Garota Cafeína

Bilhete.


Joguei a bolsa no chão e, mesmo segurando a mão dela, ela ainda continuava de costas para mim.

– O que houve?

– Como assim? - Sofie abaixou a cabeça.

– Você tem estado tão longe de mim. - Enquanto eu falava, ela se virava para mim.

– Tão longe? Eu estudo na mesma escola que você. Tenho te visto todos os dias. Vejo que conversa com a Isa, que faz os deveres olhando pela janela e parece que sempre quer que o tempo passe mais rápido, que os dias passem mais rápido.

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– Sim, você esteve tão perto fisicamente, mas...tão distante. Eu também te vejo todos os dias e você tá sempre mudando sabia? Antes do nosso beijo, quando eu te conheci, você tinha os cabelos bonitos e pretos, eles eram ondulados e brilhavam, agora são repletos de tinta roxa e você o cortou, acho que pra parecer mais com os de Clarissa, mas não é isso que eu quero que você faça, você nunca será que nem ela e é isso que eu gosto em você. Quando te conheci você tinha a pele clara, às vezes bronzeado pelas horas que você ficava no sol, mas dois dias depois você voltava ao normal, agora você tem estado branca feito folha. E sabe qual o pior? Que não voltou ao normal. - Minha voz se entristeceu.

– Eu tenho motivos para isso. Aliás, agora me lembrei de uma coisa. - Ela falou como se realmente tivesse se lembrado de algo. Algo que ela nunca esqueceu. - Não nos conhecemos não faz nem 1 mês. Por que fala como se fôssemos amigos de longa data? Ou pior, como se tivéssemos algo? - As palavras dela me surpreenderam. Vi a mãe dela protestava sozinha, dando meia volta e voltando para casa.

Quando ela passou por nós, pude escutar um sussurro para Sofie.

– Vá lá sozinha. Esqueci que hoje tenho dentista. - Foi o que ela disse. Mas...vai aonde?

– Eu tenho que ir. Depois nos falamos. Faz assim: Vamos esquecer nossas brigas e vamos voltar a ser com éramos antes?

– Claro. - Sorri. Ela estava me perguntando aquilo tudo que eu mais queria naquele momento.

No dia seguinte a escola anunciou que seria feito um passeio onde ficaríamos uma semana acampando sobre a responsabilidade da escola. Precisávamos apenas da permissão de nosso pais. Quem quisesse ir teria que, no final da aula, pegar um papel na mesa da diretora. Quando o sinal tocou todos saíram correndo e eu fui atrás. Vi Sofie no meio da multidão. Quando peguei o papel, vi ela saindo da escola e a segurei.

– Posso ir junto com você? - Perguntei, com medo de um não.

– Claro. - Ela sorriu. Começamos a conversar enquanto andávamos.

– Então você vai? - Perguntei pra ela levantando o bilhete.

– Por que não? - Ela virou a bolsa e guardou o bilhete dela. - Vou implorar para minha mãe deixar.

Chegamos na porta da casa dela e nos despedimos, entrei correndo em casa e pedi pra minha mãe assinar.

– Quem disse que eu vou deixar você ir? - Ela me olhou com a expressão séria. - Mentira, é claro que eu deixo, você precisa se divertir um pouco. - Ela riu e bagunçou meus cabelos.

Depois que ela assinou, enfiei o bilhete na mochila e botei no chão do quarto. Quando estava tirando a calça, senti o celular vibrar com uma mensagem. Terminei de tirar a roupa e entrei no chuveiro. A água estava gelada e gostosas. Fiquei um bom tempo no chuveiro, saí e enrolei a toalha na cintura. Chegando no meu quarto vesti a cueca, a bermuda e uma blusa fresca. Me joguei na cama e peguei meu celular, tinha uma mensagem da Sofie. "Minha mãe deixou e a sua?". Respondi que sim e fechei o telefone. Saí de casa e fui direto pro Starbucks. Quando entrei na loja escutei meu nome. Quando me virei, vi no cantinho, com alguns amigo, Clarissa. Me aproximei cumprimentando todos e olhei para Clarissa.

– E aê? Vai no acampamento? - Puxei assunto.

– Eu? - Ela abaixou os óculos para me encarar e depois os levantou de novo. - Claro que não! Você vai?

– Pretendo. - Botei as mãos no bolso, ainda em pé. Clarissa parecia pensar.

– Veio fazer o que aqui? - Finalmente perguntou.

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– Bom, aqui é uma cafeteria, sabe? Vende café... - Falei rindo.

– Sim, claro. - Ela revirou os olhos e riu da própria pergunta.

Pedi licença e fui ao caixa pedir dois Frappuccinos Mocha. Botei em uma embalagem e quando ia sair, Clarissa me chamou novamente.

– Vai aonde?

– Sair. - Respondi.

– Tão cedo? - Ela veio até mim.

– Sim, estou com pressa... - Tentei sair logo dali.

– Então nos encontramos no acampamento. - Ela pegou meu Frappuccino e bebeu um pouco.

Fui até a casa de Sofie e bati na porta. Ela atendeu mais animada. Sua pele estava voltando a ficar como antes e seus cabelos estavam brilhosos. Por falar em cabelo, a tinta já desbotava e passou para um roxo claríssimo.

– Oi. - Ela disse animada.

– Oi...sabia que eu vinha? - Desconfiei.

– Não, mas eu ia te chamar pra vir, aluguei uns filmes aqui e to querendo assistir.

– Que bom. Trouxe café. - Falei entrando na casa dela e tirando os sapatos enquanto ela fechava a porta. - Seus pais estão?

– Não, minha mãe foi no dentista de novo e meu pai viajou a negócios, só volta mês que vem. - Ela me puxou até a sala. - Esse Frappuccino é para mim?

– Sim. - Falei e ela pegou. - Não, esse não.

– Por que? - Ela levantou uma das sobrancelhas e colocou o Frappuccino de volta pegando o outro e dando um gole.

– É... quando eu fui comprar o café, encontrei a Clarissa no Starbucks, aí, na saída, ela deu um gole. - Falei nervoso.

Sofie se sentou no sofá e depois bateu nele indicando pra eu sentar. O filme começou e comemos pipoca. Quando saí da casa de Sofie já era tarde.

***

Em frente a diretoria tinha uma enorme fila.