È estranho para mim descrever as coisas. Era mentira que eu falava pouco. Na escola, a maior parte dela, as pessoas diziam que eu falava demais. Ou que minha voz era irritante. Eu era uma criança, porra! Eles não deviam ter tido nada. Porque eu comecei a me calar. Eu comecei por causa deles. E depois se tornou um vicio permanecer em silêncio. Como se minha vida fosse um segredo que só aqueles que veem pudessem saber. Mas, sei lá, todos até agora apenas me olham e o segredo continua trancado dentro de mim, me engolindo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Eu perdi uma amiga na infância. Não, ela não morreu. Ela só estava a quilômetros de mim e de um ano para outro, eu me vi sozinha. Agarrei-me nas CNTS, fingi por um tempo que aquilo era real. Eu me enganei. Falam que a pior mentira é aquela que contamos para nós mesmos. Só que não é verdade. Naquele tempo, eu era ridiculamente feliz. Eu não sabia de nada. Foi a melhor mentira que eu contei a mim mesma.

Nesse momento, descobri também que alguém não precisa morrer para parecer que sim. Talvez foi assim que eu comecei a pensar em tudo isso... E não havia ninguém para me impedir. Eu estava sozinha. De novo. Um drama que eu vivia há muito tempo... Não vejo a hora do clímax!