O príncipe, a cientista e o plebeu

Uniforme novo: As medidas


Vegeta ainda permanecia catatônico na cozinha. Há dias ele evitava Bulma para voltar a sua atenção única e exclusivamente para seu treinamento, a fim de alcançar a transformação em Super Saiyajin para enfrentar os androides na data dita pelo garoto do futuro. E quando conseguia evitar a mulher de cabelos azuis... Ela reaparecia em sua mente para tirá-lo de seu foco principal.

E agora se via em uma situação não muito confortável. Como tentaria se esquivar dela? Parecia mais difícil do que escapar de um golpe poderoso de algum adversário. Levantou-se da mesa e encheu o copo de suco. Bebeu o suco e pôs-se a andar em direção ao quintal, para fazer seu alongamento antes de retomar seu treinamento na nave. Depois disso, resolveu trancafiar-se no seu “santuário” mas foi detido no meio do caminho pela voz de Bulma:

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― Espera aí, Vegeta! Eu tenho que tirar as suas medidas!

― Você só pode estar de brincadeira!

― Claro que não! Se eu estivesse brincando, acha que eu estaria com esta fita métrica na mão?

“Droga!”, o saiyajin exclamou em pensamento, ao olhar para a fita métrica na mão dela.

― E por que você tem que tirar as minhas medidas? – ele perguntou de braços cruzados. – O meu uniforme antigo não é suficiente?

― Não, Vegeta. Acontece que o seu uniforme antigo já relaxou todinho. E, se você não quer vestir nada frouxo demais ou apertado demais, vai ter que me deixar tirar essas medidas!

O saiyajin não falou nada, simplesmente grunhiu e deu as costas à cientista e foi até a nave. Abriu a porta e parou na entrada. Bulma já estava prestes a ficar furiosa por causa do descaso dele, mas...

― O que está esperando? Anda logo, vem tirar essas medidas, já está atrasando o meu treino!

― Já vou, já vou! – ela disse correndo logo atrás.

Os dois entraram na nave, porém a porta não foi fechada. Um encarou o outro por vários segundos que pareceram uma eternidade. Até que Bulma, depois de engolir saliva, disse:

― Então... Vamos lá...! Pode... Pode tirar a camiseta...!

Pela primeira vez na sua vida o saiyajin hesitou em tirar a camiseta. “Mas que bobagem!”, pensou. “Por que me sinto tão idiota pra fazer uma coisa tão simples como tirar uma camiseta? Sempre tirei sem dificuldade, por que é que me sinto constrangido na frente dela? Justo dela?!”

Encarou-a e seu rosto acabou corando, além de começar a suar. Agora foi Bulma que começou a ficar impaciente:

― Não enrola, Vegeta! Era você mesmo que estava reclamando que seu treino iria atrasar!

― Não enche! – ele disse, já tirando a camiseta. – Tira logo as medidas que você quer!

Bulma hesitou ante o saiyajin sem camiseta. Já o vira tantas vezes assim, por que estacava logo naquele momento? Veio a resposta: teria que tocá-lo. Respirou fundo e desenrolou a fita métrica, em seguida pôs a caneta atrás da orelha e um bloco de anotações por cima do painel da máquina de gravidade.

“Relaxa, Bulma...”, ela pensou já nervosa. “Você só vai tirar algumas medidas, por que ficar tão nervosa? Respira fundo e vai; rapidinho você já acabou! Num instantinho você tem as medidas desse... Corpaço...!” Corou violentamente ao pensar na palavra “corpaço”. O que estava pensando? Por que parecia tão atraída por ele? Nem ela mesma sabia responder a essa pergunta aparentemente fácil enquanto seus olhos percorriam o corpo do guerreiro de cima a baixo.

― Vamos lá...! – ela disse ainda insegura, embora tentando esconder o que sentia.

Começou a medir os largos ombros de Vegeta, que estava visivelmente constrangido, e anotou a medida na caderneta. Depois mediu o tórax, sem desgrudar os olhos principalmente do peitoral, e anotou também em sua caderneta. Em seguida, mediu o bíceps, o punho, o comprimento das mangas, e a gola – que seria alta.

Agora é que não iria mesmo conseguir tirar tudo aquilo da sua cabeça. Principalmente, porque ele estava apenas de bermuda.

