18º - Confronto De Titãs – Parte I

Uma semana passa e apesar do ritmo agitado instalara-se um sopro de normalidade.

Mas isso acabara. O dia ainda mal nascera e as ruas acabadas de limpar e já era bem presente a inquietude da população. A noite nem fora tão concorrida como de costume.

A tensão crescia a um ritmo alucinante à medida que as horas passavam e até as crianças evitavam sair de casa ao repararem nas atitudes dos adultos.

A razão deste comportamento era a tão esperada e temida reunião das vilas. O único dia, uma vez por mês, em que os dez lideres de Zona Obscura estavam juntos no mesmo sitio. O dia em que todos os habitantes se preparavam para o pior, fosse lá o diabo tecê-las. Afinal não era segredo nenhum as desavenças que existiam entre algumas vilas.

Estava tudo pronto. A sala de reuniões encontrava-se preparada e os nove chefes das vilas posicionados nos seus lugares. Só faltava o Supremo.

Um homem com uma máscara aparece ao abrir da porta principal e com ele um outro, que o acompanhava.

Depois de receber uma vénia o homem senta-se.

– Boa tarde senhores e senhora. Iremos iniciar a reunião agora. – Anuncia o homem que vinha com o da máscara.

O homem da máscara era nada mais, nada menos que o chefe Supremo. A sua identidade era o segredo mais bem guardado da cidade e nem os outros chefes a conheciam. Nunca ninguém o ouvira falar e quem transmitia as suas mensagens era Dan, o seu fiel braço direito e o único que sabia quem ele era.

– Eu gostaria de discutir o aumento dos ataques às vilas por parte de organizações não controladas. – Afirma Lola encarando Bernard.

– Porque é que estás a olhar para mim assim? Isso é uma acusação? – Provoca o chefe da vila verde.

– E lá vamos nós para o mesmo, como sempre. – Suspira Johnathan.

Dan bate na mesa:

– Acalmem-se por favor, concentremo-nos no mais importante…

– Pimenta preta![1] – Interrompe o chefe de Red.

Irritada Lola dá-lhe um murro.

– Que cruel Lola-chan!

– Cala-te seu lixo! Foca-te Akamachi!

Akamachi, líder de Red[2], era o líder mais inútil que se conhecia. Um otaku descontrolado não se importava com nada além das suas revistas hentai. Com uma forte paixão por Lola era o motivo de riso para a vila Red. Isso porque nunca ninguém o vira zangado…

– Pergunto-me quem é que escolheu este incómodo para chefe. Não admira que Red seja como é. – Insulta o chefe Purple.

– Niall não sejas desagradável. Nem toda a gente tem de viver numa sinfonia. – Comenta Patrick.

Niall, líder de Purple[3], um apaixonado pela música clássica e o melhor violinista alguma vez ouvido. Sério, a música era a raiz de tudo.

– Lady, gentlemans, esta reunião já está a sair do caminho previsto. Devemos acalmar-nos. – Interrompe o chefe de Grey.

– Não teria dito melhor. Leste-me os pensamentos Davis. Relaxem malta, isto é só uma reunião. – Concorda o chefe de Orange.

– Alguém que me compreenda. Obrigado Davis e Adam. – Diz Johnathan entediado.

Davis, o líder de Grey[4], conhecido por ser um cavalheiro e o mais requintado chefe, cobiçado por todas as mulheres nobres e ricas, com origem desconhecida, sabe-se apenas que ceio de Inglaterra.

Adam, líder de Orange[5], também conhecido por Joker, um homem descontraído que evitava todo e qualquer confronto e em especial tomar partidos. Até agora fora o único que não escolhera um lado e isso incomodava a oposição.

– Que estranho o Wallace ainda não ter dito nada. É sempre o primeiro a comprar briga. – Comenta Akamachi silenciosamente para Patrick.

– Se calhar está doente. – Ironiza Patrick.

O chefe de Brown[6] levanta-se abruptamente da cadeira.

– Calem-se seus ratos de esgoto! Deviam todos curvar-se perante mim, eu que sou descendente de uma linhagem real. Ninguém pode nada contra mim. Seus fracos! Eu sou Deus!

– Se bem me lembro foi a tua realeza que te trouxe a este “esgoto” depois de perderes o título. Queres mesmo falar disso? – Ameaça Lola furiosa.

– Uau! A Lola-chan está cheia de força. Este é o seu jeito ninja[7]. Prepara-te Wall-chi. – Diz Akamachi entusiasmado.

Wallace, líder de Brown, era o chefe mais convencido de Zona Obscura, para ele todos eram insetos e uma raça inferior. Ele, o Deus, governaria o mundo a seu belo prazer sendo os restantes escravos.

A reunião, um exemplo de todas as outras, acabava sempre assim. A discórdia ganhava sempre força e quando se davam conta estava tudo descontrolado.

O chefe Supremo faz sinal e Dan dispara um tiro de pólvora seca para o ar.

O silêncio instala-se.

– Senhores, o Supremo está a ficar enervado. Vamos recomeçar.

E assim inicia-se a reunião que todos os meses muda o rumo da cidade.

As dez vigas que sustentam a ponte que é a Zona Obscura.

Continua...