O príncipe, a cientista e o plebeu

Sono... Muito sono...


Nove e quarenta e cinco da manhã. O despertador tocou mais uma vez e Vegeta, ainda zonzo, procurou com a mão pelo maldito objeto barulhento que já parecia ferir seus ouvidos. Assim que o encontrou, deu um soco para parar o barulho. O barulho parou, pois o despertador havia sido esmigalhado pelo soco.

Havia sido mais uma noite “daquelas”.

Não, não foi nada do que vocês pensaram, não, até porque não tinha como rolar devido às circunstâncias atuais que tinham apenas um nome: Trunks. Já fazia mais ou menos uma semana que Bulma e o bebê estavam em casa. Ela e o filho tiveram alta no dia seguinte ao do nascimento dele. Até aí, tudo bem... Ela precisava mesmo ficar de resguardo e não fazer praticamente nada a não ser cuidar do recém-nascido Trunks, que sempre se acalmava quando ouvia a doce voz da mãe cantarolando alguma canção de ninar.

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Ela ficaria praticamente um mês longe do trabalho, inclusive das manutenções da nave onde Vegeta treinava. Paciência... Teria que se contentar com o que o “sogro” fazia mesmo, e isso se ele tivesse tempo livre para tais tarefas. O saiyajin passou a mão pelo rosto ainda muito sonolento. Estava bem grogue, esperando a sua visão se desembaçar para ir ao banheiro sem dar topadas em tudo o que via pela frente.

― Eu mereço... – resmungou enquanto se dirigia ao banheiro. – Já faz cinco dias que não consigo dormir direito, e esta noite foi pior...!

A primeira coisa que fazia todo dia ao acordar era tomar uma boa ducha. Mas, do jeito que estava, resolveu enfiar a cabeça na pia embaixo da torneira de água fria, a fim de espantar o sono. Não adiantou nada, caiu no sono de novo e quando percebeu, a pia estava enchendo de água, quase indo ao seu nariz. Levantou abruptamente a cabeça e acertou-a na torneira de metal, que acabou se entortando com a pancada.

Estava com tanto sono que nem mesmo praguejou como sempre fazia. Apenas sacudiu a vasta cabeleira molhada e fechou a torneira.

Bocejou e coçou a barriga, passando a mão por baixo da camiseta. Olhou para o espelho e viu sua cara de acabado refletida nele. Tentou ignorar seu estado deplorável e pegou sua escova de dentes e a pasta. Ao espremer o tubo de pasta, saiu muito mais do que queria que saísse, e além de ir para a escova, ela foi para a parede azulejada e para uma parte do espelho.

― Maldição... – murmurou. – Não consigo nem mesmo controlar a minha força!

Escovou os dentes, mas durante a escovação acabou escorando a cabeça no espelho do armário do banheiro e cochilou novamente... Com a escova na boca.

Estava mesmo pregado.

*

― Ora essa... Não sabia que você era poliglota! – disse admirado o Sr. Briefs. – Sabe até o idioma blubariano!

― Blublu...! – Vegeta protestou com a cara enfiada numa tigela de cereais.

― Você disse “essa não”, ou foi “é verdade”?

― Blublublu...!

― Como é? Meu blubariano está bastante enferrujado... É “eu passei lá”? Parece com a pronúncia de “fecha a matraca”...

O leite que estava com o cereal começou a borbulhar e soltar fumaça. Estava fervendo, quase chegando a transbordar da tigela. Foi quando Vegeta, furioso, tirou seu medonho rosto sonolento de dentro da tigela e encarou o cientista com os olhos faiscando.

― Ué, Vegeta... – Bulma chegou à cozinha. – Arranjou uma nova loção pós-barba?

Ele rosnou como de costume:

― Você... Blublublu...! – afundou novamente a cara na tigela de cereal.

― Hã? – ela estava mais assustada com o estado do saiyajin do que com a ameaça ininteligível que ele tentou fazer.

― Ele disse algo como “Você vai me pagar”. – o Sr. Briefs falou. – Puxa! Vegeta viajou mesmo pelo espaço... Foi parar até no planeta Blub!

Ele tirou a cara da tigela novamente e, cambaleando, foi ao quarto. De qualquer maneira, ele devia continuar a treinar. Não seriam cinco noites insones que o atrapalhariam...

... Ou seriam?

*

Já dentro da nave, Vegeta começou o aquecimento com uma série de duas mil flexões, mas logo na centésima meteu com tudo a cara no chão. Era esperado, levando-se em conta a gravidade aumentada em 400 vezes e ainda sentindo sono. Deu trabalho para se concentrar e se levantar para desligar a máquina. Definitivamente não tinha condições de seguir adiante nesse estado.

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Logo ouviu algumas batidas na porta.

― Quem é? – perguntou após dar um bocejo.

― Pra que a pergunta, Vegeta? Sou eu, a Bulma!

Estava tão sonolento que nem se lembrava de sentir o seu ki. Abriu a porta e sua expressão acabada assustou a cientista:

― Credo, Vegeta! – ela disse, pondo a mão na testa do saiyajin. – Você tá doente?

― É claro que não!

― E por que essa cara de quem morreu e se esqueceu de cair, então?

― Por que você acha? Não é por outra coisa além daquele moleque!

― Ah, Vegeta... O que o Trunks iria te fazer? Ele é apenas um bebê recém-nascido!

― É justamente por isso que tô acabado desse jeito!

― Como assim? – Bulma ficou intrigada.

Vegeta, apesar de estar mais pra lá do que pra cá, esbravejou:

― COMO VOU CONSEGUIR DORMIR À NOITE, SE AQUELE MOLEQUE FICA CHORANDO E BERRANDO O TEMPO TODO??

E ele esbravejava com razão, ela percebeu. Bulma já havia começado a se adaptar à nova rotina, mas Vegeta não. Principalmente porque Trunks ainda não dormia à noite como o restante dos habitantes da casa. E isso levaria algum porque, de início, teria que amamentá-lo de três em três horas e o bebê não tolerava atrasos. Se Bulma atrasava, ele simplesmente abria o maior berreiro, pois precisava saciar rapidamente seu voraz apetite saiyajin. Sem contar, também, que tinha que trocar as fraldas dele constantemente.

Mas, de repente, Vegeta sentiu um cheirinho estranho... Vinha do carrinho ao seu lado onde estava o bebê.

― Que... Que cheiro é esse? – ele perguntou.

― Cheiro? Que cheiro?

― Eu não acredito que ainda não sentiu!

Bulma logo começou a sentir também. E logo retirou Trunks do carrinho, examinando a fralda do filho.

― Urgh...! – ela fez uma careta. – Isso é nojento, ele sujou mais uma fralda!

― Outra vez? – Vegeta questionou.

― É. Outra vez.

Bulma logo foi para dentro da casa trocar Trunks. Vegeta ficou apenas seguindo mãe e filho com os olhos. Em seguida, voltou para dentro da nave enquanto esfregava os olhos negros que ainda estavam pesados. Sentou-se na poltrona do piloto e ali se refestelou. Depois disso, caiu no sono. Havia acabado de encontrar um lugar mais sossegado para se dormir, apesar de não ser nada confortável.