Chuva cinza

Capítulo 5 - Sufocada


–Posso acompanhar vocês? - pergunta André.

–Ah, não sei, vai que você é algum tipo de psicopata que pode me matar no meio do caminho? - digo sarcástica.

–Lógico, irei te matar a qualquer minuto! - diz sorrindo.

–Aff, vem logo. - disse enquanto enrolava a coleira de Spike na minha mão.

A chuva engrossa, e nós começamos a correr:

–Corre Spike! Corre! - eu grito.

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–Como gosta de se contradizer... - André diz, com os lábios molhados, e com a camiseta branca transparente.

–Cala e boca! - disse ofegante.

Ao chegar na porta de casa, apenas aceno pra André, que continua correndo do outo lado da rua. Tranco Spike em sua casinha, e fico lá, olhando, até ele pegar no sono, então, fui tomar banho.

Acabo de sair do banheiro, e escuto meu celular tocar, tento secar meu cabelo na toalha, porém desisto, então pego o celular e atendo, enquanto procuro o secador de cabelo:

–Alô? - pergunto.

–Alô filha? - pergunta minha mãe.

–Ah, é você... - digo nem um pouco animada.

–Sim querida, por quê não ligou? - ela pergunta tentando parecer inocente.

–Deixei um e-mail não viu? - falo, enquanto acho o secador.

–Vi, vi sim. Mais por quê não ligou? - ela continua insistente.

–Porquê vocês não atenderiam, ou falariam para mim ligar mais tarde não é? - explico, sentando na cama e ligando o secador.

–Filha... Eu sei que é difícil, mas é esse o preço por termos uma vida boa, termos... - ela diz, mais eu a interrompo.

–Agora a culpa também é minha? Eu não pedi pra ter uma vida "boa" dessa, só queria vocês aqui, nem se morássemos debaixo da ponte! Ou será que depois que o Dandan morreu, vocês não tem mais motivo pra vir aqui! - digo alterada.

–Você sabe que isso não é verdade. - ela diz calmamente.

–É, mais não parece! Depois que ele morreu, me deixaram em segundo plano, parece que suas vidas como pais acabou! Vocês me esqueceram! - continuei quase chorando.

–Não, não diga isso filha! - minha mãe diz.

–Digo sim, e digo mais, ninguém me consolou quando ele morreu, tive que superar tudo sozinha! Sinto muita falta dele! - digo começando a chorar. - ele era o que mais se importava comigo, sabia que eu existia, sabia que eu fazia parte da família, nunca se esquecia de mim, e nem eu dele! - disse agitada.

–Filha, escuta, eu sei que...

–Não, não sabe. - soluçava. - Mãe! Ele não vai mais voltar! Nada mais vai ser como antes! E vocês não estão ajudando... - disse chorando muito, até ser interrompida.

–Filha? Filha, escuta. - começa a dizer meu pai. - Eu sei que não é fácil pra você, e que nós não estamos cooperando, mais não é certo você agir assim! Nós somos seus pais!

–Mais não parece!

–Eu sei, mais não nós trate com desrespeito! Filha, sua mãe está chorando, desculpa, mais não sabemos mais o que fazer!

–Nem eu! E também estou chorando, assim como chorei várias vezes e vocês não me ouviram!

–Filha...

–Tenho que desligar! - e desligo, colocando a cabeça entre os joelhos e chorando mais.