Meu Tormento

Capítulo 13


“Nos seus olhos quero descobrir uma razão para viver, e as feridas dessa vida eu quero esquecer.

Pode ser que eu a encontre numa fila de cinema, numa esquina, ou numa mesa de bar” Segredos, Frejat.

Acordei com a cabeça latejando. Eu estava na minha cama, ainda com a roupa de ontem.

Antes de tomar café ou fazer qualquer outra coisa, tomei uma ducha.

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De baixo do chuveiro lembrei-me porque estava com roupa que usei ontem. Tinha ido com Tomás e o amigo dele naquela balada e sem querer tomei vodca. Tomara que minha mãe não tenha me visto “bêbada”. Evitaria muitas perguntas de como eu fiquei daquele jeito.

Forcei minha mente para tentar lembrar-me de quando cheguei à minha casa, mas não consegui. A última coisa que me lembro é sair chorando e ligar para um táxi. Na hora eu realmente devia estar mal para esquecer a minha fobia de ficar sozinha. E tudo é culpa de Tomás. Só de pensar nele minha cabeça lateja mais. Porque ele me trata desse jeito?!

Quando fiquei pronta, fui tomar café. Para minha infelicidade Tomás estava na cozinha e tia Dina também.

– Bom dia flor do dia! – tia Dina cumprimentou-me. Forcei um sorriso.

– Bom dia.

– Que cara de zumbi. – Tomás debochou rindo.

– Ha ha ha. Que engraçado. – Respondi revirando os olhos. Agora ele me trata normalmente? Ele estava até com um sorriso mais sincero. Bipolar.

– Sempre, é um dom. – Debochou com uma piscadela. Mostrei a língua em resposta. Sei que isso não é maduro, mas quando estou perto de Tomás é incrível... Pareço perder a minha identidade e fico na procura insistente de outra que o agrade.

– Ah, a juventude... – Tia Dina riu. Segurei-me para não fazer uma careta. Com toda certeza estou toda vermelha. Ah, droga. Tomás está rindo. Onde isso é engraçado? Minha tia está insinuando coisas...Praticamente impossíveis.

– Tia, a senhora dormiu bem? – Perguntei querendo mudar de assunto.

– Dormi como uma pedra! Aquele coxão é tão macio! – Exclamou com um sorriso. – Só acordei hoje de manhã, junto com a sua mãe. Ah, já ia me esquecendo! Uma tal de Daniela ligou aqui atrás de você, querida... – Avisou. Dani? Porque ela me ligaria de manhã?

– Que estranho. Vou ligar para ela daqui a pouco. – Falei e sorri agradecida. Levantei o olhar e percebi que já se passava das onze da manhã. Dormi de mais.

Assim que acabei meu café, conectei meu celular a internet de casa, e fui falar com Dani.

“Daniela: Eeeei dorminhoca! Vamos ao shopping hoje? Tô afim de ver algum filme...”

Quando vi a mensagem estranhei. Porque a) Dani não é de ligar a toa de manhã, b) pensei que seria um assunto mais urgente ou importante, c) Ela nunca, nunca me chama para ir ao shopping porque sabe que sou chata para essas coisas. Para ter me chamado é porque tem alguma coisa por trás.

Mas também sei que sou muito paranoica. Pode ser que não seja nada também.

Respondi falando que iria sim, e depois combinamos o horário. Falando com ela reparei que ainda não tinha a contado sobre a minha... “paixonite” pelo Tomás. Está bem, não é apenas uma paixonite boba. Mas às vezes eu queria tanto que fosse só isso...

– E como está a cabeça? – Surpreendi-me com Tomás. Eu estava sentada de qualquer jeito no sofá e ele sentou ao meu lado. Senti minhas bochechas pegarem fogo.

– Explodindo... – murmurei colocando uma almofada na cara.

– Se lembra do que aconteceu até que parte? – Indagou. Poderia ser impressão minha, mas ele tinha um tom divertido na fala.

– Hum... Eu saí daquele lugar e liguei para um táxi. Depois... Er... Não sei. Nem lembro o nome daquele seu amigo... – Respondi encarando a almofada. – Ai que vergonha... Não acredito que fiquei bêbada. – Reclamei.

– Vodca sobe rápido, ainda mais para quem não é acostumado a beber. – Tomás explicou. O tom de divertimento tinha sumido. Levantei o olhar para ele.

