Unforgivable
Por Erik
O tiro acerta o alvo desejado. Vincent. Infelizmente, em seu braço. Mesmo assim, ele parece surpreso.
– Não sei porque o espanto - ela sorri. - Você já deveria saber que eu nunca mataria Josh.
Ele rosna para ela e empurra Josh para o chão. Avança e Melanie tira mais facas do cinto. Quando Vincent acerta um soco nela, ela o chuta em suas partes íntimas. Enquanto ele se revira de dor, ela aproveita pra subir em cima dele e aperta uma de suas facas contra o pescoço dele.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Vamos, Melanie, me mate - ele sussurra enquanto a segura pelos cabelos. - Se tiver coragem.
Ela pressiona a faca mais forte ainda quando sente o cano da sua arma contra as costas dela.
Melanie sai de cima dele e quando ele a ataca novamente, ela consegue derruba-lo com toda a sua força. Vincent é ágil demais para seu tamanho, sendo grande daquele jeito era esperado que fosse mais lento, mas ele se movia na mesma velocidade do que ela. Não é à toa que foram os dois melhores no PMI na história.
Foi uma bela dança, no final das contas. Mas todas as danças precisavam de um fim.
– Vou marca-lo com algo bem mais definitivo do que a morte - ela sorri quando a sua faca passa arrastando o lado direito do rosto dele junto com ela. O sangue jorra. Vincent instintivamente grita e coloca as duas mãos na bochecha pra parar o sangramento, mas não adianta.
– Você me deformou, sua vagabunda - ele rosna - e vai me pagar caro por isso.
O seu erro foi achar que isso o desestabilizaria o suficiente. Ela não vê de onde ele tira a arma já que quando ela o cortou, ele a largou. Só sente o tiro atravessando o seu peito.
E o sangue em suas mãos. Seus olhos parecem pesados demais e seu corpo também. Não consegue ficar de pé.
Quando percebe, Josh está ao seu lado. Vincent foge.
– Vá atrás dele - ela sussurra, as mãos ensanguentadas no rosto dele. - Faça ele pagar.
Josh não consegue evitar as lágrimas.
– Mel, por favor...
– Vá - ela pede.
– Eu nunca seria capaz de deixar você.
Ele olha para Katerina.
– Vá - ele diz.
– Eu não sou boa com armas - ela fala timidamente -, não sei atirar, não sei usar uma faca.
– É boa com palavras - ele fala. - Use sua arma até chegar perto o suficiente para usar uma das nossas.
Ele olha para Melanie, quase morta em seus braços.
– Vingue Melanie - ele pede - e Erik.
+++
Katerina sobe para o telhado, exatamente por onde Vincent foi. Seus olhos se enchem de raiva quando veem o helicóptero já pronto pra partir.
– Pare!
Por incrível que pareça, ele para. Vira-se para encará-la. E ri.
– Isso não é lugar para uma rainha.
– Meu pai costumava falar sobre você, sobre como eram amigos.
Ele volta a sorrir.
– Somos parecidos.
– Talvez – ela dá de ombros, se aproximando –, mas vocês ainda têm uma diferença.
– Eu não a ataquei hoje em consideração ao seu pai – ele afirma –, mas agora preciso partir.
É a vez de Katerina sorrir. Ela o segura pelo pulso. Não é um aperto forte, mas o surpreende.
– Mas tão rápido? Você não quer saber o que uma rainha faz essas horas no telhado de um prédio tão distante da capital? Melhor: acompanhada de rebeldes.
– Eu sei porque está aqui. Foi seduzida pelas ideias revolucionárias de Melanie, além de já ter descoberto que Andrew é seu tio, outro traidor - o seu sorriso não some. Ele realmente tem certeza que vai se livrar. - Vocês, jovens, buscam esses ideais de igualdade o tempo todo, mas isso tudo não passa de uma ideia, de ilusão. Igualdade não existe. Não tem como existir. Sinto muito desapontá-la.
– Ah, você não me desapontou. Foi tudo o que eu imaginava e um pouco pior.
O sorriso dele some. Katerina o aperta um pouco mais, se aproximando o suficiente para sussurrar em seu ouvido.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Eu estou aqui pelo ataque no meu palácio no casamento da minha irmã, pela morte de tantas pessoas queridas – ela tira a faca escondida do cinto. A faca que pegou emprestada de Melanie – e, principalmente, estou aqui pelo assassinato do meu marido que você organizou.
Antes que ele possa reagir, ela crava a faca em seu peito. Ele a encara, surpreso.
– Não esperava algo assim de uma rainha, Vincent? - ela sorri. - Estou aqui por todas as vidas que você destruiu com essa praga que seu pai criou em um laboratório e você decidiu dar continuidade, pelas pessoas que você deixou morrer de fome e de frio pra investir em armamento. Estou aqui por Erik e por Melanie e por tantas outras pessoas que morreram por sua causa. Acabou.
– Como... como se você fosse tão melhor do que eu.
