Aryon Phoene

Panic! At The Disco - I Write Sins Not Tragedies

Levantou os olhos quando os mentores passaram ao lado dele. Queria poder ter alguém com quem conversar, mas pareciam todos ocupados e apressados... Sentiu-se solitário. Quando, por fim, sua companheira de Distrito surgiu, ele sorriu esperando que ela o reconhecesse, mas simplesmente o ignorou, indo em outra direção. Aryon fechou o sorriso e voltou a tamborilar impacientemente os dedos um contra o outro.

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– Você está bem bonito nesta armadura, sabia? – ouviu alguém dizer. Ergueu os olhos para se encontrar com uma menina pálida, de pele aromatizada e olhos incrivelmente verde-dourados. – Sabe, eu queria poder usar uma roupa mais bonita assim... Mas olhe o que minha estilista fez – ela girou ao redor de si mesma, mostrando o vestido de ossos pequenos. Aryon achou muito bonito o vestido, mas se ela dizia que era feio, então era melhor assentir. – Eu sou do Distrito 10. E você?

– Você já sabe meu Distrito – ele respondeu, sem muito calor na voz.

A menina encolheu os ombros, envergonhada.

– Desculpe minha ignorância. É o Dois, não? Tenho certeza que é. Os homens de lá são sempre bonitos...

– Não gosto desta conversa. Elogios demais. – Aryon se levantou – Me dê licença, vou procurar minha companheira.

– Ah, claro, Aryon Phoene. Mas antes... Considere minha proposta, certo? – e sorriu, gentil – Uma Aliança.

Aryon ponderou qual seria a melhor resposta, e optou por não colocar rodeios no meio.

– Por que uma pessoa como eu iria formar aliança com alguém como você? Sem querer ser insensível, mas você é só uma garota do 10, nem mesmo parece ter trabalhado na vida. Suas mãos são finas e delicadas, não há calos que mostrem trabalho duro. Você também é magra demais, sua resistência deve ser horrível. E cá entre nós, sua conversa fiada não deixou claro que pode ser “esperta”.

A garota ficou congelada, com os lábios entreabertos, encarando-o. Suas mãos se fechavam em punhos, mas ela apenas esboçou um sorriso singelo e deixou-o para trás, se perdendo na multidão de estilistas e mentores. Aryon respirou fundo. Por que mesmo é que ele estava querendo uma companhia sendo que não saberia lidar com ela? Mas e daí? Aquela menina era irritante demais, com aquele sorriso falso e toda aquela coisa de flertes. Aryon detestava isso.

Quando notou que Katrine estava um pouco mais longe, se apressou em ir vê-la. Ela vestia um traje vitoriano, talvez até mais antigo. Parecia uma Lady, com os cabelos trançados e enrolados ao redor da cabeça, uma maquiagem fraca e decote indecente. Saltos de dez centímetros estavam em seus pés, e ela se curvava para arrumá-los. Parecia não se dar muito bem com tudo aquilo, mas estava sofisticada e bela. Aryon, por sua vez, se vestia de cavaleiro em guerra, com direito a armadura completa, com exceção do capacete, para que todos vissem seu rosto e seus cabelos alongados. Tinham feito uma espécie de química que aumentou as madeixas e seu volume em apenas noventa minutos.

– Ai está ele! – a representante os pegou pelo ombro esquerdo e sorriu, confiante – Vão arrancar suspiros de todos! O Distrito 02 sempre é o melhor... Agora, por favor, sorriam, não esqueçam de acenar. E não fique se movendo como uma gralha velha e asmática, Katrine. Postura. Você não vai precisar andar, apenas fique em cima dos saltos.

– Ninguém vai ver meus pés. – Katrine suspirou – E além disso, eu fico muito mais alta que ele – ela indicou Aryon com a cabeça – Isso me deixa desconfortável.

– Ele tem quatorze e você dezesseis, é normal que fiquem desalinhados. – um dos mentores disse.

– Mas homens são naturalmente mais altos, não é culpa minha se ele ainda é uma criança. – Katrine se abaixou, soltando as faixas dos saltos e se livrando deles.