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Não prenda a respiração! Aja normalmente! E não deixe suas bochechas corarem!

Ah, droga, ele parece tão lindo com cara de sério.

– C-como eu voltei para casa? – Indaguei desviando rapidamente o olhar para a almofada.

– Te encontrei lá fora, e vim com você embora. – Relatou. – Você disse umas coisas bem interessantes quando te achei... – Disse e em um ato inconsciente mordeu o lábio inferior.

Ai. Meu. Deus.

– E-e-eu o quê?! – Gritei. Não, não, não, não! Era só o que me faltava! Será que eu me declarei...?

– Brincadeira. Você só me xingou bastante. – Tomás riu, mas não me pareceu um riso verdadeiro. – Desfaz essa cara. Não aconteceu nada. – Pediu e bagunçou meu cabelo. Continuei o olhando.

Nada do que ele disse me convenceu que eu fiquei calada sobre meus sentimentos.

– Não precisa ficar desesperada, eu já te desculpei. – Falou e sorriu cínico. – Afinal, você já me aguentou várias vezes bêbado...

– Tá... Eu... Desculpa. – Pedi colocando a almofada na cara novamente.

– Não precisa. Quem devia pedir desculpa sou eu... – Ele murmurou. Lembrei-me de seu temperamento que mudou da água para vinho depois que meus pais chegaram. – Levanta essa cabeça. – Mandou, beijando o topo de minha cabeça.

Para tudo que eu acho que vou desmaiar!

Ele... Ai meu Senhor. Ficar agitada assim é normal mesmo?

– Você fica engraçada assim. – debochou segurando o riso. Taquei a almofada que segurava nele.

– Besta. – Reclamei.

– Vai sair hoje à tarde? – Indagou.

– Acho que sim, Dani me chamou para ir ver algum filme. – Expliquei fazendo pouco caso.

– Era isso que ela queria? – Questionou.

– Sim... – Dei de ombros. – Achei estranho ser só isso, mas vou mesmo assim.

– Hum... Porque eu sinto que tem um dedo do Otávio nisso? – Tomás sugeriu. Levantei as sobrancelhas.

– Otávio? O que ele teria a ver? – Duvidei.

– Não sei, talvez seja uma forma de fazer você sair com ele. – Falou. Seu tom de voz não estava nada amigável. Ele realmente pegou antipatia pelo Otávio.

– Acho que você está viajando... – Discordei revirando os olhos.

– E eu acho que às vezes você esquece que é uma garota... – Imitou-me. Procurei ao máximo não interpretar o que ele disse de forma errada. – Quer apostar quanto?

– Não vou apostar nada. Otávio não vai estar junto com a Dani. – Bufei.

– Se está tão convicta assim, porque não aposta? Eu lavo a louça para você três vezes se eu estiver errado. – Sugeriu estendendo-me a mão. Achei ridículo seu gesto. Otávio não ia estar lá. Ele está parecendo comigo e minhas paranoias.

– Tudo bem. Se ele aparecer eu faço qualquer coisa que você pedir. – Concordei irritada.

. . . . . .-

– Ela está atrasada. – Reclamei olhando as horas no meu celular. Tomás estava atrás de mim, encostado na parede de braços cruzados. Sim, ele insistiu em vir para provar que estava certo. Prepotente ao extremo.

– Provavelmente está esperando Otávio. – Comentou. Virei-me para ele, já perdendo a paciência.

– Mas que coisa! Otávio não está interessado em mim, e eu muito menos nele! – Exclamei. O que não é nenhuma mentira. Bom, por minha parte. – Mesmo se ele vier não vai acontecer nada, senhor super-protetor!

– Tem certeza? – indagou. Como ele consegue ficar lindo enquanto debocha de mim? – Então posso me certificar que você não vai cair feito uma bobinha nas cantadas dele? – Perguntou.

– Claro! – Bradei cruzando os braços. Ele sorriu-me malicioso, e me abraçou. Sim, eu também fiquei assustada (e principalmente vermelha) com o gesto.

– Vira. – Pediu. Com sua proximidade foi impossível não me sentir inebriada com seu perfume agridoce. Fiz o que ele mandou, e surpreendi-me novamente. Caminhando ao lado de Dani estava Otávio. – Fazer qualquer coisa que eu pedir, não é?