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Enlouquecer


Bem vindo ao nada. Bem vindo ao tudo. Bem vindo ao lugar onde nada faz sentido. Bem vindo ao lugar onde suas lembranças se consomem e se recriam. Bem vindo à (in)consciência. Não adianta tentar fugir ou escapar, não adianta correr ou se esconder. Bem vindo ao seu desespero.

O mundo era um lugar frio e escuro. Ao menos em sua visão. Todos os dias desfilavam diante de seus olhos sem sentido algum. Nada tinha significado, nada era lembrado depois antes de ir dormir. Em sua mente e seu coração, ninguém tinha importância alguma. Pelo menos não ninguém real. Não lembranças reais. A única coisa a qual realmente importava era aquele mundo imaginativo e repleto de ficção que sua mente construía e desconstruía dia após dia.

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Aquele mundo, por mais irreal que fosse para as outras pessoas, era real em sua mente. Lá as coisas tinham significado. As pessoas de seu mundo imaginário eram importantes e mais lembradas que as pessoas reais. Aliás, quem garante que seu mundo imaginário já não se tornara tão grande quanto o mundo real, talvez até mais palpável do que deveria ser.

Provavelmente, estava enlouquecendo. Sabia disso a cada momento em que se fechava mais em sua mente e deixava o mundo ao seu redor desaparecer enquanto por trás de suas pálpebras fechadas sua cabeça reconstruía a realidade. Naquele lugar, seu toque ditava as cores.

Ditava as formas, e as pessoas, os pensamentos de tudo e de todos e suas vontades eram absolutas sobre toda a sua criação. Ali, era Deus. Acima de tudo e de todos, o que queria, era realidade, e que o deixava de ser interessante, era destruído.

A sua mente era uma coisa poderosa, e por vezes incontrolável.

E aos poucos, a irrealidade de sua mente tomou conta ao ponto de que não podia mais discernir o real do irreal. As pessoas chamavam isso de enlouquecer.

Sua mente trancafiou sua consciência, e a tornou em inconsciência. Agora, realidade e mentira não existiam mais, existia apenas uma mistura dos dois. Era como se sua imaginação tivesse consumido tudo, tornando tudo em ilusões.

Doses e doses de remédio. Uma sala escura e suja. Pelo menos no plano real. No irreal as paredes tinham vida ou por vezes não existiam. As cores eram vividas e pulsantes e pareciam respirar. Era um imenso jardim sem fim, em que se corria em círculos enquanto durasse a alucinação.

Não podia mais diferir pessoas de monstros. Sua mente se desmazelava e desmanchava-se entre ilusões.

Tudo que quisera era um mundo pra controlar.

No fim, seu mundo tomara o controle.

E não podia mais fugir. O real agora, era o irreal.

Bem vindo à sua loucura.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.