Capítulo IV - S.T.A.R Labs

O S.T.A.R Labs de Metrópolis era o maior de todos, e tinha como especialidade o estudo da biologia marinha, apesar de também trabalhar com outras áreas da ciência. Localizava-se perto da praia central, onde muitos civis adoravam ir em uma manhã de domingo.

Alguns viram um carro grande e preto estacionar na frente do laboratório, e dele saírem quatro figuras trajando roupas estranhas. Melissa se sentiu incomodada com os raios de Sol fortes em seu rosto, pois estava acostumada a agir como Batgirl apenas de noite. Os outros pareciam gostar do calor agradável aquecendo seus rostos.

Kate, agora, usava uma roupa semelhante a de sua mãe, porém com alguns detalhes em amarelo nos punhos. Havia ganho aquilo quando completara vinte anos e quando a vestia atendia pelo nome de Canário. Apolo trajava sua armadura que fora feita pelas amazonas, os braceletes de prata iguais aos de sua mãe estavam presos em seus braços enquanto uma espada jazia presa em seu cinto. Kevin e Melissa também usavam seus uniformes, e quando perceberam que atraiam os olhares dos civis, resolveram entrar logo no laboratório.

O local era impressionantemente moderno por dentro, centenas de cientistas andavam de um lado para o outro, levando e trazendo experiências novas. As paredes eram feitas de metal escuro porém as luzes presas no teto deixavam tudo muito bem iluminado. Apolo podia ver tecnologias estranhas para ele, coisas que o herói nunca vira em Themiscyra, isso, somado aos sons das máquinas, o deixava confuso e levemente irritado.

— Não toca nisso! — eles ouviram alguém gritar e logo depois houve uma pequena explosão, levantando uma quantidade grande de fumaça azul. Os quatro heróis correram para ver o que era e quando chegaram, viram uma jovem de cabelos loiros com um uniforme semelhante ao do Flash segurando a tampa do que pareceu ser uma garrafa.

A mesa ao seu lado estava completamente suja com um líquido azul, assim como o garoto perto dela. Seu rosto estava sujo, mas bastou passar a mão pelo mesmo que ficou limpo novamente, podendo lançar um olhar furioso para a jovem.

— Foi mal — ela segurava a risada.

— Foi péssimo! Mandei não tocar em nada — gritou o rapaz, se virando para os heróis que os encaravam e ficando surpreso. — Quem são vocês?

— Batgirl, Superboy, Canário e Apolo, precisamos de ajuda para identificar os componentes de uma amostra — disse Melissa, curta e grossa.

— São os filhos da Liga, não é? Que legal! — disse a jovem, correndo rapidamente e parando ao lado de Kevin. — Sou a Speedy, filha do Flash! Caramba, eu nunca conheci ninguém mais que fosse filho de alguém da Liga! Você é o filho do Superman, não é? Se eu colocar uma kryptonita na sua frente você morre?

Conforme Grace fazia essas perguntas rapidamente, Kevin ria e tentava achar uma brecha para responder, mas foi interrompido pelo rapaz desconhecido por eles.

— Na verdade não, como ele é meio humano a kryptonita não tem o mesmo efeito sobre ele como tem no Superman, teria que ficar exposto por algum tempo para ser afetado pela mesma — todos ficaram surpresos e curiosos para saber de onde viera essa informação. — Eu me chamo Alex — ele passou a mão no cabelo, tirando alguns vestígios do líquido azul e deixando que eles pudessem ver melhor seu rosto.

Ele tinha cabelos curtos e castanhos, seus olhos eram castanhos claros e tinha uma barba rala abaixo do queixo, aparentando ter a mesma idade que Kevin.

— Como sabe sobre a kryptonita? — Superboy perguntou, ficando ligeiramente sério e incomodado com o que achava que ele iria dizer.

— Nosso pai sabe tudo sobre o Superman — eles viram uma mulher loira se aproximar e se posicionar ao lado de Alex, ela tinha cabelos longos e loiros que desciam até sua cintura, seu rosto parecia moldado e perfeitamente esculpido, sem defeitos ou imperfeições, mas o que mais chamava atenção eram seus olhos azuis cintilantes. — Ele é meio obcecado com isso, sabem, não me orgulho de ser filha dele. — ela sorriu para o irmão e depois olhou para os heróis. — Sou Amanda Luthor, e esse é meu irmãozinho Alexander Luthor Junior. Ele odeia dizer o nome todo.

