro. — Se pode ser perigoso para mim, pode ser para você e, se acha que vai correr riscos sozinho, está muito enganado. Duas pessoas trabalhando juntas é muito mais eficiente. Além do mais, se você sair do carro agora, eu vou te seguir. E, se trancá-lo, eu dou um jeito de destrancar. Sinto muito em dar essa notícia, mas você não tem escolha dessa vez.

Ela sorriu ao final, feliz com a própria argumentação. Jason abriu a boca, chocado.

— Uau, você é muito teimosa.

— Obrigada.

— Por que nós temos que pegar o artefato? — Jason perguntou, em uma última tentativa para que Rebeca não fosse com ele. Não que fosse o maior gênio e soubesse exatamente o que fazer uma vez que estivesse dentro do centro de pesquisas, mas qualquer coisa era melhor do que Rebeca em perigo, não? — Por que o próprio Gabriel não pode pegá-lo?

— Porque eu não consigo entrar lá — uma voz respondeu, vinda do banco de trás.

Jason e Rebeca pularam nos lugares, praguejando pelo susto. O anjo os fitava pelo retrovisor, totalmente imóvel.

— Duas entidades ou representações de diferentes crenças não podem dividir o mesmo espaço — Gabriel explicou. — É uma das poucas regras que resta da ordem entre as quatro. Isso me impossibilita de entrar e pegar o artefato. O prédio é automaticamente protegido contra anjos. Só o que pude fazer foi inutilizar as câmeras do lado de fora, mas as de dentro continuam, e vocês devem prestar atenção a elas. O artefato está em um cofre, em uma sala do segundo andar, a quarta no corredor à direita. Boa sorte.

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E então ele desapareceu novamente, deixando para trás apenas um som de asas batendo.

— Ele faz umas aparições bem convenientes, não é? — comentou Rebeca, intrigada. — Bem, vamos lá.

Eles saíram do carro, ajeitando os uniformes improvisados para parecerem mais aceitáveis. Caminhando na direção da porta de entrada, o coração de Jason martelava o peito por ansiedade. Qualquer coisa poderia dar errado naquela noite, e as coisas pareciam ter uma tendência a seguir por esse caminho quando se tratava dele.

Felizmente, não havia portões nem guardas cercando o prédio, apenas alguns automóveis estacionados por perto. A estrutura parecia ainda maior conforme se aproximavam. Jason reparou nas câmeras de segurança desligadas acima da porta quando pararam em frente a elas.

— E agora? — ele sussurrou.

Rebeca puxou o que pareciam ser dois clipes ou arames retorcidos do bolso da calça jeans e os colocou na fechadura, começando a remexê-los com uma expressão concentrada.

— Você tem o costume de andar com isso nos bolsos? — Jason indagou, observando-a trabalhar com interesse.

— Sim, arrombar portas é um dos meus passatempos preferidos — ela respondeu, sem olhá-lo.

Jason a fitou, alarmado.

— Seu senso de humor me assusta.

— Sua reação ao sarcasmo me assusta — devolveu Rebeca no momento em que ouviram um click e a porta se abriu.

Rebeca a empurrou com o pé para abrir passagem, guardando os clipes de volta por baixo do jaleco. Jason entrou ao seu lado, e eles pararam um segundo para examinar o saguão. Era uma meia-lua ampla, pintada em tons de branco e cinza-escuro, com poucas decorações neutras, que se abria em três corredores. Em um dos cantos, havia um balcão de atendimento, mas ninguém estava ali para recebê-los.

— Então... Para que lado são as escadas? — Jason perguntou.

— Vamos ter que descobrir. — Rebeca percorreu rapidamente as paredes com os olhos e baixou a cabeça. — Mantenha a cabeça baixa, tem uma câmera aqui.

Ela cobriu o rosto com os cabelos, e Jason seguiu seu conselho. Eles se dirigiram ao corredor do meio a passos controlados, não tão rápidos para não levantar suspeitas. Encontraram um guarda no caminho, e Rebeca fez questão de sorrir e gracejar um “boa noite” simpático.

