My love's color

Minha câmera registrava uma pequena multidão, acompanhando as músicas cantadas por um coral local, barraquinhas decrépitas, crianças birrentas, pessoas simples seguindo suas vidas miseráveis. Apenas mais um dia de trabalho fotografando um estupido festival. Quando decidi seguir essa profissão, não era bem isso o que eu imaginava; assim que resolvi fotografar, me via ganhando prêmios ou me tornando o novo Tim Walker, mas em vez disso acabei aqui... Em um mundo preto e branco. As lentes da minha maquina já não aguentavam mais isso e logo decidi descansá-las. Sentei-me em um banco qualquer e me deixei viajar pelas nuvens que encobriam o céu.

A névoa rodeava-a quando a vi. Seus cabelos azuis dançavam com a leve brisa que a seguia, contrastando-se com aquela cidade tão cinza. Ela parecia completamente perdida em seus devaneios, falando ao seu celular com uma expressão preocupada. Gritava e chorava. Tentava fazer com que a pessoa do outro lado da linha se acalmar. Sorria.

Minha câmera parecia guiar-se em direção a ela e eu apenas obedecia os comandos de seus olhos celestes. Quão doce era o sorriso dela ao observar as pequenas flores que resistiram ao inverno dessa cidade, ao ver as crianças, o coral, o céu e registrar tudo isso em um pequeno bloco de papel. Seu toque deixava tudo mais bonito, trazia cor a nossa cidade de gelo, risos aos rosto mais amargurados, ela era a vida que faltava na nossa existência. Ela era Léa Russeau, aquela a quem eu eu amei e continuava a amar. Ela era meu Oceano Azul.