Bulma examinou-o outra vez, com seus olhos azuis, perscrutando cada músculo trabalhado dele. Vegeta sentiu esse olhar investigativo e ficou ainda mais constrangido e muito mais vermelho. Se bem que já começava a se sentir como uma espécie de objeto de admiração. Isso, sem contar os ligeiros toques que ela dava em seu corpo ao passar a fita métrica para obter as medidas. Cada toque – mesmo muito rápido e quase imperceptível – o deixava ligeiramente arrepiado. Eram como se esses delicados toques fossem pequenos choques que lhe causavam essa sensação estranha e inédita.

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― Dá pra ser mais rápida ou tá difícil? – a voz do saiyajin evidenciava o grande desconforto que sentia, acompanhado de um rubor ainda maior no rosto.

― Já vou, já vou! – Bulma disse ainda sob o efeito da “hipnose” do corpo do saiyajin. – Levanta os braços, vou medir a sua cintura.

Mecanicamente, Vegeta levantou os braços e deixou Bulma medir a cintura. Ela continuou no mesmo sistema “mede-e-anota”. Depois da cintura mediu os quadris, depois as coxas torneadas, as panturrilhas, o tornozelo e, por fim, o comprimento total. E, enquanto isso, o saiyajin permanecia uma verdadeira “estátua”. O embaraço era tamanho que mal respirava.

Só voltou a respirar normalmente quando ouviu:

― Pronto... Já acabei! Pode vestir a camiseta!

Bulma não saiu de imediato, checava na sua caderneta todas as medidas que havia anotado para se certificar de que não havia se esquecido de nenhuma. A cada medida que revia, olhava para o saiyajin. Agora a tarefa, a princípio embaraçosa, lhe parecia muito agradável. Muito mesmo... Pensava em como é que alguém, mesmo não sendo tão alto, conseguia ser tão atraente. Tudo nele era bem distribuído e, além disso, ainda pensava na densa aura de mistério que ainda o envolvia.

Por seu lado, Vegeta ainda se recuperava interiormente daquele momento insólito. E a cada toque ligeiro que recebera, novas sensações surgiam em seu interior. Era estranho, mas ao mesmo tempo era até bom. Apenas com isso parecia sentir-se melhor apesar de todo o embaraço.

A cientista saiu da nave, indo rumo ao laboratório. Vegeta fechou a porta em seguida. Tentava colocar a cabeça no lugar para começar mais uma sessão de treinamento. Respirou fundo para começar a parte de alongamento e aquecimento. Mas, mais uma vez, sua concentração não era suficiente para se esquecer de tudo aquilo que acabava de acontecer. Cada vez que estava perto de Bulma, o saiyajin se sentia um completo retardado, quase um palhaço como o ex-namorado dela. Como odiava isso!

Resolveu deixar o alongamento para depois e sentou-se no assoalho da nave em posição de lótus. Decidiu fazer um treinamento mental a fim de elaborar novas técnicas, depois partiria para o treino físico.

Para se tornar um Super Saiyajin, deveria preparar também a mente ou seria tão desmiolado como – segundo ele – Kakarotto.

E definitivamente não queria ser como ele, mas superior.

*

As horas passaram e Bulma permanecia trancafiada no seu laboratório. O progresso com a terceira fase da confecção do novo uniforme de Vegeta não estava sendo muito grande. Suspirou, pois estava totalmente desconcentrada devido àquela visão que teve do saiyajin enquanto tirava suas medidas. Não saía de sua memória a sensação agradável que teve ao tocar cada músculo firme e definido dele.

A cada dia que passava Bulma se sentia mais e mais atraída por Vegeta. Não só pelo seu físico ou qualquer outra coisa, mas por suas atitudes. Voltava a se lembrar daquela noite da festa em que aconteceu o rompimento do namoro com Yamcha. E o mais inesquecível foi depois da festa. Jamais esperava que o príncipe saiyajin aparecesse ali. Até pensava que ele estaria lá só para rir da desgraça alheia, mas estava errada. Os acontecimentos que se seguiram comprovaram isso.

E esses acontecimentos a deixaram ainda mais seduzida por ele.

“Ah, Vegeta...”, ela pensou, olhando para aquele tecido azul royal. “Acho que tô mesmo apaixonada por você, mesmo sendo um resmungão mal-educado... Mas será que você gosta de mim?”