Passaram por inúmeras salas; algumas tinham a parede substituída por vidro, o que permitia que se enxergasse o lado de dentro. Jason pôde ver, por sua expressão, que Rebeca queria parar e admirar todas elas e suas pesquisas, mas não tinham tempo a perder. As pesquisadoras que viram estavam com os cabelos presos, e ela não tardou a imitá-las enquanto eles avançavam. O restante do prédio se provou igual ao saguão de entrada: um ambiente estéril, sério, com cores fracas e sem graça.

— Se eu tivesse projetado esse lugar, ele seria muito mais bonito — Rebeca cochichou para Jason em determinado momento, quando finalmente encontraram a escada que levava ao segundo andar.

Ele sorriu, mas não respondeu. Ainda estava nervoso; ninguém lhes dirigira a palavra, mas vários pesquisadores e guardas os encararam com o cenho franzido, talvez em dúvida se já os tinham visto antes, e a resposta era bem clara.

Tomando cuidado para se manter fora do alcance do campo de visão das câmeras, Jason e Rebeca encontraram a porta indicada por Gabriel, que possuía uma inscrição com os dizeres “Mênfis – Egito Antigo”.

Com uma luva de plástico que conseguiram para evitar digitais, Jason testou a maçaneta, descobrindo que estava destrancada. Trocando um olhar de animação com Rebeca, eles entraram na sala de estudos e fecharam a porta.

A sala era bem parecida com os outros recintos. Era quadrada, de bom tamanho, e cheia de apetrechos de pesquisa: computadores, uma estante de livros, arquivos, diversos armários, produtos químicos, recipientes de vidro, canetas e duas mesas de metal, tudo extremamente organizado e limpo, em seu devido lugar. Na parede oposta, estava o cofre eletrônico propriamente dito.

— Ok — Rebeca disse, esfregando as mãos uma na outra. — Vigie a porta, eu abro o cofre.

— Tem certeza?

Ela assentiu, indo até o objeto. Jason a olhou desconfiado por um momento, mas foi até a porta vigiar o lado de fora, imaginando o que mais Rebeca era capaz de fazer. Ouviu-a trabalhando e virou-se para olhar por um instante. Ela estava com o ouvido encostado ao cofre, girando a tranca devagar e de olhos fechados.

Jason voltou-se para o corredor, atento a movimentações. Vários minutos se passaram, arrastados com toda a tensão. De repente, ele ouviu o som quase milagroso da portinha do cofre sendo destrancada e a comemoração de Rebeca. Começou a sorrir, mas então viu um guarda aparecendo no final do corredor e se sentiu afundar de novo.

— Beck, temos que ir — ele avisou com urgência, virando-se para ela depois de fechar a porta. — Tem alguém vindo.

Rebeca colocou rapidamente um pequeno objeto no bolso do jaleco, o qual Jason não conseguiu ver. Ela xingou, e os dois olharam ao redor em busca de algum lugar para se esconder, porém não havia nada. Estavam indo em direção à porta para sair antes que o guarda chegasse, mas ele a abriu primeiro.

— O que estão fazendo aqui? — o homem perguntou de forma rude. Estava vestido com um uniforme preto e carregava uma arma na cintura. Não era tão alto ou forte, mas parecia bem apto para acabar com qualquer um dos dois.

— Estávamos procurando pelo... Dr. Walter — respondeu Rebeca, vendo o nome do pesquisador dono da saleta na assinatura de um dos arquivos. Jason agradeceu por sua namorada ser perspicaz.

— Ele já foi embora faz horas e não deixa ninguém entrar em sua sala sem autorização escrita — o guarda disse, analisando a organização ainda no mesmo lugar para ver se nada estava remexido. — Quem são vocês?

— Somos os novos estagiários, assistentes do doutor — foi Rebeca quem falou mais uma vez, sem hesitar. Jason invejou a confiança dela. — Parece que ele nos passou o horário errado, então. — Ela soltou uma risada na intenção de quebrar o clima e sorriu de forma inocente. — Bom, nós não queremos atrapalhar mais. Vamos embora, já que ele não está aqui, e voltamos amanhã. Desculpe, e tenha uma boa noite.

Rebeca não esperou uma resposta. Pegou Jason pela mão e saiu com ele da sala, sem apressar o passo, e ele se deixou guiar. O guarda, de má vontade, abriu espaço para que passassem, ainda com desconfiança.