— Valeu, maninha — ele revirou os olhos e se afastou dela.

Kevin ficou incomodado ao ouvir aquilo, mesmo não julgando as pessoas logo que as conhecia, Luthor já havia causado muitos problemas para seu pai e para muita gente, ele não conseguia pensar em algo bom ouvindo esse nome. Ao notar as expressões desconfortáveis dos heróis, Amanda tratou de dizer:

— Não se preocupem, não temos nada a ver com os negócios do nosso pai. Estamos fazendo um estágio aqui no Star Labs para ajudar os heróis, já que não temos poderes para ajudar de outras formas — suas palavras foram sinceras e em seguida a loira sorriu.

Melissa achou estranho Alex saber sobre os efeitos da kryptonita em Kevin, mas tinha assuntos mais importantes a tratar. Queria desvendar aquele mistério o mais rápido possível.

— Precisamos que nos digam do que é feito essa amostra — a morena tirou de seu cinto a seringa, chamando a atenção de Alex, que voltou a se aproximar deles.

— Se parece com a amostra que você trouxe, Speedy. Vou entregar à doutora Charles quando ela retornar — ele estendeu a mão e esperou que ela lhe entregasse o objeto, porém Melissa não o fez.

— Quero os resultados agora, pode fazer isso sem a ajuda da doutora. Se está aqui é porque é inteligente — a última parte soou como um elogio, fazendo Alex dar um sorriso de canto.

— Posso tentar. Amanda, verifique a nossa experiência e me avise quando os níveis de calor estiverem altos novamente — disse o moreno, sustentando seu olhar em Batgirl e logo fazendo sinal para que ela o seguisse.

Amanda assentiu e se retirou, indo para uma sala longe de onde eles estavam. Kevin e Apolo pareciam ler a mente um do outro enquanto viam Melissa se afastar com Alex. Ambos não havia gostado de saber que se tratava do filho de Lex Luthor, mas também não queriam tirar conclusões precipitadas.

— E nós fazemos o quê? — Canário perguntou.

— Não quebrem nada — Batgirl respondeu, caminhando atrás de Alex.

— Ei, Superboy! Quer apostar uma corrida? — o tom de voz de Grace era brincalhão e divertido, Kevin não pode deixar de rir e de pensar que seria má ideia no meio de um laboratório.

— Acho que podemos fazer isso lá fora — sorriu, não querendo recusar a proposta dela. Grace parecia ter mais de dezesseis anos, mas tinha a personalidade de uma criança, isso deixou Kevin com pena de dizer "não" para ela.

A loira sorriu e correu para o lado de fora, sendo seguida por Superboy. Canário e Apolo não viram outra alternativa, senão ajudar Alex e Melissa a descobrirem do que o soro era feito. Eles andaram, um pouco deslocados, por entre os vários cientistas que ali estavam até chegarem a uma sala que se assemelhava a um escritório.

Batgirl e Alex estavam na frente de um grande computador enquanto analisavam alguns nomes escritos na tela.

— É muito esquisito... Esse soro consegue localizar as células meta-humanas adormecidas no corpo de qualquer ser, sejam elas pequenas ou grandes, fazendo com que elas se multipliquem e façam o indivíduo ganhar poderes — disse Alex, curioso com o que havia descoberto.

— É um tipo de clonagem induzida artificialmente, eles clonam os poderes originados de uma célula-mãe, isso significa que para fazer o soro é necessário extrair a célula meta-humana de um ser com poderes para que essa fortaleça a célula de alguém sem poderes — completou, fazendo Alex sair de seus pensamentos para encará-la.

— Você entende mesmo desse assunto. Por que precisou vir aqui para descobrir isso?

— Esse laboratório é um dos mais modernos do mundo, só vocês conseguem definir quando há vestígios de uma célula meta-humana — retrucou, dando um sorriso quase que imperceptível.

— Adoraria compartilhar do meu conhecimento sobre meta-humanos com você. Talvez em um jantar, quem sabe? — disse, lançando um sorriso charmoso na direção dela. Melissa arregalou os olhos enquanto tentava responder, mas havia sido pega de surpresa.

Kate riu ao perceber que a morena ficara nervosa, enquanto Apolo arqueou as sobrancelhas, também ficando surpreso com a maneira como ele fora direto. Melissa olhava fixamente para Alex, sem saber o que dizer. Ela não costumava sair como uma pessoa normal, raramente fazia amigos, porém estava considerando aceitar a proposta. Talvez dessa forma poderia descobrir se Alex e sua irmã eram confiáveis e se poderiam ajudar de alguma forma.

