POV Rose Weasley

Me fizeram usar um vestido curto. Colocaram maquiagem em mim. Falaram "Vem, Rose, vai ser legal!". E depois, na festa, o que fazem? SOMEM!

Respirei fundo e fui para o depósito de bebidas, para checar se tudo estava certo. O vestido de alcinhas e renda creme ia até o meio da cocha, mas enquanto eu andava ele dava um jeito de subir. O bom naquilo tudo é que eu estava usando uma sapatinha, e não salto.

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Voltei para o salão de luzes neons e música alta, perdendo momentaneamente o meu senso de direção. Fui até um canto que tinha uns pufs, e apesar de ter muita gente se beijando por perto, me acomodei lá e fiquei brincando no meu colar de chave para passar o tempo.

– A festa te parece tão ruim assim?

Me virei para quem falava.

– Ah, oi Lorcan. Também está fora da zona de conforto? - Perguntei sem graça.

– Naaah. - Ele levantou o copo que estava na sua mão, alguma batida com bastante álcool e morangos. Bah, bêbados! - Beber sempre ajuda a você se acomodar. Ou estar com alguém, sabe, que você pode beijar.

Fiz uma cara confusa.

– Se você é tão bonito e tem jeito para falar com as mulheres, um fato comprovado por você estar aqui, por que prefere a bebida? - Eu falei.

– Nossa, Scorpius Malfoy está mesmo uma delícia naquela jaqueta. - Lorcan disse.

Ah. Isso muda tudo.

– Malfoy? Ele pra mim só é um porre de aguentar. AGHT! Só de pensar nele me dá raiva. - Eu falei e me virei para o Lorcan, pegando sua bebida. - Talvez eu devesse provar isso.

– Você talvez fique menos ranzinza, então sim, devia. - Lorcan me respondeu, com o olhar focado em algum ponto do teto.

– Ei, eu não sou ranzinza! Só que Scorpius Malfoy é algo que me tira do sério. Ele tem um jeito de agir e pensar como se soubesse de tudo, e mesmo sabendo que não sabe, acha que é melhor por ter consciência disso. E gosta de me irritar, por seu mero e bel prazer! - Reclamei e tentei tomar um gole daquela batida.

– Sabe, Rose, conversar com você é legal. É como falar com uma grande amiga. - Lorcan disse, sorrindo pra mim.

– Eu sou sua amiga, Lorcan. Se quiser eu até posso tentar arranjar... Alguém pra você. - Eu disse e consegui beber o drink. Era docinho.

– É? - Eu assenti. - Então, já que amigos não tem segredos, o que você sente por Scorpius Malfoy? - Ele perguntou, pegando de volta sua bebida e ajeitando o topete.

Fiz uma careta e olhei para o loiro platinado na pista, perto, perto demais, de uma garota, provavelmente falando sua ladainha pra ela.

– Ódio. Raiva. Ressentimento. - E talvez um pouco de auto-conhecimento, mas não precisava explanar isso.

Lorcan riu para mim, enquanto olhava na direção de Scorpius, que havia sido arrastado por uma Lynx bêbada.

– É engraçado como essas coisas entram na nossa mente e confundem tudo. Tudo que deveria ser simples fica tão, tão, complicado. - Ele disse, ao mesmo tempo que uma Roxanne chegava perto de mim.

– Rose! Você precisa vir comigo! Alguém passou mal e você é a única que sabe feitiços de cura e... - Rox disse rápido demais.

– Tudo bem, eu já estou indo. - Me levantei e olhei para o Lorcan. - Você está falando dos Narguilês?

Lorcan desviou o olhar do além, olhando pra mim sonhadoramente, como usual.

– Não. - Ele disse simplesmente. - Eu estou falando do amor.

~*~

Roxanne me arrastou para um corredor vazio, que eu não podia ver nada além de portas de salas. A fala do Lorcan rodava pela minha cabeça, um eco vazio, que eu não entendia através das palavras.

– Quem está mal? - Perguntei preocupada.

– Calma, é logo ali. Pode entrar.

Abri cuidadosamente a porta e Rox me empurrou para dentro, eu logo entrei, procurando por alguém. De repente, a porta atrás de mim se prende com um estrondo.

– Droga! ROXANNE, EU FIQUEI TRANCADA AQUI! - Gritei.

– EU SEI! - Ela disse de volta e eu grunhi de raiva. - ESSA É A IDEIA. APROVEITEM.

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O que ela quis dizer com isso?

Esmurrei a porta e gritei algumas ameaças, mas nada funcionava.

– Eles não vão nos deixar sair daqui, Rose. - Uma voz atrás de mim disse, e eu a identifiquei imediatamente.

– Então me resta esperar.

Me sentei no chão, e comecei a contar hipogrifos mentalmente. Scorpius deu de ombros, se sentando também, mas longe de mim. As vezes ele cantarolava a música da festa, mas em geral ficávamos em silêncio.

– Caramba, eu não consigo imaginar por que eles nos prenderiam aqui. - Eu reclamei.