Estavam a um metro de distância quando ele falou:

— Esvaziem os bolsos.

Jason gelou e quase tropeçou nos próprios pés. Deve ter visto que não temos crachá, ele pensou. Rebeca também parou.

— Vocês são surdos?! — o guarda exclamou, impaciente. — Virem-se e esvaziem os bolsos, eu não vou repetir.

Sem opção, eles se viraram lentamente, mas sem mexer as mãos para obedecer. Jason sentiu o coração falhar as batidas ao ver o guarda com a arma erguida. O homem se aproximou de forma ameaçadora.

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— Os bolsos — exigiu, olhando fundo nos olhos de Jason. E apontou o cano da arma para a cabeça de Rebeca. — Ou eu estouro os miolos da sua namorada.

Isso foi o bastante para Jason. Ele não precisou olhar para Rebeca para saber que seus números estavam caindo. Não precisou fazer nada, nem pensar. Simplesmente agiu antes que o homem pudesse processar a ação. Cerrando os dentes de raiva, fechou a mão direita em um punho, enquanto a esquerda afastava o braço do guarda para o outro lado, e acertou seu rosto com o soco mais forte que conseguiu.

Jason não tomava Whey nem frequentava a academia, mas seu murro serviu para quebrar o nariz do guarda, fazendo sangue escorrer, e distraí-lo minimamente. Ele afrouxou a mão, deixando a arma cair, e Rebeca a agarrou imediatamente. Jason chutou o rosto dele para garantir que cairia, então sentiu um puxão no braço e Rebeca gritou:

— Corre! Vai, a gente tem que sair daqui!

Jason disparou ao lado dela na direção das escadas. Atrás deles, o guarda se levantou e acionou os alarmes, falando nos comunicadores com outros guardas para que “parassem os ladrões no Corredor D”. Outro segurança surgiu correndo as escadas e interceptou o caminho dos dois. Eles foram forçados a correr para outro corredor, enquanto o guarda puxava a arma e a engatilhava.

— Parem aí ou eu atiro!

— Não tem outra saída! — Jason gritou para Rebeca. Eles fizeram uma curva à esquerda, trombando com pesquisadores que saíam das salas para ver o que estava acontecendo. O alarme soava, ensurdecedor.

Os guardas corriam atrás deles, e começaram a disparar tiros quando viram que não estavam parando. Jason sentiu a lateral do corpo queimar quando uma bala o atingiu de raspão. Não havia saída. Só o que podiam fazer era retroceder e usar a escada, mas retornar agora não era possível, não com os guardas no caminho. Com certeza seriam pegos e ou acabariam na cadeia, ou com um tiro.

Viraram outro corredor à esquerda... E o prédio acabava ali.

Não havia para onde ir; o corredor tinha fim em uma das janelas exageradamente grandes que faziam parte da construção. Jason chegou a diminuir a velocidade, pensando que não havia mais nada a fazer, mas Rebeca o impulsionou para frente.

— Continua correndo! — falou, sem perder o ritmo. — Lá embaixo fica o rio, podemos cair nele e fugir.

— O quê?! — Jason exclamou. Aquela ideia era uma loucura. — A queda vai nos matar.

— Então vamos morrer de qualquer jeito! — Rebeca rebateu, determinada. — Você quer ser preso? — Como não teve resposta, continuou. — Tire o jaleco e o use para dar cobertura ao corpo e quebrar a janela.

Os guardas finalmente os alcançaram, e Jason tornou a ouvi-los atirando. Ele os ignorou, tomado pela adrenalina. Despiu o jaleco que usava e o colocou na frente do rosto quando estava perto da janela. Aproveitando o impulso da corrida, jogou-se contra o vidro e o quebrou, mergulhando no ar para uma queda do segundo andar até o rio.

O tempo pareceu passar em câmera lenta. Jason sentiu o vento açoitar seu rosto em uma velocidade impressionante, quase impedindo-o de respirar corretamente. Viu a água escura do rio se aproximando cada vez mais rápido até que o engoliu completamente, e mal teve tempo para prender a respiração antes de receber o impacto de uma só vez.

