Elas brincavam comigo. Riam, divertiam-se o tempo todo. Achavam que estavam falando comigo. Mas, não estavam. Eu estava submersa; afogada dentro de mim e sufocada por tantas mentiras. E elas não conseguiam ver. Enquanto eu gritava, durante a minha queda, elas achavam que eu estava sendo dramática. Ou ainda louca. A vida e eu estávamos marcando a data da minha morte. Eu achei justo. Ela colocou a mão em meus ombros, passou a mão em meus cabelos e assentiu, mesmo sem eu ter dito uma palavra. Eu não chorava também. Encarava com aquela ponta de dúvida. A mesma quando você está em um prédio bem alto e olha para baixo. Vê os carros passando e como eles te destruíam. Respirei fundo, eu sabia que ela me entendia. A vida desistiu de mim. E eu desisti dela. Olhei para baixo mais uma vez. Era delicioso sentir que tudo podia acabar com um simples passo.

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A mentira é como uma folha de papel. Você a amassa, e ela sobrevive. Você corta um pedaço, e ele ainda permanece em suas mãos. Você queima, e ela se transforma em cinzas e voa pelos ares. Mas quando você a usa para enxugar as lágrimas, ela se dissolve. Transforma-se em algo nojento que fica na sua pele, implorando para ser jogado fora. E eu joguei. Eu me joguei.