No momento em que a jovem ia responder, um alarme ensurdecedor soou, fazendo Alex se levantar bruscamente e correr para a outra sala. Kate viu Batgirl se aproximar deles e não conteve a risada.

— Salva pelo gongo, literalmente — disse, vendo a heroína revirar os olhos.

Os três viram vários cientistas correndo de um lado para o outro, suas expressões eram de desespero e nervosismo. Uma luz vermelha piscava incessantemente acima deles, nenhum dos heróis entendia o que estava acontecendo, mas parecia ser algo grave. Dois vultos passaram por entre os cientistas e pararam ao lado dos três, logo revelando serem Grace e Kevin.

— Ouvi o alarme, o que está acontecendo? — perguntou o moreno, ficando um pouco incomodado com o barulho alto.

— Uma das fontes de energia explodiu! — Amanda gritou, se aproximando deles por trás. — Precisamos evacuar o prédio antes que...

Nesse momento, algo explodiu, fazendo uma parede inteira desabar. Kevin usou sua super velocidade para salvar dois cientistas que seriam esmagados pelas pedras, enquanto Grace fez o mesmo com outros que estavam do lado oposto.

— Tirem o máximo de pessoas que conseguirem, nós cuidamos disso —Batgirl falou, correndo na direção de uma escada de metal onde alguns cientistas estavam com medo de descer após a explosão.

Apolo e Kate também foram ajudar, na maior parte, mantendo os civis longe dos projetos perigosos e inflamáveis, com medo de outra explosão. Kevin começou a vasculhar o prédio mais afundo para ter certeza de que ninguém ficaria preso, mas não encontrou ninguém, exceto por uma sombra que entrara em uma das salas.

Ele se aproximou e viu ser alguém com a pele brilhante, algo que parecia ser platina. Seu corpo inteiro era coberto pelo material, indo de seus pés por suas longas pernas até sua cabeça. Sua fisionomia indicava que era uma mulher, porém quando percebeu que aquilo era como uma segunda pele e tentou usar sua visão de raio-x para ver o rosto da mulher, a pele dela mudou, se tornando um metal mais escuro e denso.

Chumbo!

Pensou, ela parecia saber que ele usaria seus poderes naquele momento, então deu um chute em seu estômago. Sua força o surpreendeu, o fez ser lançado para longe e atravessar uma parede. Mesmo com a densa camada de poeira que se ergueu após sua queda, ele pode ver a mulher quebrando outra parede e deixando o laboratório.

Batgirl ajudava os cientistas a saírem quando ouviu um barulho familiar.

"Bip... Bip... Biiiip..."

Quando percebeu o que aconteceria, ela envolveu sua capa ao redor dos três cientistas que ainda estavam perto dela e viu a bomba explodir. O material conseguiu protegê-los, mas a pressão os jogou para longe, ainda que ilesos.

Apolo cravou sua espada na parede e a mesma perfurou o concreto sem nenhum esforço. Ele então começou a fazer o contorno de um tipo de porta larga para, em seguida, dar um chute na mesma e fazer uma saída fácil para que todos saíssem mais rapidamente.

Grace viu que partes do laboratório pegavam fogo, então usou as mãos para fazer pequenos furacões que retiravam o oxigênio das chamas, as apagando instantaneamente.

Kate estava na porta ajudando todos a deixarem o local em segurança, quando percebeu que uma grande estante de metal cairia sobre Grace, de costas para a mesma. A loira correu na direção dela e a empurrou no momento em que a estante caiu.

— Valeu! — Speedy sorriu e Canário deu dois tapinhas no ombro dela.

— Apolo! — eles ouviram Melissa gritar. O moreno olhou para ela no andar de cima. — Não foi um acidente, existem bombas aqui dentro e estou vendo uma bem atrás de você!

Ele se virou para uma máquina gigantesca alguns passos de distância dele, podendo enxergar um ponto vermelho em cima da mesma.

— Eu pego! — disse, guardando sua espada novamente e correndo na direção do dispositivo.

— Não! Só fica longe! — Kate gritou, e no momento em que ele ia começar a voar, a bomba explodiu e o lançou longe, fazendo-o atravessar a parede e cair do lado de fora.