Jason foi engolido pelo redemoinho que sua queda desencadeou, amortecendo todos os músculos depois de uma dor terrível. Foi como cair em um enorme tapete de madeira, que poderia ter quebrado todas as suas costelas. Ele se debateu para voltar à superfície, já sem ar pela violência com que caiu. Forçou os braços e pernas a levarem-no para cima, e engolfou todo o oxigênio que pôde ao sentir a brisa da noite atingi-lo.

— Rebeca! — foi a primeira coisa que disse, ainda sem fôlego, quando conseguiu falar. Desesperado, olhou ao redor para procurá-la. Ela emergiu um segundo mais tarde, respirando tão forte quanto ele.

— Estou aqui. Vamos, rápido, temos que chegar ao carro e dar o fora.

Eles nadaram até a margem e emendaram em uma nova corrida até o carro, que, agora, parecia estacionado longe demais do prédio. No momento em que abriram as portas, os guardas saíram do centro de pesquisas. Jason se jogou no banco, atrapalhando-se com as chaves, e deu a partida, pisando fundo no acelerador e cantando pneu para sair dali. Ainda ouviram alguns tiros enquanto aceleravam pela estrada, em uma velocidade que certamente acarretaria uma multa. Melhor uma multa do que um tiro, Jason pensou. Felizmente, haviam retirado a placa do carro antes de chegarem ao local, e assim não poderiam rastreá-los, com alguma sorte.

— Você está bem? Está machucada? — Jason perguntou a Rebeca, que ainda carregava a arma roubada.

— Estou bem — ela respondeu.

Por garantia, Jason olhou para ela para ver seus números, e estavam estabilizados novamente. Mas, ao fazer isso, viu um corte sangrando no ombro dela, provavelmente fruto de um tiro que não foi certeiro.

— Precisamos ir a um hospital — falou, preocupado.

— Primeiro vamos nos distanciar o máximo possível daqui. Você também precisa de um médico — ela disse, referindo-se ao machucado do lado esquerdo do corpo de Jason.

— Eu estou bem — ele imitou suas palavras. A adrenalina foi se dissipando à medida em que cruzavam a estrada para outra cidade, e Jason começou a sentir a ardência do tiro. No entanto, deixou isso de lado ao perceber que ambos os jalecos haviam ficado para trás. — Onde está...?

— Isto? — Rebeca completou por ele, sorrindo enquanto segurava o objeto no alto para que ele visse. Era pouco menor do que sua mão, de uma cor preta reluzente.

E Jason não poderia ter ficado mais decepcionado com o que o artefato era.

— Um besouro? — perguntou. — Arriscamos nossas vidas por um besouro?

Rebeca ficou indignada.

— Não é um besouro, é um escaravelho.

— E qual é a diferença?

— O nome, oras — ela respondeu, como se fosse óbvio. — O escaravelho estava em várias das nossas pesquisas, era considerado muito importante para os antigos egípcios. Os deuses deles são zoomórficos, o que significa que normalmente têm o corpo humano e a cabeça de um animal, apesar de poderem aparecer só como humanos. O deus Khepri era o deus-escaravelho, associado aos conceitos de ressurreição, renovação e renascimento. Ele acompanhava Rá, o deus-Sol e principal divindade, na barca pelo submundo, por onde deveria passar para voltar à superfície todos os dias, assim explicando o famoso “nascer do sol”. Khepri também era a forma de Rá como o sol surgindo no horizonte.

— Faz sentido — Jason teve de admitir. — Se a Fênix é um símbolo de ressurreição, nada mais justo do que um dos artefatos que a ajudará a voltar também ser um símbolo para isso. Mas agora o que fazemos com o... escaravelho?

— Temos de perguntar a Gabriel — Rebeca disse com uma careta. Não parecia gostar da ideia. — Mas ele não pode vir até nós enquanto estivermos com o artefato, então temos de achar uma brecha.

Jason assentiu. Direcionou o olhar para a estrada, passando por vários campos de plantações e pequenas fazendas. Não acreditava no que havia acabado de fazer. Roubara uma relíquia do Antigo Egito e tinha de dar um jeito de entregá-la a um anjo cristão.

— Para onde vamos?

Rebeca olhou para trás por um minuto antes de responder, vendo se estavam sendo seguidos ou não.

— Para longe.