– Eu consigo. - Malfoy deu aquela risada irônica típica. - Eles querem que a gente dê certo.

– Mas não tem nada para dar certo. Nós convivemos, ok, temos nossas diferenças, ok, mas eles não podem simplesmente aceitar e todos felizes vamos seguir isso? - Falei com a ironia a mil, parando para pensar em seguida. - A não ser que...

– Que? - Perguntou Malfoy.

– Que eles achem que devemos combinar como um casal. - Eu disse.

– Bingoo! Deem à Weasley-Irritante-Sabe-Tudo um biscoito! - A ironia dele chegava a pinicar a minha pele.

– Chega, tá? Sua ironia, essa música alta, essa roupa! - Reclamei, já no limite de aquilo tudo. - Você não é melhor que eu. Você não pode ficar se exibindo ai e me provocar como se eu ligasse pra isso tudo! Já convivemos, dividimos o mesmo ar, os mesmos amigos, a mesma escola. Não tem como você me infernizar mais ainda.

Respirei fundo e sentei no chão, com o rosto entre os joelhos, pouco me ligando pro vestido. Nunca tive modos pra saia mesmo.

– Weasley, Weasley.. Deve ser muito difícil ser a aluna exemplar, filha dos pais exemplares, que salvaram o mundo; e colocar toda a sua culpa em algum garoto "irritante". - Scorpius cuspiu as as palavras e eu manti o olhar, como se nada tivesse me abalado. - Quer uma novidade? Nem tudo se trata de você. Eu não vou mudar quem eu sou por que uma garota mimada quer isso.

– VOCÊ ME CHAMOU DE MIMADA?! - Ah, eu explodi. E explodi legal. Sentia minhas orelhas corarem furiosamente e assim que levantei senti uma pontada na cabeça, mas a ignorei.

– SIM! WEASLEY MIMADA! - Ele gritou de volta, e mesmo estando tonta de raiva e com a cabeça a mil, não pude deixar de reparar o quão seu peitoral era torneado, com a blusa de gola V preta ficando colada pela acentuação do seu movimento brusco.

– A CULPA NÃO É MINHA DE SER ASSIM E MUITO MENOS DE TER NASCIDO DE QUEM EU NASCI!

– MUITO MENOS EU DE VOCÊ OU ATÉ MESMO DE MIM, FILHOTE DE COMENSAL, NÃO É?! - Caramba, ele havia pego pesado.

Bufei e respirei fundo.

– A culpa não é de ninguém, Malfoy. - Eu sussurei, parecendo o acalmar.

– É. - Ele concordou e voltou para o chão. Segui seu exemplo. Ele olhou para mim. - Você realmente me odeia tanto?

Eu dei de ombros.

– Talvez não. Mas você me irrita demais.

Scorpius sorriu.

– Igualmente, cabeça de cenoura.

É engraçado como essas coisas entram na nossa mente e confundem tudo. Tudo que deveria ser simples fica tão, tão, complicado. - Sussurei, a frase do Lorcan fazendo o mínimo sentido. Eu estou falando do amor.

– Oi? - Malfoy perguntou, não tendo entendido.

– As pessoas. Elas complicam as coisas mais fáceis. - Eu falei, confusa mas sorrindo. - Você é até que legal, Malfoy.

Scorpius riu pelo nariz.

– Eu sei.

Revirei os olhos, bufando mentalmente.

– Por que eu te irrito? - Perguntei.

– O seu cabelo me irrita. Sua inteligência me irrita. Seu gênio, nossa, é a coisa mais irritante. Mas eu gosto do jeito que seu cabelo cai pelos ombros, apesar de ser irritante. Sua inteligência irrita por que me deixa no chinelo. Seu gênio.. ele me trás mais perto de você, mesmo sendo de uma maneira ruim. - Ele riu. - E você?

– Seus olhos. Eles são irritantemente profundos e cinzas. - Eu falei, lentamente. - E Merlin! Você me irrita demais cutucando meu gênio.

– Você tem uma pele legal. - Senti minhas orelhas corarem, e eu só balbuciei um "obrigada". - Acho que estamos dando certo agora, não é?

Eu assenti, hesitante, mas assenti. Scorpius, em um gesto que me surpreendeu, chegou até o meu lado e me envolveu num abraço. Quando nos separamos, porém, continuávamos muito perto um do outro.

– Você continua sendo minha inimiga. Só que uma inimiga especial. E muito gata.

Quando senti algo gélido na boca e pisquei, foi ai que percebi e constatei o fato: Scorpius Malfoy me beijara.

– A gente vai ficar junto? Assim, a gente continua se odiando e se irritando... - Eu falei, em dúvida.

– Rose, Rose.. Vamos nos irritar pra sempre, mas essa que é a parte divertida! Você está pronta é pra lidar com as encaradas?

– Eles que se explodam. É a nossa vida. - Eu argumentei.

Scorpius sorriu, e não foi ironicamente. Eu sorri.