Seus olhos estão desfocados. Ele está morrendo. Há sangue em sua boca.
– Sabe qual a diferença entre você e meu pai? - seus lábios se repuxam em um sorriso. - Ele estará vivo amanhã, já você estará morto.
+++
Josh não consegue raciocinar. Pela primeira vez, ele não sabe o que fazer. Está perdido no mundo, flutuando. É como se não houvesse mais gravidade, como se nada mais o prendesse na Terra.
Ele acreditava que agora tudo seria diferente. Que ele, Melanie e a filha que não conhecia poderiam ter um futuro. Ele realmente acreditava que isso seria possível.
Idiota, ele diz para si mesmo. Por que você imaginava que poderia ser feliz? É claro que não.
Ele segura a mão ensanguentada de Melanie com lágrimas nos olhos. Sem pulso.
– Eu te amo – ele sussurra, depositando um beijo na testa dela. - E se Katerina não o matar, eu o matarei.
– Não será necessário - ele escuta a voz da ruiva atrás dele. - Vincent está morto.
Ao se virar, ele vê vários homens com ela. Além de Joffrey e Francis.
– O que...
– Levem ela – ela diz para os homens. - Façam o possível e o impossível para que...
– Melanie está morta – Josh murmura.
Katerina fica em silêncio por alguns segundos, então se vira para Joffrey.
– Não - ele balança a cabeça. - Não farei isso novamente.
– Não foi um pedido – ela falou.
– Kat, você está pronta pra segurar esse peso? - Francis questiona. - Nós fizemos isso por você. Nós sabemos o que nos custou. Você...
– Eu matei um rei e o maior lorde do meu país, Francis – ela fala. - Acho que posso suportar o peso da morte.
– Você matou quem matou Erik. Matar por vingança é uma coisa, matar por...
– Eu vou salvá-la, pai – ela interrompe Jofrrey.
– Do que vocês estão falando? - Josh questiona.
– Eu imaginei que você soubesse – a ruiva parece surpresa. - Carrick usou um método quando eu morri. O mesmo método que usou com Joffrey e com Vincent. Ele...
– Não me importa – Josh fala. - Faça.
– Você tem que estar preparado pra isso.
Josh fica em silêncio.
– É uma troca. A vida de cem pessoas pela dela.
Ele não tem nem o que pensar. Nem que ele mesmo tenha que estar entre essas pessoas.
– Faça.
+++
– Eu não faço mais isso – Carrick fala, encarando o corpo ensanguentado de Melanie. - Você foi minha última - fala para Katerina.
– Não seja rancoroso – Josh se intromete. - Não é porque ela é filha de Valentina e não sua que você tem que deixar de salvá-la.
Carrick o encara.
– Ou você acha que eu não sei quem está por trás de Carrick Hillbrand? - o loiro franze a testa. - Callum Hemingski. Eu cuidei da sua proteção quando você quis mudar de identidade, quando recém havia saído do PMI.
Ele respira fundo.
– Não é por Valentina. Demanda muita energia e... você não entenderia. Isso não é ciência, é outra coisa.
– Eu não ligo se é ciência, algo místico ou o que quer que seja. Não ligo quem pague o preço. Eu pagarei, se for necessário. Eu só quero Melanie viva. E você vai trazê-la de volta agora.
+++
Enquanto Carrick corre para lá e para cá, Katerina dá uma pausa. Respira fundo, o sangue de Vincent em sua roupa.
– Como você sabia onde eu estava? - ela pergunta quando Francis senta do seu lado, no chão.
– Hana me contou.
Katerina sorri.
– Isso foi tão arriscado, Katerina. Você tem noção que poderia ser você lá? Pela segunda vez – ele respira fundo. - Eu não sei se suportaria.
– Ele disse que não me atacou em consideração ao meu pai. Eu sei que na realidade ele me subestimava. Achava que nunca seria capaz de matá-lo.
– Espero que tenha valido a pena.
Ela o encara. Ele está olhando para o chão, não para ela. Devia ser difícil para Francis ver ela ali, paralisada no tempo, louca por vingança. Louca pra vingar outro homem.
Mas isso havia acabado agora.
Katerina coloca a mão no rosto de Francis, fazendo ele olhá-la.
– Você foi meu primeiro amor – ela fala. - Meu primeiro amor de verdade, não essa atração idiota que a gente sente pelas pessoas. Erik foi meu primeiro marido e eu aprendi a amá-lo. Ele é o pai do meu filho e eu nunca vou esquecê-lo, pois há uma parte dele em mim, você entende isso? - Francis assente. - Não sei se você amou Britney, mas Thierry também é uma parte dela em você. Pra sempre. Isso não significa que o que haja entre a gente não seja real. Porque é. Eu ainda te amo da mesma forma que amava anos atrás, quando você foi me apresentado como Fabrizio.
Ele se aproxima e a beija. E é a coisa mais linda que um ser humano pode sentir. A aproximação para um beijo com real atração e sentimento. Admirar e ser admirado. Amar e ser amado.
Fale com o autor