Batgirl suspirou em um sinal de irritação, agora mais da metade do laboratório pegava fogo. Quando desceu novamente para poder ir embora com os outros, uma enorme onda passou por cima deles, atingindo as partes do laboratório que pegavam fogo e deixando as heroínas encharcadas.

— Acho que isso é de vocês — elas se viraram na direção de onde viera a voz e se depararam com um jovem alto, seu cabelo castanho claro molhado e sua pele branca iluminada pelas gotas de água. Em uma das mãos ele segurava Apolo, desmaiado, pela parte de trás do pescoço.

— Quem é você? — Grace perguntou, vendo-o sorrir e se aproximar.

— Scott Curry, príncipe de Atlantis — dizendo isso, ele largou Apolo, fazendo-o bater com a cara no chão.

— Kevin! — Melissa olhou em volta, levemente preocupada por não encontrá-lo, então o viu se aproximar pelo lado. — Onde você estava?

— Uma mulher me atacou, a pele dela se tornava qualquer metal, nunca vi isso antes — o herói olhou para Apolo desmaiado e para Scott. — Perdi muita coisa?

— As bombas foram implantadas, seja lá quem for que fez isso, não queria que soubéssemos mais sobre o soro — Kate indagou, apertando seu cabelo com as mãos para tirar o excesso de água neles.

— Do que estão falando? — Grace perguntou, começando a se interessar pela história.

— Assunto particular — Batgirl a cortou, logo se virando e andando na direção da porta.

— Ela é sempre enfezada assim? — Scott riu, vendo Superboy se aproximar de Apolo, que acordava aos poucos.

— Quase sempre, mas é legal de vez em quando — ele sorriu, estendendo a mão para que Apolo se levantasse.

— Ahh, eu quero ajudar! — Grace assumiu uma expressão emburrada e cruzou os braços.

— Não liguem para a Batgirl, quanto mais gente melhor — Canário disse, sorrindo para a loira. — Vamos sair, quero ter certeza que tiramos todo mundo.

Os quatro assentiram e a seguiram para fora, logo vendo Melissa parada na frente do laboratório. Em volta do local haviam centenas de repórteres e policiais, e quando os viram sair, os cientistas bateram palmas para os seis.

— Vocês acabam de salvar mais de duzentas vidas! Como se sentem depois disso? — perguntou uma repórter, surpreendendo os heróis ao saberem que haviam salvado mesmo tantas pessoas.

— São uma equipe? Se sim, qual o nome? — outro repórter colocou um microfone na frente deles enquanto um câmera man os filmavam.

— Não somos uma equipe! — Batgirl respondeu. Ela detestava a mídia e sentiu muita vontade de fazer o repórter engolir aquele microfone.

— Mesmo que não, vocês salvaram a todos nós — eles viram Alex se aproximar. — Estamos muito gratos por isso. — ele sorriu, colocando a mão no ombro de Melissa e a puxando para um canto. — Me desculpe, mas as amostras foram destruídas durante a explosão. Ainda quero ajudá-la com isso, parece ser algo bem ruim.

— Sua ajuda é bem-vinda. Pode começar descobrindo quem implantou as bombas no laboratório — respondeu, olhando para Superboy que tinha uma expressão questionadora no rosto, como se estivesse se perguntado por que ele a puxara para uma conversa em particular.

— Como entro em contato com você?

— Eu entrarei em contato com você, Alex — dizendo isso, ela se afastou e começou a passar pela multidão de repórteres e policiais sem dificuldade, empurrando os que entravam em seu caminho.

— Batgirl! — ela se virou e viu os outros se aproximando dela. — Nós podemos resolver esse problema, hoje salvamos vidas e trabalhamos bem em equipe — Kevin diz.

— Todos somos filhos de um membro da Liga, nossos pais certamente ficariam orgulhosos de nós por seguirmos os passos deles. Podemos solucionar esse caso mais rápido com nossas forças combinadas — Kate acrescentou.

Melissa os encarou por alguns segundos em silêncio. Detestava admitir que estavam certos, porém ficara ainda mais interessada nesse caso e faria de tudo para descobrir mais sobre isso, nem que precisasse trabalhar com outros heróis para isso.

— Tudo bem — ela entrou em seu carro. — Me encontrem em Gotham daqui a duas horas.

Dizendo isso, ela fechou a porta e arrancou a toda velocidade. Sabia um local por onde poderiam começar a decifrar esse grande enigma.