– Eu posso ser baixinho, e muitas pessoas me adoram por causa disso, mas tenho algo que você não tem e que vai garantir minha sobrevivência. – Aryon sorriu – Carisma. As pessoas adoram um menino fofo e amável. E é isso que seduz os Patrocinadores. Carisma. – lhe mostrou seu olhar mais amigável – E vejo que você não se dá bem com isso. Façamos o seguinte: Eu sou o menino fofo e adorado pelo mundo, você é minha superprotetora irmãzona – piscou – Você vai ser minha cachorrinha-guarda-costas.

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– Não vou ser merda nenhuma sua.

– Pois bem, vire-se sozinha, querida. Aprenda a jogar antes que seja tarde demais.

E com isso, lhe deu as costas, chamando sua mentora. Aryon sabia que não deveria ser mais agradável, mas as palavras sempre saíam frias e curtas sem que ele percebesse. Isso o irritava. Preferia ficar sem falar com as pessoas. Quando foram chamados para a carruagem, Katrine não lhe olhou muito, nem disse uma palavra. Talvez, Aryon pensou, ela fosse preferir ficar fora da Aliança Carreirista. Ou então ele seria excluído, mas isso não o assustava, só complicava um pouquinho seus planos de matar a Aliança Carreirista.

Katrine convenceu a representante de deixa-la sem os saltos, mas mesmo assim ela parecia muito desconfortável com o vestido longo e com o decote transparente. Aryon apenas segurou a vontade de rir da pobre garotinha. Ela era muito boba, realmente. E chata. Sabia que a detestaria cada vez mais que ficasse ao seu lado, mas inimizades era a última coisa que faria nos Jogos. Preferia guardar a opinião para si mesmo. Por outro lado um par de tributos tinha chamado sua atenção. Iria avalia-los nos treinos após o Desfile. Talvez a Aliança Carreirista não fosse o melhor partido, considerando que até agora os membros dela eram todos idiotas mimados e arrogantes... Katrine não era diferente.

As carruagens estavam enfileiradas. Eram os segundos na fileira. Quando os portões se abriram a luz o cegou momentaneamente, mas logo ele retomou a visão. Multidões se estendiam pelas arquibancadas montadas para eles. Sorrisos, gargalhadas, gritaria. Todos estavam lá para se divertir. Mas Aryon se sentia tão triste. Katrine perdeu o equilíbrio duas vezes ainda na metade do trajeto, e quase caiu quando a carruagem estacionou. Isso serviu de colírio para Aryon, que novamente teve de conter a gargalhada. Ela podia ser chata, mas era engraçada.

Bem vindos, tributos da 56ª Edição Anual de Jogos Vorazes. Nós, da Capital, saudamos sua honra e coragem para enfrentar os Jogos, em memória daqueles que morreram no passado. Hoje fazemos o futuro, para amanhã vivermos o presente. Seja assim e para sempre, bom Jogos Vorazes e que a sorte esteja sempre a seu favor.

E após a última palavra do discurso de Snow, as carruagens continuaram a deslizar pela rua mobilizada exatamente para aquele feito. E quando voltaram para o Hotel dos Tributos, sentiu como se o céu inteiro tivesse caído sobre seus ombros. Não durou mais de seis minutos, mas ele estava exausto, os ouvidos zunindo enquanto tentava se reacostumar com o silêncio de seu quarto. Aquele povo que tinha gritado antes, ainda gritava lá embaixo. Ele estava no Andar Dois, o que era terrível pois tornava os gritos mais altos do que para os do Doze. Os odiou por causa disso, mas o que podiam fazer além de agradecer sua localização no Hotel dos Tributos? Eram fracos, morreriam logo. Todos os Distritos, a partir do Cinco. Eles não mereciam atenção, raramente surgia um “matador” dentre eles.

Aryon tinha convicção de suas vantagens, e isso o fez se tornar orgulhoso. Logo, dali algumas horas, iria amanhecer, e o treino dos tributos começaria. Poderia observar os outros tributos, e a sua lista de indicados a aliança. A cada minuto sua certeza de estar fora da Aliança Carreirista crescia, e de certa forma ele gostava disso. Os Carreiristas, quando morriam, iam todos de uma vez. Então se soubesse escolher bem, seus aliados ajudariam a acabar com a Aliança. Todos odiavam o Bando Carreirista, e se tivessem a chance de se aliar a um deles e matar os outros, o fariam. Quando adormeceu, metade do plano para capturar os inimigos na Arena já tinha sido formada. Aryon só precisava das pessoas certas agora.

Aryon Phoene